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Em entrevista ao Real Time, o economista José Roberto Mendonça de Barros analisou os dados do IBC-Br de abril, que mostraram um crescimento de 4% na comparação anual, puxado pela agropecuária e pela resiliência do setor de serviços. Ele explicou por que o consumo das famílias segue forte, mesmo com juros elevados, e como isso influencia as decisões do Banco Central. O especialista comentou ainda sobre o cenário internacional, risco do petróleo, guerra tarifária nos EUA e a possível trajetória do dólar e da Selic até o fim do ano.


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Transcrição
00:00E o Banco Central acaba de divulgar o IBCBR, que é o índice que mede atividade econômica e serve como uma prévia do PIB.
00:07Para analisar os dados, eu converso agora com o José Roberto Mendonça de Barros, que é economista e sócio da MB Associados.
00:14Bom dia para você, seja muito bem-vindo ao Real Time.
00:17É um prazer estar aqui falando com você.
00:21Mendonça, a gente viu aí um avanço de 4% na comparação anual, que mostra um nível bastante aquecido ainda da economia.
00:28A que você acha que isso se deve?
00:33Bom, no primeiro trimestre, como você comentou largamente, foi a agricultura agropecuária que deu uma puxada bastante grande.
00:42O que permanece como muito resiliente é o setor de serviços, além da agropecuária.
00:50Tanto que ele cresceu o dobro do índice IBCBR em geral, cresceu 0,4%.
00:59E isso está refletindo, mais do que tudo, Marcelo, ainda o alto nível da renda real das famílias.
01:10Seja pelo que vem do mercado de trabalho, salários e todo esse tipo de rendimentos do trabalho.
01:17Seja pelas transferências públicas, INSS, Bolsa Família, todos os programas sociais.
01:25O fato é que a massa de renda real das famílias brasileiras está crescendo entre 4% e 5%.
01:31E, com isso, a demanda se mantém bastante forte.
01:36E aqueles setores, como os serviços especializados, que refletem mais o mercado mesmo,
01:43continuam tendo preços crescentes.
01:48E é exatamente a inflação de serviços que preocupa o Banco Central,
01:52que vai se reunir nessa semana, nós sabemos, na quarta-feira, terça e quarta-feira.
01:58Mas, enfim, o crescimento está acima do esperado, dada a taxa de juros,
02:05e é a resiliência do consumo das famílias, mais do que tudo,
02:09que se traduz nessa alta demanda por bens, mas especialmente por serviços.
02:14Aí tem aquele grande debate, né, Mendonça, que é assim,
02:16será que o Banco Central vai precisar manter os juros altos por muito tempo para conter a inflação?
02:21Mas a inflação tem dado sinais recentes de que está arrefecendo um pouco.
02:25Será que a gente pode chegar num cenário benigno de continuar com um crescimento razoavelmente bom,
02:31com a inflação, ao mesmo tempo, caminhando para a meta?
02:35Eu acho que a inflação realmente está dando sinais positivos,
02:39e a grande safra agrícola, mais do que tudo, está começando a mostrar seu valor.
02:44O preço de alimentação está caindo com alguma importância.
02:49Agora, o Banco Central, na quarta-feira, ele tem uma missão complexa, né,
02:54porque, de um lado, você mesmo noticiou logo antes de eu começar a conversar contigo
02:59sobre as agruras do IOF.
03:02Se o IOF original tivesse sido chance e sido aprovado,
03:08certamente o Banco Central não mudaria os juros,
03:10porque aquele IOF representaria o equivalente a uma alta de 0,25 ou mais da Selic.
03:18Como ele está subjúdice, digamos assim, e tem, aparentemente, boa chance de não acontecer,
03:24volta para o Banco Central ter que decidir.
03:27Tem essa pressão inflacionária, a economia está acelerada, o setor de serviços está puxando,
03:32e por isso tem muita gente, nós, inclusive, achamos que talvez mais 0,25 como sinalização,
03:37não é que vai mudar demais, mas é uma sinalização, seria relevante.
03:43Mais adiante, eu acho que vai ter tempo para a taxa real de juros ter o seu efeito
03:50em cima das empresas e mesmo das famílias, e a inflação pode realmente se reduzir.
03:56Talvez fosse o momento de um último sinal do Banco Central,
04:00de que ele olha seriamente a questão da queda da inflação,
04:03e daí para frente a gente podia olhar para o fim do ano com um pouco mais de tranquilidade,
04:08que em algum momento a taxa de juros começaria a ser reduzida mais para o final do ano.
04:14Existe uma ampla expectativa do mercado de que no segundo semestre
04:17a performance da economia não vai ser tão boa como está sendo agora.
04:22A NMD, vocês também trabalham com esse cenário?
04:25Exatamente, exatamente.
04:26Porque eu falei que a demanda das famílias está muito boa,
04:31mas a política monetária está fazendo muito efeito em cima das empresas.
04:36O indicador disso é que o número de recuperações judiciais, RJs,
04:40não tem sido pequeno, ao contrário, até maior do que se projetar.
04:45Por quê?
04:45Porque para as empresas o efeito da Selic já está acontecendo de forma muito intensa
04:52nesses últimos meses.
04:54Todas elas emitiram debêntures e outros papéis desse tipo,
04:58que são referenciados à Selic.
05:02Então, o custo financeiro das empresas já está subindo.
05:06E o sistema bancário e o próprio mercado de capitais
05:08está sendo muito mais seletivo na concessão de créditos das empresas.
05:12Então, pelo canal das empresas,
05:14nós achamos que realmente vai desacelerar no segundo semestre.
05:18E, posteriormente, em consequência a isso,
05:21também a demanda das famílias vai ficar um pouco menor ao longo do segundo semestre.
05:28Para o cenário internacional,
05:29o que você acha que poderia jogar um pouco de água no chope desse crescimento?
05:35Está feio o cenário internacional.
05:37Não está bonito, não.
05:38No dia de hoje, em vez de chope, é petróleo.
05:40Quer dizer, o maior risco realmente segue sendo o petróleo.
05:46Sempre é.
05:47Mas a guerra está se desenvolvendo no Oriente Médio,
05:51que ainda é o grande fornecedor do mercado oceânico de petróleo.
05:58Não comanda tudo, mas é muito importante.
06:01E esse receio, o Irã está em cima do Estreito de Ormuz,
06:04onde passa um terço do petróleo que se movimenta internacionalmente.
06:08Então, esse é o maior risco.
06:11O segundo risco que permanece,
06:14e esse não tem a menor perspectiva no nosso entendimento de acalmar,
06:18é a incerteza advinda da guerra tarifária do presidente americano.
06:22Porque não é só que as tarifas estão aumentando,
06:25é que a incerteza sobre elas é de tal natureza
06:29que tende a paralisar o comércio, decisões de investimento,
06:32e o PIB global vai sentir esse efeito.
06:37Todos os FMI, OECD, Banco Mundial estão reprojetando um crescimento desse ano
06:44menor do que a gente tinha.
06:46E essa incerteza continua.
06:48Então, o cenário internacional está difícil em geral e está difícil para nós.
06:55É que o Brasil, no setor de commodities, o que inclui o próprio petróleo,
06:58o petróleo, tem uma posição internacional muito robusta.
07:02Nós exportamos muito para muita gente.
07:05Então, para nós, a oferta de dólares, ela continua bastante forte.
07:09Mas o efeito em cima de preços, isso não tem muito como evitar.
07:14E no próprio crescimento, de alguma forma, um pouco mais adiante.
07:20Então, o cenário internacional está colocando,
07:22e o cenário geopolítico, recente, para o Banco Central,
07:26uma tarefa difícil.
07:28Eu diria que, provavelmente, a cautela tende a imperar.
07:33Assim como é seguro que isso vai acontecer com a reunião do FED,
07:36que também é nessa próxima quarta-feira.
07:39Já que você falou em dólar,
07:41vocês estão vendo aí na MB um dólar mais próximo de 5 do que de 6 até o fim do ano?
07:46Olha, 5 seria um pouco muito,
07:49mas talvez os 5,7, 5,6.
07:53Aí, sim, é possível.
07:56Exatamente porque nós vamos desacelerar aqui a economia,
08:01a taxa de juros bastante alta.
08:03Portanto, a entrada de capital, ele continua,
08:06pela balança comercial e pelo canal financeiro,
08:09bastante razoável.
08:11E com a diminuição da atividade,
08:14a demanda de importações também cai.
08:16Então, tem de tudo a acalmar.
08:18Eu acho que converge para o fim do ano menos inflação por causa dos juros,
08:25menos inflação pelos efeitos indiretos da taxa do dólar,
08:29que vai se manifestar,
08:31menos inflação por uma redução de demanda.
08:34Então, a coisa mais ou menos converge.
08:36Só que converge por uma nossa projeção de PIB de 2,2 para esse ano,
08:42é mais uma projeção de inflação ainda bem acima do teto da meta,
08:485,1, 5,2,
08:50o que vai continuar a ser um desafio para as autoridades monetárias.
08:55Está certo.
08:55José Roberto Mandonça de Barros,
08:57economista e sócio da MB Associados.
09:00Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time.
09:02Bom dia.
09:03Bom dia.
09:04Foi um prazer.
09:05Bom dia.
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