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Luccas Saqueto, economista da GO Associados, explicou no Fast Money que a Selic em 15% impede investimentos e freia a geração de empregos. Ele detalhou também os riscos fiscais e as perspectivas de cortes apenas em 2025.

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Transcrição
00:00E hoje o Comitê de Política Monetária, o COPOM, vai divulgar a decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic.
00:07A expectativa do mercado é pela manutenção da taxa, que está hoje em 15% ao ano.
00:13E a gente vai repercutir o que isso representa para o mercado e também para a economia do Brasil
00:18com o Lucas Saqueto, que é economista da GO Associados.
00:23Oi Lucas, seja muito bem-vindo aqui ao Fast Money.
00:25Boa tarde, Paula. Obrigado pelo convite e boa tarde também aos espectadores do Fast Money.
00:32Obrigada a você pela participação. Felipe Machado também está aqui ao meu lado e vai participar da nossa entrevista.
00:38Bom, para a gente começar, qual é o principal fator que tem levado o COPOM a segurar os juros nesse nível que está?
00:46Risco fiscal, inflação, cenário internacional, tudo isso?
00:50É, eu acho que é um conjunto de fatores, né Paula?
00:54Você indicou bem, acho que os três principais são exatamente esses que você elencou.
00:58O Banco Central tem um mandato para garantir que a inflação fique dentro de uma meta que é estabelecida.
01:04Essa meta hoje é de 3%.
01:06Então a inflação no Brasil tem, o Banco Central deve trazer a inflação para 3% e tem até uma margem de tolerância, né?
01:131,5 ponto percentual para cima, então pode ir até 4,5% que ainda é tolerado.
01:20Acontece que esse novo sistema de metas de inflação começou a entrar em vigor no final do ano passado, né?
01:26No final do ano passado o governo aprovou esse novo sistema de metas de inflação e ele entrou em vigor a partir de janeiro.
01:31É mais flexível, então por seis meses seguidos que essa meta for descumprida,
01:37o Banco Central precisa tomar alguma medida para trazer ela de volta pelo menos para a margem de tolerância.
01:42E aí a gente já estourou essa meta na metade do ano, né?
01:45Então a gente está numa situação de inflação acima das expectativas,
01:49a gente está numa situação fiscal bastante delicada,
01:52a gente vê aí toda semana o governo se esforçando para tentar aprovar algumas medidas
01:57que aumentem a receita de um lado e que do outro lado cortem algum tipo de gastos
02:01para entrar ali e tentar entrar no equilíbrio fiscal.
02:05E a situação externa que apesar de nos últimos tempos ter ficado um pouco mais otimista
02:10com uma possível negociação entre o Brasil e os Estados Unidos na razão das tarifas,
02:15mas ainda é bastante conturbada, né?
02:17Porque a gente está vivendo uma guerra comercial, principalmente dos Estados Unidos e da China,
02:21que são dois grandes parceiros comerciais do Brasil e isso prejudica um pouco o desempenho da economia brasileira.
02:29Com tudo isso, a gente chega aí a uma taxa básica de juros de 15% ao ano.
02:34É uma taxa bastante alta, mas que condiz com critérios técnicos
02:39para o Banco Central conseguir trazer a inflação para pelo menos o teto da meta, Paula.
02:45Legal, Lucas. Felipe, sua pergunta.
02:47Legal. Lucas, boa tarde.
02:49Bom, a gente tem acompanhado o Boletim Focus toda semana, né?
02:52E a gente vê que a meta da inflação, pelo menos de acordo com os especialistas e tal,
02:57deve chegar no final do ano a 4,5, 4,55, 56, mas enfim, dentro da meta ali no teto, né, Lucas?
03:06Você acha que isso abre espaço para a gente ter pelo menos uma pequena redução de juros ainda esse ano
03:12ou só vai ficar para o ano que vem mesmo?
03:13Infelizmente, Felipe, eu digo infelizmente porque um juros tão alto é muito ruim para o desempenho da economia.
03:20Eu acredito que só para o ano que vem mesmo.
03:22Como você falou na pesquisa Focus e ao longo das últimas semanas,
03:26vem registrando aí a mediana das expectativas do mercado,
03:29vem registrando um corte, uma indicação de que a inflação vai chegar próximo ali do teto superior da meta.
03:34A questão é que o Banco Central, ele não olha só para a foto do momento,
03:37ou seja, para quando a inflação está chegando ali próximo do teto da meta.
03:41Ele olha para um horizonte de longo prazo, mais ou menos um ano e meio para frente.
03:45E o objetivo do Banco Central não é chegar ali no teto, é chegar na meta, que é de 3%.
03:50Então eu acho que essa política mais contracionista, como a gente diz em economia,
03:54uma política mais restritiva, ela vai infelizmente acabar em 2025,
03:58e a gente vai acabar em 2025 com uma taxa de juros de 15%.
04:01Nos nossos exercícios, usando a regra de Taylor,
04:05para ver quando que a inflação vai de fato convergir ali para os 3%,
04:10a gente acredita que na reunião de março do Copom,
04:13ou seja, na segunda reunião do ano que vem, vai haver um corte de 0,5%,
04:17aí a gente vai ter uma taxa de juros de 14,5% e vai abrir aí margem para um ciclo de cortes,
04:24e a Selic vai terminar em 2026, se essas projeções se confirmarem, em 12,5%.
04:30É um valor ainda muito alto, mas é um pouco menor do que os atuais 15%.
04:34Então eu acho que as perspectivas realmente são melhores,
04:37a gente vê aí a situação externa, é um pouco melhor,
04:41um possível acordo Brasil-Estados Unidos com relação às tarifas,
04:44que até deixou o câmbio um pouco mais tranquilo,
04:46a inflação dando alguns sinais de que também pode reduzir,
04:51a situação fiscal ainda é um desafio, no que vem o ano eleitoral,
04:54isso pode piorar um pouco mais, mas tem essa perspectiva,
04:57a gente vai ter ainda juros muito altos, mas um pouco menores do que o patamar atual, Felipe.
05:03Lucas, e como é que essa taxa impacta o ritmo de crescimento da economia
05:07e também a geração de empregos?
05:10Olha, Paula, 15%, a gente pode conversar com qualquer empresário,
05:15principalmente de setores que demandam muitos investimentos,
05:17demandam muitos financiamentos, como a infraestrutura, por exemplo,
05:22uma taxa de juros básica de 15% torna quase inviável grandes obras,
05:27num país onde a gente carece tanto de investimento em infraestrutura, por exemplo,
05:31mas isso trava todo o crescimento da economia,
05:34a gente sabe que as taxas reais dos bancos de financiamento,
05:38de empréstimo são ainda maiores, a Selic é uma referência,
05:41quando ela está alta, ela impacta no financiamento de todas as outras linhas de crédito,
05:46e isso dificulta investimentos, dificulta a geração de empregos
05:51e é um entrave para a economia como um todo,
05:53por isso que, inclusive, a gente vê, e não é só no Brasil, nos Estados Unidos,
05:57o Trump também, o presidente Trump, tende a reclamar e questionar
06:01o presidente do Banco Central de lá para cortar os juros,
06:03porque os governos sabem que taxa de juros alta é um empecilho para a economia crescer.
06:08A questão é que aqui no Brasil, se a gente não fizer a lição de casa,
06:12os juros não vão baixar, não é a vontade do governante,
06:16essa compreensão de que os juros baixos fazem a economia crescer,
06:18que vão resultar em juros mais baixos.
06:21Na verdade, é fazer a lição de casa no fiscal
06:24e ter uma inflação relativamente controlada.
06:27E quando a gente tiver esse cenário,
06:29a gente tem uma economia com juros mais baixos
06:32e aí podemos crescer e gerar um pouco mais de empregos.
06:36Mas até lá fica esse entrave,
06:39que como eu acho que o Banco Central segue numa linha correta,
06:42é sempre um ponto de vista mais técnico,
06:44que descola um pouco da interferência e do viés político,
06:48porque a gente, ao longo de 30 anos,
06:52conseguiu conquistar uma estabilidade relativa dos preços.
06:55Eu acho que nenhum brasileiro está disposto a abrir mão disso agora.
06:58Então, o Banco Central segue na linha certa.
07:01Infelizmente, a gente vem tomando um remédio amargo,
07:03mas ele é necessário.
07:06Legal.
07:07Lucas, você falou uma questão aí que me chamou a atenção,
07:10lição de casa do fiscal, né?
07:12Vamos lembrar, essa previsão que o mercado está fazendo,
07:15que você também falou,
07:16de chegar no fim do ano que vem com 12,5%,
07:20temos que lembrar que o ano que vem é o ano de eleição
07:22e dificilmente o governo vai cuidar dessa parte fiscal
07:25com tanta atenção, né?
07:27É um ano, normalmente, tradicionalmente, um pouco mais gastador.
07:30Você vê algum risco nisso?
07:31Você vê algum risco nessa postura um pouco conflitante ali
07:34de o governo esquecer um pouco o lado fiscal
07:39ao mesmo tempo que o Banco Central vai baixando os juros?
07:43Olha, Felipe, você acho que falou muito bem
07:46e, de fato, ano que vem é um ano de muito desafio.
07:48A gente sabe que o atual governo tem bastante dificuldade,
07:51principalmente, em encontrar espaço para cortar gastos.
07:53A gente viu aí algumas iniciativas para aumentar a arrecadação,
07:56por exemplo, com o IOF, que não deram certo no Congresso,
08:00mas já num ano pré-eleitoral,
08:02o governo tem muita dificuldade em escolher
08:04e, infelizmente, a gente não vive uma situação fiscal tranquila
08:09onde a gente pode prover todos os benefícios sociais
08:12e muitos deles são muito válidos.
08:13O governo precisa escolher aonde vai tirar dinheiro do orçamento
08:17para compensar em outros lugares, isso no ano pré-eleitoral.
08:20Para o ano que vem ainda é mais difícil.
08:22Eu acho que desse cenário de três e três pontos aí
08:26que eu acho que convergem para um corte nos juros,
08:28o principal ponto de atenção
08:29e é onde pode ser um grande empecilho
08:32para esse início de corte de juros
08:35é justamente a questão fiscal, muito pelo que você apontou.
08:38É um ano eleitoral, um governo,
08:40e qualquer que seja o governo, não vai querer cortar gastos,
08:42principalmente programas sociais e etc.
08:45No ano eleitoral, a gente sabe que
08:47outros mecanismos de redução de custos do governo
08:51são de longo prazo.
08:52A gente viu aí nas últimas semanas
08:54alguma conversa sobre andar uma reforma administrativa
08:57que infelizmente não fica e não vai ter efetividade
09:00para o ano que vem ainda.
09:02Então, eu acho que esse é o principal sinal de risco, Felipe.
09:05É o governo...
09:06A equipe econômica até demonstra uma certa preocupação com o fiscal,
09:11mas aí eu tendo a entender que no ano eleitoral
09:14o que vai prevalecer de fato é a pressão política.
09:16E isso pode resultar em juros mais altos,
09:18em uma dificuldade maior para a economia crescer
09:21e pode prejudicar o próprio governo.
09:23Então, a gente torce para que prevaleçam os critérios técnicos
09:27e que a equipe econômica do governo convença o governo
09:30que é melhor, até do ponto de vista eleitoral,
09:32manter um certo rigor fiscal, Felipe.
09:36Muito obrigada, Lucas Saqueto, economista da GO Associados.
09:40Muito obrigada pela sua participação
09:42e um bom restinho de semana para você.
09:45Eu que agradeço, Paulo, Felipe.
09:46Obrigado e boa tarde.
09:47Até a próxima.
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