Alberto Ajzental detalha recuo do IPCA-15 e como impacta no bolso do brasileiro

TIMES BRASIL - LICENCIADO EXCLUSIVO CNBC

O IPCA-15 registrou queda de 0,14% em agosto, impulsionada pela redução de 4,93% na energia elétrica residencial. Alberto Ajzental analisou como o bônus Itaipu e fatores sazonais influenciaram o índice e alertou que a deflação é temporária. Acumulado em 12 meses: 4,95%.   🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!   Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil   📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:   🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais   🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562   🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube   🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings   #CNBCNoBrasil  #JornalismoDeNegócios  #TimesBrasilCNBC

Transcript

00:00O IBGE divulgou mais cedo o IPCA 15, que é considerada prévia da inflação oficial do país,

00:06e o índice registrou queda de 0,14% em agosto, após ter avançado 0,33% no mês anterior.

00:15Essa foi a primeira retração do índice desde julho de 2023, quando houve recuo de 0,07%.

00:22A variação negativa do IPCA 15 foi puxada pelo Grupo Habitação, devido à queda de 4,93% na energia elétrica residencial.

00:33O acumulado em 12 meses do índice está em 4,95%.

00:38E o Alberto Azental já está aqui para falar sobre esse assunto comigo.

00:43Oi, Azental, muito boa tarde para você. Seja bem-vindo aqui ao Fast Money. Tudo bem contigo, Azental?

00:48É, tudo ótimo. Boa tarde para você e boa tarde para todos.

00:55Ô, Azental, eu estava dando uma olhadinha aqui nessa retração de 0,14%,

01:00que inclusive foi uma retração maior, ou melhor, menor do que o mercado esperava, que era ali de 0,20%,

01:06mas parece que esse número é um pouquinho enganoso, né?

01:10Explica para a gente aí o porquê disso.

01:12Então, vamos lá. O que a gente teve em uma distribuição do Bônus Itaú, que é um excedente de recursos,

01:23e acaba entrando nas contas de energia elétrica para quem consome até 350 kWh.

01:31Só para lembrar, o consumo médio brasileiro de uma conta de uma família média é da ordem de 150 kWh.

01:38150, um pouquinho menos, que dá em reais perto de 135 reais.

01:45Então, quando você tem essa distribuição desses recursos, as contas ficam mais baratas.

01:53Então, você vai gastar menos.

01:55Se a conta está mais barata, é o que a gente pode chamar de preços em queda, a gente chama de deflação.

02:02Aí, o que aconteceu, que a energia elétrica na residência ficou 4,93% mais baixo.

02:11Como o peso da energia elétrica no IPCA é da ordem de 4%,

02:16a gente teve um impacto negativo na inflação de menos 0,2 pontos porcentuais.

02:24Podemos já chamar a primeira arte.

02:29E aí, a gente vai ver o que aconteceu com esse IPCA 15.

02:34O IPCA 15, a gente vê na arte, o índice geral, menos 0,14.

02:41Alimentos e bebidas, menos 0,12.

02:44Habitação, menos 0,17.

02:46Onde energia foi menos 0,2.

02:50Esses são os impactos, a formação desse 0,14 negativo.

02:56Vestuário praticamente zero, transportes menos 0,1.

03:01Saúde mais 0,09.

03:04Despesas pessoais mais 0,11.

03:06Educação andando de lado, comunicação andando de lado.

03:10Tudo perto de zero.

03:12A parte interessante é a seguinte.

03:15Se, eu fiz uma simulação, que é uma conta até simples.

03:18Se a variação da conta da energia elétrica não tivesse sido negativa,

03:24menos 5%, tivesse sido zero,

03:27em função de não ter aplicado nenhuma sobretaxa de bandeira vermelha,

03:34e não tivesse tido esse bônus,

03:36a inflação, o IPCA 15, teria sido 0,06.

03:41Porque você não ia ter tido esse desconto de 0,2 na energia elétrica.

03:49Então, a gente pode chamar a arte que vem na sequência,

03:52que tem já os próximos itens que eu mencionei,

03:56para a gente enxergar lá a saúde, despesas pessoais,

03:59educação e comunicação.

04:01Você enxerga bem as duas colunas,

04:04e na barra cinza, lá em cima, a gente vê qual seria essa diferença

04:10em função desse bônus, Erika.

04:14Tivo 0,06%.

04:15Agora, a Zental, como você disse,

04:17a gente tem aí núcleos pontuais, sazonais.

04:21Então, a gente tem o bônus Itaipu,

04:22que acabou ajudando na redução da energia elétrica.

04:26E eu destacaria também o setor de transporte.

04:28Por quê?

04:29Porque o setor de transporte...

04:30Acabaram as férias.

04:31E aí, a passagem de avião, por exemplo,

04:33que tinha contribuído por um aumento

04:35ou para um aumento da inflação no mês anterior,

04:39ela também acaba tendo uma redução da demanda.

04:43As pessoas pararam de viajar com mais frequência.

04:46Isso também tem um impacto.

04:47Então, há muita coisa sazonal.

04:49Então, é bom ficar alerta com a inflação.

04:52Impacto de transportes, o impacto foi menos 0,1%.

04:57A gente tem que lembrar,

04:58impacto é a inflação vezes o peso.

05:00Porque não adianta a gente...

05:02O índice geral, ele não é a soma de inflações.

05:05Ele é uma média ponderada.

05:07São as inflações de cada um dos itens ponderado

05:09pelo peso que ele tem no consumo das famílias.

05:14Inflação vezes peso é o impacto.

05:17Então, aqui, o transporte, impacto foi menos 0,1%.

05:22Agora, a inflação de transporte, menos 0,7%.

05:25Quem caiu, que nem você disse, passagem aérea.

05:28Mas você sabe que os combustíveis também caíram.

05:32Você tem dólar em queda com petróleo branco perto de 66 dólares o barril.

05:38Então, você tem gasolina, caiu 1,14%.

05:41O diesel caiu.

05:42O gás natural, o veicular caiu.

05:45O etanol chegou a cair.

05:47Etanol não é derivado de petróleo, fator climático.

05:50E também ciclo de produção.

05:52O etanol caiu 2%.

05:53Então, você tem uma queda das passagens aéreas, que tem um peso pequeno.

05:58Não é todo mundo que viaja de avião.

06:01Mas os combustíveis, que são utilizados por toda a população.

06:07Pessoas físicas, famílias, mas também negócios, caiu bastante.

06:11Então, você tem essa deflação de transporte, Zé Rica.

06:15Para a gente amarrar aqui essa nossa análise do IPCA 15,

06:18que é a prévia da inflação, ainda não é inflação, o IPCA só sai depois, né?

06:24Eu destacaria e queria saber de você.

06:26A gente viu uma queda aí nos alimentos,

06:28que era o que preocupava muito o governo federal desde o início do ano.

06:32E aí eu li ali no IPCA 15, na divulgação do IBGE,

06:36que, por exemplo, um dos produtos que acabou caindo,

06:40ou entre os produtos, o que acabou caindo também foi a manga.

06:43A manga, nós estávamos com problema de exportação.

06:46O produtor reclamando aí para os Estados Unidos.

06:48Houve aí cancelamento de pedidos, também as frutas paradas em portos.

06:54Os representantes desse setor falaram,

06:56ó, está estragando o produto, a fruta ali no pé.

06:59E acabou abastecendo aqui o mercado e com preço mais barato que precisou destrinchar.

07:04Você acha que, por exemplo, o Tarifácio também,

07:06nesse primeiro momento, deu uma ajudada no mercado interno

07:09para reduzir o custo da alimentação?

07:11Até quanto isso influenciou aí nesse índice do IPCA 15?

07:16É sério que é difícil dizer que a manga já está no mercado interno.

07:21Na verdade, de forma geral, o alimento caiu bastante.

07:24Alimentos e bebidas caem no terceiro mês consecutivo.

07:28A inflação ou deflação de alimentos no domicílio, menos 1%.

07:32Você tem queda generalizada.

07:35Batata quase 20%, cebola 14%, arroz que acomode de 3%, carnes caíram 1%.

07:41E esse número já vem caindo há esses três meses.

07:46Mas vale lembrar que a inflação de alimentos acumulada em 12 meses,

07:54alimentos e bebidas no IPCA 15, 7,65.

07:59Não é pouca coisa.

08:00Isso para o IPCA 15 é acumulado em 4,95.

08:04A alimentação no domicílio, que são gêneros alimentícios, 7,24.

08:08Então, a alimentação ainda vem forte.

08:13Está devolvendo, quando a gente fala agora em deflação,

08:16é está devolvendo parte daquilo que subiu.

08:21Se o cidadão vai fazer as compras, ele vai encontrar preços altos.

08:27A gente fala em deflação, parece que ficou barato.

08:30Parece que está quase de graça.

08:31Não, longe disso.

08:33Aquilo que subiu muito no passado, agora começou a cair um pouco.

08:38É isso.

08:39Essa que é a nossa leitura, Érica.

08:41Legal.

08:42Então, só para a gente, agora sim, para a gente finalizar,

08:44vou te liberar aí, né, Azeital.

08:46Mas é que é muito bom bater esse papo contigo.

08:49Então, eu diria o seguinte, a minha pergunta para você.

08:52Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central,

08:55depois da prévia da inflação,

08:57já começa a haver uma luz no fim do túnel

08:59para uma redução, um afrouxamento aí da política monetária

09:03e redução dos juros antes do ano que vem,

09:06talvez no final do ano,

09:07ou ainda é cedo para falar isso, Azeital?

09:10Essa é uma ótima pergunta, é cedo para falar isso.

09:13A gente vai pedir mais uma arte,

09:15que a gente vai explicar o que está acontecendo

09:17e o que está por trás desta deflação,

09:21desse valor negativo.

09:23Um pouquinho de conceito, né?

09:25Professor é professor, não tem jeito.

09:27Se você tem um bem, vamos supor que custa 100 reais nesse mês,

09:33no mês seguinte ele cai para 90,

09:35é uma deflação de 10%.

09:37A gente pode dizer, opa, caiu 10 sobre 100, caiu 10%.

09:41No outro mês, se ele volta para 100,

09:45é um aumento de 11%.

09:47Por que eu estou falando tudo isso?

09:49Porque se nesse mês de agosto

09:51a gente injeta recursos na conta de energia elétrica

09:56e ela fica mais barata,

09:58o que vai acontecer mês que vem?

10:00Ela volta ao preço anterior.

10:03Então, a deflação que a gente enxerga esse mês,

10:07ela vai virar o quê?

10:09Uma inflação no mês que vem.

10:12Então, o bônus Itaipu,

10:14ele não só perde o efeito,

10:16porque ele é pontual,

10:17mas a deflação vira inflação.

10:20Esse é o primeiro ponto.

10:21Segundo ponto, a partir de 25 de julho,

10:25a gente foi para a bandeira 2,

10:28que aumentou a cada 100 kWh 7,87 reais.

10:33Dá um aumento na conta de energia perto de 9%.

10:38Então, o que a gente vai sentir?

10:40Esse aumento na conta de energia.

10:43Porque se eu consumo,

10:45começo a consumir energia mais cara a partir,

10:48vamos supor, do dia seguinte, 26 de julho,

10:50quando vai chegar a conta mais cara?

10:52No finalzinho de agosto.

10:55E os pesquisadores de IPCA e de inflação

10:57vão começar a perceber essa conta cheia quando?

11:00Finalzinho de agosto.

11:02Quando vai aparecer isso na inflação de setembro?

11:05Então, a inflação de setembro,

11:06ela vai ter o rebote da ausência desse bônus,

11:11mais o patamar 2.

11:13Então, vai sim ter aumento de inflação.

11:17O que aconteceu em agosto é uma coisa muito pontual.

11:19Aí eu respondo a sua pergunta.

11:22Alimentos e bebidas, sim, está caindo,

11:25isso é muito bom,

11:27mas a energia volta com bastante força

11:31e não acredito que o BC vai,

11:34de imediato, abaixar a Selic dos 15%.

11:37Maravilha.

11:39Ô, Alberto Azental, que delícia, viu?

11:42Obrigado por essa aula, realmente.

11:44A gente não só se informa,

11:45como aprende ainda mais contigo

11:47aqui no Times Brasil,

11:48licenciado exclusivo CNBC.

11:50Sempre bom falar contigo, viu, meu amigo?

11:52Um grande abraço

11:53e vem aqui, ó,

11:54no estúdio com a gente pessoalmente,

11:57pra gente bater o papo, tá bom?

11:59Obrigado igualmente, é um prazer.

12:01Valeu.

12:01Tchau, tchau, Azental.

12:02Tchau, tchau.

Categoria

Transcrição

Seja a primeira pessoa a comentar

Recomendado