Após a oficialização das tarifas de Trump, o presidente Lula afirmou que ainda pretende negociar com os Estados Unidos. A analista Mariana Almeida avaliou os próximos passos possíveis do governo brasileiro diante do aumento de 50% nas tarifas sobre exportações.
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00:00E o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ontem um decreto que eleva as tarifas sobre produtos brasileiros para 50%.
00:08Mas a medida inclui uma série de exceções, como suco de laranja, aeronave civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
00:18Segundo a Casa Branca, o decreto entra em vigor no próximo dia 6 de agosto.
00:23Quem nos tem todos os detalhes sobre esses próximos passos por aqui é a repórter Fernanda Sete, lá em Brasília.
00:30Oi, Fernanda, bom dia para você.
00:34Muito bom dia, Paula. Bom dia a você e a todos que nos acompanham, pois é uma quarta-feira muito movimentada aqui em Brasília, após essa decisão de Donald Trump.
00:44Mas o governo federal decidiu que não vai adotar um plano único de contingência para enfrentar essa tarifa de 50% anunciada na quarta-feira pelo presidente norte-americano Donald Trump.
00:57A estratégia, de fato, será debatida nesta quinta-feira, onde as autoridades brasileiras, o governo federal vai, de fato, analisar todas as medidas, todos os impactos em cada setor da economia para poder aplicar medidas diferentes para cada setor, para cada setor produtivo.
01:19Então, esta quinta-feira promete ser de muito trabalho aqui em Brasília, que é onde, de fato, serão definidas as medidas para enfrentar essa tarifa de 50%.
01:31E essa decisão de fatiar essa resposta, de fatiar esse plano de contingência foi tomada ontem, aqui no Palácio do Planalto, logo após o anúncio da ordem executiva dos Estados Unidos, assinada por Donald Trump.
01:46Essa reunião contou com a presença do presidente Lula, foi aqui no Palácio do Planalto e foi afirmado que o governo não vai adotar, de fato, apenas um plano de contingência.
01:57Várias medidas diferentes serão, de fato, adotadas e nesta quinta-feira será o dia estratégico para definir e anunciar quais serão essas medidas que serão aplicadas em cada setor.
02:10Lembrando que ontem o presidente norte-americano, Donald Trump, oficializou a tarifa de 50% sobre todos os produtos do Brasil.
02:21E a decisão foi justificada como resposta às ações do governo federal.
02:27De acordo com a Casa Branca, o governo federal representa uma ameaça à segurança nacional, à política externa e também à economia norte-americana.
02:38Por isso, essa foi a justificativa de aplicar essa ordem executiva de 50% sobre todos os produtos brasileiros.
02:47A gente sabe que o tarifácio estava marcado para começar amanhã, no dia 1º de agosto.
02:54No entanto, essa ordem executiva define que essa tarifa de 50% entrará em vigor no dia 6 de agosto e não mais amanhã, no dia 1º de agosto.
03:05Mas, apesar da ordem executiva anunciada por Donald Trump, quase 700 produtos, 700 itens ficaram de fora do tarifácio.
03:15Como, por exemplo, produtos aeronáuticos, derivados de suco de laranja, minérios de ferro, aço, combustíveis, alguns veículos, dentre vários outros produtos.
03:26Mas, agora, a prioridade do governo, a partir dessa quinta-feira, é, de fato, entender os impactos dessa medida em cada setor produtivo.
03:38E ver, de fato, como essa nova alíquota vai impactar de forma negativa nesses setores produtivos.
03:45Mas, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ficaram encarregados, né, de fazer essa análise, esse mapeamento,
03:57para saber, de fato, levantar todos os dados detalhados de cada setor e quais serão o impacto de cada setor na economia.
04:05E a expectativa, né, desta quinta-feira é que essas medidas sejam anunciadas, pelo menos algumas sejam anunciadas hoje, quinta-feira,
04:14após essa ordem executiva de Donald Trump, que foi anunciada ontem, na quarta-feira.
04:19Além disso, além da ordem executiva de Donald Trump, o presidente Lula se reuniu ontem, aqui no Palácio do Planalto,
04:26com três ministros do Supremo Tribunal Federal, após os Estados Unidos anunciarem sanções econômicas contra o ministro Alexandre de Moraes, né.
04:38Participaram aqui desta reunião, junto com o presidente Lula, o presidente do Supremo, o ministro Luiz Roberto Barroso,
04:45o ministro Cristiano Zanin e também o ministro Gilmar Mendes.
04:49E fontes do governo afirmam aí que uma das possibilidades debatidas nesta reunião para enfrentar essa sanção econômica contra Alexandre de Moraes
05:00é, de fato, acionar aí a advocacia, o escritório de advocacia nos Estados Unidos e entrar aí com uma ação contra as sanções econômicas
05:11que foram anunciadas aí ao Alexandre de Moraes, ao ministro.
05:16A AGU, a Advocacia Geral da União, também se posicionou com relação a essa sanção econômica direcionada ao ministro
05:23e levantou, né, a possibilidade de sim, de reagir ao governo americano em defesa do ministro Alexandre de Moraes.
05:32O presidente Lula também divulgou uma nota oficial falando o seguinte, que o Brasil está sim disposto a negociar
05:40aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não vai abrir mão de instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação.
05:51Além disso, o presidente Lula colocou também que a economia do país está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais.
06:00O presidente Lula finalizou a sua nota oficial, o seu posicionamento com relação a essas ações que foram anunciadas ontem,
06:08falando que o governo federal já iniciou a avaliação desses impactos das medidas e a elaboração de ações
06:16para proteger tanto os trabalhadores quanto as empresas brasileiras.
06:22Com essas palavras, o presidente Lula finaliza a sua nota oficial.
06:26E para esta quinta-feira, a promessa aqui é de muito trabalho e articulações.
06:30O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin viaja daqui a pouco, às sete e meia da manhã.
06:36Ele parte para São Paulo, onde terá um encontro nessa manhã com o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, o Fiesp.
06:45Ele vai se encontrar com o Josué Gomes, presidente da Fiesp, e vai aí debater questões sobre essa ordem executiva
06:55que pegou todo mundo de surpresa.
06:57Já a agenda do presidente Lula, pelo menos por enquanto, ele deve se encontrar com alguns ministros,
07:03como o ministro da Secretaria de Comunicação, dentre outros.
07:07Nada ainda na agenda foi colocado, voltado de fácil para o tarifácio.
07:12A gente está aqui acompanhando esses desdobramentos, a agenda das autoridades,
07:17para ver de fato o que deverá ser feito nessa quinta.
07:21Mas a gente acredita que sim, que todas essas medidas, esses dados desse impacto negativo de cada setor
07:28devem sim ser anunciadas ainda hoje.
07:31E o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também se posicionou com relação a essas ações
07:38anunciadas pelos Estados Unidos e ele falou que o Brasil não se acovardará a pressões externas.
07:44Além disso, o ministro Mauro Vieira falou também que o encontro com o secretário dos Estados Unidos,
07:52Marco Rubio, falou um pouquinho sobre esse encontro, de como que foi esse encontro.
07:58Ele também disse que afirmou a disposição do Brasil em seguir com as negociações com os Estados Unidos,
08:06de seguir com o diálogo com os Estados Unidos.
08:09Mas ele deixou bem claro que o Brasil não vai aceitar ingerência em assuntos internos.
08:15Nós separamos um trechinho da fala do ministro, onde ele fala esses três pontos. Vamos ver.
08:22Reiterei que o Brasil está aberto a dar segmento às negociações comerciais,
08:27iniciadas em 7 de março deste ano e paralisadas desde a divulgação da carta do presidente Trump,
08:35de 9 de julho, corrente.
08:39Enfatizei que é inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional
08:44no que diz respeito a decisões do Poder Judiciário do Brasil,
08:49inclusive a condução do processo judicial no qual é real o ex-presidente Bolsonaro.
08:57Afirmei que o Poder Judiciário é independente no Brasil, tanto como aqui,
09:04e que não se curvará a pressões externas.
09:07Nesse sentido, o governo brasileiro se reserva o direito de responder
09:12às medidas adotadas pelos Estados Unidos.
09:16Ao final do encontro, concordamos quanto à necessidade de manter diálogo
09:21para solucionar os problemas bilaterais.
09:23Volto hoje à noite ao Brasil e relatarei, ao chegar ao presidente Lula,
09:30o teor das conversas que mantive nos Estados Unidos,
09:33de forma a definir as respostas do Brasil diante das medidas anunciadas hoje
09:40pelos departamentos de Estado do Tesouro, bem como da Casa Branca.
09:46Mário Almeida já com a gente aqui no estúdio.
09:49Mário, bom dia, primeiramente.
09:50Você também foi pega de surpresa, como todos, ou você já imaginava
09:53que poderia acontecer uma situação como essa ontem?
09:56Porque a gente estava esperando que acontecesse na sexta-feira, né?
09:58Ah, não, Paula, ainda não tenho bola de cristal, não.
10:00Eu fui pega de surpresa e me acompanhei aí com essas ansiedades de sobe e desce
10:06que a gente viveu ontem, né?
10:07Bom dia para você, para todo mundo que nos acompanha.
10:09Mário, essas exceções de Donald Trump, a gente poderia entender
10:13como uma estratégia, mais uma estratégia dele ou um recuo?
10:17Olha, Paula, eu acho que eu iria um pouco pelo lado do recuo, né?
10:23Do famoso, na Trump always chickens out, né?
10:25Do taco, mas um recuo que não pode ser assumido como um recuo.
10:29Na verdade, Donald Trump não tem, considerando aí a forma como ele vem negociando,
10:34inclusive essa brincadeira que eu trouxe do taco, ou seja, a imagem de que ele sempre recua
10:39é algo que tem sido, foi se consolidando também internacionalmente
10:45e ele, obviamente, isso não casa com a imagem, a figura que ele defende
10:49do ponto de vista dos processos de negociação.
10:51Então, um recuo completo não faria nenhum sentido.
10:54Agora, o problema é que a tarifa completa também não faz,
10:57porque tem um impacto na economia que, acontecendo, né?
11:00Ele também acaba tendo um prejuízo do ponto de vista do efeito nos norte-americanos
11:06e quanto eles vão indicar e atribuir isso a um problema de Donald Trump.
11:11Então, na verdade, teve alguns recursos.
11:14Agora, o perfil dos recursos, quer dizer, a escolha também ainda não ficou muito nítida,
11:18quer dizer, porque sendo esse argumento que eu falei verdadeiro,
11:22talvez os principais recursos teriam que estar associados àquilo que tem mais peso direto
11:27do ponto de vista de preço na mesa, inclusive, do americano.
11:32E aí, o suco de laranja entrou na exceção e o café não entrou na exceção,
11:36o que quebra um pouco esse sentido único do argumento.
11:39Mas, também, por outro lado, tem outra questão que o Donald Trump gosta de fazer,
11:43que é deixar o espaço aberto para ele continuar no centro da negociação
11:48e no centro da temática.
11:49Então, como não acabou ainda e teve mais uma mudança de prazo,
11:53quer dizer, vai para o dia 6 de agosto,
11:55de novo, seguem as negociações, negociações que sempre terminam muito centralizadas nele,
12:01ou seja, por mais que a gente faça conversas em vários níveis,
12:04a adição final é dele.
12:06Vamos ver como que ele está pensando em dar o desfecho disso.
12:09E aí, com essa passagem de ontem, com os altos e baixos de ontem,
12:14o resultado final é respiramos em alguma medida,
12:17porque, de fato, a colocação completa da tarifa de 50 parece que não vai ser uma realidade,
12:22mas continuamos sem qualquer fio condutor de o que é que move a decisão
12:26e qual que é a racionalidade de fato de negociação
12:29que o governo brasileiro pode usar para sentar à mesa.
12:32O Mari, a gente tem visto também muitos empresários americanos
12:36tentando também entrar nessa batalha aí,
12:41porque para eles também ia ser bastante prejudicial.
12:44Será que Donald Trump provavelmente também ouviu toda essa situação dos empresários americanos
12:49e fez algumas considerações e, por isso, também colocou algumas coisas,
12:54como você mesma disse, café, também tiveram algumas outras exceções.
12:57Aliás, perdão, o suco de laranja, o café não entrou,
13:00mas, de fato, não faz sentido, porque colocou o suco de laranja
13:03e não colocou o café, na exceção que são ambos produtos essenciais
13:06para os americanos ali, né?
13:08É, tem algumas camadas aí da política interna dos Estados Unidos
13:11que provavelmente interferem, sim, e aí não são argumentos puramente econômicos,
13:16mas também quais são as relações políticas e as relações dos setores políticos
13:21com cada um dos setores econômicos.
13:23Isso certamente faz diferença.
13:24Lembrando que o caso da laranja já tinha sido judicializado,
13:27então tinham entrado também os importadores de laranja,
13:30produtores do suco final que compram aqui do Brasil com parte do seu insumo,
13:35já tinham entrado na justiça questionando a validade de um ato executivo
13:39para esse produto.
13:41Então, pode existir aí, como eu estava dizendo, uma relação,
13:45uma cadeia de relações e que permitam uma escuta diferenciada de Donald Trump.
13:50Aliás, na economia, a gente gosta de ter coisas que são padrão,
13:54que têm a racionalidade, que você entenda a determinação das cadeias
13:57que geram os incentivos e as reações dos agentes econômicos.
14:01Mas o que Donald Trump faz, normalmente, é criar as exceções.
14:04E é aí o caso brasileiro quase que confirma isso.
14:07Ou seja, não há regra geral, não é uma questão que está posta
14:11por uma racionalidade e esse encadeamento.
14:13O que você tem é a decisão centralizada, caso a caso, do que ele acha.
14:18Vamos lembrar da resposta.
14:19Por que ele fez isso?
14:20Porque ele pode.
14:21Dentro dessa situação de que ele acha que ele pode,
14:23ele pode, inclusive, ser discricionário,
14:25tanto com o Brasil quanto para dentro com seus produtores.
14:28Ouvir alguns e dar consequência e não ouvir a outros.
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