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O ex-diretor do Banco Mundial e professor de economia na Fundação Dom Cabral, Carlos Braga, analisa o possível impacto das tarifas de 30% que Donald Trump, pretende impor sobre produtos da União Europeia a partir de 1º de agosto. A medida pode afetar profundamente setores como a indústria automobilística e serviços de alta tecnologia. A Europa já sinalizou que retaliações virão.

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Transcrição
00:00Eu converso agora com Carlos Braga, ex-diretor do Banco Central e professor de Economia da Fundação Dom Cabral,
00:07a quem eu começo desejando boa noite e assinalando um compromisso, professor Braga, de que hoje eu não erro o vosso nome.
00:17Pode contar.
00:19Professor Braga, eu quero começar com a seguinte pergunta.
00:24A gente sempre se fala aqui e variação do mesmo tema sem sair do tom.
00:28Ainda voltamos no tarifácio e ainda estamos nessa margem de interpretação, porque não sabemos se o Donald Trump vai avançar,
00:37se vai efetivar a promessa, se vai aumentar ou dobrar a aposta.
00:41Mas temos uma informação sólida que eu acho importante dessa segunda-feira, que é um embate entre Estados Unidos e União Europeia.
00:51A União Europeia tentando diminuir os 30% que recebeu do tarifácio.
00:55A Casa Branca, por enquanto, se mantém irredutível.
00:58E hoje uma sinalização da União Europeia dizendo o seguinte, 20%, 25% já deixaria o nosso sistema financeiro aqui muito abalado.
01:08Fala-se até em colapso.
01:1030% impensável.
01:13Pensando principalmente no topo dessa cadeia, a indústria automobilística, dos carros alemães, dos esportivos italianos,
01:20que tanto fazem sucesso nos Estados Unidos.
01:25Mas olhando um arcabouço muito maior de produtos, estamos falando de uma enorme parceria comercial entre Estados Unidos e União Europeia,
01:33na casa de 1,7 trilhão de euros por ano.
01:38Agora, antes da gente olhar para o micro, os Estados Unidos, o macro, a gente já começa a precificar, vou colocar assim,
01:48professor Braga, se vai sobrar produtos na União Europeia, vai faltar nos Estados Unidos.
01:56Nessa cadeia de distribuição, dá para a gente já pensar quem ganha mais, quem perde mais, se é que alguém vai ganhar alguma coisa?
02:05Boa noite mais uma vez.
02:08Boa noite, Marcelo.
02:10Com relação ao meu nome, eu agradeço a observação.
02:13Só um detalhe.
02:16Eu não fui diretor do Banco Central, fui diretor do Banco Mundial.
02:21Em algum momento, o senhor continua com mais um voto de confiança meu.
02:27Perdão mais uma vez.
02:28Mas, com relação à sua pergunta, evidentemente, quando se aplicam tarifas ou medidas restritivas ao comércio,
02:42tudo vai depender do poder de mercado dos países envolvidos.
02:48Um país grande como os Estados Unidos, naturalmente, pode afetar os seus termos de troca a seu favor através de medidas comerciais.
03:00Agora, nesse caso, os Estados Unidos estariam entrando, vamos dizer, em conflito diretamente com a União Europeia,
03:09que é uma economia, mais ou menos, dos 27 países da União Europeia, mais ou menos do tamanho dos Estados Unidos.
03:19Quer dizer, moral da história é que não ocorrerão vencedores nessa briga.
03:25Quem vai pagar o pato serão os consumidores americanos, se for imposto, no final das contas, o 30%, no dia 1º de agosto.
03:36E, obviamente, a União Europeia, através da Comissão Europeia, a senhora van der Leyen, já várias vezes a presidente da Comissão Europeia,
03:47deixou claro que, se os Estados Unidos aumentarem as suas tarifas de forma significativa, como é o caso,
03:56o que, nesse momento, se anuncia, que a União Europeia irá retaliar.
04:02Então, isso vai criar, certamente, grandes disrupções em termos das cadeias de produção,
04:11tanto nos Estados Unidos como na União Europeia.
04:14Agora, professor Braga, eu falo em nome aqui do nosso telespectador médio,
04:19não aquele que entende profundamente da economia, nem das relações globais, das cadeias de valores,
04:25mas o seguinte, professor Braga, quando a gente fala de tarifácio, a gente começa a olhar para nós, o Brasil,
04:29a nossa relação com os Estados Unidos, a União Europeia tem um outro agravante,
04:34que é a balança de serviços.
04:37Não que nós não tenhamos, mas ela é muito menor, a nossa balança de serviços Brasil e Estados Unidos,
04:43em comparação com os da Europa Ocidental, União Europeia, com os Estados Unidos.
04:49Ou seja, além de faltar produtos, bens, vai faltar o serviço.
04:56Isso, como é que pode afetar a economia americana?
05:00Quer dizer, não é só o produto que vai faltar, que pode vir a faltar ou ficar mais caro nos Estados Unidos,
05:05mas a manutenção, o desenvolvimento dele.
05:09Então, a gente já está falando de um prejuízo não imediato, mas também a médio e longo prazo, não?
05:14Certamente.
05:16Serviços de tecnologia, de uma maneira geral, de ambos os lados, diga-se de passagem.
05:22E, obviamente, no caso de um conflito entre União Europeia e Estados Unidos a partir do 1º de agosto,
05:35vamos ver, porque, como você sabe, a administração Trump e o presidente Trump
05:42ficou famoso pela expressão taco, né?
05:46Trump always chicken out, quer dizer, o Trump sempre se acovarda e as datas têm sido consistentemente adiadas, né?
05:58Mas agora nós estamos chegando na hora do vamos ver.
06:01Então, as grandes questões, nesse momento, são o que vai acontecer com as relações
06:07entre a União Europeia e Estados Unidos e a China e os Estados Unidos.
06:12Porque, nesses dois conjuntos de relações comerciais,
06:18isso terá implicações muito significativas para a economia mundial se partir para uma guerra comercial.
06:28Basta lembrar que as tarifas nos Estados Unidos, a tarifa média nos Estados Unidos,
06:34estava abaixo de 2% de uma maneira geral.
06:38Claro que há picos tarifários para alguns produtos,
06:41mas que, nesse momento, se essas medidas forem realmente implementadas,
06:48nós vamos estar chegando aí, na média, a algo da ordem de 20%.
06:52Então, é um aumento que nos leva de volta a tarifas médias que prevaleceram lá durante a década de 30.
07:02Professor Braga, a gente está à mesa aqui falando do que pode vir a acontecer com os Estados Unidos,
07:08que o Trump estaria colocando o país em risco de importar inflação, mexer com taxa de juros.
07:14Queria mudar um pouco aí essa lógica, a gente olhar para o outro lado do Atlântico,
07:18nessa guerra tarifária.
07:19E guerra tarifária, guerra econômica, tem muito mais mortos e feridos do que vencidos,
07:24olhando para a União Europeia, que tem uma dinâmica muito mais complexa,
07:28são 27 países, com realidades econômicas diferentes, é só comparar a Grécia com a Alemanha,
07:34mas todo mundo ali está amarrado em torno de uma moeda comum,
07:39ou praticamente todo mundo ali.
07:42O que isso pode causar na Europa nesse efeito dominó?
07:46Você empurra uma peça, vem derrubando outras.
07:49Por que? A Alemanha, a maior economia, não está lá nos seus melhores momentos.
07:54Depois, a França, segunda maior economia, idem.
07:57Itália, menor ainda, quer dizer, está numa situação mais complicada do que as outras duas que estão em primeiro e segundo lugar.
08:04Isso que eu estou falando das três maiores.
08:05Mas esse tipo de prejuízo que pode ser levado, importado também, ou exportado para a União Europeia,
08:12como é que isso pode criar uma dinâmica interna?
08:15Não, certamente vai complicar as relações entre as economias da União Europeia, as 27,
08:25e aquelas que têm o euro como moeda comum, que não são todas as 27.
08:32Nós temos que lembrar que o Banco Central Europeu,
08:36ele já entrou num processo de diminuição de taxas de juros,
08:41contrariamente ao que a gente observa nesse momento no FED, no Banco Central dos Estados Unidos.
08:50Mas, certamente, nós vemos aí um descompasso entre política monetária,
08:58onde você tem o Banco Central Europeu com a responsabilidade pela política monetária na União Europeia,
09:06e política fiscal, onde os países ainda têm graus de flexibilidade e você tem situações de países
09:15ainda com déficits fiscais significativos e outros que têm uma estratégia, vamos dizer, mais conservadora.
09:24Mas, como você mencionou muito bem, o país que era, vamos dizer,
09:28o ponto de referência para, digamos assim, uma política fiscal conservadora,
09:36era, sempre foi, a Alemanha.
09:39No entanto, nesses últimos meses, e isso está também associado com negociações com os Estados Unidos
09:48e a situação da guerra da Ucrânia,
09:51a Alemanha, como vários outros países da União Europeia,
09:56se comprometeram agora a aumentar significativamente as suas despesas, os seus gastos militares,
10:04eventualmente levando isso a 5% do PIB.
10:09Você provavelmente se lembra, na primeira administração do Trump,
10:13o senhor Trump colocava pressão para aumentar para 2% do PIB.
10:18Agora, ele está pedindo 5%.
10:20Moral da história, taxas de juros na União Europeia, de uma maneira geral,
10:26na economia mundial, elas tendem a se tornar mais elevadas nos próximos anos.
10:33E isso é particularmente preocupante para países como a Itália, por exemplo,
10:38que tem uma relação dívida-PIB da ordem de 130%.
10:44Queria agradecer os esclarecimentos do professor Carlos Braga,
10:48enfatizar e corrigir o erro que eu fiz no começo da apresentação,
10:51ex-diretor do Banco Mundial e professor de economia da Fundação Dom Cabral,
10:57sempre muito elucidativa a nossa conversa.
10:59Professor, muito obrigado mais uma vez, até a próxima.
11:02Obrigado.
11:03Obrigado.
11:04Obrigado.
11:05Obrigado.
11:06Obrigado.
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