O presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, alertou no Money Times Brasil sobre o impacto das tarifas americanas de 50% nas exportações brasileiras. Com 30% da corrente comercial do país, o Porto de Santos já sente o efeito no fluxo de cargas.
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00:00Estamos de volta ao vivo com o Money Times para falar do Porto de Santos, que responde em média por 30% da corrente comercial do Brasil com o mundo.
00:10E com essa importante via do país, as tarifas de 50%, claro, devem impactar diretamente o fluxo de produtos que passam por ali.
00:18O presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, já está com a gente aqui conectado ao Money Times para conversar e bater um papo sobre os impactos da tarifa no Porto de Santos.
00:28Oi, Anderson, boa tarde, seja muito bem-vindo ao Money Times.
00:32Boa tarde, é um prazer muito grande falar com vocês.
00:35Prazer, o nosso Felipe Machado, nosso analista, vai participar da conversa também.
00:40Bom, Anderson, já comentei aqui que o Porto de Santos representa 30% da corrente comercial do Brasil.
00:46Como é que você está sentindo? A gente já tem alguma mudança significativa aí por conta do tarifaço?
00:53Ou a maior parte, né, o impacto deve vir mesmo a partir de sexta-feira, caso a gente não tenha nenhum acordo, nenhuma mudança até lá?
01:03Nós já tivemos a chamada corrida das cargas após o anúncio do tarifaço pelo presidente Trump.
01:10Então, todos os produtores, em especial os que produzem carne, café, celulose, eles correram para entregar as cargas que já estavam disponíveis para aproveitarem o preço atual.
01:25Levando em consideração que um navio que sai do Porto de Santos, ele exige 14 dias para entregar as cargas para os Estados Unidos.
01:36Portanto, aqueles que contavam com as cargas prontas, por exemplo, os produtores de bois, os criadores de bois em especial, bovinos, frangos,
01:47que puderam abater esses bois e esses frangos para antecipar essas cargas, eles o fizeram e após o anúncio na primeira semana, entregaram.
01:57Os produtores de laranja, esses não conseguiram, porque depende, obviamente, da própria natureza para amadurecer o fruto para que possa ser colhido no momento adequado.
02:09Então, inclusive, alguns produtores de laranja passam a informação para o governo que preferem deixar esses produtos no pé,
02:19ou seja, apodrecendo, tendo em vista que o impacto desse tarifácio não cobre o custo sequer para a colheita.
02:28Então, nós tivemos a corrida das cargas, principalmente para esses produtos que eu me referi,
02:34e logo na sequência, tendo em vista que estamos muito próximos à efetividade desse tarifácio, ou não,
02:41aguardamos ainda as negociações do nosso governo com o governo americano, nós tivemos uma queda.
02:49Só para a carne, assim que o presidente Trump anunciou esse tarifácio, nós tivemos um aumento nas exportações em 96%,
02:59para o café, 40%, para a celulose, perto de 50%.
03:05Agora, nós aguardamos com muita apreensão aí e contamos com o poder de negociação do nosso governo
03:13para que, efetivamente, esse tarifácio não seja aplicado nos termos em que foi anunciado.
03:21De fato, uma corrida mesmo, para mandar o quanto antes, porque a gente já comentou em várias entrevistas,
03:27já ouviu especialistas como você também comentando, especialistas de setores,
03:31sobre o tempo desse comércio internacional, dessas viagens dos navios, né?
03:36A gente fala que parece, ah, três semanas para entrar em vigor no tempo desse transporte,
03:43isso é nada, né, Anderson?
03:46É, e assim, é bom lembrarmos, como você destacou, o Porto de Santos, ele tem conexão com 200 países,
03:54600 locais de destino e representa 30% da nossa corrente comercial brasileira.
03:59E o Porto de Santos é um hub multipropósito, que movimenta todas as cargas.
04:06Então, recebe principalmente o produto industrializado, são milhares de containers,
04:11perto de 6 milhões de containers todos os anos, e exporta principalmente a força do nosso agro,
04:18grãos, né, carnes.
04:20E destacarmos também que o nosso principal cliente hoje é a China.
04:27Estados Unidos corresponde a 20% do que passa pelo Porto de Santos com destino à exportação.
04:34E a nossa carga é extremamente valiosa, porque tem relação com a alimentação.
04:39Então, o governo, inclusive, já vinha fazendo esse trabalho através do Ministério da Agricultura
04:46para buscar e fomentar novos mercados.
04:50Foram abertos mais de 100 novos mercados nesses últimos dois anos.
04:56E, certamente, essas cargas, elas receberão outras propostas já nos próximos meses,
05:04e o governo tem se movimentado nesse sentido.
05:05A gente tem conversado, tem dialogado, principalmente, com o nosso gabinete do vice-presidente,
05:11que está à frente dessas negociações.
05:14Felipe, só pergunta para o Anderson.
05:16Anderson, boa tarde para você.
05:18Anderson, a gente tem, apesar de faltar tão pouco tempo, né, existem poucas informações, né,
05:24porque tudo que a gente tem, na verdade, é aquele post, aquela carta que o presidente Donald Trump fez,
05:30onde ele mencionava essa data de 1º de agosto, mas não há muitos detalhes.
05:33Mas, a gente, você que está lidando com isso na prática mesmo, né, no dia a dia ali,
05:39você tem alguma informação sobre como é que vai funcionar isso?
05:42Quer dizer, as tarifas são aplicadas no momento que a carga sai do Brasil,
05:45no momento que ela entra nos Estados Unidos,
05:47no momento que o comprador admite essas cargas entrando, né, em território americano.
05:53Como é que está funcionando na prática?
05:54Porque imagino que isso muda tudo para vocês, né?
05:56Sim, via de regra, a carga é tarifada no momento que ela entra no país.
06:03Então, me perguntam com frequência, o Porto de Santos tem carga parada no CAIS?
06:08Não, porque a carga que chega no CAIS do Porto de Santos, ela já está vendida.
06:13Então, o nosso CAIS é tão concorrido pelas cargas,
06:18que ele não admite carga parada, armazenada, para que o vendedor possa negociar.
06:25Então, as informações são, infelizmente, as menores possíveis.
06:30Até porque nós não estamos a tratar de uma negociação comercial.
06:35O país, ele passa e divulga informações que não são verdadeiras,
06:40por exemplo, sobre a questão superavitária, né?
06:45Já que o país, ele mais vende do que compra do Brasil.
06:49Então, naquela própria carta, nós tínhamos algumas informações
06:52que não correspondem com a realidade.
06:56E a gente ouve dizer, a cada momento, mas tudo isso de forma informal.
07:01Por exemplo, já que os americanos consomem muito café,
07:05e principalmente o nosso café, o Brasil é o principal produtor de café do mundo,
07:09e o principal produtor de suco de laranja,
07:1270% do suco de laranja que é consumido pelos americanos,
07:17é produzido no Brasil e passa pelo Porto de Santos.
07:21Então, vejam, cada 10 copos de suco de laranja,
07:257 que são consumidos pelos americanos,
07:28passam pelo Porto de Santos e são produzidos pelo Brasil.
07:31Qual é o impacto do valor desse suco para o consumidor americano e para o café?
07:36Então, a gente recebe as informações, novamente pelas vias informais,
07:42que se aplicada, se confirmada essa tarifa,
07:44esses dois produtos poderiam receber uma tarifa numa porcentagem menor.
07:50Mas, de novo, nós não temos nenhuma informação concreta.
07:55O nosso governo tem feito um excelente trabalho de se colocar à disposição,
08:00tanto pelo gabinete do nosso vice-presidente,
08:02quanto pelos senadores que foram representando o governo federal,
08:06buscando o bom diálogo.
08:08Mas o diálogo é focado no comércio entre os dois países.
08:14Exigir outras ações ou omissões de outros poderes,
08:20isso não pode ser posto à mesa, principalmente para uma democracia como a nossa,
08:26que é o que atrapalha muito as negociações.
08:28Mas o governo tem feito um bom trabalho, estamos otimistas
08:32para que esses representantes tragam boas notícias o mais breve possível.
08:37É, a gente está de olho também, aguardando, de olho em todas as possibilidades.
08:41Tem senadores agora reunidos lá em Washington,
08:44repórter acompanhando por lá.
08:46Agora, Anderson, a gente já ouviu, inclusive aqui numa entrevista no Money Times,
08:50um plano, por exemplo, de um empresário brasileiro.
08:53Eu queria saber se você tem percebido movimentos desse tipo,
08:56de talvez encontrar rotas ali com uma parada em um outro país
09:01antes do produto dele chegar nos Estados Unidos.
09:04Então, por exemplo, tira do Brasil, coloca no Panamá
09:07e só depois manda do Panamá para os Estados Unidos.
09:11Há, de fato, alguma movimentação desse tipo sendo notada?
09:14Vocês perceberam isso lá?
09:16Uma triangulação, né?
09:17É, uma triangulação, exatamente, esse é o termo.
09:20É, isso é possível para os produtos industrializados.
09:23Sim.
09:24Nós fornecemos, em especial para os americanos, as nossas commodities,
09:29que são suco de laranja, carnes.
09:32Então, veja, é praticamente impossível nós utilizarmos essas escalas,
09:39tendo em vista que esses produtos são perecíveis
09:41e eles saem com data certa para também em uma chegada com data certa para o destino.
09:49Então, nesse caso, os produtores, eles sofrem com essa triangulação
09:55porque não é possível, né?
09:57Até porque, por exemplo, muitos produtos,
09:59eles são transportados nos containers refrigerados.
10:04Então, quando sai do nosso cais e entra no navio,
10:07conecta-se uma tomada.
10:09Então, você ficar utilizando outras estruturas para carga e descarga desses produtos
10:17não é o mais adequado, principalmente para esses produtos
10:21que são consumidos pelos americanos e saem aqui do país.
10:25O correto é que tenhamos uma definição.
10:28Ou seja, se for aplicada a tarifa, o Brasil tem que fazer a lição de casa
10:33e sobre esse quesito nós estamos muito bem representados
10:38de encontrarmos outros mercados.
10:40Os nossos alimentos, obviamente, eles receberão outros destinos,
10:47que é exatamente o que vem dialogando o nosso governo, né?
10:50Então, essa triangulação é praticamente impossível para os nossos produtos.
10:55Certo.
10:56Felipe, mais uma sua.
10:58É, eu queria saber do Anderson.
10:58Deixa eu só pedir, Anderson, sua câmera acabou virando aqui.
11:03Ah, virou aqui.
11:04Ah, ótimo, perfeito.
11:05Pronto.
11:06É, voltou.
11:06Acho que a gente já vai conseguir encher tela de volta.
11:08Obrigada.
11:09É, maravilha.
11:10Anderson, puxa, muito legal ouvir você falando,
11:13porque você é a pessoa que está ali lidando no dia a dia,
11:16na prática mesmo com essa situação.
11:19Eu queria saber de você quais são os principais portos americanos
11:22que são abastecidos por produtos que saem do Porto de Santos.
11:26Principalmente o Porto de Miami, né?
11:30Até pela proximidade.
11:31Então, a porta de entrada é o Porto de Miami,
11:35que é utilizado pela rota que sai da América do Sul.
11:39E depois, assim como no Brasil, eles trabalham com a chamada cabotagem.
11:44Então, as cargas chegam e são descarregadas através de navios menores
11:49que fazem a cabotagem e a distribuição desses produtos
11:52para o interior do país, como acontece no Brasil.
11:55Nós recebemos, por exemplo, os produtos industrializados
11:58dos próprios Estados Unidos, da China e da Europa,
12:02e nós distribuímos através de navios menores por cabotagem,
12:07porque o custo é menor e a cadeia logística
12:12trabalha exatamente com esse formato.
12:14Tá certo.
12:15Bom, então, Anderson, acho importante a gente recuperar
12:19uma informação que você já trouxe, né?
12:20Teve um comunicado oficial destacando que hoje
12:23não tem carga parada no Porto, né?
12:25Como você já enfatizou bem aqui para a nossa audiência.
12:28Mas tem uma preocupação de médio prazo sobre impacto
12:31no fluxo de navios, na questão, inclusive, dos empregos locais,
12:35na arrecadação do Porto?
12:37Se a gente, de fato, tiver uma redução nas exportações
12:39para os Estados Unidos, dá para a gente a dimensão disso, por favor?
12:42Sim, a nossa preocupação, principalmente para a geração de empregos,
12:48é do complexo logístico como um todo, né?
12:51O Porto, ele recebe as cargas que vêm do interior do estado de São Paulo,
12:56da nossa chamada Interlândia, principalmente dos cinco principais estados
13:00que têm conexão com o Porto de Santos.
13:03E é claro que essa cadeia, por exemplo, produtores de laranjas,
13:06que movimentam milhões de empregos,
13:09produtores de carnes, da mesma forma,
13:11movimentam outros milhões de empregos.
13:14Claramente, esse setor será afetado.
13:17Não no Porto, diretamente,
13:19porque o Porto, ele representa um anel dessa cadeia logística,
13:22dessa corrente que produz, muitas vezes, no interior,
13:27recebe no cais esse produto e exporta para 200 países e 600 locais de destino.
13:33Então, só em São Paulo, num levantamento rápido,
13:36nós teremos um impacto de, pelo menos, 150 mil empregos diretos,
13:41levando em consideração que São Paulo
13:43é o principal produtor de suco de laranja do mundo.
13:47Então, é claro que nós teremos um impacto.
13:49Agora, esse impacto, ele é bilateral.
13:52No primeiro momento, o consumidor americano será o principal afetado.
13:58E muitos empregos também vinculados a essa cadeia logística americana
14:03serão afetados.
14:05Então, a falta de negociação com dados transparentes
14:10e critérios bem postos à mesa prejudica os dois países.
14:17Tá certo.
14:17Quero agradecer, Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos,
14:21pela participação ao vivo com a gente aqui no Money Times.
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