O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31) que o governo brasileiro recorrerá às instâncias adequadas, nos Estados Unidos e em organismos internacionais, contra as tarifas anunciadas recentemente pela Casa Branca sobre produtos brasileiros.
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00:00O governo federal acelera a resposta diplomática após confirmação dos Estados Unidos de ampliar a tarifa sobre produtos brasileiros.
00:09O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que o Brasil está longe do ponto de chegada, mas inicia uma nova etapa de negociação.
00:18Haddad classificou algumas medidas anunciadas pelos norte-americanos como injustas e antecipou que novas ações de proteção à economia serão lançadas nos próximos dias.
00:29Por isso eu vou à Brasília ao vivo falar com a repórter Fernanda Sete, que acompanha toda essa repercussão em Brasília.
00:36Oi, Fernanda. O ministro Fernando Haddad, eu estava até acompanhando você ao vivo ali no Agora, ele disse calibrar essa decisão de Donald Trump para ver agora quais atitudes tomar.
00:49O Brasil dificilmente vai retalhar, mas deve tomar alguma medida até para ajudar os outros setores ou começar a negociar setorialmente.
00:57É mais ou menos isso? Seja bem-vinda novamente aqui ao Real Time.
01:04Exatamente, Clay. Muito obrigada. Bom dia a você e a todos que nos acompanham.
01:09Retaliação foi algo que não foi falado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nem ontem.
01:14Pelas autoridades quando se reuniam aqui no Palácio do Planalto.
01:18Pelo que a gente consegue entender aqui dessa movimentação após a ordem executiva assinada por Trump,
01:24determinando essa tarifa de 50% para entrar em vigor aí no dia 6 de agosto, é o quê?
01:30Seguir com as negociações. Digamos assim, uma segunda rodada de negociações.
01:35E claro, nós falamos com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assim que ele chegou no Ministério, na manhã desta quinta-feira,
01:43e ele falou o seguinte, que o Ministério da Fazenda está sim calibrando ali aquelas medidas previstas no plano de contingência
01:51e que essas medidas serão apresentadas à Casa Civil e serão anunciadas nos próximos dias.
01:58Lembrando que esse plano de contingência foi elaborado pelo Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços,
02:06Relações Exteriores e também a Casa Civil.
02:08Ele contém ali vários cenários diversos, contém várias situações ali e já foi também entregue ao presidente Lula,
02:16mas após a ordem de serviço anunciada por Trump ontem, com certeza o Ministério da Fazenda está fazendo algumas modificações,
02:24como o próprio Haddad falou, está fazendo uma calibragem ali nessas medidas que estão no plano de contingência
02:30e segundo ele serão sim anunciadas nos próximos dias.
02:34Mas a questão de retaliação com certeza ficou de fora, porque a gente consegue perceber que a prioridade do governo federal
02:41é seguir com as negociações com os Estados Unidos, é seguir com o diálogo,
02:46até porque o ministro da Fazenda afirmou também na manhã desta quinta-feira,
02:50ele anunciou para toda a imprensa que vai se reunir com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos,
02:56Scott Bassett, que houve aí esse sinal verde da assessoria dessa autoridade norte-americana
03:02e que a reunião entre os dois vai acontecer.
03:05Ontem a gente já tinha falado que havia essa possibilidade de Haddad se encontrar com o Bassett nos próximos dias,
03:11mas por conta dessa viagem à Europa, onde ele está negociando questões comerciais,
03:17não pôde ocorrer na data prevista que o ministro estava querendo,
03:21mas já foi dado o sinal verde e sim, de acordo com a Haddad,
03:25essa reunião entre os dois vai acontecer e já foi confirmada pela assessoria de Scott Bassett.
03:32A gente sabe que as prioridades do governo federal é de fato reverter essa sobretaxa de 50%,
03:39tanto que as medidas, essa tarifa de 50% que entraria em vigor amanhã, no dia 1º de agosto,
03:46foi postergada para o dia 6 de agosto.
03:50Então, quais são as duas prioridades do governo brasileiro?
03:53Claro, primeiro, tentar reverter a sobretaxa e, segundo, é criar, anunciar medidas para proteger ali os setores mais afetados,
04:01os setores produtivos que podem trazer um impacto maior para a economia brasileira.
04:09Mas a gente sabe que cerca de 700 itens ficaram isentos dessa tarifa de 50%,
04:15mas a carne bovina e o café entraram aí como produtos que serão taxados.
04:23Então, de acordo com o Haddad, a gente questionou ele sobre essa questão também da carne bovina e do café
04:30e ele falou o seguinte, que vai tentar corrigir essas injustiças,
04:35ele falou que vai tentar reverter aí outros itens, mas priorizou também,
04:40falou dessa questão da carne bovina e do café e falou que pretende proteger a economia brasileira,
04:47corrigindo de fato essas injustiças, já que esses dois produtos foram taxados aí com essa alíquota de 50%.
04:57Além disso, a gente sabe, ontem foi assinada essa ordem executiva pelo presidente norte-americano,
05:02Donald Trump, que realmente coloca em vigor essa tarifa de 50% no dia 6 de agosto.
05:11Ou seja, a medida está prevista para entrar em vigor daqui a sete dias, daqui a uma semana.
05:17Então, a missão do governo agora, de acordo com essa fala do Haddad,
05:21é seguir com as negociações intensas, seguir com o diálogo com os Estados Unidos.
05:26E não, não houve fala sobre retaliação com os Estados Unidos, pelo menos neste primeiro momento,
05:33após essa ordem executiva assinada ontem, na quarta-feira.
05:38Então, Haddad falou que essa decisão dos Estados Unidos contemplou considerações do governo brasileiro,
05:45lembrando que cerca de 700 itens ficaram de fora do tarifácio.
05:49Então, o governo federal vai tentar incluir mais itens aí nessa lista até o dia 6 de agosto.
05:56E, claro, anunciar as medidas, como ele mesmo falou, para proteger as empresas brasileiras,
06:02o setor econômico brasileiro.
06:04Eu tirei um trechinho aqui da fala do ministro, onde ele fala o seguinte,
06:07estamos em um ponto de partida mais tabulado do que imagina,
06:11mas longe de um ponto de chegada.
06:14Há muita injustiça nas medidas que foram anunciadas, mas há correções a serem feitas.
06:20Nós separamos um trechinho da fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
06:24essa fala recente de agora, de manhã, desta quinta-feira.
06:28Nós separamos um trecho.
06:29Vamos conferir a fala dele agora.
06:32Nós estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava,
06:39mas longe do ponto de chegada.
06:41Há muita injustiça nas medidas que foram anunciadas ontem,
06:45há correções a serem feitas,
06:47há setores afetados que não precisariam estar sendo afetados,
06:51aliás, nenhum a rigor,
06:52mas há casos que são dramáticos,
06:56que deveriam ser considerados imediatamente.
06:59A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem
07:06de que finalmente vai agendar uma segunda conversa.
07:10A primeira, como eu havia adiantado, foi em maio, na Califórnia.
07:14Haverá agora uma rodada de negociações.
07:17Nós vamos levar as autoridades americanas
07:20com os nossos pontos de vista.
07:22E, obviamente, vamos recorrer nas instâncias devidas,
07:26tanto nos Estados Unidos quanto nos organismos internacionais.
07:32Vamos recorrer dessas decisões no sentido de sensibilizar
07:35que isso não interessa, não é o Brasil,
07:38não interessa a América do Sul,
07:40nós estamos no mesmo continente,
07:42nós temos que buscar mais integração,
07:44mais parceria.
07:45Você veja que o comércio do Brasil com os Estados Unidos,
07:48ele já representou, quando o presidente Lua tomou posse, em 2003,
07:54o comércio dos Estados Unidos representava 25% das nossas exportações.
07:59Hoje representa só 12%.
08:02Ou seja, ao invés de crescer, nós diminuímos.
08:05Então, nós temos que buscar mais integração, não menos.
08:07Então, essa atitude vai nos afastar, ao invés de nos aproximar.
08:13E nós queremos aproximação.
08:16Por quê?
08:17Porque o Brasil tem uma economia grande
08:19que não pode ser apêndice de nenhuma outra.
08:22Nem da China, nem da União Europeia, nem dos Estados Unidos.
08:24Nós temos que ter um equilíbrio.
08:26E a postura do presidente Lula, nos seus três mandatos,
08:30tem sido de buscar um equilíbrio no comércio.
08:32Nós estamos ampliando as nossas exportações,
08:35mas procurando equilibrar entre os vários destinos,
08:38justamente para não ter dependência de nenhuma dos blocos econômicos
08:45e poder funcionar a economia.
08:47Nós vamos lançar parte do nosso plano previsto,
08:51vai ser apreciado para ser lançado nos próximos dias,
08:55de apoio à proteção à indústria brasileira,
08:59aos empregos no Brasil, ao agro também, quando for o caso,
09:02que há casos em que isso pode acontecer.
09:05Dentro do plano de contingência já havia a previsão de medidas
09:10nessa direção.
09:12Nós vamos agora calibrar, justamente para a luz do que foi anunciado ontem,
09:17nós vamos fazer a calibragem para que isso possa acontecer
09:21o mais rápido possível.
09:22Os atos já estão sendo preparados aqui na fazenda
09:25para encaminhamento à Casa Civil.
09:28Então, eu penso que nos próximos dias nós vamos ter anúncios
09:30nessa direção.
09:31Mas o mais importante é mostrar que a atitude do Brasil
09:35tem sido a atitude correta.
09:38De argumentar, levar à consideração do governo dos Estados Unidos
09:44os pontos de vista sóbrios, serenos e maduros do Brasil,
09:49buscar mais cooperação.
09:50Nós temos um bloco econômico aqui, que é o Mercosul,
09:53que não pode sofrer com desequilíbrios internos,
09:57isso provoca um desequilíbrio.
09:59Então, há uma série de efeitos colaterais indesejáveis
10:03dessas medidas.
10:05Então, nós vamos, conforme eu disse, nós nunca saímos da mesa,
10:08não é agora que vamos sair.
10:10Tem setores que na pauta de exportação ele não é significativo,
10:13mas o efeito sobre ele é muito grande.
10:17Então, é isso que está sendo feito pelo MEDIC,
10:20pela Secretaria de Política Econômica,
10:22para que nós possamos, no anúncio do plano de contingência,
10:25delimitar as linhas de crédito, o apoio que vai ser dado a cada um,
10:30e a cada um segundo essa necessidade,
10:32porque, às vezes, o setor é pequeno, mas é importante para o Brasil
10:35manter os empregos e tal.
10:37Então, isso está sendo feito.
10:39Todo mundo vai se adaptar,
10:40e as negociações vão se aprofundar.
10:42Então, eu quero crer que nós vamos,
10:45da mesma maneira que conseguimos,
10:47nessa primeira rodada, vamos dizer,
10:49alguma sensibilidade,
10:51eu penso assim, se o bom senso prevalecer,
10:53nós vamos chegar do outro lado da piscina ali,
10:56são e são.
10:57A primeira coisa que eu disse,
10:58quando foi anunciado o tarifácio,
11:00foi, olha, vamos pagar mais caro o café da manhã,
11:02porque era açúcar de laranja,
11:04era café, era carne.
11:05Então, imaginava que algumas dessas coisas
11:08iam ser revertidas,
11:10como foram.
11:11Agora, a nossa maior preocupação naquela ocasião
11:14era o suco,
11:15por causa do tipo de integração da cadeia produtiva,
11:19que nós não invasamos o suco aqui.
11:21E tem uma indústria lá que faz isso e distribui.
11:24Então, tinha algumas questões
11:26que nos pareciam muito, assim, fora de propósito.
11:30É, e o suco de laranja,
11:32que acabou ficando fora dessa taxação,
11:35até porque estava incomodando muito lá
11:37o consumidor e o empresário norte-americano.
11:40Então, a gente vai dar uma olhadinha.
11:41Nesta lista do tarifácio de Donald Trump,
11:44aliás, dos produtos que ficaram de fora
11:48dessa taxação de 50%.
11:50Lembrando que, na verdade,
11:52são 10% mais 40%.
11:55Então, os 10% anteriores
11:56que Donald Trump havia definido
11:58no dia 2 de abril,
12:00continuam valendo para os outros produtos.
12:01Mas esses daqui ficaram, então, apenas com 10%,
12:04estão fora dos 50%.
12:06Então, a gente tem suco e derivados de laranja.
12:09São quatro itens, porque também tem o sumo, enfim.
12:13O suco de laranja é muito importante
12:15para o mercado norte-americano.
12:1670% do suco de laranja que os Estados Unidos compram
12:20vem do Brasil.
12:2270% do consumo do suco é o suco brasileiro.
12:26Inclusive, a empresa Johannes Food,
12:28que é um importador do suco de laranja,
12:30chegou a entrar com uma ação na justiça
12:32contra o tarifácio de 50% de Trump
12:35ao produto brasileiro, no caso, ao suco de laranja,
12:38porque tornaria o preço do produto inviável
12:42para os norte-americanos.
12:43Ia praticamente dobrar o preço
12:45e poderia também refletir na inflação.
12:48E a empresa Johannes Food,
12:50que é uma importadora,
12:51disse que não teria o produto para vender
12:53e poderia até ter desabastecimento
12:56de suco de laranja nos mercados norte-americanos,
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