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Os dados de emprego nos Estados Unidos vieram acima do esperado e adiaram as apostas de corte de juros pelo Fed em julho. O economista Sérgio Vale, da MB Associados, analisa os impactos para os mercados globais e o reflexo no Brasil, onde o câmbio recua e a inflação desacelera.

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Transcrição
00:00Vou conversar agora com o Sérgio Valle, economista-chefe da MB Associados.
00:04Sérgio, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite mais uma vez.
00:07Sempre bom ter você aqui com a gente.
00:09Bom, claro que a gente vai começar falando dos dados de emprego dos Estados Unidos.
00:14E eu vou direto para uma pergunta.
00:15Qual é o peso desses dados que foram divulgados hoje
00:19sobre um possível corte de juros agora em julho pelo Federal Reserve, o Banco Central Americano?
00:26Boa noite, Cris. Sempre um prazer falar com você também.
00:29Olha, vai colocar mais tensão na decisão de juros pela frente.
00:33Porque a gente estava vindo num ciclo de baixa do payroll,
00:36dos dados de mercado de trabalho ao longo dos últimos meses.
00:39Havia uma expectativa com o ADP, o dado privado que saiu alguns dias antes,
00:44que foi bastante ruim.
00:45Havia uma expectativa de que também o mercado de trabalho com payroll
00:49viesse bastante ruim no dado de junho.
00:51Isso acabou não acontecendo, o taxa de desemprego também não acelerou com força.
00:55Então coloca o Banco Central Americano em compasso de espera.
00:58Se havia ainda a ideia de que se tivesse piorado o mercado de trabalho agora,
01:03o FED talvez pudesse começar a pensar em baixar a taxa de juros nas próximas reuniões,
01:09esse resultado do payroll que a gente teve,
01:12em conjunto com os aumentos possíveis de inflação que a gente pode ver ainda
01:16no segundo semestre por conta das tarifas,
01:19coloca o FED numa situação de expectativa e de espera.
01:22Muito provavelmente na reunião de julho ele não vai se mexer,
01:26ele vai manter a taxa de juros onde ele está.
01:28E eu acho que ainda se mantém aquela ideia de duas quedas de juros esse ano,
01:33se nada mais extraordinário acontecer.
01:36Eu acho que não muda muito o cenário no final.
01:39Sim, mas aí a queda começaria não agora e sim daqui a duas reuniões,
01:43na sua opinião, é isso?
01:45Isso, exatamente.
01:46A gente não teria a queda agora.
01:48O FED sinalizaria, olha, o mercado de trabalho ainda está aquecido,
01:52a gente tem um sinal de expectativa em relação ao impacto das tarifas na inflação,
01:57que isso tende a acontecer ao longo dos próximos meses.
02:00Nada muito dramático, nada muito intenso, mas tende a aparecer.
02:04A gente já está vendo de forma secundária esses números aparecerem, esses impactos.
02:08Então, alguma coisa no CIPA e no PCE, nos indicadores de inflação americanos,
02:13tende a aparecer, especialmente ali em agosto, setembro.
02:16Então, é natural que o FED espere nas próximas reuniões e, eventualmente,
02:21quando começar a baixar a taxa de juros, porque, de fato, tem uma desaceleração
02:24na economia americana, que por mais que está meio nebulosa, ela está acontecendo.
02:29Eu acho que isso, de fato, acontece nas duas últimas do final desse ano.
02:33É, Sérgio, sobre a relação dos empregos nos Estados Unidos,
02:37os rumos da economia americana com o nosso mercado, com a nossa economia.
02:40Hoje, a gente viu o Ibovespa gostando muito dos números que foram divulgados lá.
02:46Pois é, a economia brasileira, né, Cris, está num cenário,
02:49a gente acabou de terminar o primeiro semestre, é positivo.
02:52A gente está vendo esse efeito no mercado de ações,
02:56taxa de câmbio está caindo ao longo das últimas semanas, com uma certa intensidade.
03:00A gente está vendo um cenário, não vou dizer de otimismo,
03:04mas de um certo positivismo que a gente está vendo acontecer agora na economia brasileira,
03:10e que é de vem do quê?
03:11É um cenário de que a gente passou por um pior momento muito complicado do Trump no primeiro semestre,
03:16a guerra de Israel e Ira talvez ainda tenha algum rescaldo no futuro,
03:23mas o pior nesse momento passou.
03:25A gente tem um cenário de que a gente tem ativos importantes de commodities,
03:30de energia renovável, a gente está numa parte do mundo que não é afetado de uma forma complicada
03:35do ponto de vista geopolítico.
03:38Crescimento está razoável, vai ser entre 2% e 2,5%.
03:40Inflação também está desacelerando, o que é um dado positivo,
03:44ela caminha para ficar abaixo até de 5% no final desse ano.
03:48Então, tem um cenário relativamente positivo.
03:51Obviamente o mercado também, né, Cris, incorpora aí uma questão política,
03:56essa ideia de que o cenário de 2026 está caminhando para talvez eventualmente ser favorecido para a direita,
04:03e o Lula demonstra cada vez mais muitas dificuldades políticas que vão se evolumando
04:08e leva a um problema na tentativa de reeleição dele no ano que vem.
04:12Então o mercado também, de certa forma, coloca um pouco esse cálculo político
04:15de que, olha, a gente deve ter uma troca no que vem, em 2027 a gente vai ter que fazer um ajuste fiscal
04:21e é melhor fazer um ajuste fiscal com alguém que tenha uma capacidade de fazer esse ajuste fiscal de fato.
04:26Então o mercado está um pouco comprado nesse grande conjunto de ideias, digamos assim.
04:30Tem uma economia que está relativamente bem agora e tem um cenário político
04:34que o mercado está fazendo essa construção neste momento positivo.
04:38Qual é a sua expectativa para o segundo semestre?
04:40Você continua otimista em relação à nossa economia, Sérgio?
04:44Eu acho que tem um segundo semestre relativamente tranquilo, Cris.
04:48A gente passa aquele primeiro semestre muito tumultuado que a gente teve.
04:52Vamos lembrar que a gente iniciou o ano ainda com o efeito do pacote fiscal de novembro,
04:58com a eleição do Trump, com as falas tempestuosas dele, com as decisões mais tempestuosas ainda que ele teve.
05:05A guerra que a gente teve agora em junho entre Israel e Irã foi um primeiro semestre
05:09que todos os indicadores de incerteza de política econômica que a gente conhece dispararam.
05:15Nunca tiveram tão alto na história comparado com outros momentos fortes da economia mundial,
05:20nos últimos 30, 40 anos.
05:22Então foi um primeiro semestre muito tenso.
05:24A expectativa do segundo semestre, quando a gente olha o Brasil, até lá fora também,
05:29é que o Trump vai continuar sendo o que ele é, mas tão grave e agressivo como foi no primeiro semestre,
05:36talvez não.
05:37E aqui a gente está num cenário que está tudo mais ou menos dentro do esperado.
05:41A economia está desacelerando, o mercado de commodities está indo muito bem,
05:46taxa de juros vai ficar ainda alguns meses em 15%,
05:49inflação está cedendo levemente.
05:52Então, assim, você não tem grandes tumultos, digamos assim,
05:55para acontecer na economia brasileira no segundo semestre.
05:57Isso é positivo.
05:58Significa que pelo menos você tem um horizonte de curto e médio prazo
06:01que traz alguma tranquilidade,
06:03porque está todo mundo se preparando para o ciclo eleitoral do ano que vem.
06:07Esse tende a trazer mais tensão,
06:09mas a gente vai começar a ver os impactos disso só no começo do ano que vem.
06:13Vou passar para o Alberto Azental para ele fazer as perguntas dele.
06:17Alberto, fica à vontade.
06:18Sérgio, bom te ver, boa noite.
06:22O FED tem como mandato combater a inflação e manter um nível baixo de desemprego,
06:28manter quase que pleno emprego.
06:31E o pior cenário para um banco central é a estagflação.
06:35Vamos separar.
06:36Em relação à inflação, o PC está em 2,3% e a ata do FONC prevê,
06:42ou tem uma expectativa para o final do ano de 3,0%.
06:45A ver se vai chegar nesse valor.
06:48Mas do lado de estagnação, a gente viu o payroll hoje.
06:53Será que sai do radar do FED o problema da estagflação?
06:59Tudo bem, Alberto.
07:00Sempre prazer falar com você também.
07:02Eu acho, Alberto, que em relação ao começo do ano,
07:06tudo que o Trump trouxe de incerteza,
07:08havia ali um cenário de uma estagflação muito mais crítica.
07:11A gente via um cenário de uma recessão mais profunda,
07:15de uma aceleração mais forte da inflação.
07:17A gente via um cenário muito mais complicado para a economia americana
07:20e para a economia mundial.
07:22Esse cenário de estagflação, de certa forma, ele permanece,
07:25mas muito mais atenuado.
07:27Depois de tudo que aconteceu, das tarifas que foram aumentadas,
07:31e onde mais ou menos elas estão hoje, devem ficar nos próximos meses,
07:34tem um aumento de preço, sim.
07:36Mas não é explosivo, não é crítico.
07:39A gente está falando de um CPI que vai para 3%, 3,5%,
07:43talvez no pior cenário ao longo desse segundo semestre,
07:45e tende a voltar a desacelerar mais à frente.
07:48E a economia americana, que está desacelerando,
07:51dependendo do indicador que você utiliza, do que você olha,
07:55não está sinalizando também nenhuma grande recessão,
07:58nenhuma grande queda na atividade.
08:00Então, eu diria que talvez a gente possa ainda passar
08:03no segundo semestre para uma leve estagflação,
08:06mas nada muito crítico.
08:07Isso não significa que a gente não vai ter momentos de tensão
08:10ainda nos próximos anos.
08:11O Trump, como eu tenho falado, ele é um choque permanente.
08:15A gente fala de choque na economia, que é um mês, um trimestre,
08:18uma recessão que dura um certo tempo.
08:20O Trump é aquele tipo de personalidade e presidente
08:23que toma ações que são permanentemente choques.
08:26E a gente vai viver isso durante quatro anos.
08:28Então, não dá para garantir que está tudo sob controle,
08:30está tudo certo, até algum outro momento que ele decide aumentar a tarifa
08:34ou fazer alguma decisão interpestuosa, a gente tem dificuldades.
08:38E não vamos esquecer um ponto central disso tudo, né, Cris Alberto,
08:41que a gente acabou não comentando aqui.
08:42Estados Unidos tem uma questão fiscal muito dramática, muito difícil.
08:46Tem um déficit esperado de 5 trilhões de dólares nos próximos 10 anos,
08:50com tudo que está sendo aprovado agora.
08:52Isso vai trazer e já está trazendo consequências econômicas negativas
08:56para os Estados Unidos que a gente precisa colocar na conta também.
08:58Então, acho que vai muito além da questão das tarifas que a gente está vivendo agora.
09:03Sérgio, muito obrigada.
09:04Como eu disse, é sempre um prazer ter você aqui com a gente.
09:07Volte sempre. Boa noite.
09:09Obrigado, Cris Alberto.
09:10Sempre um prazer falar com vocês também.
09:11E aí
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