Torres Freire analisa impactos de acordo estratégico em terras raras e defesa entre EUA e Japão

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Os Estados Unidos e o Japão firmaram um acordo para garantir fornecimento de minerais estratégicos essenciais para tecnologia e defesa. O pacto, durante a visita de Donald Trump a Tóquio, reforça alianças e reduz dependência de países como a China. Vinicius Torres Freire analisa os impactos e aprendizados para negociações brasileiras.

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00:00Vamos para o noticiário internacional, os Estados Unidos e o Japão firmaram um novo

00:04acordo para garantir o fornecimento de minerais estratégicos, as chamadas terras raras.

00:10Esses insumos são essenciais para os setores de tecnologia e de defesa.

00:17O anúncio foi feito durante a visita do presidente Donald Trump a Tóquio, marcada pelo encontro

00:24com a nova primeira-ministra do Japão, Sanai Takahichi.

00:28Trump afirmou que os Estados Unidos são um aliado do mais alto nível e prometeu apoiar

00:34o país asiático em tudo que for possível.

00:41Sanai Takahichi, primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão, declarou

00:47que pretende inaugurar uma nova era de ouro nas relações entre Washington e Tóquio,

00:53para que tanto americanos quanto japoneses prosperem.

00:58A Casa Branca informou que Takahichi pretende indicar Trump ao Prêmio Nobel da Paz, destacando

01:04o papel dele para encerrar diversos conflitos no mundo.

01:09No encontro, os dois líderes assinaram um acordo voltado à segurança no fornecimento

01:15de terras raras e minerais críticos, insumos essenciais para a indústria de alta tecnologia

01:22e para a produção de equipamentos militares.

01:26O objetivo dos americanos é reduzir a dependência de países como a China.

01:32No encontro, também foram discutidos temas de segurança e comércio.

01:37O governo Trump mantém uma tarifa de 15% sobre a maioria dos produtos japoneses.

01:44Na área de defesa, Takahichi afirmou que o Japão vai antecipar para este ano a meta

01:50de gastar 2% do PIB com defesa.

01:54Eu vou voltar com o Vinícius.

01:58Vinícius, o que esses acordos acertados entre Estados Unidos e países da Ásia podem

02:03ensinar para os negociadores brasileiros?

02:07Olha, Cris, a gente pode até lembrar o caso do Japão, que é um acordo que já estava

02:12mais organizado, já tinha sido anunciado, que é um país muito grande, muito forte e

02:17é um aliado, inclusive, geopolítico dos Estados Unidos, porque fica ali na beira da China e da

02:22Rússia e teve muita coisa que o Japão teve de entregar.

02:26Promessa de investimento de 550 bilhões de dólares, agora um acordo sobre terras raras.

02:31Mas vamos lembrar de outros países menos falados, com os quais os Estados Unidos fechou ou está

02:37fechando acordos.

02:38Malásia, Tailândia, Camboja, Vietnã.

02:42Vários desses países têm superávit com os Estados Unidos comercial.

02:45O Vietnã, por exemplo, tinha superávit de mais de 100 bilhões de dólares, porque ele

02:50era uma via de comércio da China ou uma via de instalação de empresas chinesas que

02:55quer exportar para os Estados Unidos.

02:57Agora, esses países tiveram, obviamente, que fazer um acordo para o Trump achar que

03:03vai conseguir diminuir o déficit comercial com eles.

03:07Mas esses países têm importância estratégica para os Estados Unidos também.

03:14O saldo não foi lá muito bom, mesmo com esses pesos.

03:17O que aconteceu?

03:19A tarifa mínima para esses quatro países que eu mencionei foi 19%.

03:22No caso do Vietnã, vai ficar 20% o imposto de importação sobre produtos desses países.

03:27Esses países tiveram que baixar o imposto de importação sobre vários produtos americanos

03:31e alguns casos para zero.

03:34Tiveram que baixar o imposto de importação até de carro.

03:36Esses países também fizeram acordos de preferência, alguns deles, de exportação de terras raras.

03:41Esses países aceitaram a legislação americana sobre certificação de comida e de automóveis.

03:49O que quer dizer isso?

03:51Você pode barrar comércio fazendo barreira não tarifária, sem imposto.

03:55Quer dizer, você faz uma lei e acaba negando a entrada de certos produtos no seu país,

03:59no caso de carro, de comida.

04:01Alguns desses países aceitaram que a certificação americana vale para eles.

04:06Alguns desses países também aceitaram não complicar a legislação para Big Techs.

04:14Olha o que a gente está vendo.

04:15A tarifa de importação ficou em 19%, teve interferência na legislação de Big Techs,

04:20teve redução de imposto de importação de produto americano,

04:24teve um pacotaço de coisas.

04:26Inclusive, os Estados Unidos conseguiram arrancar na Malásia a promessa de investimento desse país

04:30nos Estados Unidos.

04:32Então, isso vai acontecer com o Brasil?

04:34Não, mas é um lembrete.

04:36Os Estados Unidos estão arrancando muita coisa dos outros países

04:38e vão querer alguma coisa em troca do Brasil.

04:41Pode ser que no Brasil, sendo um país da América, a coisa seja diferente?

04:46Talvez.

04:47Mas a lista de sucessos, a lista de conquistas que o Trump teve nessas negociações

04:53é um lembrete de quão difícil pode ser a conversa do Brasil com os Estados Unidos.

04:58Obrigada mais uma vez, Vinícius.

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