Márcio Sette, economista e ex-diretor do Brasil no BID, analisou ao vivo no Fast Money a expectativa em torno da nova rodada de negociações entre China e Estados Unidos, marcada para os próximos dias durante a cúpula da ASEAN. Ele explicou os pontos-chave da conversa, como terras raras, soja e chips de inteligência artificial, e detalhou os possíveis impactos econômicos e comerciais para o Brasil, incluindo efeitos sobre exportações, indústria e investimentos.
🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!
Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
00:00A China anunciou nesta quinta-feira que deve iniciar, nos próximos dias, uma nova rodada de negociações comerciais com os Estados Unidos, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático.
00:12Esse anúncio acontece após vários meses de trégua entre as duas maiores economias mundiais, que voltaram a travar uma nova batalha comercial neste mês,
00:21depois que Pequim anunciou um controle maior sobre a exportação de terras raras e tecnologias relacionadas.
00:26E a gente vai conversar sobre tudo isso agora ao vivo com o economista e ex-diretor do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento, Márcio Sete,
00:34que já está ao vivo aqui no Fast Money, para falar com a gente sobre essas expectativas em torno de um encontro entre Xi Jinping e Donald Trump
00:42e quais os possíveis reflexos econômicos e comerciais para o Brasil.
00:47E ainda tem o presidente Trump e Lula neste domingo, enfim, muita coisa para a gente conversar.
00:52Márcio, boa tarde, seja muito bem-vindo.
00:54Boa tarde, boa tarde a todos.
00:57Prazer te receber aqui, Felipe Machado, nosso analista, participa da conversa também, Márcio.
01:03Vamos lá, o que dá para esperar?
01:06Já foram tantas idas e vindas que está difícil a gente se perder, acompanhar e não se perder nesse noticiário.
01:14Me parece que agora a China procurou se municiar melhor de instrumentos de barganha que lhe permitam ter o maior controle da negociação.
01:28Esse momento é um momento muito especial porque, de um lado, a China não compra mais um grão de soja norte-americana,
01:38causando para o produtor norte-americano um problema duplo que se refere a não ter outro substituto à altura para poder vender aquela soja
01:46e, ao mesmo tempo, ter um problema de estocagem.
01:50Não há onde estocar tanta quantidade de soja que não foi vendida.
01:54Além do que, haveria um terceiro problema, que é o endividamento do produtor rural que esperava contar com a compra da China.
02:02Isso deixa o governo norte-americano bastante vulnerável perante os produtores rurais.
02:09Por outro lado, existe também a questão do controle de exportações para terras raras,
02:16algo que é questão não apenas para inúmeras indústrias, mas principalmente uma questão de segurança nacional para os Estados Unidos,
02:26uma vez que imãs de terras raras são usados para submarinos, para navios, para aviões, caças militares.
02:35E isso deixa os Estados Unidos numa posição bastante vulnerável na negociação.
02:39Então, há dois elementos de barganha muito fortes para o governo chinês na próxima negociação que virá.
02:46Certo, Felipe. Seu ponto agora.
02:47Oi, Márcio. Boa tarde para você.
02:49Márcio, você lembrou bem a questão das terras raras, né?
02:52É uma questão que a China está controlando ali, usando todo o seu poder para mexer com essa geopolítica mundial.
02:58E, do outro lado, os Estados Unidos com os chips de inteligência artificial.
03:01Eles também proibiram a venda para a China, restringiram ali a exportação para a China.
03:06Como é que você acha que esses dois vão ser os elementos básicos dessa conversa entre o Trump e o Xi Jinping?
03:13Olha, pode haver ali e haverá pedidos simultâneos de ambos os lados, não é?
03:19Tanto para uma restrição quanto para outra.
03:21É serem liberados para que os países voltem a ter acesso àquilo que lhes é tão importante.
03:27Então, realmente, isso vai ser colocado na mesa de negociação.
03:31Agora, um elemento fundamental será um pedido feito pelo governo norte-americano
03:36para que a China volte a comprar soja dos Estados Unidos.
03:40Isso é algo que é fundamental para o produtor rural norte-americano nesse momento.
03:44Então, ambos colocarão na mesa suas demandas.
03:48Mas eu lembro aqui que há aí, por parte da China também,
03:53um interesse nessa liberação por parte dos Estados Unidos,
03:57dos controles de exportação.
03:59A China tem interesse e isso vai ser decidido em conversa de alto nível
04:03entre os dois dignitários dos dois países.
04:07E, Márcio, historicamente, quando duas potências como o China e os Estados Unidos
04:13entram em diálogo ou param de dialogar,
04:16tudo isso acaba reverberando muito forte nas cadeias produtivas e em mercados emergentes.
04:22Que efeitos diretos nessas conversas que estão prestes a acontecer
04:25podem ter, então, aqui para o Brasil, especialmente na nossa pauta de exportações?
04:31Olha, o grande medo do produtor rural brasileiro
04:34é que o retorno das compras da China
04:39em relação à produção norte-americana de soja
04:42possa tomar mercado da soja brasileira.
04:46Na realidade, a China, de maneira alguma,
04:49deseja continuar comprando de um único grande produtor,
04:53que é o Brasil.
04:54Evidentemente, ela aproveitou,
04:56e o produtor brasileiro aproveitou muito bem essa janela para os embarques,
05:00enquanto a China não compra dos Estados Unidos.
05:03Mas o natural que seja é que haja uma alternância,
05:07inclusive entre produção de primeiro semestre e produção de segundo semestre,
05:12relacionada às estações do ano,
05:14e o fornecimento dos Estados Unidos à China se restabeleça.
05:18O medo do produtor brasileiro, para as exportações brasileiras,
05:22seria que a China passasse a comprar ainda mais dos Estados Unidos,
05:26quando comparado aos volumes anteriores.
05:28Se a China retorna às compras apenas nos volumes tradicionais,
05:33tudo continua como estava.
05:35Quanto à questão de terras raras,
05:37é um momento muito especial,
05:39porque se os Estados Unidos não encontrarem na China
05:42um fornecimento adequado,
05:44o Brasil desponta, não apenas como fornecedor,
05:48mas como um país que pode atrair investimentos norte-americanos
05:51para não apenas a extração das terras raras,
05:55mas para o processamento dessas terras raras.
05:58A China hoje detém a maior parte das reservas mundiais,
06:01mas a China detém também a maior capacidade de processamento.
06:05A partir do momento que o Brasil tenha,
06:07não somente extração, mas investimentos para processamento,
06:11isso é bom tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos,
06:14haver ali um parceiro hemisférico,
06:16que é o Brasil, no fornecimento dessas terras raras,
06:18e os Estados Unidos poderem contar com esse fornecimento
06:21fazendo investimentos aqui no Brasil.
06:23Então, é uma solução de ganha-ganha para os dois lados
06:26e reduziria também a dependência norte-americana
06:29do fornecimento atual que é feito pela China.
06:33Marcio, como é que você vê a questão da Venezuela
06:36nessa discussão entre China e Estados Unidos?
06:39Os Estados Unidos estão ameaçando a Venezuela,
06:41mas a Venezuela tem bastante negócio com a China.
06:43Você acha que tem alguma questão?
06:45Temos a outra questão, por exemplo, em Taiwan,
06:46também é uma outra questão que pode entrar na discussão.
06:49Como é que você vê esses dois problemas
06:51para serem resolvidos pelas superpotências?
06:55Bom, Venezuela detém maior parte das reservas mundiais de petróleo.
07:01E em nenhum momento as empresas norte-americanas
07:05da área de óleo e gás deixaram de fazer negócios com a Venezuela.
07:10Continuam lá, continuam fazendo negócios.
07:13Há interesse muito grande nesse setor,
07:15tanto que, apesar de todo o posicionamento político
07:18do governo norte-americano em relação à Venezuela,
07:21as empresas norte-americanas contam com acordos especiais
07:26para investimentos naquele país,
07:29para continuar fazendo exploração de petróleo.
07:31Então, a Exxon, por exemplo, está lá.
07:33Então, em nenhum momento cessou o interesse
07:36e os negócios na Venezuela.
07:38Quanto à Taiwan, existe a eterna reivindicação por parte da China continental,
07:46mas os Estados Unidos estão ali lado a lado de Taiwan,
07:50até porque existe uma questão com Taiwan hoje,
07:54que é uma dependência do fornecimento de chips e microprocessadores.
07:58E Taiwan é um tradicional fornecedor, é um tradicional fabricante,
08:02inclusive detém uma escala de produção
08:04da qual muitos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, dependem.
08:10Então, essa escala de produção,
08:12enquanto Taiwan for importante nesse sentido,
08:16os Estados Unidos terão interesse em protegê-la
08:18de qualquer invasão chinesa,
08:21a despeito de exercícios militares
08:23que a China costuma fazer ao redor de Taiwan.
08:26O Márcio, a gente ouve muito falar e percebe,
Seja a primeira pessoa a comentar