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Donald Trump anunciou novas tarifas a 14 países e ameaçou tarifar o Brics. A especialista Denilde Holzhacker analisou os possíveis impactos dessas medidas na economia global, nas relações comerciais e na posição dos EUA no cenário internacional.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00O mercado financeiro reagiu com pessimismo ao anúncio das tarifas comerciais de 25% a 40% dos Estados Unidos sobre 14 países.
00:09Para falar sobre o impacto dessa nova rodada do tarifácio do presidente Donald Trump,
00:13a gente vai conversar com o Daniel de Rosacker, que é professora do curso de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing, a ESPM.
00:22Bom dia, professora. Seja muito bem-vinda ao Real Time.
00:25Bom dia, o prazer é meu, Marcela.
00:28Bom, como eu acabei de falar, os mercados não gostaram muito dessa nova rodada de tarifas aí, mas era algo já previsível, não?
00:36É, era algo previsível, mas havia uma expectativa de que os países poderiam, conseguiriam negociar uma diminuição dessas tarifas com os Estados Unidos.
00:49E com isso, diminui o impacto para o comércio global.
00:54O Trump estava sinalizando que havia avanços, de que poderia aceitar algumas das concessões,
01:06desde que os americanos ganhassem também a abertura de mercado.
01:11Então, por isso, o anúncio ontem e as cartas que foram enviadas geraram essa preocupação para o mercado.
01:22Acho que, principalmente, os países asiáticos, países importantes no comércio internacional,
01:32mas parceiros importantes dos Estados Unidos.
01:34E aí ficou a dúvida, né?
01:36Qual que vai ser, de fato, o encaminhamento para os outros países que ainda estão aguardando as suas decisões americanas.
01:47Então, era esperado, mas havia uma expectativa de que pudesse ser melhor o resultado.
01:59Então, com isso, agora os países também vão se articular, vão se reposicionar.
02:05E o que a gente tinha visto lá, Marcelo, no começo do ano, quando o Trump anunciou das tarifas,
02:12que iria impor tarifas, os governos ficaram num compasso de espera,
02:18os mercados ficaram num compasso de espera, e agora vão ter que realmente se adaptar.
02:24Isso vai ter custos para o consumidor final, inclusive para os próprios americanos.
02:31Isso vai ter custos nos arranjos das cadeias globais, de valor, de suprimentos.
02:41Então, todo o comércio global vai passar aí por uma necessidade de readaptação com esse novo processo mais de imposição de tarifas
02:53que os Estados Unidos, de fato, estão agora demonstrando que vão continuar e vão se manter nesse processo.
03:02Agora, professora, dado o histórico do presidente Trump, a senhora não acha que esse 1º de agosto aí também
03:08pode não ser exatamente a data em que as tarifas entram em vigor?
03:12Que pode ser apenas mais uma data para pressionar esses países?
03:15Pode, é parte da estratégia, né? A gente já viu ele fazendo isso em outros momentos, né?
03:22Ele impõe uma... faz uma ação de... muitas vezes bastante contundente e agressiva
03:32e depois faz movimentos de retração para conseguir espaço.
03:38O que o governo americano quer é concessões desses governos, abertura para produtos americanos,
03:46para o mercado americano, mas é que gera uma lógica de desconfiança muito grande dos parceiros.
03:56Eles estavam negociando, estavam na expectativa de que poderiam chegar a tarifas menores
04:02ou até conseguir aí acessos diferenciados.
04:08Quando recebe essa carta, posicionamento passa a ser um outro posicionamento.
04:13Então, isso gera uma lógica de confrontação maior.
04:20Pode ser que governos como o Japão, por exemplo, que já tinham sinalizado
04:25aceitar algumas das imposições americanas, abram ainda mais o seu mercado para o governo americano.
04:34E isso faz com que o Trump mude a posição.
04:39Mas ela também pode ser o outro cenário de esses governos irem buscar outros parceiros
04:45e com isso os americanos terem aí um custo ainda maior do que eles vão ter só em termos de tarifa.
04:52Então, agora a gente entrou numa lógica de um jogo de negociação
04:58que a estratégia que poderia ser de ganha-ganha passa a ser menor
05:06e passa a ser uma estratégia de quem vai perder menos ou quem vai ganhar mais.
05:11Então, negociação, isso sempre torna aí um ambiente muito mais incerto
05:15quando a gente tem esse tipo de negociação.
05:18É, a gente acabou de ver, inclusive, o ex-primeiro-ministro francês,
05:21o Michel Barnier falando que está virando uma situação de perde-perde, né?
05:25Que eu acho que é algo que ninguém quer.
05:27Como é que a senhora está vendo as negociações do Brasil com os Estados Unidos?
05:30Que tipo de desfecho a gente pode esperar dessa negociação comercial?
05:35Olha, o governo brasileiro está tendo muito a cautela na negociação,
05:40tentando aí não inflar os ânimos, né?
05:46E a relação com o próprio Trump, né?
05:50Mas, e temos uma posição de que não somos, não estamos no conjunto de países
05:58com maior déficit, então, com os Estados Unidos.
06:02Ao contrário, nós temos uma relação superavitária favorável aos americanos.
06:08Então, nos coloca numa posição diferenciada de negociação.
06:14Mas não significa que nós não teremos também as tarifas que já estavam sendo colocadas de 10%.
06:22Então, acho que esse é o que o governo, o que o governo brasileiro está buscando.
06:27Não ampliar uma possibilidade de ter mais uma onda de tarifas.
06:36A gente teve também, nessa semana, a posição e as declarações do Trump com relação aos BRICS.
06:44Então, o Brasil é um país dentro dos BRICS, que tem uma importância dentro dos BRICS.
06:49Então, faz com que a nossa posição também fique aí de possibilidade de uma retaliação maior
06:58para os Estados Unidos, dos Estados Unidos contra o Brasil.
07:02Então, a gente está andando como se estivéssemos navegando numa situação de muito,
07:09um rio de muita turbulência e que a gente está tentando se manter,
07:14o mais estável possível.
07:17Mas, com certeza, pela forma como os Estados Unidos vêm tratando,
07:21parceiros como o Japão, como Coreia do Sul, que são aliados americanos na Ásia,
07:28a gente pode esperar aí que com o Brasil a relação também não vai ser fácil.
07:34E, provavelmente, a gente vai ter aí uma onda de tarifas vindo na próxima etapa,
07:43provavelmente aí no segundo bloco de países que vão ser afetados pelas mudanças na política americana.
07:50Professora, do ponto de vista diplomático, eu queria comentar um outro aspecto da relação Brasil-Estados Unidos.
07:56Como é que a senhora viu o post que o Trump fez ontem reclamando da justiça no Brasil no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro?
08:03Eu acho que ela tem dois fatores.
08:09Um é parte dessa... ele fez primeiro uma posição sobre os BRICS,
08:14e os BRICS estavam acontecendo no Brasil,
08:18então, ela também demonstrando aí que está acompanhando o que está acontecendo dentro do bloco dos BRICS.
08:24Esse segundo post, ele é um post que tem, primeiro, uma questão interna.
08:32O Trump nunca escondeu que a sua principal preferência de lado político no Brasil
08:41é com relação ao ex-presidente Bolsonaro e aos grupos à direita no Brasil.
08:47Então, e vinha sendo instigado pelo processo interno brasileiro
08:56e pelas estratégias da própria direita brasileira a se posicionar favorável ao Bolsonaro.
09:03Então, aqui ele está indicando que no processo eleitoral brasileiro,
09:09que já começa a ser discutido,
09:13os americanos vão ter um lado que é o lado ligado ao Bolsonaro
09:19e aí fazendo aí uma diferença importante para o Bolsonaro.
09:24A outra questão dentro desse post tem a ver com a questão da justiça no Brasil
09:29e, principalmente, as discussões que o Trump vem fazendo contra outros países também,
09:39que é a questão sobre a regulação das redes sociais e da mídia social,
09:44visto aí como uma questão de cerceamento das liberdades de expressão
09:51e também de atuação das empresas, das big techs americanas.
09:58Então, aqui eu acho que a gente tem que olhar no seu discurso mais de apoio
10:03a um governo, a uma possibilidade eleitoral de mudança para um governo mais alinhado
10:11aos Estados Unidos, mas também a questão da justiça no Brasil
10:16associada às discussões sobre as big techs.
10:18Então, estão sinalizando que a posição americana vai ser firme
10:24com relação a qualquer decisão que tenha aí impacto para as big techs
10:29no processo do que a gente vem acompanhando também na justiça brasileira
10:34sobre a regulação das mídias sociais.
10:38E aí a lógica, todo o processo do Bolsonaro e pós 8 de janeiro
10:46envolve a questão da política interna e da polarização política no Brasil,
10:51mas ela também envolve essa posição sobre a questão das regulações das mídias sociais.
10:57Então, aqui o Trump mostrando que é semelhante ao que ele fez no Canadá.
11:03Qual que é o problema para o próprio Trump?
11:07É que se a gente olhar o exemplo canadense, todas as vezes que ele fez ações
11:12e se atuou diretamente no processo eleitoral canadense
11:19da mudança na saída do Trudeau, aumentou o peso anti-americano no Canadá
11:27e isso fez com que o partido que estava tendo muita dificuldade
11:33passasse a ter uma capacidade eleitoral muito grande
11:37e o partido conservador canadense perdendo espaço.
11:42Então, essa posição do Trump favorável diretamente
11:48e tendo uma intromissão na política brasileira
11:50pode também reverter para melhorar, inclusive,
11:55a posição do governo e do Lula que vem perdendo popularidade.
12:00Então, não necessariamente vai ser uma estratégia
12:03que vai resultar em uma posição positiva,
12:07inclusive para os grupos de direita no Brasil.
12:10Daniel de Rosacker, professora do curso de Relações Internacionais
12:14da Escola Superior de Propaganda e Marketing.
12:16Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time.
12:19Bom dia.
12:20Eu que agradeço. Bom dia.
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