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Após meses de tensão, a China suspendeu o embargo de três metais estratégicos — gálio, antimônio e germânio — essenciais para microchips e energia limpa. O economista Igor Lucena analisou no Fast Money o impacto dessa decisão e os efeitos para o comércio global e o Brasil.

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Transcrição
00:00A gente fala que após um período de guerra, China e Estados Unidos estão começando a se entender.
00:05O país asiático suspendeu a proibição de exportações de três metais raros para a primeira economia do mundo.
00:11Estou falando dos seguintes metais, galho, antimônio e germânio.
00:15As restrições adotadas em dezembro lá de 2024 eram direcionadas aos produtos denominados de uso duplo,
00:23que podem ser utilizados tanto para fins civis quanto militares.
00:27E a gente vai entender melhor o que isso representa para o comércio mundial.
00:30A conversa é com Igor Lucena, economista e CEO da AmeriConsulting e doutor em relações internacionais.
00:37Tudo bem, Igor? Boa tarde. Bem-vindo mais uma vez ao Fast Money.
00:41Boa tarde, Natália. Felipe, é um prazer estar de volta com vocês.
00:44Bom, depois de meses, né, Igor, entre Washington e Pequim, a China então decidiu suspender essa proibição,
00:51ou seja, liberar a exportação de três metais estratégicos, já citei quais são, né,
00:56galho, antimônio e germânio.
00:58O que motivou essa decisão e o que ela mostra, assim, né, para o governo norte-americano?
01:03Qual que é o sinal que isso mostra? Manda.
01:06Olha, Natália, o que a gente está assistindo é um momento de desescalação
01:12do chamado conflito do ponto de vista comercial.
01:17Isso significa que os Estados Unidos e China vão começar gradativamente a tirar essas restrições
01:24que uns estavam impondo pelo outro, né?
01:27A China é muito mais dos metais raros, né, desses elementos que são fundamentais na produção
01:34de microchips de alta tecnologia, que são usados não só em veículos, em peças, em equipamentos,
01:42mas eles entram também na produção de equipamentos militares, né, então é muito importante esses pontos.
01:49E o segundo ponto é os próprios Estados Unidos também vão diminuir as suas restrições
01:56de exportação de softwares e outros equipamentos.
02:01Eu vejo isso como um bom sinal, as bolsas dão sinais positivos em relação a esses elementos
02:08e mostram que as duas economias são complementares.
02:11Até aqui no Brasil a gente teve um efeito que é o spillover, né,
02:16que existiu um questionamento se os veículos brasileiros e as fábricas que importam produtos americanos,
02:24sendo manufaturados, eles seriam afetados e a gente poderia ter uma paralisação
02:29do setor automobilístico brasileiro, mas não é isso que vai acontecer.
02:32A gente está vendo uma espécie de salvaguarda.
02:35Isso é para todos sempre?
02:36Natália, não.
02:38Obviamente, se a gente assistir outros embates geopolíticos,
02:44Estados Unidos e China podem, mais uma vez, aumentar as suas tarifas de um lado ou de outro,
02:50fazer restrições de exportação.
02:53E eu acho que os chineses entendem que talvez esse seja o ponto mais sensível do presidente Donald Trump.
02:58Por outro lado, os americanos não vão ficar parados esperando que isso possa acontecer novamente.
03:04As negociações com países como Austrália, Japão e até mesmo isso pode avançar no Brasil, apesar de estar um pouco parado,
03:11é importante porque os Estados Unidos entendem que hoje são extremamente dependentes.
03:16e a China, basicamente, 90% desses metais raros são refinados e tratados na China,
03:24apesar de a gente ter Brasil, Ucrânia, a própria Austrália como grandes fornecedores de matérias-primas raras,
03:32a gente ainda não tem tecnologia forte de exploração e nem de refino.
03:37Então, é um ponto importante, acho que Xi Jinping também faz um aceno em um momento que não só Donald Trump está na situação complicada
03:45do ponto de vista de popularidade, precisa melhorar a economia, diminuir o custo de vida americano,
03:52mas no lado chinês, Xi Jinping está vendo um crescimento que pode estar abaixo de 4%,
03:58um momento deflacionário na economia chinesa.
04:01A gente assiste também uma guerra de preços, principalmente no setor automobilístico, extremamente subsidiado
04:07e que os chineses estão tentando evitar que aconteça o que aconteceu no Japão na década de 80
04:14para que a China não entre em uma espécie de década perdida, com taxas de crescimento muito baixas.
04:19Então, não é do interesse de ninguém que houvesse uma continuidade dessa guerra comercial.
04:24Certo, obrigada pela explicação até aqui, né, Felipe, seu ponto agora.
04:28Legal, Igor. Boa tarde mais uma vez.
04:30Igor, a gente tem acompanhado essa questão das terras raras, né, a China tem usado muito
04:35esse poder que ela tem sobre a economia mundial para justamente controlar ali os seus estoques
04:40e a gente vê que dessa vez, apesar de ter sido liberado, os estoques estão muito em menores quantidades, né.
04:45Você acredita que isso é uma forma do governo chinês também controlar essas exportações
04:50e com isso colocar os Estados Unidos sempre numa posição um pouco mais defensiva, né,
04:54dependendo da China a cada rodada de negociações, por exemplo?
04:57Felipe, sim, eu acho que isso tem um sentido que, de fato, a questão dos estoques baixos coloca...
05:04Tem duas situações, né, coloca os Estados Unidos numa situação defensiva.
05:08Ao mesmo tempo, eles diminuem um pouco esses investimentos porque não há dentro da própria China...
05:16A gente fala de terras raras como se elas fossem em pequena quantidade, né, mas na verdade não.
05:21Elas têm... A quantidade delas é muito grande.
05:24A diferença é que, em comparação com outros elementos, como carvão, minério de ferro,
05:30assim sim, a quantidade é menor.
05:31Mas também demora muito mais para elas serem utilizadas.
05:36Há uma demanda na própria China menor, isso mostra um recrudescimento da economia chinesa.
05:43E há também uma espécie de demanda específica por esses tipos de produtos.
05:47Então, os chineses, eles não estão gastando tanto em altos níveis de estoques
05:53porque a economia estava, durante muito tempo, superaquecida do ponto de vista de estoques.
05:59A gente viu isso com carros, com imóveis e com outros elementos.
06:03Então, a China utiliza também os estoques baixos como uma maneira de pressionar os Estados Unidos.
06:08E lembrando, a China, como sendo um dos grandes players internacionais,
06:13quanto menos estoque ela produz e ela tem,
06:16maior se torna o preço individual de gramas ou de unidades métricas desses ativos.
06:21Então, também serve uma maneira de tornar esses ativos mais caros dentro da sua política de exportação.
06:27Igor, a gente está falando de metais que são cruciais para semicondutores,
06:32mas também energia limpa e defesa.
06:35O quanto dependente o mundo, especialmente os Estados Unidos,
06:37ainda é da China no fornecimento desses insumos?
06:40Tem outros players já atuando ou na iminência de entrar nesse jogo?
06:47Olha, a China tomou essa decisão há bastante tempo, Natália.
06:50Hoje, a China tem aí, dentro do ponto de vista de produção,
06:55porque a China tem um, como é que eu posso dizer, um território muito grande.
07:00Então, se a gente pegar essas terras raras, esses elementos da terra,
07:04a China tem aí algo em torno de 60%, 70% de tudo que foi mapeado hoje no planeta.
07:10Depois, vem países como o Brasil, a Ucrânia, a própria Austrália,
07:16que vem aí numa segunda, terceira, quarta posição.
07:18Lembrando, a gente não está com esse mapeamento todo feito.
07:21A China se antecipou muito a isso.
07:23O grande problema não é nem a possibilidade de existência,
07:28porque o Brasil poderia também ser um fornecedor muito grande para os Estados Unidos.
07:33O grande problema é que a China controla mais de 90% do processamento desses materiais.
07:38Então, não só a escavação, mas também a sua modelagem, a sua transformação em elementos
07:48que são diretamente utilizados dentro da indústria.
07:51Então, quando você tem um país só que basicamente comanda 90% desses elementos já pré-industriais,
07:59para assim dizer, já preparados para a indústria de alta tecnologia,
08:02mostra um controle muito grande.
08:04A China está com um poder econômico muito grande.
08:07E isso é complicado, porque parte da tecnologia de extração é chinesa.
08:12Então, eles têm uma certa dificuldade para aumentar a sua produção em outros países,
08:18porque isso diminui sua capacidade geopolítica.
08:21Mas acho que isso vai mudar.
08:23Acho que já há um movimento muito claro dos americanos com outros parceiros internacionais
08:27para explorar em outros países do mundo e diminuir essa capacidade de refino da China,
08:33que ainda é muito grande.
08:34Então, acho que a China tem um poder de mercado grande sobre essas terras raras,
08:39mas a tendência é que isso diminua ao longo dos anos,
08:41principalmente com parcerias com outros países.
08:43Brasil, Austrália também é muito grande.
08:45O Japão não tem tantas terras raras, mas tem tecnologia de exploração.
08:49Então, a possibilidade de joint ventures é muito grande no radar nos próximos anos.
08:54Sério. Felipe, mais um ponto.
08:55Igor, você lembrou bem outros países que têm a possibilidade de minerar as terras raras,
09:01mas não é só o fato de existir terras raras no espaço geográfico ali, vamos dizer assim.
09:08Você também tem aquele processo de mineração e isso a China detém essa tecnologia como ninguém.
09:14Quantos anos você acha que serão necessários para que outros países consigam adotar essa tecnologia
09:21e conseguir fazer a mineração em seus próprios territórios?
09:25Olha, o caso do Brasil é emblemático.
09:28A gente tem a Vale aí, que tem uma capacidade muito grande de produção de neve e ferro,
09:33de zinco e outros elementos, mas ela, por mais que seja uma empresa grande,
09:38ela não tem ainda essa capacidade.
09:40Empresas brasileiras estariam aí entre 5 a 10 anos para conseguir ter uma capacidade de mercado,
09:47exploração de terras raras e ainda operando no prejuízo sem sabermos um imediato nível de volume para chegar no zero a zero.
09:57Então, o que eu acho que vai acontecer daqui para frente vai ser uma espécie de unidade,
10:03de parceria entre países que têm terras raras, com empresas internacionais que já têm essa capacidade,
10:09mas muitas vezes não têm acesso geográfico a elas.
10:14Mas, independente disso, uma queda da participação da China como um player tão significativo,
10:20a gente só vai ver aí um espaço de aproximadamente 5 anos,
10:23que seriam prazos de início de obras e exploração até que essas empresas conseguiam chegar num break-even point.
10:32antes de 5 anos, a gente ainda vai ver a China dominando esses mercados durante muito tempo.
10:38Igor Lucena, economista, CEO da Amero Consulting, doutor em relações internacionais.
10:43Muito obrigada pela conversa ao vivo com a gente mais uma vez aqui no Fast Money.
10:47Ótima tarde e até a próxima.
10:49Muito obrigado e boa tarde a todos.
10:51Obrigado.
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