Indústria do alumínio estima prejuízo de R$ 1 bilhão com tarifa dos EUA; entenda

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O setor brasileiro de alumínio poderá registrar prejuízo superior a R$ 1 bilhão em 2025, segundo estimativa da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). A projeção considera os efeitos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos ao produto e seus derivados, conforme explicou Janaina Donas, presidente-executiva da entidade, em entrevista ao Real Time, do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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00:00O tarifácio de Donald Trump pode custar mais de um bilhão de reais a indústria brasileira do alumínio.

00:06Mesmo com o alumínio fora das tarifas, a Abau alerta para riscos sistêmicos na cadeia produtiva.

00:14E quem vai falar conosco sobre esta situação é a Janaína Donas, presidente da Associação Brasileira do Alumínio.

00:21Oi Janaína, muito boa tarde pra você, tudo bem?

00:25Tudo bem, Eric. Boa tarde pra você e pra todos que nos acompanham.

00:28Ô Janaína, a gente viu agora números da produção industrial subindo um pouquinho, em junho 0,1%.

00:35Também no acumulado de 12 meses, aí também a gente tem uma alta.

00:39Só uma queda, que aí é sazonal, a gente consegue comparar dois períodos iguais, uma queda em relação ao ano passado.

00:46Tem uma notícia positiva, agora esse tarifácio pra indústria do alumínio, a produção pode cair?

00:53Pode ser não tão boa assim para os próximos meses?

00:57Janaína, seja bem-vinda aqui ao Real Time.

01:00Obrigada, Eric.

01:01Bom, os nossos dados de fechamento do ano de 2024 em relação ao setor do alumínio, eles foram extremamente positivos.

01:09Nós tivemos um recorde de consumo de produtos de alumínio,

01:12na qual a gente conseguiu atingir aí cerca de 1,8 milhões de toneladas.

01:18É um recorde de um consumo de mais de 13% ao ano.

01:23Porém, obviamente que o cenário mudou nesses primeiros seis meses aí do ano,

01:30com o anúncio das várias medidas aplicadas contra o setor do alumínio,

01:35seja no âmbito da seção 232 ou agora com as alíquotas recíprocas.

01:40Então, assim, o setor do alumínio, ele vem sendo, sim, um dos principais alvos dessas sobretaxas.

01:46Nós tivemos algumas exceções, porque a nossa preocupação é que essas alíquotas que foram anunciadas

01:52no início de julho e que tiveram agora o seu detalhamento no dia 30,

02:00de que pudesse haver uma situação de cumulatividade.

02:03Mas o setor já vem sendo impactado, sim, com essas sobretaxas, independente do regime.

02:07Nós tínhamos uma medida que era aplicada desde 2018,

02:11quando o presidente Trump estava ainda no seu primeiro mandato,

02:15que continuou ali numa alíquota de 10% e depois, neste ano,

02:22essa alíquota foi subindo de 10% para 25% e agora para 50%.

02:27Então, nós tínhamos, obviamente, uma preocupação aqui com essas novas medidas

02:31que não estão relacionadas à seção 232, que pudesse haver uma cumulatividade.

02:36Então, a gente poderia ter 50%, de repente, mais 50% incendido.

02:42Então, o que aconteceu é que os produtos sujeitos à seção 232 não vão ter cumulatividade,

02:48mas nós tivemos, sim, alguns produtos que não estavam na seção 232

02:52e que foram incluídos agora nessa nova alíquota.

02:55entre elas, por exemplo, o hidrato e o hidróxido de alumínio,

03:02que é utilizado para outras aplicações, por exemplo, para a indústria farmacêutica,

03:06além de outros produtos de embalagens e também, por exemplo, de...

03:13Oi? Janaína está me escutando?

03:20Oi, sim.

03:21Ah, está bom.

03:22Janaína, a gente sabe que esse tarifácio, então, como você está dizendo,

03:26tem um impacto importante no setor de alumínio.

03:30Há uma alternativa, um plano B?

03:32A indústria já tem alguma saída para minimizar o impacto do tarifácio?

03:38São outros players, outros mercados?

03:40Tentar focar no mercado doméstico?

03:42Qual que é a estratégia neste momento?

03:45Bom, o Brasil tem grande parte da sua produção destinada ao atendimento do mercado nacional.

03:50E nós temos uma cadeia verticalizada, o que é, para a gente,

03:54uma das nossas principais vantagens competitivas,

03:56o que significa que, por exemplo, esse tarifácio vai gerar uma série de preocupação

04:01em relação a possíveis rupturas na cadeia de suprimento global.

04:06Como nós temos ativos estratégicos para manter a nossa produção operando

04:11e como grande parte do nosso mercado, da nossa produção,

04:15é voltada ao mercado nacional,

04:18com relação a isso, nós mantemos aí uma relativa estabilidade.

04:25Mas, obviamente, que nós já temos mensurado e contabilizado os impactos

04:32aí da aplicação das medidas no primeiro semestre,

04:34e a gente consegue fazer um exercício de estimação de impactos

04:38até o final do ano, onde a gente chegou, contabiliza prejuízos da ordem

04:43de mais de um bilhão de reais,

04:46considerando só os efeitos em termos de perda de mercado,

04:50de acesso e de impacto às nossas exportações.

04:53Os Estados Unidos é o nosso terceiro maior destino das exportações brasileiras,

04:58atrás apenas do Canadá e da Noruega,

05:02e, portanto, tem aí um impacto, obviamente, relativo.

05:04Agora, a gente tem uma série de outras preocupações

05:08que vão além das questões comerciais,

05:11e que estão associadas aos efeitos colaterais

05:14e possíveis riscos sistêmicos que isso pode gerar

05:18em relação, por exemplo, a um agravamento de uma situação de desvio de comércio

05:22e de desequilíbrio ou desestruturação de algumas etapas da cadeia produtiva,

05:27uma delas é com a cadeia de reciclagem.

05:30Janaína Donas, queria muito agradecer a sua participação aqui no Real Time,

05:35obrigado por nos mostrar aí a perspectiva

05:37e também entender um pouquinho dos impactos do tarifácio de Trump neste setor.

05:42Um ótimo final de semana para você, tudo de bom.

05:45Ótimo final de semana para você também, Eric.

05:47Obrigada.

05:48Eu que agradeço.

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