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Aniella Banat, diretora da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), alertou que a tarifa de 50% imposta por Trump coloca o setor de pescados em colapso. Com 70% das exportações voltadas aos EUA, empresas já enfrentam prejuízos, risco de demissões e perda de contratos. 

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Transcrição
00:00O tarifácio de 50% anunciado por Donald Trump contra o Brasil já gera forte impacto no setor de pesca.
00:07A gente comentou bastante isso aqui no Agora.
00:09Fora da lista de exceções, o setor fala em colapso, já que cerca de 70% das exportações de pescados vão para os Estados Unidos.
00:18Para falar sobre as consequências dessa medida, eu converso agora com Aniela Banat,
00:23diretora de processamento e comercialização da AB Pesca.
00:27Oi, Aniela, bom dia para você. Obrigada por ter aceitado o nosso convite de conceder essa entrevista ao vivo aqui ao Agora.
00:35Bom dia, Paula. Bom dia, meninas. Bom dia a toda a audiência que nos acompanha agora por essa manhã.
00:41Um cenário catastrófico para o pescado, hein?
00:43É, exatamente, Aniela. Eu ia até te fazer essa primeira pergunta, né?
00:48Foram divulgados dados de que o setor de pescados representa 70% das exportações para os Estados Unidos.
00:57E qual que é o... Dá para vocês dimensionarem o tamanho que será esse impacto e como que isso vai prejudicar a cadeia,
01:05tanto dos pescadores, das famílias, enfim, toda a cadeia envolvida?
01:09Claro, Paula. Nesse cenário todo que a gente está vivenciando, nós tínhamos expectativas, né?
01:16De entrar, pelo menos, nessa lista de exceção, essa primeira lista de exceção que nós tivemos acesso, né?
01:22Porém, foi uma surpresa poucos alimentos, né? Poucos produtos do agro estarem presentes nessa primeira versão
01:29de tarifas que estariam... Códigos que estariam fora, né? Dessa taxação nesse início.
01:36Para o pescado, esse cenário é bem complicado, Paula.
01:39Eu acredito que não só para a parte das exportações, mas para a manutenção dos empregos
01:45e da renda que a gente gera como indústria, para a produção primária.
01:50Hoje, nós temos o mercado, né? Dos Estados Unidos como sendo mais importante aí nos últimos anos.
01:57Ano passado, nós ultrapassamos a cifra de 230 milhões de dólares enviados para os Estados Unidos.
02:04Nós vínhamos numa crescente aí nesses primeiros meses de 2025, comparado com 2024,
02:10num aumento de mais de 30% dessas exportações.
02:14Para a tilapia, isso ultrapassava os 40% de crescimento.
02:18Ou seja, a gente tem uma expectativa para o ano de 2025 muito favorável para o setor do pescado.
02:24Todavia, os mercados alternativos são limitados para o pescado.
02:28Diferente para as outras proteínas, que têm aí uma abertura para outros países relevante,
02:34o pescado não.
02:35Então, em 2017, nós perdemos o segundo principal mercado, que era o Reino Unido e a União Europeia, né?
02:42Os quais a gente vem buscando essa abertura, mas a gente vê uma inanição, muitas vezes, política
02:48em conseguir reabrir, reaver esse tipo de mercado para termos outras alternativas.
02:53A China, hoje, é o nosso segundo caminho, porém, ela é liberada somente para as exportações brasileiras
03:00para os produtos de extrativo e não para os de cultivo.
03:05Ou seja, a tilapia, que seria a grande atriz de todas essas exportações, acaba sendo limitada.
03:12Então, o que a gente busca é, e vem lutando desde o começo dessa comunicação de taxação por parte dos Estados Unidos,
03:19é a via diplomática, é a diplomacia, é a comunicação.
03:23Nós estamos falando de um setor que gera mais de 5 mil empregos diretos em indústrias,
03:29mais de 25 mil que trazem aí dentro de chão de fábrica essa geração de renda
03:36e um processo todo social de emprego que a gente tem para essas pessoas.
03:40Quando a gente vai para a parte da produção primária envolvendo pesca artesanal, pesca industrial,
03:45os produtores do cultivo, da agricultura, nós ultrapassamos aí 200 mil dentro dos empregos
03:53que podem ser gerados, inclusive com a cadeia de supply chain.
03:56Nós temos uma preocupação imensa com a manutenção desses empregos,
04:01porque logo, se nós não estamos tendo venda, as indústrias estão reavendo os seus processos de compra.
04:08O impacto vai ser na produção primária, onde deveriam ser os mais assistidos nesse momento.
04:14E falando exatamente sobre isso, Aniela, prazer falar com você,
04:18como é que está a conversa com o governo brasileiro em termos de um plano de contingência,
04:23pelo menos pensando aqui no curto prazo, em relação às possibilidades de ser mais suave
04:29o efeito sobre os produtores e sobre os empregos que estão associados à cadeia?
04:35Nós temos duas linhas a qual a gente vem lutando internamente.
04:39Quando a gente fala do processo de luta por reduzir essa tarifa
04:44ou então sair por uma lista de exceção do mercado nos Estados Unidos,
04:48esse trabalho interno aqui no Brasil está sendo fundamental.
04:51A Bipesca vem lutando por duas frentes.
04:54A primeira, sendo uma linha de crédito subsidiada, específica, para a área do pescado,
04:59para que nós possamos continuar comprando a matéria-prima,
05:03processando e ter um capital de giro para manter essas operações,
05:08inclusive de armazenagem, até que a gente consiga ter outros mercados
05:13para se dissipar essa mercadoria que antes iria para os Estados Unidos.
05:20Lembrando, para esse caso específico dos Estados Unidos,
05:23nós interrompemos grande parte das exportações, principalmente dos produtos congelados,
05:28uma vez que a dinâmica de exportação logística do Brasil até os Estados Unidos
05:33poderia ultrapassar esse período da taxação,
05:36inclusive com cancelamentos de contratos, interrupções de contratos americanos
05:42para essas compras que vinham já há um longo tempo tendo essa parceria comercial
05:47e que foram interrompidas por uma incerteza, inclusive dos importadores daquela época.
05:51Então, o prejuízo já está acontecendo.
05:53Essa linha de crédito subsidiada viria em frente a isso.
05:56Outro ponto importante para a gente é a reabertura do mercado europeu,
06:01que desde 2017 já tinha sido fechada de uma forma unilateral pelo governo
06:06e que nós estamos buscando essa reabertura ao longo dos anos.
06:11Nós precisamos de um posicionamento político, uma força política nesse momento
06:15junto às autoridades da União Europeia, junto às autoridades do Reino Unido,
06:19para que nós possamos reaver esse mercado e ter alternativas.
06:22Fora isso, o mercado e toda a área do pescado está de joelhos hoje
06:27diante de todo esse cenário dos Estados Unidos com essas taxações
06:31e inviabilizando as exportações do pescado brasileiro.
06:35Aniela, o mercado de vocês é bem particular.
06:38Um mercado de alimentação que, por mais que os pescados sejam industrializados
06:44e já estejam embalados, ele também não tem uma durabilidade,
06:48por exemplo, como um café, apesar de estar ali congelado.
06:51Então, eu imagino que vocês já devem ter tido cancelamentos de pedidos
06:55e essa mercadoria fica parada, como você mesma disse agora na sua última resposta.
07:00Vocês já estão sentindo os prejuízos disso e, de fato, a palavra que nós usamos no começo,
07:06que pode haver sim um colapso, essa palavra realmente existe a possibilidade
07:11de vocês sofrerem esse colapso.
07:12Perfeita a colocação.
07:15Esse tipo de produto que o pescado acaba tendo como alvo nos Estados Unidos
07:21eram principalmente os produtos vivos, a lagosta viva, e também os produtos frescos e resfriados.
07:27Ou seja, produtos que tinham um valor agregado imenso,
07:31não só na qualidade e no cuidado que a produção primária tinha com esse produto
07:35no momento da captura ou da despesca, mas também um processo todo cuidadoso na indústria
07:40para que isso chegasse nos Estados Unidos da melhor forma.
07:43O que vai acontecer com esses produtos antes de valor agregado?
07:47Vão passar por um processamento e serem congelados,
07:50perdendo, inclusive, a expectativa e a mensuração que as indústrias tinham
07:56de crescimento, de lucratividade, inclusive também para fazer os investimentos necessários
08:01diante do mercado que a gente tinha aí, puljante, com um crescimento muito forte
08:06tanto para os Estados Unidos como também toda essa estrutura da cadeia brasileira
08:11para se organizar para abrir outros mercados que forem vindo.
08:17Lembrando, essa exportação do pescado brasileiro e para outros produtos também
08:22ela não acontece da noite para o dia.
08:24Essa reorganização comercial, ela depende de tempo, de negociações, muitas vezes com o governo
08:31para uma abertura de mercado, seja por uma equivalência ou seja por uma questão comercial,
08:35mas também as questões privadas.
08:38Essas negociações não vão acontecer ao longo do dia, por isso o nosso pleito
08:42da linha de crédito emergencial subsidiada para que as indústrias possam fazer-se,
08:49continuar processando da maneira que estavam vindo processando,
08:52inclusive continuando com as compras da produção primária, é o que a gente almeja.
08:57Porque essa maré que nós estamos enfrentando, turbulenta, ela vai impactar sim na produção primária,
09:03a que é mais necessitada aí dentro de todo o nosso cenário de pescado.
09:07Daniela, essa maré mesmo que você falou, acho que ela é inquestionável e a necessidade de reagir a ela também,
09:13então isso é um dado.
09:14Agora o que eu queria te perguntar é assim, considerando a grande turbulência que veio do mercado americano,
09:20de maneira inesperada em termos da ênfase que foi dada, planta também uma insegurança meio que permanente
09:28para o setor, no sentido de que mesmo que se consiga negociar agora, já não volta no mesmo ponto?
09:34Quer dizer, o ambiente para negócio fica prejudicado no médio e longo prazo,
09:38empurrando para novas estratégias, na tua opinião?
09:41Sem dúvida, esses produtos específicos que nós temos enviado até então para os Estados Unidos,
09:50nós temos uma concorrência internacional muito ativa, muito grande.
09:54Por exemplo, com a tilápia, nós temos os mercados da China e do Vietnã,
09:58que estão com tarifas muito mais abaixo do que as tarifas que são brasileiras,
10:02ou seja, nós temos um mercado voltado para as tilápias por esses países,
10:07com uma facilidade agora com os Estados Unidos de uma forma muito maior.
10:13Quando a gente fala da lagosta, por exemplo, que é um grande player,
10:17e o atum também, os produtos que vão para os Estados Unidos,
10:20na maioria, no caso da lagosta viva ou fresca, resfriada,
10:23no caso dos atuns frescos indo para os Estados Unidos,
10:26nós temos um Caribe todo com as taxações, inclusive, de 10%, 15%,
10:31variando aí entre os países, ou seja, uma concorrência para esses produtos similares,
10:36o qual o Brasil está totalmente em desvantagem.
10:39Logo, o comprador americano que faz essa compra desse tipo de produto,
10:45primeiro, ele busca preço e busca também uma continuidade desse produto,
10:50dessa matéria-prima para ser fornecida.
10:52Também existem contratos internos nos Estados Unidos com esses importadores
10:56e com toda uma rede de distribuição.
10:59Então, quando a gente está falando sobre uma interrupção abrupta,
11:03como foi o caso, que a gente coloca aqui no nosso cenário do pescado,
11:06para os Estados Unidos, os importadores estão buscando
11:09esses outros mercados de produtos similares,
11:12mesmo que talvez a qualidade não seja como a do Brasil,
11:16que é um grande diferencial nosso para a qualidade comercial de produto,
11:20eles já estão buscando essas outras parcerias com outros países,
11:24por questões de preço, questões de manutenção de produtos
11:28a serem oferecidos à população.
11:31Então, nós estamos aí vendo um cenário que não é o impacto de hoje,
11:35não são as cargas que não foram enviadas nesse período,
11:38mas a médio e longo prazo são as parcerias comerciais
11:42que acabaram sendo desfeitas e a gente deixar esse oceano
11:45de oportunidades nos outros países.
11:47Você acabou de acompanhar, então, a entrevista com Aniela Banati,
11:52diretora de processamento e comercialização da AbPesca.
11:55Aniela, muito obrigada pela sua participação ao vivo.
11:58A gente deseja aí que vocês, nesses próximos dias,
12:01quem sabe, entrem, então, na lista de exceções
12:03para poder minimizar um pouco o impacto nesse setor tão importante.
12:08Tá bom?
12:08Muito obrigada e um bom fim de semana para você.
12:11Obrigada, meninas.
12:13Esperamos que a Samaré, que não está para peixe,
12:15mude logo.
12:16Um abraço a todos.
12:17Um abraço.
12:18Até a próxima.
12:18Tchau, tchau.
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