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Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV, alertou que as tarifas de 50% impostas por Trump ao Brasil podem reduzir em até 75% as exportações para os EUA. Setores como aço, carne, café e aeronáutico estão entre os mais afetados. O economista também avaliou o risco de retaliações e possíveis recuos de Washington.

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Transcrição
00:00E agora a gente vai continuar falando desse tarifácio anunciado pelo presidente Donald Trump sobre o Brasil.
00:07E eu chamo agora o que está já conosco aqui no Agora, é o Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV.
00:16Oi Lucas, muito bom dia. Seja bem-vindo aqui a esse plantão especial Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC.
00:23Tudo bem com você?
00:25Bom dia, é um prazer enorme estar aqui com vocês, tudo ótimo.
00:28Ô Lucas, a gente analisando esses 50% de taxas, conversando com representantes de alguns setores,
00:36tem uma parte, uma camada especial que chama das onças brasileiras, que são os estados aqui do Espírito Santo,
00:44Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
00:49Esses estados podem ter inviabilizados quase 14 bilhões e meio de dólares em exportações por causa desse tarifácio.
00:57O impacto é muito grande, se isso acontecer realmente.
01:01Olha, não tenha dúvida, a tarifa de 50% que foi colocada ou ameaçada contra as exportações brasileiras
01:08é algo sem precedentes na relação bilateral e entre todas as tarifas que já foram anunciadas ou reanunciadas agora,
01:17recentemente nesta semana, o Brasil ficou com a maior delas, sendo um parceiro, digamos, pouco significativo do ponto de vista da economia americana.
01:29Vamos lembrar que as exportações brasileiras representam cerca de apenas 1% do total importado pelos Estados Unidos
01:36e ainda assim o Brasil ficou com a tarifa enorme.
01:40Aqui no Centro de Estudos de Negócios Globais da FGV, nós estimamos uma queda de até 75% das exportações brasileiras para os Estados Unidos,
01:51caso essa tarifa de 50% venha de fato a ser implementada.
01:57É claro que aí nós temos produtos importantes do nosso agronegócio, você já citava as onças brasileiras,
02:05então nós estamos falando do nosso suco de laranja, nós estamos falando de carnes, café,
02:10nós estamos falando do aço brasileiro, setor metalúrgico,
02:14nós estamos falando da Embraer, quer dizer, o nosso setor aeronáutico,
02:18nós exportamos aviões e peças e equipamentos também para os Estados Unidos,
02:23então tudo isso compõe um quadro realmente de muita preocupação.
02:27Eu não diria, é sob o ponto de vista agregado da economia brasileira,
02:30é sempre bom a gente lembrar que o Brasil é um país muito fechado ainda ao comércio exterior,
02:36nós somos pouco inseridos, então nós estamos falando de algo como 40 bilhões de dólares,
02:41que é o total exportado, mas sob o ponto de vista agregado,
02:45isso representa algo como 2% no máximo do PIB brasileiro.
02:52Mas quando a gente olha setorialmente,
02:54a gente tem que lembrar que os Estados Unidos é o segundo maior parceiro comercial do Brasil
02:58e talvez mais importante, é o maior destino das exportações de produtos manufaturados da nossa indústria.
03:05Então, dos 40 bi que nós exportamos no ano passado,
03:08cerca de 80% correspondeu a produtos da indústria de transformação.
03:13Então, nós estamos falando de alguma coisa como 32 bilhões de dólares,
03:16o que significa que na prática, sob o ponto de vista setorial,
03:19os impactos realmente não serão triviais.
03:24Lucas, pensando sobre os produtos brasileiros que são exportados para o exterior,
03:29para os Estados Unidos principalmente,
03:31a gente tem muita matéria-prima,
03:33produtos que dificilmente a gente não vai encontrar um mercado para escoar esses produtos.
03:37Principalmente quando a gente pensa em carne bovina, em café, em suco de laranja,
03:41vou deixar as aeronaves de lado porque aí é um pouco mais difícil de você fazer acordos.
03:46Mas pensando que esses produtos, eles têm uma demanda maior,
03:50qual que seria a alternativa do Brasil aos Estados Unidos?
03:54Que outros mercados poderiam se interessar?
03:56Pelo café, pela carne bovina brasileira, pelo suco de laranja?
04:00Quais potenciais compradores?
04:02Pois é, o Brasil exporta muito café para os Estados Unidos,
04:07muito suco de laranja, na verdade é o maior destino,
04:11mas a União Europeia é também um grande comprador desses produtos.
04:16No curto prazo, há muito pouco a ser feito.
04:20A gente espera, por exemplo, que o acordo Mercosul-União Europeia seja formalizado,
04:24pelo menos até o final desse ano, que seria, eu diria, uma estimativa até bastante otimista.
04:30Mas ainda assim, as tarifas de importação para esses produtos,
04:33elas não caem imediatamente, elas demoram um certo tempo para cair.
04:38Então, também não é, digamos aí, uma grande solução.
04:41Sobre o mundo de vista de carnes, nós temos até, de certa forma, uma boa notícia.
04:45Porque vamos lembrar que os Estados Unidos colocou uma tarifa somada com as tarifas do Trump 1
04:50de até 50% contra as exportações chinesas.
04:55E os chineses, por outro lado, também considerando as tarifas do Trump 1,
04:59estão hoje com tarifas ao redor de 30% com relação às exportações americanas,
05:04o que inclui, evidentemente, o agronegócio americano.
05:07Então, é possível que o Brasil consiga mais espaço, por exemplo,
05:11para exportar carne para os Estados Unidos, perdão, para a China.
05:16E o Brasil, de alguma forma, tente redirecionar commodities para outras regiões,
05:21como é o caso da própria União Europeia, ainda que o acordo não esteja concluído.
05:24Mas é possível que, no médio prazo, a gente consiga colocar um pouco mais de produto lá.
05:29Mas, certamente, o que tende a ocorrer também, dado esse excesso de oferta,
05:33é uma maior absorção interna dessas commodities.
05:36E isso significa, na prática, até, de certa forma, uma notícia boa,
05:41que esses produtos tendem a diminuir o seu preço aqui no mercado brasileiro.
05:45A gente tende até a ter uma certa desinflação desses produtos.
05:49De uma forma geral, é importante lembrar, commodities são, via de regra,
05:54mais bem facilmente redirecionadas para outros destinos.
05:59No caso de produtos manufaturados, que são produtos diferenciados,
06:03a coisa fica mais complicada, né?
06:05É mais difícil você redirecionar isso muito rapidamente.
06:08Ainda tem um outro fator.
06:10Quando a gente fala de aço e alumínio, que são...
06:13que os Estados Unidos é o principal destino,
06:17o Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos,
06:21depois do Canadá,
06:23a coisa fica ainda um pouco mais complexa,
06:25haja vista que essa tarifa foi colocada para o mundo inteiro, né?
06:28O mundo inteiro está sofrendo uma taxa nos Estados Unidos,
06:31uma tarifa de importação de 50%.
06:33E, portanto, já há um excesso de oferta muito grande
06:36no mercado internacional relativo a aço, né?
06:39O que significa que muitas economias, inclusive,
06:42já estão se protegendo contra esse excesso de oferta,
06:45o que torna esse redirecionamento das exportações brasileiras,
06:48especificamente no caso do aço, ainda mais complicado.
06:52Lucas, agora na contramão.
06:55O Trump, a análise e a percepção do mercado norte-americano
07:00é que o Trump só escuta empresários quando ligam para ele e falam assim,
07:03Trump, não dá para você taxar o suco de laranja,
07:06porque a gente vai ter problemas por aqui.
07:09E há essa percepção também que o produto vai ficar mais caro
07:14lá nos Estados Unidos e o norte-americano gosta do suco de laranja,
07:1735% do consumo de suco de laranja nos Estados Unidos é do produto brasileiro.
07:23E aí a gente tem o meme, né?
07:25O taco, que é o Trump always chickens out,
07:28que significa amarelar, voltar atrás.
07:30Você acha, Lucas, que o Trump poderia voltar atrás
07:33em alguns setores primordiais para os Estados Unidos
07:37ou para o consumidor norte-americano,
07:39como o suco de laranja, como o café e como a carne?
07:43Olha, é difícil prever, né?
07:45Isso vai depender muito do poder, digamos, de influência, né?
07:49Que esses, digamos, grupos de interesse nos Estados Unidos
07:54tenham com relação à Casa Branca, né?
07:58É o que você falou.
07:59Lembrando que no dia 2 de abril,
08:02o Trump anunciou as tarifas recíprocas, né?
08:04As chamadas tarifas recíprocas no Libration Day
08:06e sete dias depois ele recuou, né?
08:09Eu tendo a acreditar que a chance disso acontecer
08:12até 1º de agosto é muito grande.
08:14E não apenas no caso do Brasil, especificamente.
08:18Vamos lembrar que até o momento
08:19o Trump colocou tarifas altas, né?
08:23Inclusive no caso da União Europeia,
08:24como foi anunciado recentemente,
08:26no Libration Day,
08:27a União Europeia tinha ficado com 20% de tarifa, né?
08:30E agora a União Europeia está com 30%.
08:32O México anunciado 30%.
08:35O Canadá ficou com 35%, né?
08:37A China está com 30% também.
08:40O que significa isso?
08:41Os Estados Unidos colocou tarifas muito altas
08:45para os seus principais,
08:46para quatro dos seus principais parceiros comerciais.
08:49Ou melhor, os quatro principais.
08:51Primeiro a União Europeia,
08:52depois o Canadá,
08:53depois o México e depois a China.
08:55Esses parceiros comerciais
08:57são importantes não apenas
08:59sobre o volume de comércio em si,
09:01mas são grandes fornecedores de insumos,
09:04máquinas e equipamentos
09:05para a indústria americana
09:07que tanto o Trump vem dizendo
09:09que quer revitalizar,
09:10ele quer reindustrializar os Estados Unidos.
09:13Então, o impacto é fortíssimo na competitividade.
09:16Eu gosto sempre de dar um dado.
09:17No Trump 1,
09:18que foi uma guerra comercial ali
09:20mais concentrada com a China,
09:22as exportações industriais americanas
09:24caíram cerca de 8%
09:25em função do encarecimento
09:27dos produtos siderúrgicos chineses
09:29e de outros produtos também
09:30que foram tarifados provenientes da China,
09:33que é um grande fornecedor
09:34de insumos industriais.
09:35Quando ele resolve escalar essa guerra
09:38para os quatro principais parceiros comerciais
09:40e grandes fornecedores de insumos também
09:42para a indústria,
09:43que eu falo aqui do lado da oferta,
09:46isso tem um impacto brutal
09:47em lobbies poderosos nos Estados Unidos.
09:50Então, é bem possível
09:51que tanto no caso desses parceiros
09:54como no caso do Brasil especificamente,
09:56em alguns grupos de interesse forte,
09:59onde o Brasil é um grande fornecedor,
10:00como o suco de laranja,
10:02o próprio café,
10:03isso tem impacto no consumidor,
10:06o Trump, ele retroceda.
10:08Eu faço uma última observação.
10:11O Brasil, eu não tenho a percepção
10:14que está no radar prioritário americano.
10:17Isso é um dado importante.
10:19O Trump, desde o dia 9 de abril,
10:22quando ele iniciou negociações com vários países,
10:25ele se concentrou nos países,
10:26evidentemente, mais importantes
10:27sob o ponto de vista comercial com os Estados Unidos.
10:30O Brasil estava completamente fora do radar,
10:32pelo menos até sexta-feira passada,
10:35e nem sequer sabíamos
10:36se receberíamos alguma carta do presidente Trump,
10:39tamanha, digamos,
10:40a dificuldade de comunicação
10:42com a diplomacia americana
10:44nessa questão das negociações.
10:46Agora, com a escalada dessa guerra,
10:48me preocupa bastante,
10:50inclusive, a possibilidade do Brasil,
10:52como já vem declarando o presidente brasileiro,
10:54retaliar.
10:55Eu acho que se o Brasil parte para uma retaliação,
10:58a chance de algum alívio,
11:03de alguma mitigação dessas tarifas
11:05que foram colocadas em produtos importantes para o Brasil,
11:08eu acho que elas se tornam significativamente menores.
11:11Lucas Ferraz,
11:12queria muito agradecer a sua participação
11:14aqui nesse plantão especial Times Brasil,
11:16licenciado exclusivo CNBC.
11:18Um ótimo sábado para você
11:19e um bom final de semana.
11:21Igualmente, muito obrigado.
11:22Um grande prazer estar com vocês mais uma vez.
11:24Prazer foi todo nosso em recebê-lo.
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