A balança comercial brasileira está passando por uma reconfiguração estratégica. De 2001 a 2024, a participação da China nas exportações do Brasil saltou de 3,3% para 28%, enquanto os Estados Unidos recuaram de 24% para 12%. Carlos Campos Jr., CEO da Target Trading, explica como a alta competitividade chinesa e o custo dos produtos impactam diretamente os negócios brasileiros e alerta para a importância da diversificação internacional.
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00:00A parceria entre Brasil e China tem se ampliado e pode ganhar ainda mais força com as novas tarifas anunciadas por Donald Trump.
00:08É o que avaliam especialistas em comércio exterior.
00:11A participação chinesa nas exportações brasileiras, por exemplo, saltou de 3,3% em 2001 para 28% em 2024.
00:22Em sentido oposto, as vendas para os Estados Unidos caíram pela metade nesse mesmo período.
00:27Passaram de 24% para 12%.
00:30Para entender os impactos dessa mudança no comércio exterior, eu vou conversar agora com o Carlos Campos Jr., cofundador e CEO da Target Trading.
00:40Carlos, boa tarde para você. Obrigado pela gentileza da participação aqui.
00:44Antes de mais nada, Carlos, por que a relação já vinha mudando?
00:47Por que a gente já estava se direcionando mais para a China e menos para os Estados Unidos?
00:52Olá, Fábio. Boa tarde. Obrigado pelo convite.
00:59Enfim, a China vem passando por uma mudança muito grande, inclusive de percepção dos produtos chineses pelo mercado em si.
01:10Antigamente, a gente tinha os produtos chineses, era meio sinônimo de pouca qualidade e ao longo do tempo isso foi mudando.
01:21Hoje a gente tem produtos de extrema qualidade, produtos que estão concorrendo com países que produzem com toda a tecnologia e acho que o mercado foi entendendo isso.
01:33E ao mesmo tempo, além de produzir com qualidade, a China normalmente tem produtos mais competitivos em termos de preço.
01:43Então, naturalmente, ela foi ganhando mercado ao longo dos últimos anos, inclusive com a gente no Brasil.
01:49E economicamente falando, essa nossa mudança mais em direção à China, menos em direção aos Estados Unidos, é boa?
01:57Eu acho que sim. A gente antigamente tinha uma relação talvez muito dependente dos Estados Unidos, mas agora a gente está ficando muito concentrado na China.
02:12Então, ao mesmo tempo, a gente também precisa ter... É claro que é sempre bom você ter alternativas.
02:17Hoje, a relação com a China é muito maior do que com os Estados Unidos, mas ao mesmo tempo, eu acho que a gente tem que ter sempre atenção para não colocar todos os ovos das nossas relações comerciais em um sexto só.
02:31Então, a China tem crescido bastante. A gente está aí com 30%, como você mencionou no começo da reportagem.
02:41Também, a tendência continua de crescimento. A gente tem, na nossa própria empresa, a gente tem muitas importações de produtos chineses, de equipamentos, enfim, produtos de extrema tecnologia e, como eu falei, muito competitivo em preço, o que é muito bom.
03:01Mas, ao mesmo tempo, a gente tem que ficar atento para não ficar dependente de um único parceiro comercial.
03:07A nossa pauta de exportações é muito diferente entre Estados Unidos e China?
03:14Não, eu acho que a gente tem produtos semelhantes. A gente está muito concentrada em soja, minério, petróleo.
03:23Estados Unidos, por exemplo, a gente tem a exportação da Embraer com aeronaves, que eu acho que é um grande problema essa questão da taxação dos 50% para a Embraer.
03:37Mas, no final do dia, a gente tem aí produtos similares.
03:42E num momento como esse de, não só de guerra tarifária, mas de uma guerra tarifária em que, de repente, a gente vira o alvo principal dos Estados Unidos, mais até do que a própria China, com essa tarifa de 50%,
03:54em que medida o nosso comércio com a China pode nos ajudar?
03:58Em que medida a gente consegue direcionar para lá alguma coisa que a gente acaba perdendo em termos de mercado nos Estados Unidos com uma tarifa tão alta assim?
04:08Mais uma vez, eu sou muito defensor do diálogo.
04:11Eu acho que o Brasil vai ter que se entender com os Estados Unidos, por mais que os Estados Unidos tenham perdido bastante da relevância em relação ao Brasil nas exportações,
04:25ainda é um país muito relevante, é uma grande potência.
04:28Então, a gente vai, na minha opinião, ter que dialogar e se entender com os Estados Unidos.
04:33Você desenvolver uma venda para fora, você exportar um produto, isso é um processo longo, isso é um processo que demanda bastante investimento de tempo.
04:46Então, obviamente que a China passa a ser uma alternativa, se a gente não tiver sucesso numa negociação com os Estados Unidos,
04:55de redirecionamento de produtos, mas isso é um processo longo.
04:59Então, eu acho que é muito importante a gente não abandonar a conversa com os Estados Unidos.
05:05Agora, a gente está falando aqui desses dois maiores parceiros comerciais brasileiros e que são também os dois grandes antagonistas na geopolítica mundial hoje.
05:15Essa aproximação brasileira com a China, politicamente falando, ela precisa ser cuidadosa?
05:23Eu acho que ela tem que ser cuidadosa, obviamente, de novo, a gente tem já uma relação cada vez mais próxima, o que é bom para o país,
05:37mas ao mesmo tempo isso é uma coisa muito complexa.
05:40A gente tem diversos fatores que a gente precisa observar quando a gente se aproxima, não só da China, mas de qualquer outro país.
05:48Então, acho que é importante olhar o quadro como um todo.
05:54Agora, você vê hoje, então, uma concentração ainda muito grande do Brasil em termos de comércio exterior com um único país.
06:04Se a gente pensar antes Estados Unidos, agora China.
06:07Quer dizer, a gente precisa espalhar mais os ovos em outras cestas, é isso?
06:11Eu entendo que sim, eu acho que 30% é um número grande.
06:17O Brasil ainda é um país de economia fechada, então eu acho que a gente precisa olhar mais para o comércio internacional,
06:25para o comércio exterior, precisa incentivar, precisa abrir mais o nosso país para que a gente possa também exportar mais,
06:31porque quando a gente fala em exportação, a gente tem que, o que a gente ouve a vida inteira no Brasil,
06:39a gente precisa agregar valor aos nossos produtos, a gente precisa produzir de forma competitiva no Brasil
06:45e para isso a gente precisa ter componentes, precisa ter matéria-prima com custo competitivo, com tecnologia avançada
06:56e, portanto, a gente precisa ter um país mais aberto para poder importar produtos competitivos
07:02e assim produzir e poder exportar para outros países.
07:06Carlos Campos Júnior, cofundador e CEO da Target Trading.
07:10Carlos, obrigado pela sua participação aqui, uma boa noite para você.
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