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Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e um dos arquitetos do Plano Real, analisou os juros no Brasil, a gestão de Gabriel Galípolo no BC, o gesto de Trump em relação a Lula e o impacto das escolhas fiscais no crescimento econômico.

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Transcrição
00:00O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, conhecido como um dos arquitetos do Plano Real,
00:05avalia o gesto de Trump ao propor um encontro com Lula.
00:09Nessa entrevista exclusiva que eu fiz com ele, Franco também analisa o patamar dos juros no Brasil
00:14e a atuação de Gabriel Galípolo no BC. Vamos conferir.
00:19Um dia antes da Assembleia Geral da ONU, você falou num evento que o Trump teria que fazer algum tipo de gesto,
00:25recuar um pouco aí para que houvesse uma negociação.
00:27Depois, na ONU, ele disse que teve uma boa química com o presidente Lula
00:31e que eles deveriam se encontrar nos próximos dias, na semana que vem.
00:35O que você acha que está por trás desse gesto do Trump? Qual é a sua leitura?
00:40Bem, é o estilo Trump de negociar, combinar rompantes, anúncios bombásticos com recuos,
00:50passos para o lado, para trás, e em seguida anunciar também de forma bombástica que houve um acordo.
01:01Então, é muito provável que ele siga esse rito com vários dos países afetados pelas tarifas feitas,
01:09ele chamou do Liberation Day, o dia da liberação.
01:12E, no dia seguinte do anúncio, meses atrás, ele recuou, suspendeu, depois voltou,
01:20aí apareceu uma lista de exceções.
01:23É muito do jeito dele de fazer as coisas.
01:27E é preciso ter sangue frio, é claro, é um tipo de negociação incomum
01:33e que não é muito da tradição diplomática, vai, habitual.
01:38Mas é preciso, enfim, jogar o jogo.
01:41E é o que o Brasil fez, felizmente engoliu em seco durante essas semanas aí,
01:49quando começou a tarifa a valer.
01:52E esperou, e no devido momento, então eles próprios sinalizaram uma abertura.
02:00E é preciso agora aproveitar, conversar.
02:06E é uma pena que o governo brasileiro não tivesse já desenvolvido canais
02:11com o governo Trump antes disso tudo acontecer.
02:16Mas nunca é tarde, começa agora e bom proveito.
02:21Que tipo de mudança você teve nas estratégias aqui da sua corretora
02:25desde que começou essa crise comercial aí provocada pelo tarifaço?
02:30Por enquanto, nada de muito especial.
02:33É um estresse a mais, como se a gente já não tivesse problemas dentro de casa aqui,
02:40problemas brasileiros decorrentes, sobretudo do assunto fiscal complexo,
02:46e do juro muito alto, enfim, como todo mundo está enfrentando.
02:50E normalmente vinham notícias boas da economia global sempre crescendo,
02:56oferecendo mais chance.
02:58É uma novidade que venha dos Estados Unidos uma razão, um estresse.
03:04E é uma novidade ruim, que eu espero que seja passageira.
03:08Agora, a OCDE divulgou uma nova previsão de crescimento para a economia mundial,
03:13um pouco para cima aí, 3% da 2%.
03:15E eu queria saber como é que você coloca o Brasil nessa fotografia?
03:18Você vê o copo meio cheio ou meio vazio?
03:20Porque vai crescer menos do que essa previsão da média mundial, né?
03:24O Brasil tem um crescimento aí muito constrangido
03:29pelas escolhas fiscais do governo, que são gastar,
03:35e também pelas escolhas do Banco Central, orientadas pela defesa da moeda,
03:42pela preservação da inflação baixa.
03:45Inclusive, o segundo meta que o próprio governo fixe.
03:49Mas a combinação dessas duas coisas parece meio inconsistente,
03:52porque parece aquele carro que você pisa fundo no acelerador
03:56e pisa no freio ao mesmo tempo.
03:58Aí você gasta uma energia gigante e o carro mal sai do lugar,
04:03tem um crescimento muito pequeno diante do potencial,
04:08constrangido pela taxa de juros,
04:10mas também porque é preciso evitar que a inflação volte,
04:13que é um flagelo.
04:16E o erro está na política fiscal, como todo mundo diz.
04:22Mas o governo não gosta de ver esse problema,
04:25finge que não existe e isso não é bom.
04:28Apesar de tudo isso, a Bolsa bateu recorde ontem,
04:32hoje está operando no 0x0 ali,
04:33mas está em um nível alto ainda.
04:36Eu queria saber qual é a sua análise
04:37sobre esse momento aparentemente bom para o mercado de capitais.
04:41Pois então, a sensação boa tem várias influências.
04:50É claro que estou fazendo aqui uma exegese de um comportamento coletivo,
04:54que pode ter todo tipo de motivação.
04:56Mas olha lá, por um lado, o dólar ficou mais barato para nós,
05:00o que tem a ver com o Donald Trump e a tentativa dele de fazer o dólar mais competitivo pelo mundo.
05:09E com isso, o dólar fica mais barato aqui para nós.
05:14E isso ajuda no combate à inflação.
05:16Então, o dólar barato é o que todo mundo gosta.
05:22Então, isso já é uma razão para essa felicidade,
05:25que faz, inclusive, dar a sensação de que a política monetária está sendo eficaz
05:31para combater a inflação,
05:34que é mais questionável.
05:36Tem gente que acha que não, porque o fiscal está muito ruim.
05:40Mas, de modo geral, acho que prevalece uma visão otimista sobre juros,
05:47que vai cair porque está muito alto e está um caminho para baixo.
05:52E a questão passa a ser quando começa a cair.
05:55Mas como existe essa quase certeza de que vai cair,
06:00ou pelo menos essa certeza se acentuou ultimamente,
06:04então, tudo que vai acontecer,
06:08o mercado financeiro tende a achar que já está acontecendo.
06:12Então, a alegria se instalou um pouquinho no mercado financeiro.
06:17Ainda é uma alegria meio probabilística,
06:20mas é assim mesmo uma alegria.
06:22Como é que você está vendo a evolução do dólar até o fim do ano?
06:25Você acha que vai continuar nesse ritmo de queda?
06:28Bom, eu não sou a última pessoa que vai adivinhar o que vai acontecer com o dólar.
06:35Não sei.
06:36A resposta é não sei.
06:38O que eu posso dizer é que, sim,
06:41existe um interesse das políticas do governo americano
06:45em fazer o dólar ficar mais competitivo.
06:48Eles demonstraram preocupação com o resultado da sua balança comercial,
06:53que é muito negativo.
06:54querem ficar mais competitivos utilizando a taxa de câmbio.
06:59Então, é natural, olhando só o lado americano,
07:04que eles procurem um dólar mais barato,
07:07que com isso fortalece o real.
07:11Isso sozinho.
07:12Claro, tem outras coisas.
07:14E a gente não sabe o tamanho das outras coisas.
07:16Então, o combinado disso tudo daqui para o fim do ano,
07:19é claro, impossível de prever.
07:21Mas, nesse começo de ano, é como se o dólar tivesse ganho uns...
07:26O real ganhou um tanto com relação ao dólar.
07:29O dólar, sozinho, considerando outras moedas,
07:34ficou mais fraco, entre 10% e 15%, dependendo de como você mede.
07:39E isso significou o real ficar mais forte, mais ou menos, nesse tamanho aí.
07:45Como é que você está vendo o problema da Argentina,
07:48no momento aí, que está tentando conseguir até empréstimos internacionais?
07:52Você acha que essa situação pode escalar por lá?
07:55Bom, eles tiveram...
07:57Eles estão no meio de uma tentativa de estabilizar,
08:03de arrumar a economia,
08:04um pouquinho como nós tivemos uns anos atrás.
08:06Estão no meio do caminho.
08:10Tiveram um excelente começo,
08:13conseguiram um resultado fiscal muito melhor que todo mundo esperava.
08:18Mas isso não é do dia para a noite.
08:21Então, eles estão na sua batalha.
08:26Alguns anos já de ganho,
08:28conseguiram reduzir a inflação bem,
08:30mas ainda é uma inflação bem relevante.
08:33E eles estão na briga.
08:38Tem agora um assunto de FMI,
08:41de tesouro americano,
08:42de apoio, de necessidade de apoio
08:43para as reservas deles.
08:47E há um mau sistema de câmbio deles,
08:49que é muito confuso.
08:50Precisa unificar,
08:52precisa talvez fixar.
08:53E eles estão lutando,
08:58torço por eles.
08:59Mas você acha que tem chance
09:01de piorar a situação
09:02depois das eleições agora para o parlamento?
09:06Bom, chance de piorar sempre tem,
09:08como tem de melhorar.
09:11Eles foram...
09:14Foi uma surpresa muito boa
09:16o que se passou lá,
09:18porque muita gente não dava dois tostões
09:21pelo que o presidente Millet trazia.
09:25Por enquanto, está dando muito certo.
09:28É claro que ele vai encontrar obstáculos,
09:31vai ter dias ruins,
09:32alguns mais recentes,
09:35mas, no geral,
09:36ele está indo muito bem.
09:38Você que já foi presidente do Banco Central,
09:40como é que você está vendo
09:40a gestão Galípulo agora?
09:42Como é que você avalia o estilo
09:43do Gabriel Galípulo?
09:45Muito bem.
09:46Ele é muito jeitoso,
09:49além de saber muito bem
09:51tocar o barco.
09:54Como foi diretor,
09:56antes ele absorveu muito bem
10:00a cultura da casa
10:02e conseguiu ser uma peça
10:06muito importante
10:07numa transição
10:08que acho que é histórica para o Brasil,
10:10que foi essa do regime
10:13e que vigora para os dirigentes
10:16do Banco Central.
10:17É um pouco exagerado
10:18falar em independência do Banco Central.
10:20Mas acho que não há
10:21uma independência, é fato?
10:22Não, o termo talvez não seja adequado.
10:25O que...
10:26A novidade foi
10:27isso de
10:28o dirigente do Banco Central
10:31ser tratado como
10:32o dirigente de agência reguladora
10:33que é eleito
10:35para um mandato
10:36que não coincide
10:38com o do presidente da República
10:39e o presidente da República
10:40não pode trocar
10:41por qualquer razão.
10:42Só pode trocar
10:43se o cara fizer
10:43alguma coisa muito errada.
10:45Tem que passar pelo Congresso
10:46para trocar
10:47e com isso
10:49a novidade foi
10:50o presidente Lula
10:53conviver durante dois anos
10:55com o presidente do Banco Central
10:57nomeado pelo presidente anterior.
11:00O que não foi livre
11:02de algumas tensões,
11:04mas foram tensões importantes
11:07para sedimentar esse mecanismo
11:08e estabelecer
11:10um relacionamento
11:11adulto
11:13entre o Banco Central,
11:14a agência reguladora da moeda
11:15e o governo.
11:17Precisa ter independência sim
11:19e uma coisa era
11:20se comportar
11:21de forma independente,
11:23mas ainda vulnerável
11:24ao presidente
11:25por um rompante,
11:27uma canetada,
11:28poder demitir
11:29um dirigente
11:30da agência reguladora.
11:33Isso hoje
11:33já não pode mais fazer.
11:34e esse aprendizado,
11:38por assim dizer,
11:38do presidente Lula
11:41foi o primeiro também
11:42que enfrentou
11:43esse desconforto
11:45de ter um presidente
11:47do Banco Central
11:47que nele
11:48não escolheu.
11:50Tudo bem,
11:51funcionou,
11:52ele obedeceu
11:52as regras,
11:53a lei
11:54e com isso
11:55as regras e a lei
11:56pegaram.
11:58Às vezes a gente tem leis
11:59que não pegam,
12:00essa pegou.
12:01E tem gente
12:02que diz que
12:03o estilo do Galípolo
12:04do Banco Central
12:05não tem sido
12:06muito diferente
12:06do Campos Neto.
12:07Você concorda com isso?
12:09Sim,
12:09mas isso que você
12:10chamou de estilo
12:11é a cultura da casa,
12:13é para ser isso mesmo,
12:14é o presidente
12:16do Banco Central
12:17conduzirá
12:17o Banco Central
12:18com base
12:20em regras,
12:21é um mandato
12:21definido
12:23pela regra
12:25de metas
12:25de inflação
12:26que tem toda
12:28uma história,
12:28uma cultura.
12:30Ele absorveu
12:30essa cultura
12:31e quem quer
12:32que esteja sentado ali
12:33tem que tocar
12:34daquele jeito.
12:36É assim
12:37e disso que se trata
12:38a tal da independência.
12:40Tá certo,
12:41muito obrigado.
12:42Eu que agradeço.
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