Gleisi diz que governo é “terminantemente contra” equiparar facções a terrorismo

Jovem Pan - 3 em 1

A ministra Gleisi Hoffmann (PT) afirmou que o governo é "terminantemente contra" equiparar facções a terrorismo. A declaração ocorre após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), sinalizar que pode unir o conteúdo do PL Antiterrorismo com o PL Antifacção.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/0eTdgnsjCdw

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00:00Eu quero começar falando da ministra das relações institucionais, Glaze Hoffman,

00:04que afirmou que o governo federal é terminantemente contra o projeto de lei

00:08que equipara facções criminosas ao terrorismo.

00:11Vamos então conversar com a nossa Vitória Bel, que também está em Brasília,

00:14além do Zé Maria Trindade, apenas os dois estão lá, tô brincando,

00:18e vai contar agora as informações e os bastidores pra gente.

00:21Bem-vinda, Vitória. Boa tarde.

00:25Olá, Evandro. Pois é, a gente tá se sentindo excluído da festa, né?

00:30Aqueles que não foram convidados.

00:32Boa tarde pra você e pra todos que nos acompanham.

00:35Olha só, a ministra Glaze Hoffman deu essa fala bastante contundente em relação ao projeto antiterrorismo,

00:42depois do presidente Hugo Mota sinalizar que pode unir o conteúdo do projeto antiterrorismo

00:49com o projeto do governo antifacção.

00:52Vamos lembrar aqui que o projeto do governo prevê um aumento de penas

00:57pra quem for integrante de organização criminosa,

01:00que pode subir aí pra até 15 anos de prisão,

01:03e também prevê algumas facilidades ali na possibilidade de investigação,

01:07como, por exemplo, autorizar que integrantes das facções

01:11sejam ali cooptados e contratados, entre aspas,

01:15pela polícia pra trabalharem disfarçados e infiltrados.

01:19Agora, o projeto PL antiterrorismo prevê que as organizações criminosas

01:24sejam caracterizadas como terroristas.

01:28Esse é defendido pela oposição, o PL, que é assinado de autoria do Danilo Forte,

01:35do União Brasil, portanto, além da oposição,

01:37também recebe a chancela de partidos de centro do União Brasil, do PP, do Republicanos,

01:43e o governo é terminantemente contra esse projeto,

01:47porque, vamos lembrar, eles avaliam, inclusive, integrantes da Polícia Federal,

01:51que caracterizar as organizações como terroristas

01:54poderia abrir uma brecha pra intervenções internacionais,

01:58além também de colocar em risco a possibilidade de enquadrar como terrorista

02:03movimentos sociais, já que a caracterização de terroristas

02:07se daria pelo controle e domínio de terras.

02:12E vamos lembrar que o MST, por exemplo, utiliza esse domínio de terras também

02:17pra conquistar espaços e ocupar terras.

02:21A ministra Gleisi Hoffmann, portanto, disse que é contra esse projeto,

02:24sinalizando que o governo pode dificultar a vida de Hugo Mota

02:28na tentativa de unir e juntar esses dois textos.

02:32Vamos ouvir um trecho.

02:34O governo é terminantemente contra.

02:36Somos contra esse projeto que equipara as facções criminosas ao terrorismo.

02:41O terrorismo tem um objetivo político e ideológico

02:44e o terrorismo pela legislação internacional dá guarida

02:48pra que outros países possam fazer intervenção no nosso país.

02:50Nós não concordamos com isso.

02:52Nós já temos uma legislação sobre facções criminosas.

02:55Mandamos agora um projeto de lei que traz bastante rigor para o combate às facções

03:00e temos a PEC da Segurança, que está adormitando há seis meses quase

03:05e que a Câmara não deu encaminhamento.

03:12E ontem, num evento em Buenos Aires, um evento com juristas e também empresários,

03:18o presidente da Câmara dos Deputados, Gumota, disse que vai decidir até amanhã

03:22que formato ele vai adotar.

03:24Se ele vai pautar somente o projeto do governo,

03:27se ele vai pedir pra avançar somente com o projeto antiterrorismo

03:30ou se ele vai tentar juntar os dois projetos em um relatório.

03:34Lembrando que ontem a gente contou aqui no 3 em 1

03:36que o líder do PP, doutor Luizinho, disse que

03:39Guilherme Derritte, secretário de Segurança do Estado de São Paulo,

03:43que também é deputado federal,

03:45seria o relator dessa matéria, desse tema,

03:48independentemente da proposta que avançar,

03:51seja a proposta do governo ou a proposta antiterrorismo.

03:54Isso causou uma irritação no Palácio do Planalto.

03:57A própria ministra Greise Hoffmann, a gente conversou com ela rapidamente no Congresso ontem,

04:01ela disse que não estava sabendo dessa possibilidade de Derritte ser o relator

04:05e que vai conversar com o Gumota sobre isso.

04:08Evandro.

04:09Obrigado pelas informações, viu, Vitória Bel?

04:11Um abraço pra você.

04:12O governo está bastante incomodado com essa discussão relacionada ao antiterrorismo

04:16e também ao projeto que visa as facções aqui no país

04:20que pode ter a relatoria de Guilherme Derritte, secretário de Segurança Pública aqui do Estado de São Paulo,

04:25que obviamente está do lado oposto ao governo federal.

04:29Bruno Musa, você acha que convém essa manifestação da ministra Greise Hoffmann

04:34e você acha que é crível essa preocupação dela em transformar as facções criminosas do país

04:39em grupos terroristas, classificá-las como terroristas?

04:43Bom, vamos lá.

04:44Pro lado dela, convém.

04:46Ela deixou explícito que o governo não apoia a transformar as facções criminosas em grupo terrorista.

04:54Por outro lado, quando eu vou olhar, na minha opinião, o que eles fazem é terrorismo.

04:5946 milhões, 20% da população brasileira mora em territórios, em áreas dominadas pelo crime organizado.

05:06Essas pessoas subtraem o privado das pessoas, ou seja, eles são obrigados a pagar pela luz, pelo gás, pela moradia.

05:16Eu repito, no final de semana, é um vídeo impressionante que está ocorrendo, está no YouTube.

05:21No final de semana, lá no Ceará, onde as facções estão muito presentes e muito fortes,

05:25expulsando famílias com filhos e tomando a casa.

05:28Imagina você abrir a tua porta e ter uma pessoa com fuzil, ou muitas vezes o próprio crime,

05:33eu estava lendo que eu gosto do tema, ele colocando, ele manda um menino de 11, 12 anos na porta da tua casa

05:38para falar, sai.

05:39Como é que você vai não sair quando você tem filhos pequenos por lá?

05:42Se isso, mais as barricadas, fechar os territórios, áreas onde a polícia simplesmente não entra,

05:48é exatamente a mesma coisa que o ramaz terrorista faz por lá.

05:52Então, as ações, na minha opinião, elas se assemelham muito.

05:54É que nós vamos normalizando ali uma área, porque nós estamos aqui na parte de fora.

05:59Lá na parte de dentro, aquelas pessoas que moram lá, que são as verdadeiras vítimas

06:03dessas ações orquestradas por esses terroristas, que sequestraram aquela área,

06:08chamam de sua, pegam o dinheiro das pessoas ou então mandam elas embora ou as fuzilam mesmo.

06:14Então, na minha opinião, fica muito claro que as ações delas são completamente ações terroristas.

06:19Eu quero saber de você também, se você concorda em equiparar as facções criminosas ao terrorismo.

06:24Está rolando uma enquete lá no nosso YouTube, participe.

06:27Sim, o impacto é o mesmo.

06:29Não, são crimes diferentes, precisa de debate mais profundo.

06:32Dê a sua opinião para que a gente possa trazer também ao longo do nosso 3 em 1.

06:36Fábio Piperno, você concorda com a ministra Gleisi Hoffmann?

06:39Claro que nesse caso eu concordo, sim.

06:41Até porque o fundamental é se combater o crime.

06:44Não é mudar a nomenclatura ou status do grupo criminoso.

06:48O fundamental é tirar o criminoso da porta da casa das pessoas de bem.

06:55É impedir com que o criminoso coloque obstáculos à vida, à circulação dessas pessoas,

07:01que ele seja impedido de extorquir essas pessoas.

07:05Ontem, por exemplo, o secretário da Segurança do Rio de Janeiro fez um cálculo aqui para a gente

07:10de quanto, por exemplo, o Gatunete, o serviço ilícito de TV a cabo,

07:17que o crime obriga as pessoas a comprar, acaba gerando de recurso.

07:22É uma fortuna.

07:24Então, há que haver, sim, um endurecimento das leis, presença do poder público nessas áreas.

07:32Há necessidade de retomada dessas áreas.

07:36Isso, óbvio, que não é fácil.

07:37Até porque são décadas e décadas e décadas de negligência de jogar para a torcida,

07:44de gente que passou, por exemplo, a mão na cabeça lá de miliciano.

07:49Gente que achou que era normal ter a milícia no começo, porque, ah, puxa, a milícia,

07:54de alguma forma, ela vai fazer a proteção, deu no que deu.

07:58Gente que vai lá e acaba se associando ao jogo do bicho em eventos sociais.

08:06Então, é necessário combater isso aí.

08:08Agora, mudar o status vai agradar uma parte da torcida que tem esse fetiche aí,

08:15porque aí, nossa, vamos poder buscar ajuda externa para combater aqui, enfim, o problema.

08:21Não, tem que haver endurecimento e retomada por parte do Estado.

08:26E quanto ao derrite, que é outra preocupação da ministra Gleisi,

08:30eu fico imaginando o seguinte, deve estar faltando problema aqui na área de segurança em São Paulo,

08:35a ponto dele se licenciar e voltar lá para Brasília.

08:37Perno, como fazer isso, mudando as leis?

08:40Desculpa interromper aqui, Evandro.

08:41Como mudar isso?

08:42Eu concordo, as leis no Brasil precisam ser mudadas.

08:44Nós acabamos de ver um dos cabeças importantes do Comando Vermelho sendo solto pelo Judiciário.

08:49Ou seja, as leis brasileiras são lenientes.

08:52Quando você tem o status quo, que não quer a mudança da legislação, como fazer?

08:56O país, no Brasil, o crime compensa através do risco.

08:58A lei existe, a lei já existe, eventualmente ela pode ser descumprida por alguém.

09:03E aí, Bruno, existe até um projeto de endurecimento de penas, um projeto antifacção.

09:09Então, já há bastante alternativas na lei para que isso seja endurecido.

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