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Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, analisou a reação da B3 ao recuo parcial do IOF e os impactos da medida sobre o crédito, atividade econômica e confiança dos investidores. Com dívida pública em alta, cortes no orçamento e incertezas fiscais, o cenário exige atenção redobrada.

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Transcrição
00:00A gente vai conversar agora com o Alex Agostini, ele é economista-chefe da Austin Rating.
00:04Boa noite para você, Alex. Obrigada por ter aceitado o nosso convite e estar aqui com a gente mais uma vez.
00:09Bom, Alex, apesar do ministro Haddad ter feito essa coletiva sobre a revogação parcial do aumento do IOF
00:15antes da abertura do mercado, a gente viu o índice Bovespa B3 operando em queda boa parte do dia.
00:22Primeiro, eu queria entender por quê e o que deu esse impulso final
00:26que acabou fazendo o índice virar e fechar no positivo.
00:30Olá, Cris. Boa noite. Mais uma vez, prazer estar aqui com vocês.
00:36Olha, hoje o dia foi bastante animado, né? O Maren comentou isso agora com entrevistado, né?
00:41E de fortes emoções. Bom, primeiro, mais uma vez, o governo age de forma atabalhada, né?
00:48Sem qualquer comunicação um pouco mais prudente.
00:52E claro que quando o governo fala, principalmente o ministro da Fazenda,
00:56os mercados financeiros reagiram, nesse caso reagiram de forma muito negativa.
01:02E ficou boa parte da manhã tentando se recuperar.
01:07O que fez mudar, pelo menos aquilo que nós acompanhamos, foi na parte da tarde.
01:11Ainda que Trump, Donald Trump, tinha anunciado que, olha, vou colocar ali tarifas diretas
01:18contra a União Europeia, em torno de 50% sobre as importações, né?
01:24Teve, na parte da tarde, um entendimento com relação à China.
01:29Ou seja, mais uma conversa.
01:32Então, isso acabou animando um pouco os investidores.
01:36E aí, lá nos Estados Unidos, como teve uma força também nos ativos,
01:40aqui, acabou refletindo um pouco isso.
01:43E claro, também, houve aqui internamente algumas questões locais.
01:50Por exemplo, as ações de bancos, tirando o Banco do Brasil,
01:53os bancos acabaram tendo uma melhora nas ações.
01:56Houve a questão da Braskem, que subiu mais de 9%.
01:59A Vale também teve uma pequena alta.
02:02A Petrobras também.
02:03Então, essas ações que pesam muito no governo acabaram tirando um pouco
02:06aquele mau humor do mercado.
02:08Mas, principalmente, é que o governo acabou recuando
02:12numa parte delicada, né?
02:13De todo o decreto anunciado do aumento do IOF.
02:16E no cenário internacional, houve ali trânsito,
02:19então, um pouco mais próximo da China.
02:22Eu queria continuar nessa questão do IOF com você, Alex.
02:25Porque, apesar desse recuo parcial,
02:28queria ouvir, na sua visão, quais são os possíveis reflexos
02:31do aumento do IOF sobre a nossa economia.
02:33Olha, poderia ser um reflexo muito mais negativo
02:39caso esse impacto todo na moeda estrangeira acontecesse.
02:43O que parece que não foi um estrago tão grande assim.
02:46O principal problema não é a elevação do IOF de forma direta.
02:51Então, por exemplo, nós vimos que vão aumentar os custos
02:54das empresas que vão tomar crédito.
02:57Crédito para financiar a produção vai aumentar,
02:59porque o IOF saiu ali de R$ 1,90 para R$ 3,90.
03:03Empresas que estão no simples também,
03:05se tomarem um crédito, vão ter um custo adicional.
03:08No final das contas, em parte, isso pode ter um aumento de preço,
03:12mas de forma um pouco pequena, um repasse do custo.
03:16Mas o principal sinal, Cris, é de fato a questão fiscal.
03:20Quando o governo adota esse tipo de medida
03:23para elevar a arrecadação, como o Vinícius Freire disse,
03:27de forma desesperada,
03:29é porque ele não está querendo ajustar a despesa.
03:33Ele não quer ajustar as suas contas reduzindo o gasto.
03:37E isso passa uma sinalização muito negativa para os investidores.
03:42Por quê?
03:43A gente sabe que todo aumento de gasto,
03:45ele vai acabar tendo um impacto na dívida pública,
03:49porque o governo vai precisar se financiar.
03:51E a arrecadação tem um certo limite,
03:54ainda mais agora que a gente pode entrar no segundo semestre
03:57com uma desaceleração da atividade econômica.
04:00Então, e aliás, foi isso que motivou o governo
04:02realizar um contingenciamento de R$ 20 bilhões do orçamento
04:08e um remanjamento de R$ 10 bilhões também do orçamento,
04:12porque ele viu que a arrecadação estimada não vai ser atingida.
04:15Então, essa sinalização fiscal é muito negativa para os investidores,
04:20porque a gente sabe que isso vai fomentando a inflação
04:23e, sem dúvida alguma, vai desaquecendo a economia,
04:26porque os juros vão ficarem elevados por um certo período de tempo.
04:30Inclusive, tinha até algumas apostas de alta de juros.
04:33A Austin acreditava que seria a última alta.
04:35De fato, agora, com a SOF, não faz mais sentido subir a taxa de juros no Brasil.
04:40Mas esse é o principal ponto que afeta, sem dúvida alguma, as famílias.
04:45Ou seja, a perda contínua de confiança na economia brasileira.
04:49Então, isso vai afetando o dinamismo de investimentos na economia.
04:54Os preços vão ficando cada vez mais caros,
04:56porque acredita-se que o governo vai continuar gastando.
05:00Essa é uma dinâmica muito negativa e que a gente vem observando já há algum tempo,
05:04não é de agora.
05:05Vamos passar para as perguntas dos nossos analistas.
05:08Vamos começar pelo Vinícius Torres Freire.
05:10Vinícius, por favor.
05:11Alex, queria retomar o que você disse sobre impacto na atividade.
05:16No Banco Central, já tem ideia de que isso vai ter impacto na atividade,
05:21mais ou menos equivalente com algum arrocho financeiro.
05:24Algumas instituições financeiras já estão fazendo essa conta,
05:26não sei se muito rapidamente ou não,
05:29como eu disse agora há pouco,
05:30de impacto equivalente a um aumento de 0,25 na Selic.
05:35Você tem alguma estimativa, alguma ideia de qual o tamanho desse impacto?
05:41Não, até porque, Vinícius, quando a gente olha o aumento da alíquota,
05:46ela sai de 1,9 para as empresas em geral, para 3,9.
05:50É um aumento significativo,
05:52mas o nível de alavancagem das empresas via tomada de crédito não está tão grande,
05:57porque já há muito tempo as empresas vêm entrando no mercado de capitais
06:02para tomar financiamento e crédito.
06:05Ou seja, ela sai do sistema bancário,
06:07isso já está acontecendo há vários anos, há mais de uma década.
06:10Então, o impacto sobre as empresas,
06:12e eu fiz um trabalho ontem com mais ou menos 6 mil empresas da nossa base de dados,
06:18e um terço delas não tinha alavancagem,
06:21ou seja, não tinha dívida onerosa.
06:23Então, é difícil a gente falar que, olha, vai ter impacto significativo.
06:27A princípio, não, por conta dessa exposição,
06:30esse nível de alavancagem não é tão alto.
06:33Sem dúvida alguma que existe essa expectativa, naturalmente,
06:36de afetar o crédito por conta do aumento do custo.
06:40Mas o impacto na produção é muito menor, por exemplo,
06:43do que o próprio aumento da taxa de uso, que já aconteceu,
06:47está no maior nível dos últimos 19 anos.
06:49Então, isolando o efeito do EF,
06:51é muito menor do que qualquer outra medida que o governo tem feito até agora.
06:55Vamos passar para o Alberto.
06:56Alberto, faz a sua pergunta, por favor.
06:58Alex, na medida em que o governo não enfrenta o problema com retidão e transparência,
07:05porque ele não faz uma reforma estrutural para atender os problemas de médio e longo prazo,
07:11ele fica empurrando o problema com a barriga,
07:14a minha pergunta para você é o seguinte,
07:16depois daquele pacote de novembro e o de ontem,
07:19quando revelaram que ao invés de 29 bilhões de déficit passou para 97,
07:26a pergunta é a seguinte,
07:28quais serão as novas surpresas até o final desse ano
07:33e o que ainda a gente vai ter de surpresa que vai nos assustar ao longo do ano que vem?
07:41Bom, Alberto, olha, é muito difícil, claro, a gente falar do que pode vir pela frente,
07:44mas o que vier, eu acho que a gente não vai ter nenhuma surpresa,
07:48porque você colocou muito bem,
07:49o governo não tem enfrentado o problema fiscal de frente,
07:52porque se ele quisesse, ele não tinha anunciado em novembro passado, por exemplo,
07:57quando ele fala no anúncio de corte de gastos,
07:59ele inicia falando de uma desoneração de imposto de renda para que dê até 5 mil reais.
08:05Não que isso não esteja correto,
08:07o governo até tem que fazer esse tipo de desoneração,
08:09o problema é que ele não tem a contrapartida,
08:12que são as receitas, para fazer frente ao nível de endividamento que continua crescendo.
08:17Então, o que o governo deveria fazer?
08:19Não existe mágica, ele deveria, primeiro, vender ativos públicos,
08:23o que significa?
08:24Vender empresas estatais, torná-las privadas, privatizar as empresas.
08:30Nós vimos na semana passada que o roubo dos Correios chegou a 2 bilhões de reais,
08:35e quem é o principal acionista dos Correios, único, aliás, tesouro nacional.
08:39Então, esse é um ponto.
08:41Outro ponto, o governo precisaria fazer, e você falou muito bem, reformas estruturais,
08:45a reforma administrativa, ela não sai da pauta, só fica ali falando o que precisa fazer.
08:52Precisa reduzir o tamanho do Estado, é impossível a gente ter uma carga de despesa
08:57com um pessoal tão grande como é no Brasil.
09:00E o terceiro ponto, que eu acho extremamente importante,
09:03é fazer um novo pacto federativo para descentralizar as receitas,
09:07ou seja, definir, de fato, não só as receitas que cada esfera de governo leva,
09:14município, Estados e o governo federal, mas também as despesas.
09:19Para isso, tem que entregar o dinheiro na mão desses gestores,
09:22que são prefeitos e governadores, e não o governo federal administrar e redistribuir.
09:28Então, isso está errado, e me parece que o grande problema pela frente é que
09:32está se esgotando as medidas de aumento de arrecadação,
09:37porque vai entrar naturalmente em desgaste com o Congresso Nacional
09:41há um ano das próximas eleições, que teremos no ano que vem.
09:45Então, o grande problema, a grande preocupação é como o governo vai equilibrar
09:49a necessidade de continuar contendo essa elevação da relação do tipo da bruta,
09:54que está crescendo, com a necessidade de manter o apoio político,
10:00e para isso ele vai ter que entregar valores para emendas parlamentares
10:04esse ano eleitoral, que será ano que vem, e será pouco que vai sobrar na conta
10:09do que nós chamamos de despesas discricionárias, que são investimentos.
10:14Tanto que ele teve que remanejar 10 bilhões agora, que foi anunciado ontem
10:18pelo ministro da Fazenda.
10:19Então, nós estamos entrando numa situação no qual a Austin Rede,
10:23como agência de classificação de risco, está muito mais inclinada
10:28para uma piora da nota do que com uma melhora da nota do país,
10:33como deseja o governo.
10:35Diferente do que o governo fala, isso não é um problema das agências de risco,
10:38é o governo que não fez a lição de casa, é o governo que não tirou a nota necessária
10:42para melhorar e atrair investidores.
10:44Vamos passar para a Júlia Lindner, também nossa analista lá em Brasília,
10:48para ela fazer uma pergunta para o Alex.
10:49Júlia.
10:52Alex, diante desse cenário nacional interno que você tem falado,
10:57e no início você chegou a falar pontualmente também da questão internacional.
11:00Eu queria saber como é que você vê a trajetória do dólar para esse ano,
11:04tanto com esse impacto dessas sinalizações do governo brasileiro,
11:07mas também com esse cenário Trump, tarifácio, essas incertezas todas.
11:13Júlia, boa noite.
11:14Bom, Júlia, boa pergunta.
11:16Para onde que vai a relação real dólar?
11:19A gente tem uma grande preocupação.
11:21Vale lembrar que no final do ano de 2024, no ranking que a Austin faz,
11:27de 118 moedas, o real foi a sexta moeda que mais se desvalorizou.
11:31Quando nós atualizamos esse ranking agora, em meados de maio,
11:35o real foi a quarta moeda que mais se valorizou.
11:39Então, o que isso demonstra?
11:41Que a gente ainda segue com uma fragilidade muito grande
11:43em relação aos fatores domésticos, principalmente porque
11:47quando houve a desvalorização, nós tínhamos os fatores externos pesando muito.
11:52E isso parece que saiu um pouco do radar,
11:54que foi principalmente essa postura protecionista de Donald Trump.
11:58Os conflitos geopolíticos também afetaram um pouco a expectativa da moeda,
12:03mas o que tem afetado é, saiu de cena a questão externa,
12:08a interna fica.
12:09Hoje, por exemplo, era um dia para o real ter uma valorização muito maior.
12:13Ela diria até que as condições em relação ao que entra de recursos no Brasil e o que sai
12:19é muito mais favorável a uma valorização do real.
12:23Isso só não acontece porque, infelizmente, ainda os investidores
12:27estão preocupados com essa dinâmica da política fiscal expansionista
12:32dada pelo governo.
12:34Então, olhando hoje para frente, nós temos muito mais fatores negativos
12:38que podem ainda afetar a cotação da moeda por uma tendência de desvalorizar o real
12:44frente ao dólar.
12:45Agora, é claro que, como é um ativo financeiro,
12:49qualquer informação positiva, mesmo que vim para o exterior,
12:52pode trazer esse real um pouco mais para baixo,
12:54porque ele quer valorizar, né?
12:55Ele quer ir ali para 5,50.
12:57O problema é que o governo sempre coloca uma pedra no meio do caminho
13:00e a gente acaba tropeçando nela e tendo um efeito negativo.
13:05Alex, muito obrigada.
13:06É sempre bom demais ter você aqui com a gente.
13:08Bom fim de semana.
13:09Que você volte mais vezes.
13:11Obrigado, Cris, e a todos.
13:12Bom fim de semana.
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