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Em entrevista ao Agora, o apicultor Antônio Leopoldino, diretor da Casa Apis, relatou os impactos da tarifa de 50% imposta pelos EUA. Uma carga de 500 toneladas de mel pode não embarcar, gerando prejuízo estimado em US$ 6 milhões para produtores do semiárido brasileiro.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00Mari, fica aqui agora conosco porque a gente vai voltar a falar do tarifácio de Trump de 50% sobre produtos brasileiros
00:07porque essa medida já está afetando os setores da nossa economia.
00:11Depois de negociar com compradores norte-americanos, a empresa brasileira exportadora de mel conseguiu, enfim,
00:18enviar uma carga de 95 toneladas do produto que havia sido suspensa por causa do temor da sobretaxa.
00:25Mas outra carga, com cerca de 500 toneladas de mel, enfrenta impasse.
00:30E sobre esse assunto eu converso com o Antônio Leopoldino, que é apicultor e diretor-geral da Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro, a Casa Apis.
00:41Muito bom dia, tudo bem com o senhor?
00:44Bom dia, tudo bem, amigo.
00:47O Brasil exporta para os Estados Unidos cerca de 85% das suas vendas para fora do país.
00:54E essas 500 toneladas que tem aí, estão no impasse, se embarca ou não embarca,
01:01poderia ter um acréscimo de custo de 6 milhões de dólares.
01:05E isso traz um efeito muito negativo ali para o custo ou, na verdade, para o preço final aqui, para o produtor, não é mesmo?
01:15Exato.
01:18Nós estamos, no momento, eu queria até fazer uma pequena correção,
01:23porque nós estamos conectados com os demais parceiros no Brasil inteiro,
01:28ainda ontem tivemos conversando com a Confederação Brasileira da Apicultura.
01:32Na realidade, o mel brasileiro, ele é um mel, vamos dizer assim, que é tipificado,
01:40ele tem uma característica, é um mel orgânico, não é?
01:43E mel, nessas condições, o Brasil domina o mercado mundial, não é?
01:48Nós somos o décimo produtor de mel do planeta.
01:53Mas em mel orgânico, nós estamos em primeiro lugar, não é?
01:56O Brasil se especializou nessa produção, vamos dizer, de mel orgânico.
02:02E não é uma produção que você consegue em qualquer lugar do mundo, não.
02:05É muito complexo, você tem que ter a questão da preservação da natureza, vamos dizer assim,
02:12ter pasto ou apígola o suficiente para manter uma produção nessa escala.
02:18E o nosso mercado hoje está em torno de 50% para o mercado externo
02:25e 50% é consumido aqui no Brasil.
02:28Eu diria que a gente tem que começar a pensar nas saídas, não é?
02:33Porque nós estamos no Brasil e nós não temos o hábito de consumo de mel.
02:40Nós consumimos, em média, 90 gramas per capita ano.
02:45Enquanto que países europeus e da América do Norte consomem 1.200, 1.400 gramas de mel ano.
02:55Então, se a gente começar a trabalhar, se a gente aumentar a nossa produção e o nosso consumo de mel
03:03de 90 gramas para 300 gramas, nós não vamos ter mel para exportar, está entendendo?
03:08Então, assim, esses clientes lá fora são clientes tradicionais que já operam com a gente aí há 15, 18 anos.
03:15Eles também estão preocupados, eles precisam desse produto, não é?
03:20Então, é um momento, assim, que, em certeza, a gente tem que aguardar os acontecimentos,
03:25esperamos que as coisas voltem ao seu devido lugar e que a vida continue, não é?
03:31Então, nós temos contratos anuais, a gente passa o ano todo exportando.
03:36Sempre, quando a gente vai começar uma nova safra,
03:39ali no final do ano, a gente já está negociando com esses importadores
03:43para a safra seguinte, do ano seguinte.
03:45Então, não é uma exportação uma vez na vida única, não.
03:50É uma coisa do dia a dia.
03:52Toda semana a gente tem mel que ser embarcado aí nos Estados Unidos,
03:56que é o nosso principal comprador de mel.
03:59Do mel brasileiro, desse 50% que é exportado,
04:0380% está concentrado nos Estados Unidos, não é?
04:06Aqui na Casa Apes, no ano de 2022, 2023,
04:10nós concentramos esforços para mandar o mel para a Europa
04:13e conseguimos, em um único ano, mandar 40% da nossa produção para a Europa, não é?
04:19Então, a gente tem que aguardar as coisas e fazer um planejamento,
04:24se preparar, fazer negociação.
04:26A gente pretende continuar com esses clientes tradicionais,
04:30que a gente já tem até um laço, vamos dizer assim, de amizade.
04:33E eles também, a intenção deles é a mesma,
04:36da gente continuar junto, trabalhando, esperando aí o desfecho.
04:39Acredito que aí a diplomacia, né?
04:42A pressão, eu acredito que é dos dois lados,
04:44tanto aqui no Brasil, de nós produtores,
04:46como também lá dos importadores,
04:48que eles têm compromisso com os consumidores americanos.
04:52Antônio, entendi que no médio prazo aí,
04:55vai mexer em planejamento, vai ter que focar mais em mercado interno também,
04:59diversificar para onde envia, para dar mais segurança.
05:01Mas queria te perguntar agora, no curto prazo aqui, para agora,
05:06como é que é o consumidor lá norte-americano em termos de capacidade de pagar mais pelo produto?
05:11Quer dizer, claro, 50% é uma tremenda tarifa, muda muito,
05:16mas considerando que o mel brasileiro tem todas essas especificidades que você estava dizendo,
05:20de ser um mel orgânico, tem aí um histórico de sustentabilidade por trás,
05:23uma cadeia, que em tese conversa com o consumidor.
05:27Tem espaço para eventualmente fazer repasse de preço sem perder muito consumo lá?
05:33Como é que vocês avaliam o mercado consumidor lá nos Estados Unidos?
05:37Olha, o mel, nesses países, a Europa e a América do Norte,
05:45é um produto da cesta básica deles.
05:47Então, assim, também para substituir esse produto lá não é fácil.
05:51Então, eu não sei o que dizer, assim,
05:57pelo que a experiência que nós temos,
06:00eles são uma população muito resistente a esses aumentos de preço,
06:05mas, de certa forma, eles têm uma margem de lucro boa.
06:10A gente vende com moda, a gente vende o produto natural,
06:13uma natura, e lá eles agregam valor.
06:16Essas exportações geralmente são feitas para grandes atacadores
06:22que repassam esse mel para as outras empresas,
06:28as hackers, que vão fracionar esse produto e colocar nas redes de consumo.
06:33Então, é uma negociação que vai ter,
06:36é como você diz, não é de imediato, do dia para a noite,
06:39mas é um momento de crise, todo mundo tem que se mexer,
06:42tem que trabalhar para as coisas funcionarem.
06:44O que vai ser difícil é pagar uma tarifa de 50%.
06:51Aí é impossível, né?
06:52Ela se torna inviável as negociações.
06:56Então, vamos ter que buscar uma saída, vamos ter...
06:59Eu não posso te dizer hoje quem é que vai ceder.
07:03A gente vai ter que ter...
07:04A gente vai ter que ser maduro,
07:07ter paciência e negociar, né?
07:11Ah, entrar numa coisa.
07:13Antônio, até porque os Estados Unidos ou os compradores norte-americanos,
07:21se precisarem pagar mais pelo produto,
07:23vão ter que aumentar o custo para o consumidor.
07:26O consumidor, vendo o preço mais alto, pode diminuir o consumo do mel.
07:31Aí, das duas, uma.
07:33Ou o exportador brasileiro vai deixar de exportar o volume que vinha exportando,
07:39ou os Estados Unidos, os compradores vão buscar novos mercados,
07:42apesar da qualidade do produto brasileiro.
07:45Acaba buscando o produto em outros players,
07:48e aí você também prejudica aqui o exportador brasileiro, né?
07:53Exatamente.
07:53Agora, veja bem, a gente fica atento, né?
07:58A gente é aqui produtores, pequenos produtores,
08:01mas a gente procura se informar no dia a dia.
08:04Ontem eu vi aí alguns anúncios que até, vamos dizer assim,
08:07para nós é favorável.
08:09Os nossos concorrentes diretos é o México,
08:13e tem outro concorrente,
08:18que foi anunciado que eles vão para o Canadá.
08:21Então, ontem saiu também anúncio aí
08:23que o trânsito está taxando também, parece que 30%.
08:27A gente é 50%, eles são 30%, né?
08:29Tem uma diferença de 20%.
08:31Fica o preço mais barato lá, né?
08:32Mariana e o senhor Antônio.
08:34Eles vão ter mais poder de barganha, né?
08:37Vamos dizer assim,
08:37porque a tarifa deles que está sendo colocada aí pelo Trump
08:43é de 30%.
08:45É um pouco mais baixo do que a nossa, né?
08:47Então, como eu digo,
08:48vamos aguardar aí a diplomacia,
08:51como é que vai funcionar
08:53para a gente poder,
08:56ao final dessa história,
09:00a gente continuar a vida da gente, né?
09:02Para ser mais preciso,
09:03a taxação sobre o Canadá é de 35%.
09:06A gente falou patamar de 30%,
09:08mas a tarifa de Donald Trump
09:11é de 35% sobre produtos canadenses.
09:14Senhor Antônio Leopoldino,
09:15muito obrigado, viu,
09:16pela sua participação aqui no Agora,
09:18e todos esperamos aí
09:20que se resolva essa questão
09:23até pelo pequeno produtor do mel,
09:25que muitas vezes depende do mercado, né?
09:28Mariana Almeida também,
09:29dos Estados Unidos,
09:30para ter um crescimento
09:31e para fechar suas contas.
09:33Um ótimo dia para o senhor.
09:35Obrigado.
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