O PIB brasileiro desacelerou para 0,4% no segundo trimestre de 2025, enquanto o IPCS registrou deflação de 0,44%. Em entrevista ao Real Time, o economista César Bergo analisou crescimento, consumo das famílias e impactos da alta taxa de juros sobre investimentos e indústria.
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00:00Estamos de volta com o Real Time desta terça-feira para falar do IPCS, o índice de preços ao consumidor semanal, que caiu 0,44%.
00:11Todas as sete capitais pesquisadas pelo FGV Ibre registraram deflação. A mais forte foi no Recife, quase 1% negativo.
00:21E a gente segue falando de índices econômicos importantes para a economia brasileira, que desacelerou bastante no segundo trimestre.
00:30E nós vamos conferir os números divulgados há pouco pelo IBGE. Mais números aqui, né, Rodrigo Loureiro?
00:35Confira.
00:36A gente já mostrou aí uma pequena desaceleração no PIB no segundo trimestre para 0,4%.
00:42E aí a gente tem comparações no geral, né? De 23 para 24, então a gente tinha um acréscimo de 3,3%.
00:51Do primeiro trimestre, de 25 para 24, um aumento de 2,9%.
00:55E agora de segundo trimestre, de 25 para 24, 2,2% aí de alta.
01:03Eu acho que o que vale mais... Vamos excluir, eu acredito que não tem muito número.
01:06Vamos excluir essa tabela aqui, vamos olhar essas duas aqui, a primeira e a terceira.
01:10Para a gente ver como que foi o aumento de ano a ano, né?
01:14Porque o primeiro trimestre é um primeiro trimestre que é diferente, são meses diferentes, então fica difícil a comparação.
01:19Então, olha só.
01:20Fazer coisa sazonal, né?
01:21Exatamente.
01:22Então, o que chama atenção, Klein, o que eu estava falando, os números, tirando a questão da agropecuária, que caiu bastante em 2024,
01:29por isso que a gente teve depois um crescimento, olha só, 2,9% de queda, tirando a agropecuária,
01:35todos os números aqui são menores do que o crescimento que a gente teve em 2024.
01:40E aí é isso que preocupa, porque a gente deve ter um crescimento menor desse ano da economia, com uma taxa Selic mais restritiva,
01:48que atrapalha os investimentos, um dólar mais alto, que atrapalha também.
01:52Então, tudo isso deve acabar impactando para uma economia um pouco menor.
01:56Quando a economia cresce pouco, a gente tem uma menor geração de empregos, as pessoas acabam ganhando menos,
02:01você tem um poder de compra um pouquinho mais afetado.
02:04Então, é um número que preocupa, mas ainda a gente tem que falar.
02:08Está crescendo, num patamar até de forma saudável, se a gente pensar em toda a tensão global,
02:14mas é um número que não deve se repetir do ano passado.
02:16Mas, por outro lado, você consegue trazer a inflação um pouquinho mais para baixo,
02:20que é o que o Banco Central e o governo brasileiro tentam.
02:22O equilíbrio da atividade econômica, como você está dizendo, de PIB, de emprego e também da questão da inflação,
02:31que é a busca desenfreada e correta para trazer esse índice, pelo menos para dentro do limite da meta, que é de 4,5%.
02:39Hoje, a gente está já acima, as perspectivas são de fechar 2025 acima do teto da meta, não é isso?
02:46Exatamente, porque quando a economia é engraçada, porque a gente quer que a economia brasileira cresça,
02:53quer que o PIB brasileiro cresça, isso seria ótimo.
02:56Se a gente tivesse um PIB brasileiro crescendo no mesmo patamar de um PIB chinês, por exemplo,
03:01que cresce em 5%, 8% por ano, seria lindo.
03:04Só qual é o problema disso?
03:05Quando a economia cresce, quando você tem uma maior geração de empregos,
03:09quando o consumo aumenta, o que acontece?
03:10As empresas sobem os preços.
03:12E aí, quando você tem uma escalada de preços,
03:15muitas vezes você vê a inflação subindo além do poder de compra.
03:19Então, tudo fica um pouquinho mais caro, mas a população não está ganhando mais para pagar aquela conta.
03:23E aí você tem esse problema de inflação alta e você precisa corrigir.
03:27Então, a economia crescendo gera esse problema, um bom problema, mas que é um problema que pode ficar ruim.
03:34É um problema bom que pode ficar ruim.
03:36É isso.
03:36A gente vai continuar falando de PIB, só vou fazer um outro registro aqui que você estava falando.
03:40O consumo das famílias, um crescimento de 1,8%, é isso que você está falando.
03:45Aumenta o consumo, mas nem sempre tem tanto dinheiro para pagar.
03:47Aí entra uma série de questões, inadimplência e aí vira uma bola de neve e é isso que o governo,
03:52o Banco Central tentam aí equalizar.
03:55Já já a gente volta a conversar então, mas a gente vai falar novamente ou continuar falando de PIB,
04:01porque nós vamos conversar agora com o César Bergo.
04:06Ele é economista, sociólogo e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília.
04:12Oi, César.
04:13Muito bom dia para você.
04:14Seja bem-vindo aqui ao Real Time.
04:16É um prazer tê-lo aqui.
04:18Tudo bem?
04:20Bom dia, Eric.
04:21É um prazer, sobretudo sobre a economia engraçada que eu vi aí comentário.
04:26Ô César, a gente estava mostrando aqui uma desaceleração do PIB.
04:32Sai de 1,4% no primeiro trimestre para 0,4% no segundo trimestre.
04:38Esse número mostra já um enfraquecimento da economia brasileira?
04:42É, todo ano acontece isso, porque o primeiro trimestre é recheado pela agronegócio,
04:49que realmente foi um desempenho excepcional também esse ano.
04:52Acabou contribuindo para esse aumento do primeiro trimestre, 1,4%.
04:55Depois ele vai se enfraquecendo.
04:58O surpreendente, talvez, dos números de hoje foi a exportação.
05:02Não se esperava uma exportação tão forte, talvez levada até a questões do tarifácio.
05:07As pessoas anteciparam o envio de mercadorias para os Estados Unidos.
05:10Isso fez com que as exportações contribuíssem para que esse índice viesse um pouquinho acima do esperado pelo mercado.
05:16O mercado esperava 0,3 vezes 0,4, teve um pequeno ajuste do primeiro trimestre do IBGE de 1,4 para 1,3 e ficou mais ou menos a mesma história com relação a isso.
05:27O importante é que o Brasil vem crescendo acima de 2%.
05:31Embora a projeção do governo seja de 2,5, o mercado acredita que isso vai ficar um pouquinho abaixo ou mesmo 2%.
05:37É o mesmo número que o Banco Central entende.
05:39Portanto, esses números vieram dentro das expectativas de mercado, um pouco acima.
05:44E o surpreendente foi o setor de serviço, mais uma vez, que mostrou, capitaneando esses crescimentos que a gente está vendo aí,
05:50o setor terciário da economia ajudando bastante, porque talvez é aquele que menos sente os efeitos com relação à política monetária.
05:59Nós temos aí um mercado de trabalho aquecido, batemos o recorde agora de desemprego, a renda está sendo mantida,
06:07e isso ajuda o consumo também, como você mesmo mencionou.
06:10Então, eu vejo que os números vieram dentro do esperado.
06:14E a perspectiva para os próximos meses é de queda, realmente, da atividade econômica,
06:17como mostra o número, sobretudo em função da política monetária, viu, Eric?
06:21Professor César, e esse consumo das famílias, a gente viu um aumento aí.
06:25Isso é preocupante em relação à inflação?
06:30É, num tocante à análise do Banco Central, um consumo aquecido,
06:33faz com que o efeito da política monetária restritiva seja menor.
06:38Mas, do ponto de vista de mercado, se você consegue, com uma política restritiva dessa,
06:42que o Banco Central está praticando, manter o consumo num nível adequado,
06:47você tem também um lado positivo para a economia.
06:50Porque não tem a dúvida que a gente tem que mencionar que, economicamente,
06:54essa taxa de juros é bastante extorsiva.
06:56Nós estamos com a taxa de juros que é a maior do planeta, né?
07:00Ou seja, quase a maior do planeta.
07:02Se você considerar que tem um país em guerra, um país em crise,
07:04e o Brasil está ali entre eles, né?
07:06Você realmente fica preocupado.
07:09Que talvez essa taxa de juros, ela está, de alguma forma, impactando,
07:13sobretudo, o setor de indústria, que depende muito do crédito, né?
07:17Capital de giro.
07:18Então, a gente vê consumo aquecido, ele liga um lead lá, amarelo,
07:23lá no Banco Central, para efeito da manutenção dessa política restritiva.
07:27Mas, de todo modo, você tem as ajudas do governo com relação aos planos de assistência
07:33que o governo pratica.
07:35E também, agora, a renda também acabou melhorando, né?
07:40Crescendo setores que remuneram melhor o trabalhador.
07:43Então, a gente vê com bons olhos essa questão do consumo,
07:46mas, por outro lado, afeta-se a avaliação do Banco Central.
07:50É, indo ao encontro do que você estava falando,
07:52hoje o Brasil só perde em relação à taxa de juros para a Turquia
07:56e fica na frente, por exemplo, da Rússia, como você disse,
07:58que é um país que está em guerra, né?
08:00É uma taxa realmente restritiva, como diz o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
08:05e isso dá uma travancada nos investimentos.
08:08E é sobre isso que eu quero te falar,
08:09porque um dado preocupante que chama a atenção
08:12é a formação bruta de capital fixo, né?
08:14Quer dizer, os investimentos produtivos em máquinas e equipamentos, por exemplo,
08:18que ficou negativo.
08:19E isso pode ser reflexo justamente desse juro alto
08:23e também de um dólar aí que hoje está um pouquinho mais baixo
08:27que no início do ano, mas, mesmo assim,
08:28continua num patamar elevado ali na casa de R$ 5,50.
08:32Isso acaba tendo reflexos, né?
08:37Não tenho a dúvida, né?
08:38A questão aí da indústria de transformação
08:41está sofrendo muito nesse momento,
08:44que a gente está tendo em função dessa taxa de juros.
08:47A indústria extrativa acabou subindo.
08:49Mas você tem esse dado que é preocupante, sim,
08:53com relação à queda na atividade industrial.
08:57E também você tem um aspecto aí que você mencionou do dólar,
09:00que tem essa volatilidade,
09:01mais em decorrência da questão do exterior,
09:04na política monetária americana,
09:05se vai subir juros,
09:07tira a diretora do Fed,
09:09essas coisas, essas brigas lá do Trump,
09:11e realmente acaba afetando o dólar no mundo inteiro,
09:14e aqui no Brasil não é diferente.
09:15Tem que lembrar que o dólar chegou a bater R$ 6,40,
09:18e hoje está na faixa de R$ 5,40.
09:20Então, isso é positivo,
09:21porque isso vai baratear as importações.
09:24Mas a questão dos insumos e também dos bens de capitais
09:28é preocupante,
09:29porque você não renova a indústria.
09:31Agora, recentemente, o governo,
09:33até em função da pressão do tarifácio,
09:36acabou saindo um pacote
09:38que vai auxiliar a indústria
09:39para atualizar o seu parque industrial,
09:42sobretudo em função da adaptação
09:43de alguns produtos para outros mercados.
09:45Isso deve ajudar um pouco esses números aí.
09:48Agora, não tenha dúvida
09:49de que essa taxa de juros nesse nível
09:52realmente é restritiva.
09:55A gente aqui na consultoria
09:56entende até que no final do ano
09:58talvez seremos premiados
10:00com o início de uma reduçãozinha
10:02na taxa de juros,
10:03que eu acho que já poderia vir.
10:05Mas, obviamente,
10:06o discurso do Galipo é bem taxativo,
10:09que a taxa de juros vai continuar elevada,
10:11mas ele tem que fazer isso mesmo,
10:13inclusive para mexer com as expectativas de mercado.
10:15Mas, de fato,
10:16essa taxa de juros mantida por um longo período
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