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O Brasil avança na abertura de novos mercados para a carne bovina, apesar das tarifas recentemente impostas pelos Estados Unidos. Em entrevista ao Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC, Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro, afirmou que o setor não deverá ser significativamente impactado pelo aumento tarifário promovido pelos EUA.

“No primeiro semestre deste ano, as exportações de carne do Brasil para o México aumentaram 420%. De janeiro a junho, a venda para a Argentina foi 43 vezes maior”, disse Nogueira, ressaltando a importância de diversificar mercados.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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00:00Diante das sobretaxas dos Estados Unidos, os frigoríficos brasileiros aceleram a busca por novos mercados para a exportação de carne bovina.
00:09Em março passado, o governo brasileiro fechou acordo com o Vietnã para abrir o mercado para as carnes daqui.
00:16Nós vamos conversar sobre este assunto com Maurício Palma Nogueira, que é diretor da Atenagro.
00:22Oi Maurício, muito bom dia para você, tudo bem?
00:26Bom dia, Eric, tudo bem, tudo bem por aqui.
00:28Tá bom, prazer tê-lo aqui no Real Time.
00:31Maurício, parece, por enquanto, que o setor de carnes não vai ser muito afetado ou não está sendo muito afetado pelo tarifácio.
00:40Por que eu digo isso? A gente tem aí então o Vietnã, que abriu o mercado para a carne brasileira.
00:45No primeiro semestre deste ano, as exportações de carne do Brasil para o México aumentaram 420%.
00:52Também, de janeiro a junho deste ano, a venda de carnes brasileira para a Argentina foi 43 vezes maior.
01:01Quer dizer, tudo seguindo nos conformes para driblar o tarifácio de Trump.
01:05É isso, Maurício?
01:06É, Eric, a situação da carne bovina é bem particular dentro de todo esse embrólio aí com os Estados Unidos.
01:14Nós temos aí os norte-americanos, eles são o quarto maior exportador de carne do mundo,
01:20mas eles importam também, são o segundo maior importadores.
01:23Então, no balanço, eles devem deixar aí em 2025 um saldo negativo de 980 mil toneladas no mercado internacional.
01:33Entre o que eles importam e o que eles vão exportar.
01:35Então, o Brasil, que hoje é o país que está exportando aí o dobro do segundo do ranking, que é a Austrália,
01:44é o país mais bem posicionado para ocupar os espaços que vão ser deixados.
01:49Que espaços são esses, Eric?
01:50Ou os americanos, eles diminuem as exportações para ficar com a carne dele no mercado interno,
01:56ou vão buscar outros fornecedores para substituir o Brasil.
02:00E nesse ponto aí, algum vácuo vai ficar no mercado.
02:03E aí, é importante isso que você mencionou, né?
02:06A ABEC, os frigoríficos brasileiros, eles estão há muito tempo trabalhando novos mercados.
02:12Tanto é que a gente, se você olhar o ranking dos maiores importadores de carne bovina brasileira,
02:18vários deles, inclusive o México, são países que não importavam tradicionalmente a carne do Brasil.
02:24O México mesmo, no primeiro, de janeiro a julho, Eric, o México importou do Brasil a quantidade que nunca tinha importado na história.
02:34Então, se pegar toda a história de exportação de carne bovina para o México,
02:39a gente não tinha exportado o que nós exportamos em sete meses para lá.
02:43E isso já dá um sinal para a gente, né?
02:45Que, inclusive, essa relação com o México, ela deve ser, deve aumentar nos próximos meses,
02:52a gente exportando carne para lá e eles exportando para os Estados Unidos.
02:56E esses mercados extremamente importantes para a gente, né?
02:59Se você pegar o Vietnã, eles importam no mundo mais do que o nosso terceiro maior importador de carne comprou do Brasil.
03:10Então, é um mercado extremamente relevante para a gente, assim como é Coreia, Japão,
03:15que a ABEC está lá, né?
03:17Tentando abrir mercados também nesses países, né?
03:20Maurício, além desses que a gente citou, né?
03:23Vietnã, Argentina, México, nós estamos aí à porta de abrir os mercados,
03:28ou o mercado japonês também para a carne brasileira.
03:30Aí a minha pergunta é o seguinte,
03:32esses mercados, eles conseguem absorver, porventura, a carne que não vai ser destinada
03:39ou que, porventura, não será comprada pelos norte-americanos por causa do tarifácio?
03:44É a expectativa nossa, viu, Eric?
03:46Que a gente consiga, sim, substituir todas as exportações,
03:49mas a gente tem que lembrar que essa operação não é tão simples.
03:53Então, ela demora um pouquinho toda essa questão das negociações,
03:57acordos, liberação de plantas, tudo que está sendo negociado pelas indústrias
04:02e temos também a questão logística, né?
04:05Então, você tem toda uma organização para atender determinados mercados
04:10e, de repente, você tem que mudar isso para outros mercados.
04:13E a carne bovina, Eric, ela tem um complicador, né?
04:16Lembra que o boi é um animal enorme, né?
04:19Com 280, 300 quilos de carcaça, dependendo de qual é o animal abatido.
04:27E você tem proporções de cortes que vão ser exportadas ou não.
04:32Então, pega o caso dos Estados Unidos.
04:33Os Estados Unidos compram, basicamente, aí,
04:3670% que a gente vende para lá vem do dianteiro do bovino.
04:40Então, para cada quilo que a gente exporta para os Estados Unidos,
04:44no primeiro de janeiro a julho, nós geramos outros 900 gramas de carne
04:50que ou vai para outro mercado ou fica no mercado interno.
04:54Então, toda essa operação é muito delicada,
04:56porque a hora que você desmonta um boi para mandar para determinado mercado,
05:01ele vai gerar peças que vão ter que ir para outros mercados
05:05ou ficar no mercado interno.
05:06Então, é uma operação um pouco delicada.
05:09Embora a gente tenha toda essa condição de substituir os Estados Unidos,
05:13até dentro do ano, até dentro de 2025,
05:17durante as primeiras semanas ou meses,
05:19aí, a gente vai ter essa dificuldade para organizar a logística toda.
05:22É, porque tem a questão da cultura, né?
05:24Do paladar, nem todos os cortes ou todas as peças
05:27que vão para os Estados Unidos.
05:29Por exemplo, o consumidor vietnamita ou o consumidor mexicano gosta, né?
05:35Ou atrai, né?
05:36Tem um atrativo por esses cortes.
05:38Depende muito disso, né?
05:39Como que faz esse equilíbrio?
05:41Como chegar a esse equilíbrio?
05:43Apresentar também um produto é importante?
05:45Por exemplo, o presidente Lula está indo em outubro para a ASEAN,
05:49a reunião lá do bloco de países do sudeste da Ásia.
05:52É importante, por exemplo, levar também uma comitiva com empresários
05:55do ramo da carne para apresentar outros cortes, por exemplo,
05:59para os países do sudeste asiático?
06:01Com certeza.
06:02Tanto outros cortes, né?
06:04Como também a nossa capacidade hoje de acessar o mercado
06:08que são os mais importantes.
06:10Se pegar hoje Japão e Coreia, que pagam bem pela carne, né?
06:14Bovina que eles importam.
06:16Não é muito o perfil de carne que o Brasil exporta, viu, Eric?
06:19Então, geralmente, são carnes mais gourmês
06:23que esses mercados compram.
06:26Agora, nós temos condições de atender esse mercado.
06:29Inclusive, a gente tem aumentado muito
06:31a nossa produção dessas carnes mais gourmetizadas aqui no Brasil.
06:35Isso vem desde as fazendas até os frigoríficos.
06:38Aí, claro, é muito importante que a gente tenha condição de mostrar
06:42não só que a gente tem esse produto,
06:45como a gente tenha confiança de manter a escala desse produto, né?
06:49Porque para eles não interessa muito você ter um país que,
06:53de vez em quando, tem a oferta do produto para vender para eles
06:56e, de vez em quando, vai faltar, né?
06:59Mas pensa no seguinte ponto, Eric.
07:03Caso a gente não consiga atender esses mercados
07:05que buscam uma carne mais gourmet, mais bem...
07:08Ele tem muito mais a ver com raças, viu, de produção
07:11do que com a qualidade do alimento em si, viu, Eric?
07:15É a raça envolvida.
07:17Qual que é? Zebu, Nelore? O que eles preferem?
07:20A carne gourmet, ela geralmente é feita com carne de raças europeias.
07:25Então, ou elas vão ser puras no sistema de produção
07:29ou elas vão ser criadas por o que a gente chama de cruzamento industrial.
07:33Então, pego uma raça europeia,
07:35cruzo com a maior parte do rebanho brasileiro,
07:37que é a zebuína, principalmente o Nelore, né?
07:39O que mais a gente tem.
07:41E aí você gera um animal que também vai ter que ser produzido
07:44num sistema de produção que permita ele desempenhar
07:48toda essa qualidade de carne.
07:50Então, às vezes, a gente fala disso de qualidade
07:51e cria uma confusão no consumidor
07:54achando que o brasileiro come carne pior.
07:56Não é.
07:56É que o nosso paladar, a forma da gente comer carne,
08:00a gente consegue saborear uma carne de zebu,
08:03de cruzamento que a gente tem aqui, né?
08:05Alguns mercados, não.
08:07Mas se a gente não atender esse mercado, Eric,
08:09alguém vai atender.
08:10Então, pega aí, por exemplo, o caso do Brasil,
08:13a relação com a Argentina.
08:15Seria natural que a Argentina fizesse o que os Estados Unidos fazem com o Brasil.
08:20Importam carne brasileira para atender determinado consumo deles, né?
08:24E exportam uma carne de sangue europeu para os mercados mais exigentes.
08:29Então, ele triangula essa operação.
08:31Claro, a gente deixa de vender uma carne mais cara,
08:34mas a gente atende por volume.
08:37E lembra, o Brasil, apesar de exportar, Eric,
08:4032% do que nós produzimos em 2024,
08:43nós somos hoje o maior exportador do mundo,
08:46com duas vezes mais o segundo colocado.
08:49Então, o nosso foco é tentar justamente atender esses mercados
08:52que compram grandes volumes.
08:54E esse que eu acho que acaba sendo o nosso posicionamento.
08:57Claro que a gente tem que tentar achar todos os clientes possíveis, né?
09:02Carne gourmet, carne que a gente chama de culinária ou ingrediente,
09:05que são do dia a dia, né?
09:07Ou para fazer hambúrguer.
09:08Enfim, as opções para o Brasil são várias.
09:11E a gente tem que aproveitar esse momento para abrir novos mercados,
09:15que já é um trabalho que já vem sendo feito, né?
09:17Maurício, para a gente encerrar esse bate-papo maravilhoso,
09:20que a gente está entendendo cada vez mais aí, né?
09:22Você está nos ajudando a entender esse mercado aí de carne,
09:26da produção e de venda de carne.
09:27A Marfrig havia anunciado a suspensão das operações temporárias, né?
09:32A suspensão temporária das operações, da produção,
09:35lá em Várzea Grande, no Mato Grosso,
09:37justamente porque era uma fábrica destinada à carne para os Estados Unidos.
09:41É uma medida que foi precipitada?
09:44Você tem informações de que outras fábricas,
09:47de outras empresas também, tem aí uma suspensão temporária?
09:50Como é que está a relação da fabricação, né?
09:53Produção e também venda para fora do país da carne?
09:56Eu acho que no começo, Eric, isso é muito normal.
10:00Principalmente se você tem uma planta que está atendendo muito
10:03o mercado norte-americano, eles realmente têm que tomar essa decisão
10:07porque a operação de comprar um bovino, desmontar, ela é muito cara.
10:14Então, diante de uma dúvida, o que a indústria faz?
10:18Ele não compra.
10:19Aí ele pressiona o preço do boi, da vaca, para baixo,
10:22que é o que aconteceu nos primeiros dias aí, pós-anúncio da tarifa,
10:27e aí ele vai organizar o mercado dele.
10:29Então, até esses frigoríficos se organizarem para vender
10:34ou no mercado interno ou em outros mercados,
10:36quem vai ficar com essa conta é o produtor.
10:38E por isso que o preço não alivia para o consumidor, Eric.
10:42Esse animal, ele não é necessariamente abatido.
10:45Se o frigorífico não vê resultado, ele não vai abater.
10:48Então, o boi fica no campo, valendo menos,
10:51e o consumidor também não tem acesso à carne.
10:53Aí, à medida que o mercado vai se equilibrando,
10:56que eles vão vendo uma luz no fim do túnel,
10:58eles voltam a comprar, que é o que está acontecendo.
11:00Então, o preço do boi despencou nos primeiros dias pós-anúncio,
11:04agora o preço está subindo,
11:06mesmo com o embargo começando a valer a partir do dia 6.
11:10Significa que a gente tem desempenhado um ritmo bom
11:14de exportações em agosto em relação a julho.
11:18Lembrando que julho foi o recorde mensal de exportações
11:21que nós já fizemos.
11:23Foi o maior faturamento, a maior quantidade em toneladas métricas,
11:27a maior quantidade exportada também em toneladas de equivalente carcaça.
11:31Então, esse mercado está se recuperando naturalmente.
11:35Maurício Palma Nogueira, diretor da Atenagro.
11:37Muito bom tê-lo aqui no Real Time,
11:39bater esse papo contigo para a gente entender,
11:41como eu estava dizendo, um pouco mais
11:43sobre esse mercado importante da proteína bovina brasileira.
11:48Um grande abraço para você, uma ótima quinta-feira.
11:50Um grande abraço, Henrique.
11:51É sempre um prazer estar aí com vocês.
11:53Obrigado.
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