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O FED reduziu os juros para o intervalo entre 3,75% e 4% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. A economista Carla Beni, da FGV, analisou o impacto do corte e os reflexos para o Brasil, em meio ao impasse político entre Trump e Jerome Powell e à tensão comercial com a China.

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Transcrição
00:00O FED, o Banco Central dos Estados Unidos, divulgou agora há pouco a decisão sobre a taxa de juros no país.
00:06Um corte de 0,25 ponto percentual.
00:09A taxa americana, que serve de baliza para o mundo inteiro, caiu para a faixa entre 3,75% e 4% ao ano.
00:18Era o que o mercado previa, de forma quase unânime, já que o emprego no país vem dando sinais de desaceleração
00:26a julgar pelos dados que o governo vinha apurando antes do shutdown.
00:31Sobre esse movimento do FED, nós vamos conversar agora com a Carla Bene, economista e professora da FGV
00:37e conselheira do Corecom São Paulo.
00:40O nosso analista Vinícius Torres Freire também participa dessa entrevista.
00:45Carla, boa tarde para você. Obrigado pela palhinha aqui, pela canja mais uma vez no radar.
00:50Eu queria começar te perguntando, Carla, sobre o contexto em que essa decisão é tomada.
00:54Porque a gente já tinha um desafio que era, a inflação nos Estados Unidos está pedindo mais juros
00:59e o mercado de trabalho está pedindo menos.
01:02Então, houve aquela escolha difícil, aquele dilema para o FED,
01:05mas fato é que o mercado já estava posicionado de forma unânime por essa redução.
01:10E, além disso, entram 29 dias de apagão de dados do governo federal,
01:15em que tudo que a gente teve foi o CPI, o Índice de Inflação ao Consumidor na semana passada,
01:20que veio um pouquinho mais baixo do que o mercado esperava,
01:22mas, ainda assim, mostrando uma inflação perto de 3% versus uma meta de 2%.
01:28Decisão difícil essa do FED?
01:30Há um risco de ter sido um passo errado esse, Carla?
01:34Boa tarde, Fábio, Vinícius.
01:37É sempre um prazer estar aqui com vocês.
01:40Essa foi uma decisão difícil e até interessante em alguma medida,
01:45porque nós, aqui do outro lado, a gente acaba observando como que é esse dilema do duplo mandato.
01:53Você olha a inflação, olha o mercado de trabalho e precisa acabar tomando uma decisão.
02:00O que é sempre interessante é que, quando a gente pensa em política monetária,
02:05nós temos inocuidades.
02:07Algo inócuo é algo sem efeito.
02:09Então, você pode fazer uma política monetária e ela tem uma inocuidade parcial ou até total.
02:16O que significa isso?
02:18Há um certo intervalo de tempo entre a medida e o resultado.
02:24E, no meio do caminho, tem o que você falou, que é o shutdown,
02:27ou seja, você fica sem os dados para tomar uma decisão.
02:31Então, eu sim concordo com você.
02:33Acho que foi uma questão complexa para o FED decidir e ele acabou optando pelo mercado de trabalho.
02:41Vinícius.
02:42Carla, uma coisa mais importante desse dia de decisão do FED acabou sendo não a decisão que já estava cantada,
02:50embora tenha havido duas dissidências,
02:52mas o fato de o presidente do FED, o Jeremy Powell, ter dito que não há garantia alguma
02:57de que vai haver mais um corte adicional de 25 pontos percentuais na reunião de dezembro,
03:03porque eles precisam de dados.
03:04Que era mais ou menos o que o Powell tinha dito antes dessas reuniões.
03:10Ele deixou muito claro que haveria um corte nesta,
03:13mas dizendo que dependemos de dados.
03:17Você acha que, considerado que a gente tem shutdown,
03:21que os dados vão vir avariados, que eles vão vir atrasados,
03:23e que a gente tem uma economia americana ainda muito resistente,
03:28de um lado muito resistente na área de investimento e com desemprego periclitante,
03:33e a gente está vendo anúncios de demissões de várias grandes empresas,
03:37você acha que hoje é possível o FED decidir, já que essa decisão foi difícil?
03:43Dezembro vai ter condições de tomar uma decisão pró um lado ou para o outro?
03:50Ou ele ficaria esperando para ver dados saírem e ver o desempenho da economia americana depois disso?
03:58Eu acho que essa é uma decisão difícil.
04:01Eu acho que a sinalização dele foi mais no sentido de que ele não quer ter pressão.
04:06Ele não quer uma pressão para dizer o que eles deveriam fazer.
04:10A gente também precisa colocar, eu colocaria mais uma pimenta na sua questão,
04:15que é o relacionamento péssimo entre o Trump e o Jerome Powell.
04:21E no Tóquio agora, o Trump diz que o presidente do Banco Central é incompetente.
04:26Então, nós estamos com toda uma dispensão, digamos assim, diplomática ali.
04:32Então, isso também é algo bem ruim.
04:34Não se sabe se ele vai ser substituído até o final do ano.
04:38Então, eu acho que aqui a gente entra com mais um complicômetro nessa questão,
04:44com a falta de dados e também esses outros meandros políticos aí,
04:49que eu acho que eles estão bem complexos e fica além do que é algo muito indelicado.
04:55Carla, o Jerome Powell também na coletiva mencionou aumento de preços de produtos
05:02em função de impactos do tarifácio.
05:04E, bom, tem aí, teremos nas próximas horas de hoje,
05:09hoje à noite aqui no Brasil, já quinta-feira do outro lado do mundo,
05:12a reunião entre Trump e Xi Jinping discutindo um possível acordo comercial.
05:16O Brasil também está tentando.
05:18Enfim, um acordo ou outro ainda sendo costurado por aí,
05:21mas o cenário do tarifácio ainda está dado.
05:23Ou seja, ainda há muita incerteza também em função do tarifácio,
05:28pensando nos próximos meses e dezembro, como o Vinícius colocou?
05:32Sim, eu acho que a sua questão e a do Vinícius, elas são muito relevantes,
05:38elas acabam se somando aqui.
05:41Esse ponto do tarifácio, ele meio que já foi precificado em grande medida.
05:46Nós temos sempre o que levar em conta que o Trump, ele é, digamos assim,
05:50uma bomba de surpresas.
05:52Mas, se você fizer um levantamento desde o início, lá do dia da liberdade,
05:58quando ele levantou aquela placa de tarifas para hoje,
06:03o que está se configurando muito mais é o retorno, ou seja, o recuo,
06:08aquele próprio apelido que o Trump conseguiu no mercado americano,
06:14que ele sempre acaba voltando para trás, que é o taco.
06:17Então, isso daí também já se configurou.
06:21Olha, todo mundo sabe que ele ameaça para poder negociar,
06:24mas ele depois recua.
06:25Então, eu acho que esse movimento acabou dando, no final de todos esses meses,
06:31um resultado mais lento para o processo inflacionário,
06:34que esse é o primeiro ponto, ele já está se manifestando.
06:38Mas, agora, para os próximos meses até o final do ano,
06:42a gente precisa justamente entender o que vai acontecer,
06:46principalmente entre essa relação Estados Unidos e China,
06:50que é essa próxima reunião agora.
06:53Carla, uma coisa que vinha acontecendo nas primeiras semanas de outubro
06:57é que tem uma piora de humor no mercado, que não foi só brasileiro,
07:00que não se deveu só ao tarifácio do Trump,
07:03mas às taxas de juros aqui no Brasil subindo por algum motivo meio incógnito.
07:08Agora, nas últimas semanas, a gente estava vendo o quê?
07:11A queda na taxa de juros, pelo menos, até de curto prazo intermediários,
07:17mais perspectiva de queda do dólar aqui no Brasil,
07:21bolsa subindo, a gente estava vendo redução das expectativas de inflação.
07:27Você acha que esse cenário continua, ou ainda tem,
07:30pelo menos até dezembro, que costuma ser um mês turbulento,
07:33ou tem algum elemento novo?
07:35Ou se essa pequena dúvida do Power pode mudar alguma coisa nisso?
07:38Olha, eu acho que a tendência é a gente manter esse certo ritmo,
07:44digamos assim.
07:46Agora, configuramos mais uma redução da taxa de juros americana,
07:51que é, digamos assim, a guia mestra para todas as outras taxas.
07:57Nós estamos com resultados muito bons de negociações entre os Estados Unidos,
08:03ou seja, a gente tira um pouco aquela camada política onde Trump acena para Lula,
08:10isso, e a gente abre um espaço para que realmente quem entende,
08:14opera negociação, possa ver um movimento para redução maior de tarifas ainda no Brasil.
08:21Esse cenário, se se configurar, seria muito melhor para a gente,
08:25porque aí você recupera fluxo, digamos assim, de exportações.
08:29Agora, o ponto da taxa de juros continua ainda uma grande problemática,
08:36porque nós temos custo de crédito muito elevado,
08:39e a gente não pode esquecer da inadimplência que a gente já está arrastando,
08:44porque nós estamos há anos com dois dígitos de taxa Selic.
08:49Carla Bene, economista, professora da FGV, conselheiro do Corecom São Paulo.
08:53Muito obrigado, Carla, pela sua entrevista.
08:56Um bom resto de semana para você.
08:57Obrigado, Vinícius, também pela participação.
09:01Obrigada a todos, até a próxima.
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