Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Julio Miragaya, integrante da Comissão de Política Econômica do Cofecon, avaliou os impactos da manutenção da Selic em 15%. Em conversa com Paula Monteiro e Rodrigo Loureiro, ele explicou quem ganha e quem perde com os juros altos e alertou para os riscos ao crescimento econômico.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasilCNBC

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00O Banco Central vai divulgar na próxima terça-feira a ata da reunião do Comitê de Política Monetária
00:06que manteve pela terceira vez seguida a taxa básica de juros em 15% ao ano.
00:12No comunicado divulgado na quarta-feira passada, o BC reconheceu o avanço na desaceleração da inflação,
00:19mas manteve o tom firme.
00:22Salientou que o cenário de incerteza exige cautela e repetiu que pode manter as taxas elevadas
00:28por tempo prolongado e que não hesitará em retomar o ciclo de alta caso seja necessário.
00:34O recado é considerado roquech, conservador pelo mercado.
00:38Nós vamos conversar sobre as decisões do Copom com o Júlio Miragaia,
00:42que é integrante da Comissão de Política Econômica do COFECOM, o Conselho Federal de Economia.
00:48Oi, Júlio, boa noite para você. Seja muito bem-vindo ao Times Brasil, exclusivo CNBC.
00:54Boa noite, Paulo.
00:55Boa noite. Júlio, a manutenção da taxa e a decisão por unanimidade já eram dadas aí como cartas marcadas, né?
01:03E esse tom firme, duro, surpreendeu alguns analistas que esperavam algum alívio diante da queda,
01:10só que ainda que lenta das estimativas de inflação.
01:13Na sua opinião, o que os investidores devem olhar aí com olhos de lupa no texto da ata que sai na terça-feira, hein?
01:20Olha, o Conselho Federal de Economia, ele tem sido muito crítico dessa política do Banco Central
01:28de manutenção da Selic nesse patamar tão elevado.
01:32É injustificável a Selic a 15% quando a gente tem uma taxa de inflação que vai fechar o ano perto de 4,5%.
01:42Isso resulta numa taxa de juros real superior a 10% ao ano, que é a maior do mundo, junto com a Turquia.
01:50Então, o investidor que está dedicado a aplicações financeiras, né?
01:59Os grandes investidores, evidentemente que é um panorama favorável, né?
02:03Agora, para a economia nacional, é um quadro muito ruim, porque isso desestimula o crédito tanto das empresas, né?
02:10Quanto o pro-consumidor, e isso tem um impacto direto no crescimento da economia.
02:16Nós estávamos girando aí no final do ano passado perto de 4% de crescimento do PIB,
02:22e devemos fechar esse ano aí com um pouco mais de 2%.
02:25Júlio, o nosso analista de economia e mercado, o Rodrigo Loureiro, ele está aqui no estúdio,
02:30vai participar dessa entrevista?
02:32Rodrigo.
02:33Júlio, boa noite.
02:34A gente tem uns...
02:35Boa noite, Rodrigo.
02:36Boa noite.
02:37Júlio, o governo federal, ele passou algumas indicações do que ele pretendia fazer para a economia,
02:43não só o governo federal, como também o Banco Central, a partir do Gabriel Galípolo.
02:48Primeiro, controlar o desemprego.
02:50A gente está vendo o desemprego atingir números bem positivos, números mínimos.
02:56E o Gabriel Galípolo, no Copom, já tinha dito que o objetivo era trazer a inflação para dentro do controle.
03:03O Boletim Focus da última semana colocou o IPCA praticamente dentro do teto da meta,
03:09algo que estava difícil de enxergar lá no começo do ano.
03:12Muita gente achava que não ia realmente ficar próximo do teto da meta.
03:17Pensando nesses dois indicadores, eu vou colocar até um terceiro, que é o PIB, que você bem citou na primeira pergunta.
03:23Qual é o seu sentimento daqui para frente, pensando em 2026, para esses três indicadores?
03:30Desemprego, inflação, no caso IPCA, e agora o PIB, que a gente sabe que o PIB não está tendo um bom resultado como esses dois últimos indicadores.
03:40Então, Rodrigo, o que a gente tem discutido lá no Conselho Federal de Economia?
03:44Porque, embora haja esse pensamento de que a taxa de desemprego está baixa, se a gente considerar o desalento, que também é um desemprego,
03:54porque é a pessoa que deixa de procurar emprego porque acha que não vai conseguir, nós temos um total de 8 milhões de pessoas desempregadas.
04:03Sem falar no fato de que 40% do nosso pessoal ocupado está em atividades informais, os dados da última PNAG do IBGE.
04:11Então, o quadro no mercado de trabalho, eu não entendo ele como positivo.
04:17Ele não está em uma situação calamitosa, mas não é um dado muito favorável.
04:22De outro lado, a gente entende que essa meta de 3%, vamos lembrar que essa meta de 3%, o centro da meta, foi instituída a partir de 2019.
04:33E eu acho que ela é muito rigorosa para uma economia com as características da economia brasileira, com a estrutura econômica que o Brasil tem.
04:40Nós não podemos nos comparar aos países ricos.
04:43Efetivamente, nesses países, você pode ter uma meta de 3%.
04:45A inflação nos países europeus, nos Estados Unidos, está gerando aí na faixa de 2%, 3%, 3,5%.
04:52O Reino Unido chegou a 4%.
04:53Mas nos países com características do Brasil, e aí eu estou falando de Índia, eu estou falando de Egito,
05:01eu estou falando de Argentina.
05:03Argentina é um pouco fora da curva, mas Colômbia, México.
05:06A gente tem uma taxa de inflação muito próxima do Brasil, 4,5%, 5%, um pouquinho menos, um pouquinho mais.
05:14A Índia estava em 6%.
05:15Então, eu acho que essa meta de 3% é muito rigorosa.
05:19E isso faz com que o Banco Central exagere na dose do remédio, até porque nós não temos inflação de demanda no país.
05:26E o que acontece quando ele joga essa Selic, em termos reais, 10%, 15%, ela é nominal?
05:36Isso prejudica muito a economia brasileira, porque nós não podemos nos contentar com o crescimento de 2%.
05:43O Brasil tem tudo para crescer próximo ao que cresce, por exemplo, a Indonésia,
05:47que o presidente Lula visitou recentemente, que tem uma taxa de 5% já há 8 anos.
05:53Ou a Índia, que está com uma taxa de 7% ou 8%.
05:56Não estou falando nem da China, que agora desacelerou.
05:59Então, não tem nenhuma razão para o país se contentar em crescer 2%,
06:02porque tem só 8 milhões de desempregados.
06:06Eu acho que o quadro não é favorável.
06:082026 vai ser um ano difícil.
06:11E eu acho que o Banco Central tinha que repensar mesmo esse rigor todo
06:15em tentar trazer a inflação para 3%.
06:18É muito difícil.
06:20Eu acho que uma inflação de 4,5% é absolutamente satisfatória
06:24para a estrutura econômica do Brasil e as características da nossa economia.
06:29Agora, Júlio, antes da decisão de quarta-feira passada,
06:32havia alguns boatos de que os juros poderiam começar a cair já na reunião do Copom de Janeiro.
06:38Mas aí, diante dessa postura rokesh do BC,
06:42há quem sustente que isso só vai vir agora em março.
06:45Qual que é o seu feeling com base aí nas suas estimativas?
06:51Pelo que tem demonstrado o Banco Central,
06:54desde setembro do ano passado, quando a taxa estava em 10,5%
06:57e sistematicamente aumentou e agora está mantendo em torno de 15%,
07:01eu acho que a tendência é, inclusive, manter,
07:03não mudar, não reduzir essa taxa no início do ano.
07:06E eu acho que vai começar a reduzir em partir realmente de março,
07:14março, abril, alguma coisa assim,
07:16e de uma forma muito moderada.
07:22Eu acho que movia aí reduções na área de, em torno de 0,25%,
07:26alguma coisa assim,
07:28de forma que a gente ainda vai ter um ano de 2026 com a Selic média muito elevada.
07:32A gente não pode esquecer que essa Selic, nesse patamar,
07:37ela é responsável hoje por gastos do juros da dívida pública
07:40da ordem de 1 trilhão de reais.
07:431 trilhão.
07:43O ano passado fechou em 988 bilhões.
07:47Isso é inadmissível.
07:48Depois se fala, ah, a dívida pública, ela está crescendo.
07:51Ela está crescendo não em função do déficit primário,
07:54que está na faixa de 30 bilhões.
07:55Ela cresce em função desse desgaste com a dívida pública,
08:01que são 30 vezes maiores que o déficit primário.
08:05Então, o extrato que já foi feito na economia brasileira
08:09é muito grande pela política do Banco Central.
08:12Ele atua contra a economia nacional,
08:14com essa obsessão de tentar levar a taxa para 3%,
08:17que prejudica o país, beneficia os rentistas apenas,
08:21aqueles investidores que aplicam no mercado financeiro,
08:24mais a economia nacional.
08:26Basta ouvir aí os relatos do setor industrial,
08:30diversos setores da economia brasileira,
08:32que têm reclamado dessa taxa absurda.
08:36Júlio, a gente tem agora a isenção do imposto de renda,
08:40para pessoas que ganham até 5 mil reais.
08:42Uma medida positiva que deve estimular o consumo,
08:45só que, por outro lado, deve também dar aquele empurrãozinho
08:48no IPCA, na inflação.
08:50Pelo menos essa é a preocupação de parte da ala econômica do governo.
08:54Como que você entende esse cenário a partir de agora,
08:58pensando nessa isenção do imposto de renda?
09:00Porque deu para perceber pelos seus posicionamentos que,
09:03tudo bem, dá para manter a inflação ali em 4,5%
09:06e, ok, precisamos incentivar o consumo.
09:10Mas se a gente tiver também essa isenção do imposto de renda,
09:13isso deve empurrar um pouquinho a inflação.
09:15Como você se sente em relação a isso?
09:16Rodrigo, eu vou lembrar a discussão que havia no Brasil há 20 anos atrás,
09:23um pouquinho mais, quando se decidiu elevar o salário mínimo em termos reais.
09:30E se dizia que ia quebrar a Previdência,
09:32que ia estourar o orçamento das prefeituras e que ia estourar a inflação.
09:38Era a discussão que tinha em 2004.
09:40E, na verdade, nada disso aconteceu.
09:43Nada disso.
09:44A Previdência não quebrou por causa disso.
09:45E essas prefeituras até melhoraram o quadro,
09:48porque aumentou a arrecadação.
09:50E a economia brasileira cresceu de uma forma bastante acelerada.
09:53Naquele período ali, cresceu na faixa de 4,5% ao ano.
09:57Então, há uma mistificação em torno disso.
10:00Quando se fala em explosão do consumo, não tem esse problema no Brasil.
10:05A inflação no Brasil está localizada em alguns itens específicos.
10:09Teve um problema na alimentação no ano passado, que já foi debelado,
10:13que foi em função de estoques reguladores e na variação do dólar.
10:18A variação do dólar teve um impacto enorme nos preços das commodities agrícolas
10:23e isso afetou bastante a inflação.
10:25Já voltou ao patamar normal.
10:26Agora, a energia elétrica e combustíveis continuam sendo os vilões
10:31e vão continuar sendo, porque o governo não controla esses dois preços.
10:38Então, eu acho que o Banco Central, eu não sei por que exatamente
10:43essa obsessão em trabalhar a inflação, trazê-la para o centro da meta, 3%,
10:50não é a realidade dos outros países.
10:52Quando se fala em inflação fora de controle,
10:55eu chego a achar até engraçado isso, porque quem viveu a inflação no período
11:00ali no final da ditadura militar, no governo Sarney, no governo Collor,
11:04chegamos a 2.500% ao ano, falar que 4,5% ao ano está fora de controle,
11:10chega a ser visível.
11:12Então, eu acho que é um discurso que não condiz com a realidade brasileira,
11:17na verdade, é uma narrativa que leva o Banco Central a ter essa postura
11:22que, de alguma forma, causa um enorme prejuízo para a economia nacional e para a situação geral.
11:30Você acabou de acompanhar, então, a entrevista com o Júlio Miragaia,
11:34ele que é integrante da Comissão de Política Econômica do COFECOM,
11:38o Conselho Federal de Economia.
11:40Júlio, muito obrigada pela sua participação e até a próxima.
11:44Muito obrigado, Paulo Rodrigo.
11:46Obrigada.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado