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O envio de um porta-aviões ao Caribe pela Operação Lança do Sul elevou temores de um ataque dos EUA à Venezuela. Alexandre Uehara, coordenador de relações internacionais da ESPM, analisa os objetivos estratégicos do governo Trump, a disputa geopolítica envolvendo China e Rússia e os possíveis impactos para o Brasil e a estabilidade da América Latina.

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Transcrição
00:00E o anúncio do governo Trump sobre o início da operação Lança do Sul contra o narcotráfico na América Latina,
00:08pelo menos na tese do governo americano, um assunto que nós mostramos ontem aqui no Conexão,
00:12tudo isso aumentou temores de uma nova investida direta dos Estados Unidos lá na Venezuela.
00:20Sobre esse assunto eu converso agora com o Alexandre Uehara, coordenador do curso de Relações Internacionais da SPM.
00:27Alexandre, boa noite para você, obrigado pela presença virtual aqui no nosso Conexão.
00:33Olá, boa noite, muito obrigado pelo convite, Eduardo.
00:35Alexandre, o envio desse grupo de ataque para o Caribe tem sido interpretado como um claro sinal de escalada militar.
00:44Na sua avaliação, qual é o real objetivo estratégico dos Estados Unidos neste momento?
00:49É possível dizer que haverá um ataque e ele deve ser a Venezuela ou talvez pode ser até na Colômbia?
00:57É, neste momento, pelo que houve de movimentações de forças militares norte-americanas,
01:04há toda uma percepção de que um ataque sobre a Venezuela de fato pode acontecer, né?
01:10Muitos analistas internacionais que são mais especializados na área militar têm visto que isso pode ser para além de um blefe, né?
01:17Porque a gente sabe que o presidente Trump tem muitas vezes calado, assim, em termos de ameaças, né?
01:23Aumentado as pressões sobre os países e algumas vezes ele retorna, né?
01:28Volta atrás em relação a algumas decisões.
01:31Mas, neste momento, a mobilização militar com o envio desse grande porta-aviões para a região,
01:37de fato, tem levado as pessoas a pensarem que, de fato, pode acontecer um ataque à Venezuela.
01:44Não de uma invasão, né?
01:46Com uma ação terrestre, mas sim com ataques aéreos sobre o território venezuelano.
01:52Agora, Alexandre, o governo Trump diz que a Operação Lança do Sul mira o combate ao narcotráfico,
01:58enquanto o governo de Nicolás Maduro diz que o Washington fabrica uma justificativa para uma intervenção.
02:05Como separar a narrativa política de intenção militar neste contexto?
02:11Bom, o interesse norte-americano sobre a Venezuela, a gente poderia, talvez,
02:16identificar alguns possíveis interesses existentes neste momento para uma ação militar sobre a Venezuela.
02:23Tem um lado econômico, né? Então, por exemplo, em relação à possibilidade de controle
02:30sobre as reservas petrolíferas que a Venezuela tem hoje.
02:35Sabemos que o Maduro não é muito próximo, politicamente, em relação aos Estados Unidos
02:40e teria muito interesse, por parte do governo Trump, de ter um governo na Venezuela
02:45que fosse mais próximo, que fosse mais amigável em relação aos Estados Unidos,
02:48que facilitaria muito a negociação do petróleo, que ainda hoje, apesar,
02:53de estarmos tendo aqui no Brasil, a COP30, neste momento, esta semana,
02:57um produto, em termos de energia, bastante importante.
03:01E, de outro lado, para pensar, muitas vezes, outro ponto importante,
03:05tem também a ver com relação ao próprio interesse político e ao outro geopolítico dos Estados Unidos.
03:11Do lado político, vamos dizer assim, que seria uma vitória do Trump conseguir
03:14substituir o Maduro por um outro político, porque a Venezuela já é uma pedra no sapato
03:19há muito tempo dos Estados Unidos. E do lado geopolítico, porque hoje, neste momento,
03:24a Venezuela tem se aproximado da Rússia, tem se aproximado da China.
03:27Em termos de geopolíticos, não é interessante para os Estados Unidos,
03:30para o governo Trump, em particular, ter aqui na América do Sul,
03:34um país que esteja se aproximando desses dois países que são rivais dos Estados Unidos,
03:38que, neste momento, têm demonstrado antagonismo aos interesses norte-americanos.
03:42Agora, Alexandre, a divulgação quase imediata das fotos do porta-aviões e de suas aeronaves
03:49foge ao padrão usual de operações sensíveis como essa.
03:54Que tipo de recado ou pressão diplomática essa exposição pública pode representar?
04:00Obviamente que temos aí uma exploração de imagem, buscando demonstrar poder,
04:06que, de fato, é a maior porta-aviões do mundo, então, um poderio militar bastante grande,
04:13frente a uma Venezuela que tem um armamento, que tem um poder militar muito menor do que os Estados Unidos
04:19e, diria que, muito mais abaixo, inclusive, por causa da própria idade dos seus equipamentos,
04:26década de 80, década de 60, depende do produto do equipamento militar que a gente está falando.
04:31Lógico, tem alguns aviões Sukhoi, que são russos, que são mais recentes,
04:35mas, talvez, fora isso, os demais equipamentos militares são bastante antigos.
04:39Então, isso faz com que a Venezuela perceba a pressão, sofra essa pressão,
04:45inclusive, psicológica mesmo, de você ter um grande porta-aviões ali, próximo da Venezuela,
04:51e que sinaliza, talvez, até mesmo internamente na Venezuela,
04:55para que políticos internos da Venezuela começam a se posicionar e, eventualmente,
05:01atuar contra o Maduro, que é o interesse norte-americano.
05:04Agora, se confirmada uma operação americana, de fato, o impacto poderia ir,
05:10além da Venezuela, envolvendo até países do entorno, como o Brasil, instituições e tudo mais,
05:16e que repercussões esse movimento pode trazer para a estabilidade política e para a segurança
05:21da América Latina como um todo, incluindo aí o Brasil?
05:24É, praticamente, seria muito ruim.
05:27Logicamente que haverá uma condenação pelos países da América do Sul, do Brasil também,
05:33não só pelas repercussões que se pode ter, porque é um ataque à Venezuela,
05:38com certeza, levaria novamente a uma intensificação dos fluxos de refugiados,
05:42refugiados, e o Brasil, sendo um país fronterizo, também teria aí um fluxo que vira para o Brasil,
05:48e isso tem impacto negativo, mas, para além disso, é uma situação em que é uma...
05:54estaria contrariando a própria... o direito internacional.
05:57Nós sabemos que vivemos num momento em que o direito internacional não está muito privilegiado,
06:01seja no campo econômico, seja no campo dos respeitos às soberanias nacionais,
06:06mas isso teria aí uma repercussão bastante negativa na relação com os países sul-americanos.
06:12Porque se isso aconteceu com a Venezuela, ou se acontecer com a Venezuela,
06:17qual garantia que os outros demais países da América do Sul também não sofram pressões,
06:22e também o governo Trump não tente aí, nas próximas eleições, influenciar os resultados.
06:28Então, é uma preocupação bastante grande, não só pela Venezuela,
06:31pela situação que a Venezuela está enfrentando agora,
06:34mas também com possíveis repercussões que possam acontecer daqui para frente,
06:38por parte dos Estados Unidos, em relação aos países sul-americanos.
06:42Alexandre Uehara, coordenador do curso de Relações Internacionais da SPM,
06:46muito obrigado por essa entrevista nesta noite de sexta-feira.
06:50Bom final de semana.
06:51Eu que agradeço mais uma vez o convite. Bom final de semana a todos.
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