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Márcio Sette, economista e ex-diretor do Brasil no BID, analisou ao vivo no Fast Money a expectativa em torno da nova rodada de negociações entre China e Estados Unidos, marcada para os próximos dias durante a cúpula da ASEAN. Ele explicou os pontos-chave da conversa, como terras raras, soja e chips de inteligência artificial, e detalhou os possíveis impactos econômicos e comerciais para o Brasil, incluindo efeitos sobre exportações, indústria e investimentos.

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Transcrição
00:00A China anunciou nesta quinta-feira que deve iniciar, nos próximos dias, uma nova rodada de negociações comerciais com os Estados Unidos, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático.
00:12Esse anúncio acontece após vários meses de trégua entre as duas maiores economias mundiais, que voltaram a travar uma nova batalha comercial neste mês,
00:21depois que Pequim anunciou um controle maior sobre a exportação de terras raras e tecnologias relacionadas.
00:26E a gente vai conversar sobre tudo isso agora ao vivo com o economista e ex-diretor do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento, Márcio Sete,
00:34que já está ao vivo aqui no Fast Money, para falar com a gente sobre essas expectativas em torno de um encontro entre Xi Jinping e Donald Trump
00:42e quais os possíveis reflexos econômicos e comerciais para o Brasil.
00:47E ainda tem o presidente Trump e Lula neste domingo, enfim, muita coisa para a gente conversar.
00:52Márcio, boa tarde, seja muito bem-vindo.
00:54Boa tarde, boa tarde a todos.
00:57Prazer te receber aqui, Felipe Machado, nosso analista, participa da conversa também, Márcio.
01:03Vamos lá, o que dá para esperar?
01:06Já foram tantas idas e vindas que está difícil a gente se perder, acompanhar e não se perder nesse noticiário.
01:14Me parece que agora a China procurou se municiar melhor de instrumentos de barganha que lhe permitam ter o maior controle da negociação.
01:28Esse momento é um momento muito especial porque, de um lado, a China não compra mais um grão de soja norte-americana,
01:38causando para o produtor norte-americano um problema duplo que se refere a não ter outro substituto à altura para poder vender aquela soja
01:46e, ao mesmo tempo, ter um problema de estocagem.
01:50Não há onde estocar tanta quantidade de soja que não foi vendida.
01:54Além do que, haveria um terceiro problema, que é o endividamento do produtor rural que esperava contar com a compra da China.
02:02Isso deixa o governo norte-americano bastante vulnerável perante os produtores rurais.
02:09Por outro lado, existe também a questão do controle de exportações para terras raras,
02:16algo que é questão não apenas para inúmeras indústrias, mas principalmente uma questão de segurança nacional para os Estados Unidos,
02:26uma vez que imãs de terras raras são usados para submarinos, para navios, para aviões, caças militares.
02:35E isso deixa os Estados Unidos numa posição bastante vulnerável na negociação.
02:39Então, há dois elementos de barganha muito fortes para o governo chinês na próxima negociação que virá.
02:46Certo, Felipe. Seu ponto agora.
02:47Oi, Márcio. Boa tarde para você.
02:49Márcio, você lembrou bem a questão das terras raras, né?
02:52É uma questão que a China está controlando ali, usando todo o seu poder para mexer com essa geopolítica mundial.
02:58E, do outro lado, os Estados Unidos com os chips de inteligência artificial.
03:01Eles também proibiram a venda para a China, restringiram ali a exportação para a China.
03:06Como é que você acha que esses dois vão ser os elementos básicos dessa conversa entre o Trump e o Xi Jinping?
03:13Olha, pode haver ali e haverá pedidos simultâneos de ambos os lados, não é?
03:19Tanto para uma restrição quanto para outra.
03:21É serem liberados para que os países voltem a ter acesso àquilo que lhes é tão importante.
03:27Então, realmente, isso vai ser colocado na mesa de negociação.
03:31Agora, um elemento fundamental será um pedido feito pelo governo norte-americano
03:36para que a China volte a comprar soja dos Estados Unidos.
03:40Isso é algo que é fundamental para o produtor rural norte-americano nesse momento.
03:44Então, ambos colocarão na mesa suas demandas.
03:48Mas eu lembro aqui que há aí, por parte da China também,
03:53um interesse nessa liberação por parte dos Estados Unidos,
03:57dos controles de exportação.
03:59A China tem interesse e isso vai ser decidido em conversa de alto nível
04:03entre os dois dignitários dos dois países.
04:07E, Márcio, historicamente, quando duas potências como o China e os Estados Unidos
04:13entram em diálogo ou param de dialogar,
04:16tudo isso acaba reverberando muito forte nas cadeias produtivas e em mercados emergentes.
04:22Que efeitos diretos nessas conversas que estão prestes a acontecer
04:25podem ter, então, aqui para o Brasil, especialmente na nossa pauta de exportações?
04:31Olha, o grande medo do produtor rural brasileiro
04:34é que o retorno das compras da China
04:39em relação à produção norte-americana de soja
04:42possa tomar mercado da soja brasileira.
04:46Na realidade, a China, de maneira alguma,
04:49deseja continuar comprando de um único grande produtor,
04:53que é o Brasil.
04:54Evidentemente, ela aproveitou,
04:56e o produtor brasileiro aproveitou muito bem essa janela para os embarques,
05:00enquanto a China não compra dos Estados Unidos.
05:03Mas o natural que seja é que haja uma alternância,
05:07inclusive entre produção de primeiro semestre e produção de segundo semestre,
05:12relacionada às estações do ano,
05:14e o fornecimento dos Estados Unidos à China se restabeleça.
05:18O medo do produtor brasileiro, para as exportações brasileiras,
05:22seria que a China passasse a comprar ainda mais dos Estados Unidos,
05:26quando comparado aos volumes anteriores.
05:28Se a China retorna às compras apenas nos volumes tradicionais,
05:33tudo continua como estava.
05:35Quanto à questão de terras raras,
05:37é um momento muito especial,
05:39porque se os Estados Unidos não encontrarem na China
05:42um fornecimento adequado,
05:44o Brasil desponta, não apenas como fornecedor,
05:48mas como um país que pode atrair investimentos norte-americanos
05:51para não apenas a extração das terras raras,
05:55mas para o processamento dessas terras raras.
05:58A China hoje detém a maior parte das reservas mundiais,
06:01mas a China detém também a maior capacidade de processamento.
06:05A partir do momento que o Brasil tenha,
06:07não somente extração, mas investimentos para processamento,
06:11isso é bom tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos,
06:14haver ali um parceiro hemisférico,
06:16que é o Brasil, no fornecimento dessas terras raras,
06:18e os Estados Unidos poderem contar com esse fornecimento
06:21fazendo investimentos aqui no Brasil.
06:23Então, é uma solução de ganha-ganha para os dois lados
06:26e reduziria também a dependência norte-americana
06:29do fornecimento atual que é feito pela China.
06:33Marcio, como é que você vê a questão da Venezuela
06:36nessa discussão entre China e Estados Unidos?
06:39Os Estados Unidos estão ameaçando a Venezuela,
06:41mas a Venezuela tem bastante negócio com a China.
06:43Você acha que tem alguma questão?
06:45Temos a outra questão, por exemplo, em Taiwan,
06:46também é uma outra questão que pode entrar na discussão.
06:49Como é que você vê esses dois problemas
06:51para serem resolvidos pelas superpotências?
06:55Bom, Venezuela detém maior parte das reservas mundiais de petróleo.
07:01E em nenhum momento as empresas norte-americanas
07:05da área de óleo e gás deixaram de fazer negócios com a Venezuela.
07:10Continuam lá, continuam fazendo negócios.
07:13Há interesse muito grande nesse setor,
07:15tanto que, apesar de todo o posicionamento político
07:18do governo norte-americano em relação à Venezuela,
07:21as empresas norte-americanas contam com acordos especiais
07:26para investimentos naquele país,
07:29para continuar fazendo exploração de petróleo.
07:31Então, a Exxon, por exemplo, está lá.
07:33Então, em nenhum momento cessou o interesse
07:36e os negócios na Venezuela.
07:38Quanto à Taiwan, existe a eterna reivindicação por parte da China continental,
07:46mas os Estados Unidos estão ali lado a lado de Taiwan,
07:50até porque existe uma questão com Taiwan hoje,
07:54que é uma dependência do fornecimento de chips e microprocessadores.
07:58E Taiwan é um tradicional fornecedor, é um tradicional fabricante,
08:02inclusive detém uma escala de produção
08:04da qual muitos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, dependem.
08:10Então, essa escala de produção,
08:12enquanto Taiwan for importante nesse sentido,
08:16os Estados Unidos terão interesse em protegê-la
08:18de qualquer invasão chinesa,
08:21a despeito de exercícios militares
08:23que a China costuma fazer ao redor de Taiwan.
08:26O Márcio, a gente ouve muito falar e percebe,
08:30enfim, acompanhando aqui essas movimentações internacionais
08:33e o Donald Trump,
08:34que o Trump tem essa característica de técnicas
08:37não necessariamente convencionais ou diplomáticas
08:40e protocolares nas negociações, né?
08:43E essa tendência de aumentar a pressão
08:45e de ter que sempre terminar ali
08:48com uma sensação de ter conquistado uma vantagem.
08:51Essa técnica, essa linha de negociação
08:54tem espaço numa conversa com o Xi Jinping?
08:58Nesse momento, a pressão em relação à China
09:04não deverá ser tão grande
09:06quanto foi nas primeiras conversações.
09:09Na realidade, era necessário,
09:11agora que os Estados Unidos tivessem
09:13uma postura mais ganha-ganha
09:16do que única, exclusivamente, ganha,
09:19onde só um lado ganha.
09:20Então, os Estados Unidos vão buscar,
09:22provavelmente, nesse momento,
09:24abrir mão de certas demandas,
09:27inclusive, reduzir, uma redução tarifária
09:30será solicitada pela China
09:32para que a China possa ter mais acesso
09:34ou voltar a ter o acesso ao mercado norte-americano,
09:38porque não há espaço agora
09:40para uma negociação tão positiva
09:43por parte dos Estados Unidos.
09:45Os Estados Unidos têm reais necessidades
09:48quanto à compra de soja,
09:50quanto a terras raras
09:51e acesso ao mercado chinês,
09:53ao mesmo tempo que a China
09:55tem também necessidade muito grande
09:57de retomar o seu fluxo comercial
09:59com os Estados Unidos.
10:01Então, nesse caso,
10:02ambos os países precisarão
10:04fazer concessões na mesa de negociação
10:07e eu acredito que haja espaço
10:08até para redução tarifária
10:10para que se chegue a um bom termo negocial
10:13e se possam restabelecer
10:15as linhas de comércio de sempre.
10:17Talvez não retorne ao nível tradicional
10:20por conta do valor das tarifas,
10:23do volume das tarifas impostas,
10:25mas se já recuar alguma coisa,
10:28já vai ajudar bastante
10:29os dois países a recuperarem o mercado.
10:32Marcelo, você lembrou bem
10:34a questão da relação entre Estados Unidos e China
10:37na questão da soja, por exemplo,
10:39que a China deixou de comprar
10:41soja dos Estados Unidos,
10:42passou a comprar do Brasil, da Argentina.
10:44Em que outras áreas
10:46o Brasil pode ser impactado
10:48por uma nova relação
10:52entre Estados Unidos e China?
10:53Há alguma outra área
10:54que pode influenciar
10:55na relação entre China e Brasil,
10:58na relação entre Estados Unidos e Brasil?
11:00Como é que você vê isso?
11:02Olha, o que acontece
11:03é que a China,
11:05basicamente,
11:07ela vai tentar na mesa de negociação
11:09retornar aos patamares
11:11prévios à imposição das tarifas recíprocas.
11:15Basicamente, o objetivo é esse.
11:17Já tinha havido negociação em 2019,
11:21já tinha havido retrocesso,
11:23já tinha havido processo inflacionário global.
11:26A questão é que não dá para ficar do jeito que está,
11:28até porque mantidas as atuais reciprocidades
11:33no sentido de dificultar o comércio um do outro,
11:37o efeito global,
11:38inclusive para o Brasil e outros países,
11:40é um aumento de inflação
11:43que se propaga por todos os mercados do mundo.
11:47Por outro lado,
11:48o Brasil também precisa ficar de olho,
11:51porque o que acontece é que,
11:52na medida em que a China perde mercado
11:55dentro dos Estados Unidos,
11:57a China direcionará seus produtos manufaturados
12:01para o Brasil,
12:02aumentando as importações no Brasil
12:04de manufaturados chineses,
12:06a depender do volume,
12:08poderá significar uma situação de maior risco,
12:12de maior competição para a indústria brasileira,
12:15que já vem se arrastando ao longo dos anos,
12:19tentando obter resultados mais satisfatórios
12:21diante de produtos que entram aqui no país,
12:24muitas vezes com preços desleais,
12:27com competição desleal,
12:28que é a questão do dumping,
12:29muitas vezes com quantidades
12:32que podem afrontar a competição local,
12:36ou até a questão de subsídios,
12:37mas não é o caso da China,
12:39mas a grande questão é a questão do preço
12:41do produto chinês
12:42e os volumes de produtos chineses
12:44que poderão aumentar nos próximos meses
12:47se não houver uma facilitação
12:50por parte dos Estados Unidos
12:51para que os produtos chineses
12:52voltem a entrar no mercado norte-americano.
12:54Nesse caso,
12:55os produtos serão direcionados
12:56para o grande mercado brasileiro
12:58e o setor industrial brasileiro
13:01deverá estar preparado para concorrer,
13:04para se defender,
13:05porque a competição vai ser bastante grande.
13:08Com certeza.
13:09Quero agradecer,
13:09Márcio Sete Fortes,
13:11economista e ex-diretor do Brasil
13:13no Banco Interamericano de Desenvolvimento,
13:16pela conversa ao vivo aqui com a gente
13:17no Fast Money.
13:18Muito obrigada.
13:19Ótima tarde.
13:21Obrigado.
13:21Obrigado a todos.
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