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O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega analisou a intervenção no Banco Master, o impacto da operação policial e os efeitos sobre governança, FGC e supervisão bancária, destacando aprendizados que moldaram a estabilidade do sistema financeiro brasileiro.

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Transcrição
00:00Estou de volta e vou conversar com o ex-ministro da Fazenda, sócio da Tendências Consultoria,
00:06Maílson da Nóbrega.
00:07Ministro, boa noite.
00:09Sempre um prazer ter você aqui com a gente, você sabe disso.
00:13Quero começar falando sobre operações como essa de hoje da Polícia Federal.
00:18Entender qual é a sua leitura, como o senhor enxerga, como isso reflete no mercado
00:23e como impacta a longo prazo a nossa economia.
00:27Na verdade, essa era uma crônica da morte anunciada.
00:33A percepção geral é que o Banco Márcio não teria sustentação.
00:38É um banco que subiu como foguete, esses bancos que sobem como foguete
00:43padecem de deficiências estruturais, de gestão, enfim, de tudo aquilo que um banco importante tem que ter.
00:53Então, é surpreendente que o BRB, o Banco Estadual, o Banco Distrital da Capital Federal,
01:02se dispusesse a comprar o Banco Márcio.
01:05Por outro lado, eu acho que tem muita coisa ainda para explicar.
01:08Por exemplo, como é que o Fundo Garantidor de Crédito comprometeu 40% do seu patrimônio,
01:18garantindo títulos de alta rentabilidade, CDBs emitidos pelo Banco Márcio.
01:25É uma instituição coordenada por gente de banco, foi criada juntamente com gente de banco.
01:32E existem regras de assunção de risco, o próprio Banco Central estabelece isso.
01:38Você imaginar que um banco comprometa 40% do seu patrimônio numa operação de crédito, isso não existe.
01:46Então, isso aí vai ter que ser estudado.
01:48Aliás, o Conselho Monetário Nacional já começou a rever essas regras, estabelecer limites para casos como esse.
01:56E o Banco Márcio, como se soube depois, ele fazia grande propaganda de que os papéis dele tinham garantia de até 250 mil reais do FGC.
02:07Por outro lado, também é uma dúvida.
02:11Como é que o Banco Central levou tanto tempo para perceber os problemas que o Banco Márcio criava?
02:17O Banco Central tem uma supervisão bancária de categoria de excelência.
02:24O Banco Central é conhecido, entre os seus pares, como um banco com grande capacidade, grande eficiência na supervisão bancária.
02:34E muita gente começa a duvidar.
02:36Como é que escapou essa coisa do Banco Márcio?
02:39Isso aí a gente vai saber muito depois.
02:41Mas o fato é que o Banco Márcio, o Banco Márcio, ninguém duvidava de que ia acontecer alguma coisa.
02:52tardou a acontecer.
02:55Só que veio junto com uma coisa de crime, não é?
03:00Quer dizer, o presidente do banco ser preso no aeroporto, fugindo,
03:05porque ele provavelmente teria uma informação de que ele seria preso.
03:10Portanto, ele fugia da justiça e sabia dos crimes que tinha cometido.
03:15Tudo isso vai ser desvendado quando a Polícia Federal concluir o seu inquérito
03:20e o Banco Márcio Central conduzir esse processo
03:25e à medida que as informações começaram a chegar ao grande público.
03:31Mas era uma moto anunciada.
03:32Ninguém duvidava de que ia dar errado.
03:35Há muito a ser explicado nesse caso, né, ministro?
03:38Eu vou passar para a pergunta do Eduardo Geyer, nosso analista de política lá em Brasília.
03:42Geyer, por favor.
03:46Ministro, boa noite.
03:47Obrigado pela entrevista.
03:48Queria resgatar um pouco do período que o senhor foi ministro da Fazenda,
03:52porque lá em 88 houve uma liquidação que foi do Banco de Roraima.
03:56Claro que o contexto era totalmente diferente.
03:59O Brasil vivia em uma sequência de crises bancárias,
04:02tinha o problema da hiperinflação.
04:04E não tinha o FGC, que agora é um recurso muito importante
04:08para evitar uma situação maior de contaminação do sistema financeiro nacional.
04:13Queria ouvir do senhor quais os aprendizados que o Brasil carregou de lá para cá
04:18em termos de evolução no sistema de governança,
04:21do esquema financeiro nacional, do sistema financeiro nacional,
04:26para evitar justamente que esse caso do Banco Master
04:29complique a vida de mais brasileiros, para além dos que comprometeram um pouco da sua renda
04:34nos CDPs lastreados pelo Banco?
04:38Olha, o aprendizado é enorme desse período, né?
04:41Sobretudo porque a partir de 88, mais ou menos,
04:45o Banco Central aderiu ao Acordo de Basileia
04:49e se tornou um membro, digamos assim,
04:51de diversos comitês do Banco de Compensações Internacionais,
04:55que é o banco que estabelece,
04:57é conhecido como Banco Central dos Bancos Centrais,
05:01e é ele que estabelece uma série de regras
05:03para avaliação de risco, concessão de crédito,
05:07governança e assim por diante.
05:09O Banco Central se tornou um membro ativo do Acordo de Basileia,
05:14funcionários do Banco Central foram fazer curso lá,
05:17alguns deles foram cedidos ao BAS,
05:21que é o Banco de Compensações Internacionais,
05:23para dirigir o próprio banco, né?
05:26E o Banco Central não só aprendeu muito nesse período, né?
05:30Mas como ele grandeou uma reputação de alta eficiência como regulador, né?
05:35O Banco Central importou para o Brasil,
05:39a partir dessa convivência, dessa participação,
05:42o que havia de mais moderno em regulação bancária,
05:46em gestão de riscos, né?
05:48E houve uma modernização gigantesca, né?
05:51Do processo de fiscalização, de operação,
05:54estabelecimento de condutas, de regras e assim por diante, né?
05:58Inclusive a criação do FGC,
06:01que foi a consequência daquela crise de 1995,
06:06que quebraram três grandes bancos praticamente de uma só vez, né?
06:10Então, e o resultado de todo esse processo de aprendizado,
06:15de absorção de tecnologia de regulação,
06:19foi fundamental para a modernização do sistema financeiro brasileiro, né?
06:24Nós estamos, na verdade, há 30 anos sem uma crise bancária,
06:31ou seja, aquela situação em que um banco quebra
06:34e outros vão quebrando ao lado dele, né?
06:36E empresas começam a quebrar porque o crédito desaparece.
06:40Nós estamos vendo um caso concreto agora.
06:42Um banco de algum porte, não é um grande,
06:45mas também não é um banco pequeno,
06:47quebrou, teve uma intervenção,
06:49e não aconteceu nada no sistema financeiro.
06:51O sistema financeiro está íntegro, ígido,
06:55e isso é uma conseqüência,
06:58um legado que essa participação do Banco Central,
07:03lá no Banco de Compensação Internacional,
07:05trouxe para o sistema financeiro brasileiro
07:07e para a economia nacional.
07:12Gaia, você quer continuar perguntando, né?
07:14Fica à vontade.
07:14Só mais uma pergunta, Cris,
07:18porque o que eu pensei hoje,
07:21me corrigindo se estiver errado,
07:22é o seguinte,
07:23na medida em que o FGC vai pagar esses problemas,
07:27vamos dizer assim,
07:28do Banco Master,
07:29e vai precisar aumentar a contribuição de cada banco,
07:32o custo dos bancos para financiar o FGC vai aumentar.
07:37O senhor espera um aumento no custo do crédito para a população?
07:41Seria uma forma de a população brasileira inteira
07:45pagar pelo problema do Banco Master?
07:49Não, eu acho que isso não vai acontecer.
07:51Como não aconteceu quando se criou o FGC,
07:54e se estabeleceu uma norma de que os bancos
07:56contribuiriam para a formação do seu patrimônio.
08:00E isso não teve nenhuma alteração no custo do crédito,
08:05muito menos na rentabilidade dos bancos.
08:08Isso é uma parcela relativamente pequena
08:11das despesas do banco.
08:13Eu tenho convicção de que o poupador,
08:17o depositante, o cliente,
08:19não vai sofrer nada com essa intervenção.
08:23Eu vou passar para as perguntas...
08:24Desculpe, aumenta a contribuição dos bancos
08:27para reforçar o patrimônio do FGC.
08:31Vou passar então para as perguntas do Vinícius Torres Freire.
08:33Vinícius.
08:34Ministro, boa noite.
08:36O Banco Master era motivo de conversa
08:39faz muito tempo, pelo menos desde 2024.
08:42Ele tinha aqueles passivos de taxa gorda,
08:45que era um problema do CDB.
08:47Tinha ativo problemático,
08:49aqueles precatórios que não sabia quando ia receber.
08:52Ele era um problema em si.
08:54Mas agora a gente está vendo que tinha pura fraude.
08:57Ele vendia para o BRB terrenos grilados na Lua,
09:03que eram créditos que não existiam,
09:05de pelo menos 12 bilhões de reais, talvez mais.
09:09Então, assim, a não ser que você tivesse na direção do BRB
09:13um bando total de idiotas incompetentes,
09:16a hipótese que sobra é que não viram esse monte de crédito podre,
09:20que 12 bilhões de crédito inexistente, pelo amor de Deus.
09:27Legenda Adriana Zanotto
09:57O Banco Central vai ter um interventor,
10:03o interventor vai ter que fazer uma investigação
10:05e vai levar um tempo para todos nós sabermos o que aconteceu.
10:09Agora, eu acho que o faro,
10:12aquilo que transparece em toda essa confusão,
10:17pelo menos para pessoas que conhecem,
10:19o mínimo de funcionamento financeiro,
10:21é que tem fraude mesmo por trás e tem crime.
10:24E a Polícia Federal não pediria a prisão de um banqueiro,
10:29um banqueiro conhecido,
10:31se não tivesse provas inequívocas de fraude,
10:35de crime, de crime financeiro grave,
10:38que justificou a prisão dele.
10:40Mas eu acho que ninguém tem essa resposta agora,
10:44nem mesmo o Banco Central.
10:45Eu acho que só a chegada do interventor,
10:49o tempo que ele vai passar lá,
10:51as investigações que ele vai realizar,
10:53é que vai esclarecer tudo isso,
10:54trazer à tona todo esse subterrâneo
10:58que se suspeita envolve crime,
11:01corrupção e assim por diante.
11:03Ministro, muito obrigada.
11:05É de verdade sempre um prazer
11:07ter o senhor aqui com a gente.
11:09Boa noite e até a próxima,
11:11que seja bem em breve.
11:13Obrigado, Cris.
11:14Obrigado pelo convite.
11:15Conte sempre comigo.
11:16Conte sempre comigo.
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