O Copom manteve a taxa Selic em 15% ao ano e reforçou o discurso de cautela, indicando juros altos por período prolongado. Vinicius Torres Freire e Marcela Kawauti analisam o comunicado e o impacto da decisão.
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00:006 horas e 38 minutos, acaba de sair a decisão do Copom e a decisão é de manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano, como estava amplamente esperado pelo mercado.
00:20Vamos acompanhar aqui então o comunicado do Copom, o Copom, como é de praxe logo após a divulgação da sua decisão sobre juros, divulga um breve comunicado explicando ali de forma sucinta as razões que levaram os diretores do Banco Central a tomar essa decisão e na semana seguinte sai a ata, um documento mais completo, mais robusto, sim com uma análise mais profunda.
00:43Vamos trazer aqui então o comunicado do Copom e ler então quais foram as palavras escolhidas aqui pelo comitê.
00:49O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexo nas condições financeiras globais.
00:58Tal cenário exige cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.
01:04Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência.
01:20Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação.
01:28As expectativas de inflação para 2025 e 2026, apuradas pela pesquisa Focus, permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,4% e 4,2% respectivamente.
01:41A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,2% no cenário de referência.
01:52Portanto, aqui houve uma reduçãozinha. Na última reunião, o Copom havia projetado inflação de 3,3% para o segundo trimestre de 2027.
02:00Agora ele baixa a projeção para 3,2%. Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual.
02:09Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação destacam-se.
02:13Uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado.
02:17Uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo, a atividade aquecida.
02:26E três, uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tem um impacto inflacionário maior do que esperado.
02:32Por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
02:37Entre os riscos de baixa, ressaltam-se, um, uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada,
02:45tendo impacto sobre o cenário de inflação.
02:48Dois, uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza.
02:55E três, uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.
03:00O comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos ao Brasil
03:05e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros,
03:12reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza.
03:17O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas,
03:23resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
03:26Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas,
03:32exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.
03:40Primeiro ponto aqui, o Copom segue usando a expressão manter a taxa alta por período bastante prolongado.
03:48O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano
03:51e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação
03:56para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
03:59Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços,
04:04essa decisão também implica a suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
04:11O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária.
04:16O comitê avalia que a estratégia em curso de manutenção do nível corrente da taxa de juros,
04:21de novo, por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta.
04:27O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados
04:32e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.
04:38São duas expressões aqui que o Copom vinha usando de mais austeridade que ele repete aqui.
04:43Juros por período bastante prolongado, juros altos, e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste,
04:49ou seja, altas, caso julgue apropriado.
04:53Votaram por essa decisão todos os diretores aqui, portanto, uma decisão unânime dentro do Copom.
04:59Projeções de IPCA, 4,4% para 2025, estava em 4,6% na última decisão, na última reunião.
05:08Em 2026, 3,5% estava em 3,6%, segundo o trídeo de 2027, 3,2% estava em 3,3%.
05:15Portanto, o Copom baixou a sua projeção de inflação para os três anos.
05:20Vinícius Torres Freire, como você observa, já está aqui no estúdio para analisar o comunicado, Vinícius, do Copom.
05:26É, Fábio, no comunicado, parece que o Banco Central está dizendo, não temos nada de novo a dizer.
05:36Tem gente que vai achar pelo em ovo, trocou um verbo, mudou uma ordem de frase,
05:41mas o que está dizendo lá, assim, não estamos dando nenhum sinal.
05:44O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já havia dito nas últimas semanas
05:48que não está ali para dar sinais e de que ele mesmo não sabe o que fazer.
05:56Acredita-se que seja a diretoria inteira, especialmente os mais ligados à política monetária, que são três diretores.
06:02De novidade, aí, tem uma baixa da projeção do Banco Central de inflação.
06:06O que é essa projeção de 3,2%?
06:08É, o Banco Central usa alguns dados da realidade, entre eles, a expectativa de manutenção da Selic em certo nível pelo mercado,
06:18entre outros indicadores projetados pelo mercado, e outras variáveis econômicas,
06:22põe lá no modelo matemático dele, uma coisa enorme e complicada, e ele cospe esse número.
06:27Levando em conta que a Selic fica, em certa taxa, tal como projetada pelo mercado, e outras variáveis,
06:33a inflação chega a 3,2% no segundo trimestre de 2027.
06:38A meta não é 3? A meta é 3, e 3,2% é praticamente quase nada em relação à meta.
06:44Não obstante, apesar disso, o Banco Central está dizendo, vamos manter a taxa assim,
06:50não vamos dar nenhum sinal, é o que está escrito na ata, e somos dependentes de dados.
06:55Manter a taxa de juros no nível corrente pode significar, um, manter em 15%, a Selic em 15%,
07:02ou então manter a taxa de juros real no nível corrente.
07:06O nível corrente é mais ou menos 9% em alguma coisa, então pode ser que a taxa real comece a aumentar,
07:13porque ela depende da inflação. Quanto menor a inflação, maior a taxa real.
07:18Então, pode ser, se as expectativas baixarem, pode ser que o BC diga,
07:22bom, a gente já não está mais no nível corrente, precisamos baixar a Selic para a taxa real não aumentar,
07:27porque pode acontecer, se a Selic fica em 15%, a expectativa de inflação diminui, a diferença aumenta,
07:33a taxa real aumenta. Então, o BC não quer aumentar, ele está dizendo que vai manter a taxa corrente.
07:37Então, dependemos do quê? De que as expectativas de inflação caiam,
07:43ou que tenha algum sinal muito forte na economia, por exemplo, desaceleração da inflação de serviços,
07:48que não está acontecendo, para a gente poder mudar a Selic.
07:53A gente ainda vai ter que esperar dados de expectativas de inflação e de inflação de serviços,
08:00especialmente, ou então, de salários do mercado de trabalho, para o BC se mexer,
08:04pelo menos no que está escrito aí.
08:06Vinícius, pedi para você ficar aqui comigo, para a gente retomar a entrevista com a Marcela Cavauti,
08:10economista-chefe da Lifetime, gestora de recursos.
08:13Eu vinha conversando com ela antes da decisão.
08:15Marcela, antes de mais nada, desculpe por interrompê-la.
08:18Assim que a notícia saiu, nosso compromisso aqui é de dar imediatamente.
08:21Então, perdão por interromper a sua análise.
08:24Agora temos já a decisão, que era aquela esperada, a manutenção da Selic em 15%.
08:29E temos também o comunicado.
08:30Qual foi a impressão que você teve desse comunicado, Marcela?
08:35Logo antes da decisão sair, a gente estava falando justamente de como o mercado estava dividido ali,
08:41entre janeiro e março.
08:43A minha sensação foi de que o comunicado, ele veio mais duro do que eu estava esperando,
08:49porque eu tinha ali como projeção um corte em janeiro,
08:53mas eu acredito que ele não vai conseguir dissipar toda essa dissidência ali do mercado.
09:03Por quê?
09:03Em primeiro lugar, ele manteve ali as palavras que a gente chama de palavras-chave, né?
09:08Continuou dizendo que vai manter a taxa de juros em patamar elevado,
09:12e como foi dito muito bem ali, a gente não sabe se isso quer dizer taxa de juros nominais,
09:17ou se isso quer dizer taxa de juros reais.
09:20Então, abre um espaço grande para a interpretação.
09:23E ele continua dizendo que se precisar, ele vai subir juros.
09:27Ele até acrescentou uma palavra ali como usual, como quem diz,
09:31é parte do trabalho do Banqueiro Central fazer isso.
09:35Mas, por outro lado, apesar das palavras ali continuarem muito parecidas com o comunicado anterior,
09:43houve uma queda importante nas projeções dos modelos do Banco Central,
09:47chegando a 3,2% no segundo trimestre de 2027,
09:52que é o que o Banco Central chama de horizonte de previsibilidade,
09:55que pode ser traduzido como o momento em que o que ele faz hoje
10:00vai, de fato, ter todo o seu efeito sobre a economia.
10:03Então, aonde, de fato, o Banco Central está mirando quando ele ajusta as taxas de juros.
10:08Estou dizendo isso porque tem espaço para a interpretação dos dois lados.
10:13Quem tiver ali um cenário de corte em janeiro,
10:17vai conseguir achar nessa ata base para esse corte,
10:21e também tem cenário, e quem tem cenário para corte em março,
10:25também consegue achar a base nessa ata.
10:27A minha sensação é de que o Banco Central ainda não consegue dar indicação
10:32de quando ele vai cortar, justamente porque ele não está confortável.
10:36Então, para mim, se eu pudesse dizer alguma resumir,
10:39o que eu li ali na ata,
10:41é que o conforto para corte de juros ainda não veio.
10:44Mas vale lembrar que falta bastante tempo para a reunião de janeiro.
10:48Ela acontece no final do mês.
10:50Então, o Banco Central vai estar muito dependente de dados
10:53antes de tomar a sua decisão.
10:56Vinícius.
10:57Marcela, você disse que gente que acredita em corte em janeiro
11:03pode achar elementos nessa ata.
11:06Agora, esses elementos dependem de dados.
11:09Porque a gente falou, você falou, eu falei,
11:11depende, por exemplo, de achar que o Banco Central
11:15está preocupado com a taxa real de juros,
11:17na verdade está,
11:18mas para a taxa real de juros mudar,
11:21a gente vai ter que ter uma queda de expectativas inflacionárias um pouco maior
11:25e elas não estão caindo no horizonte relevante
11:27ou no ano que vem elas estão caindo muito pouco.
11:30Ou então, a gente vai ver um número muito chocante de dados
11:34sobre o mercado de trabalho lá em janeiro.
11:37Onde você vê já na ata um sinal de que você pode interpretar como corte em janeiro?
11:44O sinal de corte depende da gente entender que os 3,2% estão perto o suficiente da meta ou não.
11:52Como você falou, a meta é 3%.
11:55Então, o ideal seria que o Banco Central tivesse 3% ali no seu horizonte de previsibilidade.
12:02Agora, a gente não sabe o quão confortável o Banco Central está com esse 3,2% ali
12:08lá no final, no primeiro, desculpa, no segundo trimestre de 2027.
12:15Então, isso é uma questão que ajuda a gente, né, para quem tiver um cenário de janeiro.
12:21Outra questão importante é que quando ele fala sobre o mercado de trabalho,
12:25ali no começo do comunicado, ele falava antes que o mercado de trabalho apesantava dinamismo.
12:31Ou seja, que o mercado de trabalho estava forte.
12:34Agora, ele fala que o mercado de trabalho está resiliente.
12:38Então, é uma palavra um pouco menos intensa.
12:41Isso também mostra que ele entende que o mercado de trabalho está dando sinais ainda incipientes,
12:46a gente sabe, de uma investão de ciclo.
12:49E essa inversão do mercado de trabalho é fundamental para conseguir puxar a inflação de serviços para baixo.
12:56Então, do comunicado, uma mudança que teve ali relevante é esse diagnóstico do mercado de trabalho.
13:02Mas, de novo, ele continuou ainda com palavras muito duras em relação à manutenção de juros
13:08num patamar elevado, indicando que há algum conforto em manter juros
13:13e um desconforto ali em relação ao cenário geral.
13:16A gente pode entender, Marcela, que a manutenção desse tom segue sendo uma tentativa de ajudar a controlar
13:24essas expectativas de inflação?
13:27Sim.
13:28O Galícola, ele assumiu ali em meio a algumas desconfianças.
13:34A gente não sabia como é que ele seria como diretor do Banco Central,
13:38porque a gente não sabia se ele ia ter um papel técnico ou um papel político.
13:42Desde que ele assumiu em janeiro de 2025, ele tem se mostrado muito técnico.
13:48Inclusive, em alguns momentos, o discurso dele parece ser muito duro,
13:54justamente tentando buscar a credibilidade do Banco Central.
13:58E por que isso é importante?
14:00Quando você tem um Banco Central com credibilidade, os agentes econômicos, os economistas,
14:06os analistas do mercado financeiro começam a entender que esse Banco Central sempre vai
14:11perseguir a meta e fazer o seu papel de controle da estabilidade de preços.
14:17E aí a gente ajusta a expectativa para baixo, porque se eu acho que o Banco Central vai sempre
14:22ser um Banco Central que, de fato, combate a inflação, as minhas expectativas começam a diminuir.
14:27Isso ajuda a manter a meta como uma âncora, de fato, e ajuda depois o Banco Central, inclusive,
14:35a conseguir cair os juros até para um patamar mais baixo quando o ciclo de queda, de fato, se iniciar.
14:42Então, me parece, sim, que o Galípolo está ali reforçando a credibilidade do Banco Central
14:48quando ele mantém esse comunicado bastante duro.
14:51Marcela Cavauti, economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos.
14:55Obrigado, Marcela, pela sua participação aqui na entrevista.
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