Diante do risco de tarifas de 50% dos EUA, a Petrobras estuda redirecionar exportações de petróleo para países asiáticos. O economista Ricardo Balistiero, do instituto Mauá de Tecnologia, analisa o impacto da medida na balança comercial e nos preços internos de combustíveis.
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00:005 horas e 28 minutos, a Petrobras avalia mudar parte das exportações de petróleo para países asiáticos,
00:07diante do risco de tarifas pesadas impostas pelos Estados Unidos.
00:11A medida pode mexer com o mercado global e abrir espaço para novos acordos no Oriente.
00:17Para entender o impacto dessa movimentação, eu converso agora com o Ricardo Balisteiro,
00:22economista e coordenador do Instituto Mauá de Tecnologia.
00:26Ricardo, boa tarde para você, obrigado pela disponibilidade.
00:30Ricardo, quais países teriam espaço e demanda para o nosso petróleo?
00:36Boa tarde, Turci, boa tarde a todos que nos assistem.
00:40Bom, o Brasil se tornou um exportador líquido de petróleo nesses últimos anos.
00:45Isso nos dá uma tranquilidade.
00:47Se nós voltarmos a 40, 50 anos no tempo, Turci, nós tínhamos dois problemas que eram seríssimos aqui no Brasil.
00:56Nós éramos altamente dependentes do petróleo internacional e nós não tínhamos reservas internacionais.
01:03Então, o que nos diferencia hoje, em relação a 50 anos atrás,
01:08é que hoje nós somos autossuficientes na produção de petróleo, principalmente o petróleo bruto.
01:13Ou seja, o Brasil é um exportador líquido de petróleo hoje, embora ele ainda importe derivados,
01:20mas esse número está decrescendo com o tempo e nós temos reservas internacionais suficientes.
01:28Agora, no meio do caminho, vem um conjunto de incertezas muito ligados às políticas do governo norte-americano.
01:39E o mercado asiático é um mercado cativo para isso. Por quê?
01:43Porque o Brasil, primeiro, tem bons relacionamentos com o mercado asiático.
01:48E, segundo, que é onde a economia mundial tem crescido nas últimas décadas.
01:54Então, não é tão fácil se fazer um redirecionamento dessa ordem,
01:59mas eu diria que hoje, se eu tivesse que apostar, caso realmente venha a existir algum impacto,
02:07Petrobras, ela vende pouco para os Estados Unidos e representa também muito pouco do mercado norte-americano,
02:14mas se eu tivesse que apostar e se houver qualquer tipo de, realmente, impacto,
02:18o mercado asiático, certamente, é um mercado que pode nos auxiliar a resolver essa questão.
02:23Quanto tempo levaria para a gente fechar contratos e ter uma exportação importante para o Prássia, por exemplo, Ricardo?
02:34Tudo é uma questão de se saber se as negociações já foram abertas.
02:38Eu tenho a impressão que sim.
02:40Hoje, do total, do primeiro trimestre, o último balanço da Petrobras,
02:46aproximadamente 4% da produção só vão para os Estados Unidos.
02:50Então, é um número facilmente, que pode ser rapidamente absorvido pelo mercado asiático.
02:58Enfim, você pega uma China hoje, uma Coreia do Sul,
03:03mercados do Sudeste Asiático, eles têm um crescimento bem rápido e bem sólido.
03:09Então, sempre a questão de saber o quanto que se está, nesse momento, já conversando sobre isso.
03:15Se as conversas já estiverem ocorrendo, e eu acredito que estejam, isso é muito rápido.
03:21Enfim, você simplesmente faz o redirecionamento, fecha o contrato e a produção simplesmente é deslocada para lá.
03:28Agora, se nós começarmos a negociação agora, sempre é um pouquinho mais complicado.
03:33Então, eu tenho a impressão que nós devemos estar no meio termo, sabe, Tulsi?
03:37Eu acho que deve ter conversas, certamente, da Petrobras com o mercado asiático.
03:40Mas, ao mesmo tempo, também ainda se aguarda para saber se o presidente Donald Trump vai cumprir a promessa
03:48de impor essa tarifa de 50% para o nosso país.
03:51Qual seria o potencial de essa mudança mexer com a nossa balança comercial?
03:58Muito pequena, né?
04:00Porque, embora o petróleo hoje seja o item mais importante da nossa balança comercial,
04:06ele, inclusive, superou a própria soja, ele representa aproximadamente hoje 13% das nossas exportações,
04:14um valor considerável, a soja vem aí em seguida com 12%.
04:18Mas o mercado norte-americano é um mercado muito pequeno, do ponto de vista da nossa exportação de petróleo.
04:27Então, não geraria grandes problemas, vamos assim dizer.
04:32A questão, Tulsi, é se saber, nesse momento, qual é a lógica da tarifa dos 50%, né?
04:39Porque eu acho que a pergunta que todos nós, economistas, nos fazemos é o que está por trás disso, né?
04:46E nós não temos ainda uma resposta clara.
04:48Por quê?
04:49Porque o Brasil, na balança comercial, nos últimos 20 anos quase, ele é deficitário com os Estados Unidos.
04:55Então, significa que quem ganha dinheiro na relação bilateral não é o Brasil, mas sim os Estados Unidos.
05:01Então, quando o Donald Trump sobretaxa o Brasil em 50%, quem perde é a economia americana.
05:07Então, nós ainda estamos aguardando para saber se essa tarifa será efetivada, né?
05:12E aí sim, quais são os impactos em alguns setores específicos, entre eles o setor petróleo.
05:17E no que diz respeito ao petróleo, esse tarifaço pode impactar os preços internacionais também e, consequentemente, afetar a gasolina e o diesel aqui no Brasil?
05:27Se afetar a gasolina e o diesel aqui no Brasil, vai afetar para baixo, né?
05:33Porque vai, sobraria oferta, né?
05:35Nós teríamos mais produto, né?
05:37Para ser canalizado para o mercado interno.
05:39O que pode acontecer, inclusive, com outros produtos, viu, Turci?
05:42Pode acontecer com carne, pode acontecer com produtos primários, alimentos, né?
05:48Enfim, ou seja, aquilo que você vai deixar de exportar para os Estados Unidos, você vai tentar, primeiramente, vender no mercado interno.
05:54Então, se houver algum impacto nos preços, no mercado interno será para baixo, né?
06:00No mercado externo, vejo pouca possibilidade deste fato isolado impactar o preço do petróleo.
06:08Normalmente, o preço do petróleo está muito mais ligado a conflitos bélicos, né?
06:13E nesse momento, nós temos dois conflitos bélicos que estão em regiões produtoras, né?
06:17Quer dizer, nós temos um conflito lá na Europa, que já dura três anos e meio, e as tensões aí de Israel com o Irã, né?
06:25Que é um grande produtor de petróleo, né?
06:27E o preço do barril do petróleo tem se mostrado bem comportado aí nas últimas semanas, né?
06:32Então, eu não acredito que realmente essa política errática do governo norte-americano tenha potencial para poder mexer com preços internacionais da principal commodity comercializada no mundo.
06:43Ricardo Balistieiro, economista, coordenador do Instituto Mauá de Tecnologia.
06:49Muito obrigado, Ricardo, pela gentileza da sua entrevista. Uma boa tarde.
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