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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, afirmou que apenas 37% das exportações da indústria mineira não foram afetadas pelo novo tarifário dos Estados Unidos.

Sobre o aço, Roscoe destacou que a tarifa atual de 50% compromete fortemente a competitividade do produto. “Nós vamos ver as vendas despencando, porque a tarifa é muito alta e outros mercados ficam competitivos ou podem substituir a logística”, disse em entrevista ao Real Time, do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00Apenas 37% das exportações das indústrias de Minas Gerais estão fora do tarifácio dos Estados Unidos.
00:07A gente vai conversar agora com o Flávio Roscoi, que é presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, a FIENG.
00:13Bom dia para você, Flávio. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:17Bom dia, Marcelo. É um prazer estar aqui no Real Time.
00:20Bom, Flávio, eu queria que você explicasse para a gente, de produto em produto, dos principais, é claro,
00:25como é que fica a situação das exportações de Minas Gerais.
00:27A gente podia começar com o aço, por exemplo.
00:30O aço ficou como estava na tarifação de 50%, ou seja, muito prejudicado no cenário internacional.
00:43Nós estamos lendo que, nesse momento, o governo brasileiro tende a adotar medidas de proteção ao mercado local,
00:49porque, na verdade, vários setores afetados estão sofrendo um duplo ataque.
00:54O ataque de deixar de vender para os Estados Unidos, ou seja, de ter uma tarifa extraordinariamente alta,
01:01o que impede a entrada do mercado americano.
01:04E, por outro lado, a invasão de produtos, principalmente da China, com preço abaixo do preço de custo.
01:10Produtos que antes também eram direcionados para outros mercados, ou que a própria economia chinesa não está crescendo como projetado.
01:21Então, vem gerando uma sobreoferta.
01:23Então, na verdade, nós estamos muito preocupados com vários segmentos industriais tomando o tombo de não poder vender para os Estados Unidos
01:32e, ao mesmo tempo, tendo o seu mercado aqui invadido por excesso de exportações chinesas.
01:39Lá atrás, quando começou a tarifa de 25% contra o aço, a gente entrevistou, depois de um mês, o Instituto Aço Brasil
01:46e eles disseram que as vendas tinham aumentado nesse período, que o mercado americano não podia ficar sem o nosso aço
01:52e que, por isso, acabou comprando mesmo pagando a sobretaxa.
01:56Você tem dados que mostram que esse movimento continuou ou as vendas agora, de fato, caíram?
02:01Não, no primeiro momento, por mais que o importador queira, é muito difícil substituir.
02:07Tem um fluxo do que está embarcado, do que está impedido, tem toda uma sequência.
02:12Mas agora, com 50%, nós vamos ver as vendas despencando, porque a tarifa é muito alta
02:20e outros mercados ficam aí competitivos ou podem substituir a logística.
02:24O que a gente está vendo, efetivamente, é um prejuízo muito grande nas exportações,
02:30depois de confirmado a líquida de 50%.
02:34Claro que, para você ter uma ideia, até outubro, os Estados Unidos, nesse sentido, teve bom senso.
02:43Aquilo que tinha sido embarcado até a quinta-feira não pagará a líquida de 50% até outubro,
02:53dos produtos que já tinham sido embarcados.
02:57Eu não sei se isso vigora para o aço, porque a medida do aço era antes, de 50%,
03:02mas vigora para os outros produtos.
03:04Bom, falando agora de minério, que é um outro produto que Minas é líder nacional aí,
03:08parece que os minerais, em geral, foram isentos da tarifa, não, Flávio?
03:13Foram, mas minerais não é muito relevante na exportação para os Estados Unidos,
03:18mas foram efetivamente isentos.
03:21O setor que foi isento, mais relevante aqui, em industrial de Minas Gerais,
03:25é o setor de ferro-guso, que é muito relevante,
03:29tem uma participação muito expressiva nas exportações para os Estados Unidos.
03:34Então, esse setor foi para nós um grande alívio,
03:38porque é um setor que tinha uma dependência muito grande do mercado norte-americano.
03:42Agora, a indústria do café, ela está num momento interessante,
03:46porque apesar de ter essa sobretaxa aí,
03:48é um produto que com certeza vai chegar à mesa do americano,
03:52porque tem uma série de questões aí, né, Flávio?
03:54Primeiro que a qualidade do café brasileiro é superior à qualidade de outros países
03:58que poderiam substituir o Brasil, como o Vietnã.
04:00Segundo também, porque é muito difícil você parar de comprar da noite para o dia.
04:04Então, o fato de que o café pode ficar mais caro na mesa do americano
04:09é um fator de pressão para o governo de lá rever essa tarifa.
04:13Mas também tem um outro fato aí de que o café está com preços altos no mercado internacional,
04:18porque está faltando no mercado.
04:20Eu acredito que para o café não seja tão difícil aí você redirecionar essas vendas.
04:25Você concorda com o que eu disse?
04:26Perfeitamente, Marcelo.
04:29No caso do café, você descreveu exatamente aquilo que está acontecendo.
04:33O mercado de café não está escasso, ou seja, não existe muita oferta de café,
04:38por isso que os preços estão muito altos ali, perto de máximas históricas.
04:44E nesse momento o Brasil consegue efetivamente substituir, exportando para outros países.
04:52É claro que no médio e longo prazo é uma perda muito relevante,
04:56mas pelo menos no curto prazo os produtores de café não serão afetados.
05:01Tanto é que o preço aqui no Brasil não caiu.
05:04Nós temos a mesma leitura com relação à carne.
05:06A gente entende que a carne, tirando a turbulência de curto prazo, também vai se acomodar.
05:12O maior problema aí, efetivamente, é para os produtos de maior valor agregado,
05:16produtos industrializados, que nós temos concorrência com outros países do mundo
05:20e concorrência muito expressiva.
05:23Então, nesses segmentos, a gente vê aí uma grande preocupação do tarifazo.
05:28Eu te entrevistei há umas três semanas, Flávio.
05:31Você estava muito preocupado com a possibilidade do Brasil retaliar,
05:35entrar numa guerra de tarifas aí que poderia levar ainda mais esse percentual.
05:39Parece que isso não está acontecendo.
05:41Eu sei que você teve também encontros depois disso, até com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
05:45E eu queria saber, depois desse período aí, como é que você está avaliando a resposta do Brasil até agora?
05:51É, nós entendemos que é adequado e mais do que acertado a não retaliação,
05:56e sim a entrada na negociação de maneira efetiva e relevante.
06:01Eu acredito que é chegado esse momento, e o vice-presidente Alckmin é a pessoa certa para fazer essas tratativas.
06:11Eu acredito que é uma decisão acertada do governo,
06:14porque até mesmo o ato dos Estados Unidos não colocar todos os produtos,
06:20de certa maneira, já foi uma concessão.
06:22Em média, no Brasil, 45% dos produtos exportados para os Estados Unidos permaneceram na alíquota de 10%.
06:32Então, há espaço efetivo para negociação e eu acho que agora é o momento.
06:38Se nós retaliarmos, a primeira coisa que eu já garanto é que esses 45% que ficaram de fora vão entrar.
06:46E teremos aí outras sanções.
06:48Então, na minha leitura, no meu entendimento, o governo, graças a Deus, também ao bom senso,
06:57ouviu aí os pleitos do setor produtivo de que a retaliação seria mais nociva para o Brasil.
07:04Os nossos estudos de impacto econômico demonstram isso de maneira muito clara.
07:08Então, o governo foi bastante assertivo em não retalhar.
07:12A gente falou de alguns produtos já exportados por Minas.
07:15Tem algum outro que te gere preocupação nesse momento, que está dentro das tarifas?
07:20Há máquinas e equipamentos, não somente por Minas, mas em todo o Brasil,
07:25são produtos de altíssimo valor agregado, produtos que têm a tecnologia brasileira e também mineira,
07:31que infelizmente ficaram ali impactados pelo tarifácio.
07:36Esse setor, ele é pulverizado em várias empresas de vários segmentos, porque você tem máquinas e equipamentos de vários segmentos.
07:46E é um setor que demonstra ali toda a capacidade tecnológica da indústria brasileira e, infelizmente, ele ficou no tarifácio.
07:55Então, esse setor, ele é muito relevante e não entrou.
07:58O setor de aeronaves que ficou de fora, a gente fala muito da Embraer, mas aí em Itajubá, em Minas, tem também uma fábrica de helicópteros.
08:06Esses produtos aí de Itajubá, eles estão isentos?
08:10Perfeito, ficaram fora do tarifácio, então isso é muito positivo.
08:14Nós acreditamos muito que o setor aeronáutico, se ele tivesse entrado no tarifácio, seria com certeza, talvez, o segmento mais atingido,
08:31porque são produtos de altíssimo valor agregado, contratos de longo prazo.
08:36Então, você não tem só a venda do mês ou do bimestre, você tem, às vezes, contratos de três, quatro, cinco anos,
08:46que deveriam, caso entrasse a alíquota, seriam todos rediscutidos, todo um planejamento, não somente de venda, mas de compra,
08:55porque boa parte desses insumos que fazem os aviões ou os helicópteros já estariam comprados para atender esses pedidos.
09:02Então, esse segmento seria muito impactado e eu diria que o Brasil ter uma participação efetiva no setor aeronáutico,
09:14na indústria mundial, é um feito extraordinário.
09:17A gente poderia perder tudo aquilo que foi conquistado ao longo de décadas aí com o desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira.
09:25Flávio Roscoi, presidente da FIENG, muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time, bom dia.
09:30Muito obrigado, Marcelo, foi um prazer, viu? Bom dia.
09:33Bom dia.
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