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O Comitê Central da China divulgou as diretrizes do 15º Plano Quinquenal, destacando crescimento econômico, autossuficiência tecnológica, fortalecimento militar, transição verde e estímulo ao consumo interno. O doutor Matheus de Freitas Cecílio analisa como essas prioridades moldam a economia chinesa e sua estratégia global.

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Transcrição
00:00Após quatro dias de reuniões a portas fechadas, o Comitê Central da China apresentou o plano econômico para os próximos cinco anos.
00:10As principais metas estabelecidas foram o rápido desenvolvimento econômico, a autossuficiência tecnológica e o fortalecimento do poderio militar chinês.
00:21Sobre esse assunto eu converso com o Matheus de Freitas Cecílio, doutor em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ.
00:34Matheus, obrigado por ter aceito aqui o nosso convite para a gente bater um papo.
00:38Bom, a gente sabe que aí detalhadamente este documento, fruto das discussões do Comitê Central, devem sair lá para fevereiro, no começo, no próximo trimestre, no começo de 2026.
00:52O que o Comitê fez hoje foi dar uma pincelada desses tópicos que foram estabelecidos como meta aí de 2026 a 2030.
01:02Cá entre nós, principalmente você que estuda muito a política internacional, doutor no tema, não temos grandes novidades.
01:13O que me chamou a atenção, talvez seja uma falta de explicação, é quando a gente olha para o consumo interno da China.
01:22Imagino que a China tenha chegado nesse patamar de que, tendo estabelecido ou tendo se estabelecido como grande manufatura mundial, sendo um polo de exportação, agora os óleos, e não é de hoje, se voltam para o consumo interno, que é sempre um patamar muito importante para qualquer grande economia.
01:43O que a gente pode, vamos começar por aí, o que a gente pode entender dos planos da China para o consumo interno?
01:52Boa noite mais uma vez.
01:54Boa noite, Marcelo. Obrigado pelo convite, é um prazer estar aqui com vocês.
01:58De fato, como você mencionou, não houve muitas surpresas com o 15º plano quinquenal.
02:05O que a gente teve hoje, na verdade, foi a emissão das recomendações do Comitê Central.
02:11Então, como você bem pontuou, o plano quinquenal ainda vai ser referenciado, vai ser desenvolvido, e a sua forma final, digamos assim, só acontece mesmo no ano que vem.
02:22Mas a gente já sabe, a gente já consegue ter, em linhas gerais, o quadro mais macro daquilo que a elite da liderança política do Comitê Central,
02:32a liderança do Partido Comunista da China, acha que deve ser, que deve estar nesse próximo plano quinquenal.
02:38E a gente consegue, dessa forma, entender o quadro mais macro, né, essas pinceladas.
02:44De fato, esse era um dos aspectos que os analistas mais tentavam entender, tentavam especular,
02:51realmente como que a liderança do Comitê Central veria a questão do consumo interno.
02:58Muito foi dito sobre isso, né, a questão da China ser uma nação de poupadores,
03:02uma nação que exporta muito, portanto, poupa bastante, e inclusive os analistas americanos prestam bastante atenção nisso, né,
03:11e em alguns deles até buscam enquadrar a relação China-Estados Unidos através dessa chave.
03:17Os americanos consomem muito, os chineses poupam muito,
03:21e, portanto, isso seria uma das explicações por detrás da relação comercial desequilibrada entre as duas nações, né.
03:27E, de fato, esse tema de reequilibrar a poupança, de reequilibrar o consumo interno,
03:33fortalecer a economia doméstica, tem aparecido nos últimos planos quinquenais,
03:38isso era um tema que tinha aparecido no 14º plano quinquenal,
03:42que é o plano que a gente está se despedindo agora, né,
03:45e ele voltou a aparecer de maneira mais indireta agora nas sugestões do Comitê Central.
03:51De maneira mais explícita, o que a gente tem é a expressão de um desejo de fortalecer a capacidade,
04:00o bem-estar social na China, então a gente tem menções explícitas ao aumento de uma rede de seguridade social,
04:08as transferências às famílias, aos aposentados,
04:11tudo isso faz parte de um plano do Comitê Central,
04:15para que a gente consiga ter uma rede de seguridade social mais robusta na China,
04:21e isso estimula as pessoas a consumir mais,
04:23dessa forma podendo solidificar, estruturar um perfil de consumo mais robusto na China,
04:31e que ela não fique somente dependente das exportações ou do acesso ao mercado internacional,
04:36que é cada vez mais ameaçado pelas tensões geopolíticas, especialmente com os Estados Unidos.
04:41Matheus, claro que depois de uma reunião com 200 integrantes, 4 dias a portas fechadas,
04:48o documento, as diretrizes são muito mais longas, muito mais robustas.
04:55Eu trouxe aqui apenas alguns tópicos para a gente conseguir, talvez, tentar destrinchar aqui, Smilsar.
05:05Autossuficiência científica e tecnológica.
05:08A China se torna aí uma potência, é uma referência internacional do carro elétrico,
05:15da bateria de lítio, da inteligência artificial, da exploração espacial,
05:21o que deixa ela no rol das grandes potências mundiais, junto com o Japão, Estados Unidos, Europa Ocidental.
05:28O que falta ainda?
05:29Por que eles colocaram essa autossuficiência científica e tecnológica?
05:33Confesso que isso me chamou a atenção, como se eles já não tivessem chegado nesse patamar?
05:40Pois é, isso chamou a atenção de alguns analistas que analisaram a emissão desse comunicado hoje.
05:49Como você bem disse no início, como não trazia muitas mudanças em relação ao último plano quinquenal,
05:54a gente acabou prestando mais atenção até na ordem em que alguns temas aparecem.
06:00Como é clássico na sutileza da política chinesa, que muito é dito nas entrelinhas,
06:05até mesmo a ordem em que esses temas apareciam no comunicado foi analisado e pode ser interpretado
06:12como uma mensagem daquilo que é mais prioritário, daquilo que deixa de estar em foco e assim por diante.
06:18A questão da autossuficiência, Marcelo, eu interpreto muito como sendo uma resposta aos desafios externos.
06:25A gente sabe que hoje, evidentemente, sob a jurisdição da China,
06:30há uma gama de cadeias produtivas basicamente completas.
06:35A gente tem uma série de indústrias e de cadeias produtivas que começam e terminam com a China.
06:41A China tem um papel central, age como um nódulo em várias cadeias produtivas extremamente sofisticadas
06:49e importantes do mundo, mas, de fato, esse desejo de autossuficiência, do meu ponto de vista,
06:58se comunica muito mais com as tensões externas que têm aparecido para os planejadores chineses,
07:03ou seja, logo, logo, nós poderemos não ter acesso a certos materiais, a certas cadeias produtivas
07:11que, porventura, estejam sob controle americano e, portanto, nós precisamos agora não só dar passos relevantes
07:20no salto qualitativo das cadeias produtivas, mas nós também precisamos ter autossuficiência.
07:26E a autossuficiência foi o segundo tema citado por esse comunicado, portanto, já muito próximo do topo
07:33e que se comunica de uma maneira muito explícita com o tema central do plano quinquenal,
07:39que é o desenvolvimento das forças produtivas de alta qualidade.
07:43Esse é, de longe, o tema que mais aparece.
07:46Se você buscar ali os temas mais recorrentes, a palavra, o termo que você mais vai encontrar
07:52vai ser as forças produtivas de alta qualidade, o desenvolvimento de alta qualidade.
07:57Do meu ponto de vista, a questão da autossuficiência se comunica com o desejo de continuar esse upgrade manufatureiro,
08:04de continuar esse upgrade tecnológico, justamente porque a China vem experimentando certos espinhos aí na arena internacional,
08:12certas desavenças com os Estados Unidos e com o Ocidente de maneira geral,
08:17e, portanto, a autossuficiência aparece aí como um requisito para que o Partido Comunista
08:22continue com o seu processo de desenvolvimento produtivo de alta qualidade
08:27e de crescimento direcionado nesses setores de alta qualidade e de tecnologia.
08:33Claro, Matheus, que é um tema muito complexo, né?
08:36A China já requer muito tempo para a gente fazer uma análise mais esmiuçada,
08:41mas é uma pena que a gente tem pouco tempo aqui.
08:45Para encerrarmos um minutinho de conversa, também me chamou isso aqui a atenção.
08:50Transição verde e sustentabilidade.
08:53Quando a gente começa a estudar as relações internacionais,
08:57uma das primeiras coisas que se aprende é que poder não deixa vácuo,
09:01não deixa espaço vazio de poder.
09:03Você acredita, você faz essa mesma leitura que eu, Matheus,
09:06a partir do momento que você tem uma potência como os Estados Unidos
09:09e que, de novo, na administração do Donald Trump não se interessa,
09:13isso não é uma prioridade,
09:14as pautas verdes, sustentabilidade, transição energética,
09:18por mais que a China esteja com essa vontade,
09:22também tem uma questão de capital político
09:24tomar posição de uma outra potência que está abrindo mão desse discurso?
09:31Com certeza, Marcelo.
09:32Eu concordo plenamente com essa visão.
09:34Eu acho que, é claro que existe esse fator material,
09:38os líderes chineses têm essa preocupação,
09:41não é a primeira vez que aparece no plano quinquenal
09:43a questão da Revolução Verde,
09:45a questão da qualidade de vida nas grandes cidades chinesas,
09:47que a gente se lembra, no início da década,
09:50eram bastante poluídas,
09:51algumas ainda enfrentam bastante esse problema,
09:54mas a questão da Revolução Verde e do ambiente como um todo
09:58aparece, sim, como um elemento material,
10:01mas também aparece como parte da disputa internacional,
10:06ainda mais no momento em que a gente tem um governo americano
10:09que, a gente sabe, não tem a questão do clima
10:13e a questão da Revolução Verde como prioridade,
10:15às vezes até trabalha contra a Revolução Verde,
10:18mas isso pode acabar, sim, funcionando como um nódulo
10:22de poder ali para a China.
10:25A exportação de painéis solares,
10:27a exportação de equipamentos eólicos,
10:29tudo isso ajuda a China a se posicionar como uma líder alternativa
10:35e solidifica seu próprio desejo de hegemonia
10:41à medida em que ela consegue dialogar com o Sul Global
10:44e consegue auxiliar o Sul Global e outras partes do globo
10:48na Revolução Verde.
10:49Então, com certeza, além de um aspecto material doméstico
10:53de qualidade de vida, de Revolução Verde,
10:55a questão da transição energética aparece como elemento central
10:59na própria estratégia geopolítica de inserção da China.
11:02Retomando uma frase que eu e o Matheus dissemos aqui,
11:07os detalhes do plano ainda demoram alguns meses para sair
11:11e a gente vai ter outras oportunidades, então,
11:15para nos debruçarmos sobre isso.
11:18Muita coisa para falar em pouco tempo.
11:21Mesmo assim, quero agradecer os conhecimentos compartilhados aqui
11:25pelo Matheus de Freitas Cecílio,
11:28que é doutor em Economia e Política Internacional,
11:33doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
11:36Matheus, obrigado. Até uma próxima.
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