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O economista-chefe da Lev Asset, Jason Vieira, analisa por que o Brasil segue preso a juros altos, com Selic em 15% e taxa real de 9,5%, atrás apenas da Turquia. Ele explica os impactos do fiscal, compara com os EUA e aponta quando o BC deve começar a cortar juros.

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Transcrição
00:00Depois que o Copom manteve a taxa Selic em 15% ao ano, o Brasil continua em segundo lugar no ranking mundial de taxas de juros reais, ou seja, a taxa nominal descontada à inflação, o que resulta no Brasil numa taxa de 9,51%.
00:14A nossa frente, na primeira colocação do ranking, está a Turquia, com uma taxa real de 12,34%.
00:21Vamos conversar agora com o Jason Vieira, que é a economista-chefe da Lev Asset, para entender como esse nível de juros afeta a nossa economia.
00:29Boa noite para você, Jason. Seja bem-vindo.
00:32Boa noite. Obrigado pelo convite novamente.
00:35Bom, primeiramente, eu queria entender por que o Brasil, historicamente, está entre os que têm juros mais altos, já que tem países com situação fiscal pior do que a nossa, com inflação mais alta do que a nossa e que têm juros reais mais baixos, Jason.
00:47É porque, como nós compilamos o ranking, nós buscamos as projeções de 12 meses à frente da inflação desses países, mais a taxa nominal.
00:56E você tem países que têm uma taxa nominal elevada, mas a inflação é muito maior ainda do que a taxa de juros.
01:04Ou seja, eles não estão sequer conseguindo controlar a própria inflação.
01:09Isso faz com que cheguem até, inclusive, ter taxas reais negativas.
01:14E essa é a grande questão.
01:15A taxa de juros reais, ela, na verdade, ela é uma observação de rendimento.
01:22Ela não diz nada sobre o estado da economia, porque você pode ter, de repente, uma taxa real considerada elevada, a depender de certos parâmetros,
01:31mas é porque você está com uma taxa nominal baixa e uma inflação projetada baixa também.
01:36Então, quando você desconta a inflação dessa sua taxa, você fica mais ou menos como está agora nos Estados Unidos,
01:43com uma taxa real ali na faixa de 2, 2, alguma coisa por cento, que para os Estados Unidos sempre operou sobre taxas negativas.
01:51Então, muitas vezes depende do momento.
01:54A taxa brasileira é porque nós sempre tivemos, naturalmente, uma taxa nominal muito elevada,
01:59com exceção daquele momento em que foi cortada artificialmente durante o mandato de Tombini, que era o presidente Dilma,
02:06e depois, durante a pandemia, que foi a 2% recorde histórico e que não deu muito certo.
02:11Depois teve um repique inflacionário bastante significativo por conta dessa taxa muito baixa.
02:17A gente parece que está preso numa armadilha de não conseguir baixar juros.
02:20O que você acha que o Brasil poderia fazer?
02:22Eu sei que a resposta óbvia é fazer uma gestão fiscal melhor e etc.,
02:27mas eu tenho a impressão, às vezes, que o Brasil, sei lá, tem uma espécie de âncora
02:33que impede a gente de avançar nessa questão dos juros aí.
02:36É, o ex-ministro Paulo Guedes dizia que o Brasil tinha duas âncoras, né?
02:42E uma delas é o fiscal.
02:44E, realmente, o fiscal é e continua a ser um problema bastante significativo para o Brasil,
02:50porque o modelo de governo adotado aqui por muitas vezes,
02:54ele é de um assistencialismo falho, que é muito estranho,
02:58porque ele tenta ser extremamente assistencialista,
03:02mas ele tem uma qualidade de assistencialismo baixo.
03:05Isso não estou dizendo os bolsas da vida,
03:08que, na verdade, a função dos bolsas seria fazer com que as pessoas
03:11tivessem uma assistência de curto prazo e saíssem disso.
03:13Mas aí nós dizemos fatos históricos do pessoal comemorando
03:15que está há 10, 15 anos no Bolsa Família.
03:17Ao mesmo tempo, em que a nossa rede de proteção é muito ruim,
03:21a educação no Brasil só piorou nos últimos anos,
03:24nos últimos 20 anos,
03:26uma queda absurda da educação no Brasil,
03:29e a saúde, muito bem, quem sabe,
03:30e os SUS sabem muito bem o que é a saúde brasileira.
03:34E, ao mesmo tempo, nós temos um governo que está cada vez gastando mais
03:37e que os gastos correntes ficam cada vez maiores,
03:41o governo demanda cada vez mais impostos,
03:43e é um modelo que não se autossustenta,
03:45porque nós não somos uma economia industrial,
03:47não somos uma economia agrícola e de serviço,
03:49a nossa parte industrial é muito pequena aqui no Brasil,
03:52nós não temos inovação no restante do mundo,
03:55a não ser especificamente da nossa parte agrícola,
03:57nós podíamos agregar valor maior na nossa parte agrícola
04:01para tentar se manter mais competitivo em nível global nesse sentido,
04:06ainda que o nosso setor agrícola seja de excelência no restante do mundo,
04:09mas nós somos hiperdependentes de um setor,
04:12e isso é um problema para qualquer economia.
04:14Então, nós não temos, por exemplo, o dinamismo da economia americana,
04:17nós temos todas as leis que travam, nós temos todos os problemas,
04:19e o governo pacdérmico do qual eu, você, cada um dos brasileiros,
04:23é obrigado a carregar nas costas.
04:25E para carregar nas costas, ele precisa se financiar.
04:28Para ele se financiar, ele precisa com que as pessoas queiram financiá-lo.
04:33E para as pessoas financiá-lo, ele paga juros elevados,
04:37para atrair as pessoas para pagá-lo.
04:38E aí, por causa do fiscal, nós temos juros elevados o tempo todo.
04:43Vamos para uma pergunta agora do Felipe Machado.
04:47Tudo bem, Jason? Boa tarde, boa noite para você.
04:50Jason, essa semana a gente viu o Banco Central americano
04:52baixando um pouquinho as taxas de juros por lá,
04:56e eles também estão com o mesmo problema que a gente,
04:58quer dizer, eles estão com a inflação um pouquinho acima da meta,
05:01a inflação, a meta lá é 2%,
05:03e eles estão com a inflação acumulada aí nos últimos 12 meses, quase 3%.
05:07Por que nos Estados Unidos o Banco Central decidiu baixar a taxa de juros
05:11e aqui a gente continua com a taxa de juros tão alta?
05:15Pressão. Foi por pura pressão.
05:18Porque com a inflação da maneira como eles estão lá,
05:21os CPIs, os PPIs, os PCIs, que são os indicadores que o IP...
05:25O CPI é a inflação ao varejo deles,
05:27mas o PCI é quase que o nosso IPCA,
05:29que é um indicador de inflação amplo.
05:32E por conta de um indicador do mercado de trabalho,
05:38eles abriram a janela para um corte de juros,
05:40que está sendo uma demanda do mercado do presidente Trump,
05:42e o presidente Trump está brigando com o Jerome Powell,
05:45que é o presidente do Banco Central americano,
05:47e ao mesmo tempo o próprio Jerome Powell está querendo cortar juros.
05:50Só que há o perigo de haver um repique inflacionário por conta disso.
05:53Já está sendo, alguns analistas já estão avisando.
05:55Então foi um corte de juros a fórceps
05:58que pode voltar na cara dos americanos muito rapidamente.
06:01mesmo porque os sinais de redução de ímpeto da atividade econômica americana,
06:06a não ser efetivamente por este dado que nós observamos do payroll,
06:10eles ainda não estão num conjunto em que dependam de um corte de juros.
06:16Isso é um erro que foi cometido pelo Powell lá atrás,
06:19quando quando deveria subir os juros,
06:21ele demorou, dizendo que a inflação naquele momento era passageira,
06:24e também ao colocar uma quantidade absurda de dinheiro na economia
06:28através dos programas de ablívio quantitativo.
06:30E demorar demais para tirar esse dinheiro de circulação da economia
06:34que ainda está sendo retirado.
06:36Para você ter uma ideia, nós estamos ainda na égide do dinheiro
06:40que foi colocado há cinco anos na pandemia.
06:43Então tudo isso levou a um conjunto, uma coleção de erros para lá.
06:47A comunicação do Powell, depois da decisão de 0,25,
06:50foi uma das piores que nós já ouvimos há muitos anos.
06:53Então o corte, assim, tivemos mais razão em manter os nossos juros
06:58do que estiveram de cortar o deles.
07:01Agora também a gente ouve falar em inflação passageira causada pelas tarifas.
07:06Você acha que tem o risco de estar havendo um novo diagnóstico errado?
07:11A questão das tarifas, nós já estamos observando, por exemplo,
07:15os preços importados nos Estados Unidos tiveram um repique recente
07:18quando as projeções eram de queda.
07:19Ou seja, está havendo repasse dentro dos Estados Unidos dessas tarifações.
07:25Mas, ao mesmo tempo, tarifação é delta.
07:28Ou seja, subiu agora, bateu naquele mês, vai ficar mais caro,
07:33mas o preço dali em diante fica daquele jeito.
07:36Ele não mexe mais.
07:38Encerra o assunto naquele momento.
07:40Mas outro ponto importante é de que se nós observamos sazonalmente
07:46que o mercado de trabalho americano costuma ter dados fracos em agosto,
07:51mas costuma ter dados fortes em setembro.
07:53Então, é muito importante se observar agora esse dado,
07:56agora no próximo mês, que na verdade, nós estamos agora, daqui 10 dias,
08:01mais ou menos, ou seja, a primeira semana do mês,
08:03quando tiver o payroll nos Estados Unidos,
08:05é muito importante se observar esse próximo payroll,
08:08que pode vir na cara do Federal Reserve,
08:10pode vir na cara de muitos analistas que estavam defendendo o corte de juros lá.
08:13Então, a situação lá, realmente, ela pode estar realmente muito próxima
08:17de ter um problema.
08:19Ainda, como eu repito, ainda é uma recoleção de uma série de erros
08:26que foram cometidos pelo Banco Central americano.
08:29E o Banco Central brasileiro, na figura do Galípulo,
08:32ele tem se mostrado até mais técnico do que a gestão anterior.
08:37Felipe.
08:37Jason, a gente vê a economia brasileira dando alguns sinais de desaceleração
08:43em algumas áreas, apesar do emprego estar bem,
08:45algumas áreas estão mostrando desaceleração, alguns índices.
08:48Quando é que você acha que seria uma fase que seria mais adequada
08:53para começar a baixar os juros?
08:55É, o Brasil, nós estamos, de novo, vou ter que repetir a questão do fiscal,
08:58porque nós tínhamos uma projeção de uma possível até recessão técnica
09:03nesse semestre, e os dados estão levando nessa linha.
09:07E, ainda que você possa ter um problema inflacionário
09:10e desancoragem das expectativas de inflação,
09:12porque os dados de emprego sugerem que,
09:15apesar de você ter uma inflação em outros setores mais baixa,
09:20e você ter uma atividade econômica em outros setores mais baixa,
09:23você pode ainda ter uma pressão de núcleos de inflação,
09:26de serviços, por causa desse desemprego também baixo.
09:29Mas, indicadores industriais, indicadores de atividade econômica,
09:33ISMs, dados regionais, todos têm demonstrado uma situação econômica
09:38que é efeito, em tese, de uma parte da adoção da política monetária
09:42que foi feita pelo Banco Central.
09:44Então, uma parcela dos efeitos da política monetária
09:47estão batendo na economia.
09:49E aí, a perspectiva é de que, pelo menos no primeiro trimestre do próximo ano,
09:54ou no começo do próximo ano,
09:56é o momento correto em que o Banco Central deve começar a cortar juros,
09:59porque todos os efeitos defasados da última decisão,
10:02que é em torno de nove meses,
10:04ou seja, se nós considerarmos a última decisão
10:06e colocar nove meses à frente,
10:08nós estamos falando agora do fim do primeiro trimestre.
10:12Então, qualquer coisa nesse período
10:14já seria ideal para o Banco Central
10:16já começar a sinalizar corte de juros.
10:19Jason Vieira, economista-chefe da Leve Asset,
10:21muito obrigado pela sua participação aqui.
10:23Boa noite.
10:24Boa noite, até a próxima.
10:25Até.
10:26Boa noite.
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