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O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles avaliou o efeito da taxa de juros de 15% na desaceleração da economia e explicou como reformas e aumento da produtividade podem impulsionar o crescimento sem pressionar a inflação. Ele também comentou sobre independência do Banco Central e cenário político.

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Transcrição
00:00E a gente conversa agora com o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
00:05Boa noite, ministro. Seja bem-vindo.
00:08Boa noite. É uma satisfação conversar com você, é uma satisfação conversar aí com os telespectadores.
00:16De fato, muita coisa acontecendo no Brasil, muita coisa relevante e muita coisa envolvendo aí o mercado financeiro.
00:25Exatamente. Os números do PIB mostram que a economia de fato está desacelerando, mas nesse caso não foi nada que pegou o mercado de surpresa.
00:33Eu queria saber do senhor o seguinte, se o senhor vê aí uma relação direta entre a taxa de juros e esse resultado,
00:38e também se o senhor acha que esse nível de juros é o suficiente para trazer a inflação para a meta, pelo menos no longo prazo?
00:46Olha, não há dúvida que há uma relação da diminuição de atividade e a taxa de juros.
00:58E é exatamente por isso que o Banco Central subiu a taxa de juros.
01:04Quer dizer, a inflação está acima da meta, a maneira de conseguir que a inflação chegue à meta
01:11é exatamente subir a taxa de juros, isso afeta um pouco a atividade para baixo,
01:18faz com que as empresas estavam subindo preços porque estavam com uma demanda maior do que a capacidade de ofertar.
01:28Essas empresas então passam a moderar o aumento de preços ou não aumentar os preços e isso controla a inflação.
01:36É um mecanismo clássico de controle de inflação, é basicamente o Banco Central subindo os juros
01:43e isso levando a uma queda da atividade e da inflação.
01:49A partir daí, a inflação na meta e as expectativas de inflação também ancoradas na meta,
01:57o Banco Central aí sim pode reduzir gradualmente a taxa de juros sem risco inflacionário.
02:04Como eu falei agora há pouco, esse resultado aí não surpreendeu muita gente,
02:08já que o mercado imaginava esse efeito aí dos juros para desacelerar a economia e para baixar a inflação.
02:13Agora, obviamente, não é o tipo de crescimento que a gente queria para o Brasil, né?
02:17Num cenário ideal, o Brasil poderia estar crescendo mais.
02:20Quando é que o senhor acha que a economia vai poder voltar a crescer num ritmo melhor
02:23sem trazer com ela mais inflação?
02:25Olha, eu acho que os pontos fundamentais é, em primeiro lugar, um rigor fiscal, uma austeridade fiscal,
02:34de maneira que diminua o risco Brasil, diminua a taxa neutra de juros no Brasil.
02:43E isso é um ponto importante.
02:47E segundo, que é uma coisa que poucos falam, assim, no Brasil, mas é muito importante,
02:52são as reformas visando a aumentar a produtividade.
02:56A reforma tributária avança um pouco nessa direção,
03:01mas é necessário ainda uma série de aperfeiçoamentos nesse sentido.
03:06É necessário também alguns aperfeiçoamentos na legislação trabalhista e em outras áreas.
03:13Quer dizer, o país agora tem que, não só estabilizar a questão fiscal,
03:19mas passarmos a discutir e melhorar a produtividade brasileira.
03:27E existe aí uma série de medidas importantes.
03:30Quando eu fui ministro da Fazenda, eu contratei o Banco Mundial
03:35e nós fizemos um trabalho em comum, Banco Mundial, Ministério da Fazenda brasileiro,
03:43visando uma série de propostas para aumentar a produtividade no Brasil.
03:49Existem várias coisas, por exemplo, treinamento de trabalhadores na mesma linha,
03:55que faz, por exemplo, o Sistema S, o SESC, o SENASC, o SESC, etc.,
04:02mas numa escala muito maior.
04:04Em resumo, existe aí uma série de medidas que poderiam aumentar a produtividade brasileira
04:11e aí sim o Brasil conseguiria crescer mais sem inflação.
04:16Agora a gente vai ouvir uma pergunta do Vinícius Torres Freire.
04:19Ministro, essa taxa de juros de 15% ao ano começou a fazer efeito agora, claro,
04:27mas até pela teoria e pelas ideias do Banco Central,
04:30ela vai fazer o seu efeito maior num prazo mais longo,
04:34que hoje em dia para o BC é lá pelo final de 2026, começo de 2027,
04:38o efeito máximo dessa elevação da taxa de juros.
04:42O senhor espera, então, que a gente ainda vai ver mais aceleração no ano que vem,
04:46que a gente vai ver a potência da política monetária funcionando totalmente em 2026,
04:52lá por meados de 2026, a não ser, claro, que tenha um estímulo fiscal, né?
04:57Olha, isso aí evidentemente está baseada, essas declarações,
05:03nos modelos de projeção de atividade e inflação do Banco Central, não é?
05:11Mas no momento em que se a atividade de fato moderar mais do que o esperado
05:18e evidentemente como consequência a inflação convergir para a meta antes disso,
05:25certamente o Banco Central vai reagir a isso e baixar a taxa de juros antes do projetado.
05:30Agora ele está refletindo exatamente aquilo que os modelos econométricos do Banco Central
05:36estão projetando hoje, não é?
05:39E que aí sim vai afetar um pouco.
05:41Mas o fato é que a atividade deu aí uma moderada,
05:47mas ainda estamos com uma atividade que inclusive surpreendeu levemente os analistas,
05:55estando levemente superior à projeção.
05:58Mas não há dúvida que a política monetária já está fazendo efeito
06:01e isso gerou um crescimento um pouco menor,
06:06apesar que maior do que os analistas estavam projetando.
06:10Além disso, vamos ver agora os efeitos na inflação.
06:14Se os efeitos da inflação ocorrerem antes do que o próximo ano, por exemplo,
06:23no momento em que a inflação e as projeções de inflação convergirem para a meta,
06:27o Banco Central aí sim pode começar a cortar os efeitos.
06:31Ministro, além de economista, o senhor também é político, já participou de duas eleições,
06:35então eu vou pedir uma análise aqui unindo essas duas habilidades.
06:38Em caso de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro,
06:41o senhor acredita que a direita vai virar a página e tentar defender uma nova rota econômica no ano que vem?
06:46Ou a Anistia, o ex-presidente, vai ditar os humos da campanha nesse campo político aí, na sua opinião?
06:53Eu acho que são coisas diferentes.
06:59Uma coisa é essa questão pontual, que eu chamaria que não é nem política,
07:07é do judiciário, o julgamento do ex-presidente, etc.
07:13Agora, a questão do programa econômico, da atividade econômica,
07:20não tem necessariamente uma correlação direta com a questão do julgamento do ex-presidente.
07:29O julgamento do ex-presidente está ocorrendo,
07:32esperamos que seja aquele um julgamento equilibrado, justo, etc.
07:38Mas o fato importante é que isso aí não é necessariamente relacionado a uma política econômica.
07:47Evidentemente, a política econômica é determinada pelas análises, convicções e avaliações, etc.,
07:56do presidente da República e, nesse caso, do presidente que foi eleito em 2026.
08:02Mas o senhor não acha que vão ser dois temas conflitantes aí no discurso principal,
08:06na mensagem principal da campanha?
08:08Porque tem parte da direita que vai insistir na anistia,
08:12que isso já está claro, né?
08:13A parte mais ligada ao ex-presidente Bolsonaro.
08:15O senhor acha que vai haver espaço para um candidato que represente os eleitores do Bolsonaro
08:20virar a página em relação à condenação e fazer uma campanha mais focada na economia?
08:25Olha, eu acho que, principalmente no caso do candidato da centro-direita,
08:34eu acho, não faço parte, não tenho aí informação,
08:41mas eu avaliando de fora, eu acho que é normal que, de um lado,
08:46eles têm uma posição aí de defesa ou qualquer coisa em relação ao ex-presidente
08:56e, por outro lado, têm uma posição também relativa ao crescimento econômico, etc.
09:05E, evidentemente, o candidato do governo, seja o próprio Lula, que é o mais provável,
09:12ele vai fazer também uma campanha baseada nos programas sociais, etc.,
09:17que será o tema central, independentemente dessa questão
09:22que o candidato da direita certamente vai defender o ex-presidente.
09:29Vinícius?
09:30Mas vai ter também o seu programa econômico, suponho.
09:33Ministro, apareceu hoje a notícia que deputados estão recolhendo assinaturas,
09:39deputados, alguns ligados ao central, a maioria deles,
09:42assinaturas para um projeto que permite à Câmara,
09:46a Câmara, demitir a direção, diretores do Banco Central,
09:51caso eles ajam de modo a confrontar ou de modo incompatível com os interesses nacionais.
10:01No Senado já tem essa prerrogativa de modo mais definido,
10:05mas essa incompatibilidade com os interesses nacionais nem está definida nesse projeto.
10:08A gente está vendo ataques do presidente Donald Trump à independência do Banco Central.
10:13O que o senhor acha de que aqui no Brasil a gente está começando,
10:16querendo começar a repetir essa atitude e, além do mais, botando ela formalmente na lei?
10:24Olha, eu, por princípio, sou favorável à independência do Banco Central.
10:32Acho que um Banco Central independente é favorável, é benéfico, digamos, a todos.
10:41É normal que, por exemplo, um presidente da República, qualquer que seja,
10:46o caso lá do presidente Trump, etc., nós tivemos isso também em muitos países,
10:52inclusive no Brasil, é normal que o presidente da República prefira uma taxa de juros mais baixa, etc.
11:00Inclusive, eu estava num debate aí algumas semanas, inclusive com empresários e alguns políticos,
11:08e um deles me perguntou, mas o que o senhor acha?
11:10Essa taxa de juros é prejudicial, inclusive é prejudicial às atividades empresariais.
11:16Eu disse, olha, a taxa de juros alta, evidentemente, diminui a atividade.
11:22Agora, é pior do que taxa de juros alta, é inflação alta.
11:26Então, é importante que o Banco Central calibre a taxa de juros para trazer a inflação para a meta
11:31e, a partir daí, poder, sim, diminuir a taxa de juros e o país voltar a crescer novamente.
11:37Mas, em resumo, nós temos que ter uma inflação na meta e temos que ter também,
11:46como eu mencionei antes, uma série de reformas visando a aumentar a produtividade do Brasil.
11:52Com isso, o país tem condições de crescer a taxas maiores do que está crescendo agora,
11:57sem pressionar a inflação.
11:59Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central,
12:03muito obrigado pela sua participação e boa noite.
12:06Boa noite. Prazer.
12:08Prazer.
12:08Pra falar com vocês e com os telepectadores.
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