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A guerra comercial de Trump impulsionou fusões e aquisições no Brasil, que já somam mais de R$ 145 bilhões em 2025. José Kobori, financista e professor, analisa os riscos da concentração de mercado e a entrada de capital estrangeiro em setores estratégicos.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00A guerra comercial de Donald Trump tem colocado o Brasil em destaque como o país para se investir.
00:07O volume de fusões e aquisições envolvendo ativos brasileiros somou mais de 145 bilhões de reais até o início de junho.
00:16Um aumento de 50% em relação a igual período do ano passado.
00:21Para entender melhor este aumento, vou falar agora com José Cobori, que é financista, professor e escritor.
00:28O professor Cobori já está conosco aqui. Muito boa tarde para o senhor. Tudo bem, professor Cobori?
00:35Tudo bem. Boa tarde, Eric. Boa tarde, Felipe. É um prazer estar aqui com vocês novamente.
00:39O prazer é nosso de recebê-lo aqui no Money Times.
00:41Professor, a gente está acompanhando um movimento grande de fusões.
00:45Eu posso citar aqui duas rapidamente.
00:47A gente viu Pets e Cobase sendo essa fusão anunciada, da do Aval pelo CAD e também da Marfrig com a BRF.
00:57Por que deste movimento tão grande e criações de grandes players, professor?
01:03Na realidade, esses momentos de instabilidade, como você disse aí na chamada, a guerra comercial desencadeada pelo Trump,
01:10tem feito com que grandes fundos de investimentos e grandes empresas diversifiquem geograficamente,
01:16aproveitem esse momento para diversificar os seus riscos geograficamente.
01:20e isso faz com que aumente o grande investimento estrangeiro no Brasil e internamente aqui esses movimentos de fusões.
01:29Isso tem um lado que é bom para os grupos que estão fazendo essas operações,
01:34mas tem um lado muito ruim para a economia que é a concentração de poder de mercado
01:38nunca é no final ali que a gente fala no bot online e vantajoso para os consumidores,
01:44mesmo as operações passando aí pelo crivo do CAD.
01:48Felipe Machado.
01:49Professor, tudo bem? Boa tarde mais uma vez.
01:52Professor, a gente pode ver esses Merging Acquisitions, essas fusões e aquisições,
01:57com esse objetivo de criar grandes grupos, eles têm também como objetivo a internacionalização dessas empresas,
02:04quer dizer, competir num ambiente mais complicado e mais complexo,
02:09um ambiente internacional e mais competitivo também?
02:13É, Felipe. Na realidade, esses movimentos têm vários objetivos.
02:18Eu, inclusive, dei aula dessa disciplina de fusões e aquisições do IBMEC por mais de 10 anos
02:23e no planejamento estratégico das empresas, tem vários objetivos.
02:28Um deles, obviamente, é maximizar os lucros, é ganhar escala e diversificar os seus retornos.
02:34Com o objetivo aí, como vocês falaram no início dessa guerra comercial,
02:38esses grandes grupos internacionais estão tentando diversificar geograficamente os seus riscos,
02:42dada essa incerteza gerada no mercado global para todas as empresas.
02:47Então, quanto mais países você tiver base, mais diversificado ficará o seu risco,
02:52dado essa incerteza gerada pelos Estados Unidos.
02:56Então, esse é um grande objetivo que está aí posto nessas grandes operações que a gente viu acontecendo,
03:01não só a que vocês citaram, mas como a da CDPQ, que é um fundo de pensão canadense,
03:08que fez uma grande aquisição aqui do Grupo Equatorial.
03:11Esse grupo ficou famoso em fazer também aquisições nas privatizações do nosso setor de infraestrutura,
03:18principalmente de energia e saneamento.
03:20Agora, a Sabesp, essa operação da Sabesp, foi o grupo equatorial que fez essa aquisição.
03:25E um grande fundo canadense agora compra essa parte de distribuição de energia da Equatorial.
03:31Então, é um movimento de capital internacional entrando no Brasil,
03:34tentando diversificar o seu, mas obviamente, extrair retorno aqui do nosso mercado.
03:39E, sob o ponto de vista estratégico, agora pensando como o Brasil, como essas empresas,
03:45não é um movimento muito bem visto, pelo menos sob o meu ponto de vista,
03:49haja vista que eles estão fazendo aquisições em setores estratégicos.
03:53Isso dado até na posição dos analistas e dos estrategistas desses grandes fundos internacionais,
04:00de olho aqui no nosso setor de infraestrutura, de recursos naturais e de energia.
04:05São setores que estão perdendo para a nossa economia e para a soberania do nosso país.
04:09Então, eu vejo com um pouco de preocupação esse movimento,
04:13nesse momento do capital internacional entrando no Brasil.
04:16Professor Cobori, essas fusões criam gigantes do mercado, não só interno,
04:22mas do mercado mundial, como o Felipe disse, para competir lá fora.
04:26Mas, por outro lado, por exemplo, eu citei Pets e Cobase,
04:29duas grandes empresas do setor de pet, de animais.
04:35Há uma preocupação em que você poderia quebrar empresas menores,
04:41players menores, por exemplo, no setor de pet.
04:43A gente tem BRF e Marfrig também criando fusão.
04:48Como manter o equilíbrio?
04:49Você cria grandes empresas, se torna mais competitivo,
04:53e, por outro lado, você pode ter um problema no mercado interno
04:58de você quebrar outras empresas,
05:00ou ficar, deixar as outras pequenas empresas,
05:03micro e pequenas empresas, menos competitivas.
05:06É, a lógica do mercado, infelizmente,
05:09ela, sob certo ponto de vista, como você citou, é um pouco selvagem.
05:13Se a gente pegar o exemplo que você falou da Marfrig e da BRF,
05:16a BRF é fruto de uma fusão da Sadia com a Perdigão, lá atrás.
05:19E a Marfrig com o grupo Minerva.
05:22E agora os dois fazem uma fusão.
05:24Ou seja, cada passo que é dado nesse sentido
05:26é um passo a mais na concentração do poder de mercado.
05:30Então, hoje, citando apenas essa operação
05:34com essas duas grandes operações,
05:36poderiam ser quatro grandes empresas, que agora é só uma.
05:39E isso, obviamente, prejudica a concorrência.
05:42Eu costumo dizer que esse negócio de gostar de concorrência
05:46é só nos livros que a gente estuda na academia,
05:47que nenhuma empresa gosta de concorrência.
05:49Obviamente, se pudesse escolher,
05:51todas as empresas gostariam de ser monopólios,
05:53justamente pelo poder de mercado.
05:55E isso faz com que essa concentração prejudique,
05:58talvez, o consumo dos consumidores,
06:01esse ganho de escala não possa ser repassado
06:03para o preço final dos consumidores,
06:05mas também prejudique a concorrência
06:06das pequenas e médias empresas,
06:08que não vão suportar o tamanho do ganho de escala
06:11que essas operações dão para essas empresas.
06:15E elas conseguem otimizar muito.
06:18Eu costumo brincar que em uma grande operação
06:19de fusão de agressões,
06:21o primeiro a sofrer é a força de trabalho.
06:23Você gera muita sinergia,
06:25você precisa, obviamente, de muito menos pessoas
06:27trabalhando nessa nova operação
06:29e você gera também uma pressão
06:31sobre a remuneração da força de trabalho.
06:33E as pequenas e médias empresas,
06:36ou elas acompanham esse movimento,
06:38ou elas acabam sendo prejudicadas.
06:39E lá na frente elas serão os próximos alvos
06:43das novas questões.
06:45Professor, eu achei importante um ponto
06:47que o senhor destacou,
06:49a questão de empresas estratégicas
06:51sendo compradas por grupos estrangeiros.
06:54Como é que o senhor acha
06:54que a gente poderia evitar esse tipo de coisa?
06:56É preciso haver uma legislação
06:57protegendo esses setores?
07:00O próprio mercado deve se autorregular?
07:02E junto com isso,
07:04as empresas brasileiras estão muito baratas?
07:05É por isso que esses grupos vêm
07:06e conseguem comprar setores tão importantes
07:09da economia por um preço que é acessível a eles?
07:13Sim, eu acho que tem vários passos a ser dados.
07:17O Estado brasileiro precisa ter
07:18uma estratégia de soberania,
07:20principalmente nos setores estratégicos.
07:22O mercado em si,
07:23a gente precisa parar de achar defeito
07:25na nossa economia.
07:27Se você vê a própria declaração
07:28dos estrategistas desses grandes bancos
07:30de investimentos,
07:31como o Goldman Sachs,
07:33o Morgan Stanley,
07:34o próprio Bank of America,
07:35que participou de várias dessas operações,
07:36eles mesmos dizem que o mercado exterior,
07:40lá fora,
07:41eles não veem o Brasil com pessimismo
07:42como o próprio mercado brasileiro vê.
07:44Então, todo esse pessimismo
07:46que o nosso mercado coloca,
07:48o estrangeiro não está vendo
07:49e eles estão aproveitando exatamente
07:50esse momento de debilidade
07:52da nossa economia,
07:53dada essa pressão do nosso mercado financeiro
07:56aqui brasileiro,
07:56fazendo com que esses capitais,
07:59esses capitalistas brasileiros
08:00percam valor nas suas operações
08:02e esses grandes fundos,
08:04esses grandes bancos de investimentos estrangeiros,
08:06não só estruturam as operações,
08:08financiam essas operações,
08:09vejam essa oportunidade,
08:11como você bem disse,
08:12de uma debilidade
08:13nas nossas empresas,
08:15nas nossas operações
08:16e uma oportunidade
08:17para que eles façam aquisições
08:18a preços mais competitivos.
08:21Professor José Cobori,
08:23queria muito agradecer
08:24a sua presença aqui
08:25no Money Times,
08:26nos ajudar a entender
08:27um pouquinho esse processo de fusão
08:29e como é que fica o mercado
08:30com a criação de gigantes,
08:33de vários setores.
08:34Uma ótima tarde para o senhor,
08:35uma boa semana, professor.
08:38Para você também, Eric, Felipe,
08:39um abraço,
08:40foi um prazer ajudá-los aqui
08:42com a sua audiência.
08:43Valeu, valeu.
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