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Ana Carolina Marson, professora de Relações Internacionais da FESPSP, analisou como a China usa terras raras como alavanca frente aos EUA, mostrando que o domínio chinês é finito, mas ainda decisivo para tecnologia e indústria militar.

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Transcrição
00:00O mercado de terras raras foi um dos assuntos em pauta na reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
00:06No começo do mês, a China impôs restrições à exportação desses minerais,
00:11o que reforçou um novo pico de tensão na relação comercial com os Estados Unidos.
00:17Em resposta, Trump prometeu elevar para 100% a tarifa sobre produtos chineses do mercado americano.
00:22A reunião na Coreia do Sul, nessa reunião, Xi Jinping aceitou pausar essa restrição por um ano.
00:29As terras raras são essenciais para diferentes produtos da tecnologia, como semicondutores, automóveis, mísseis, drones.
00:37E os Estados Unidos precisam de mais delas em pleno boom tecnológico.
00:42Sobre o acordo entre os dois líderes, a gente conversa agora com a Ana Carolina Marzon,
00:46professora de Relações Internacionais da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
00:51Vinícius está aqui, vai participar da entrevista comigo.
00:54Ana Carolina, boa tarde para você. Muito obrigado pela gentileza aqui da sua participação.
00:58Bom, a gente viu que nessa viagem à Ásia, Trump também fechou um acordo com o Japão, que também inclui terras raras.
01:05Agora, a dependência dos Estados Unidos desses minerais continua crítica, né?
01:11Mesmo com essa suposta pausa de um ano da China na restrição à venda desses minérios.
01:17Com certeza, Fábio. Uma boa tarde para você. Boa tarde, Vinícius, aos ouvintes.
01:23É um prazer estar aqui com vocês. E é exatamente isso que você estava comentando.
01:28Então, nós sabemos que hoje todos os países dependem uns dos outros, economicamente falando.
01:33Mas, na questão das terras raras, isso é mais sério ainda.
01:39Por quê? As terras raras, que para quem não sabe, não são terras, são determinados minérios.
01:45Um grupo, se eu não me engano, de 17 minérios específicos, que também não são raros.
01:50São até fáceis de achar. O problema é a escavação, a exploração desses minérios.
01:56E são minérios essenciais para as indústrias de tecnologia.
02:01E hoje, os Estados Unidos são extremamente dependentes desses minérios.
02:06E a China é a maior detentora desses minérios.
02:10O Brasil vem em segundo lugar como o que mais detém esses minérios.
02:15E vemos que os Estados Unidos, apesar de possuir a tecnologia para explorá-los,
02:20o que, por exemplo, o Brasil não tem, os Estados Unidos não têm acesso a esses minerais.
02:26Então, essa reunião do Xi Jinping com o Trump, o Xi Jinping teve uma alavancagem muito grande.
02:34Ele conseguiu ter essa alavancagem justamente por causa dessas terras raras.
02:39O Xi Jinping sabe que as terras raras não podem ser alavancagem para sempre.
02:44Afinal, são recursos finitos.
02:46Mas, agora, ele conseguiu se valer desses recursos para usar como moeda de troca nessa negociação com o Donald Trump.
02:59Vinícius?
03:00Ana, está claro que a China está conseguindo muita vantagem nas negociações,
03:05ou pelo menos conseguindo peitar os Estados Unidos com essa história de restringir a venda de imãs de terras raras,
03:10que, na verdade, é o que está em jogo.
03:13Mas, e, por outro lado, a gente sabe que o Ocidente, os Estados Unidos e suas parcerias com outros países asiáticos
03:20só vão render frutos mesmo, produção em escala considerável e, mesmo assim, ainda pequena,
03:26daqui a três, quatro, cinco anos.
03:28Então, a China pode ficar com esse poder durante muito tempo.
03:32E, por outro lado, os Estados Unidos, não só com o Trump, querem pressionar a China a fazer várias coisas,
03:40a começar do saldo comercial, política econômica, e querem ter vantagem na guerra,
03:45na disputa pela inteligência artificial e militar.
03:48Então, os Estados Unidos vão aguentar cinco, três, quatro, cinco anos ainda
03:52de a China fazendo pressão por meio de terras raras e outros produtos que eles têm quase monopólio,
03:58ou eles vão começar, em algum momento, a atacar mais e cortar completamente o fluxo de tecnologia avançada
04:04para a China ou tomar uma atitude agressiva.
04:07Porque essa vantagem da China em terras raras, que é, por enquanto, um negócio essencial para a indústria de ponto,
04:14vai durar ainda muitos anos.
04:16Como é que fica?
04:19Bom, Vinícius, eu acho que, em primeiro lugar, nós precisamos tomar um pouco de cuidado na análise.
04:24Nós vimos que os Estados Unidos, com o Donald Trump, um presidente bastante nacionalista,
04:32com uma retórica bastante inflamada, já vêm se posicionando de uma forma, no mínimo, controversa.
04:39Então, ele já colocou, como você estava falando, ele vinha colocando vários impedimentos ao comércio internacional.
04:47As relações Estados Unidos-China, até mesmo neste ano de 2025, já estiveram mais abatiladas.
04:53Então, nós sabemos que o Donald Trump, sim, ele é capaz de reduzir o fornecimento
05:00desses equipamentos militares, de equipamentos tecnológicos para a China.
05:05Até mesmo porque, entra no que você mesmo comentou, na questão de domínio geopolítico,
05:13até mesmo na questão militar.
05:15E o que nós vemos é, os Estados Unidos, agora, pela primeira vez em muito tempo,
05:21eles têm um rival econômico que consegue bater de frente.
05:26Então, ao contrário dos outros países que sofreram as taxações,
05:30a China conseguiu se opor aos Estados Unidos.
05:34Tanto que levou o Donald Trump a se reunir com o Xi Jinping.
05:37Coisa que, até pouco tempo, ele não se, nem mesmo mencionava que iria fazer.
05:44Então, a China consegue manter esse domínio, como você falou, por um tempo.
05:49É um domínio finito, mas ainda consegue mantê-lo por alguns anos, alguns bons anos.
05:55E o que nós vemos é, os Estados Unidos, de Donald Trump, eles podem adotar uma ação mais dura,
06:03partir para as vias de fato, ou tentar negociar.
06:07Como nós estamos falando da China, um país que já é altamente tecnológico,
06:13altamente competitivo economicamente no cenário internacional,
06:17já ultrapassou os Estados Unidos como principal parceiro comercial
06:20de boa parte dos demais países do mundo.
06:23Eu acredito que o Donald Trump, ele seja mais cuidadoso.
06:26Ele vai seguir com a retórica dura dele, de America First,
06:31de estou batendo de frente com a China, mas, no limite,
06:36quando nós chegamos no fim das contas, no que realmente importa,
06:39eu acredito que ele tome bastante cuidado e retroceda e volte para a mesa de negociação,
06:45como foi o que nós vimos agora nessa reunião em Busan, na Coreia do Sul.
06:49Ana, era um acordo muito esperado, era uma reunião muito esperada,
06:54e aí o que foi, pelo menos o que se tem de informação até agora,
06:57do que entrou em pauta nesse acordo, além de terras raras,
07:01inclui energia, agro, fentanil, não sai muito disso.
07:07O que você achou do tamanho da pauta, ou seja, do tamanho do entendimento entre os dois lados?
07:12Porque muita coisa ficou de fora ainda, né?
07:16Sim, com certeza, Fábio.
07:17Muitas pautas ficaram de fora, porém, se nós fazemos uma análise comparativa
07:22com a conversa do Trump com o Lula, por exemplo,
07:27a conversa do Trump com o Xi Jinping teve um avanço significativo.
07:32Então, já foram revogadas as tarifas.
07:34Apesar de muitos produtos, muitas pautas importantes terem sido deixadas de fora,
07:41considerando que eram dois países que estavam em uma guerra comercial,
07:46foi um avanço importante.
07:48Principalmente porque, muito mais para a China,
07:52porque a China, apesar de, como o Vinícius colocou,
07:55uma tarifação de 47%, é uma tarifação pesada,
07:59mas a China, eu acredito que tenha conseguido, né?
08:02Essa redução dos 57% para o 47% já seja significativa
08:07e os Estados Unidos conseguiu essa vitória no quesito da soja,
08:12da China voltar a comprar soja estadunidense.
08:16Mas, eu acredito que seja um primeiro passo muito importante,
08:21foi bastante restrito, faltaram muitas pautas a serem debatidas,
08:25mas, para dois países que estavam em guerra comercial aberta,
08:29esse já é um primeiro passo importante.
08:32Acredito que, mais para frente, os presidentes voltem a conversar.
08:36O próprio Donald Trump comentou que, possivelmente, iria à China no futuro.
08:42Então, eu acredito que, apesar de ser bastante restrito,
08:46faltar muitas pautas a serem debatidas,
08:49ainda assim, é um início de uma conversa que muda essa toada de guerra comercial
08:56que nós vínhamos acompanhando.
08:58Ana, essa conversa que você está dizendo está em tese marcada para abril
09:03entre Trump e o Xi, no encontro lá na China.
09:07Então, a gente ainda tem aí, mais ou menos, uns seis meses de conversa.
09:11Agora, os temas agora são muito duros,
09:14porque a China, basicamente, quer redução das restrições americanas
09:18de exportação de tecnologia e restrições a empresas chinesas multinacionais.
09:23E os americanos querem, no fundo, uma mudança de política econômica na China
09:27que reduz o saldo comercial, entre outras coisas.
09:30Então, assim, como é que pode avançar em alguma pauta
09:32se esses dois itens principais são muito difíceis de tirar do caminho?
09:39Bom, Vinícius, eu não acredito que eles avancem nessas pautas especificamente.
09:44Eu acredito que eles avancem em pautas menores.
09:46Mas, como você mesmo colocou, não existe um caminho, um cenário no qual os Estados Unidos
09:53concordem em reduzir as restrições da transferência de tecnologia,
09:59visto que a China é um país altamente tecnológico.
10:02Vimos um desfile militar chinês recente que mostrou o tamanho da sua potência militar.
10:09Então, para os Estados Unidos, isso não é interessante.
10:12Da mesma forma que, para a China, reduzir o seu potencial comercial também não é interessante.
10:19Então, infelizmente, eu acho que essa reunião de agora em Busan deixa isso muito claro.
10:25Então, nós vimos pautas importantes sendo debatidas,
10:28mas, ainda assim, não são as pautas mais importantes entre esses dois países.
10:32Então, eu acredito que as negociações, elas fiquem nessas pautas que tangenciam as pautas principais.
10:40Podem falar de acordos econômicos menores, redução de tarifas para produtos que não são tão importantes,
10:48mas que podem representar alguma mudança para algum dos dois países.
10:54Mas, entrar nessa política mais dura de tecnologia e a questão econômica para a China,
11:03eu acredito que eles não vão chegar tão cedo.
11:06Ana Carolina Marzon, professora de Relações Internacionais da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
11:12Muito obrigado pela sua entrevista, Ana.
11:14Obrigado, Vinícius, também pela participação.
11:15Obrigado, Vinícius.
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