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No Visão Crítica, Natalia Fingermann, Pedro Serrano e Gustavo Sampaio repercutem a verdadeira intenção por trás do tarifaço de Donald Trump. Eles afirmam que a decisão é uma arma política, sem motivos econômicos claros. Natalia Fingermann argumenta que essa é uma tática de Trump para pressionar países. Pedro Serrano critica a defesa de Jair Bolsonaro como pretexto, e Gustavo Sampaio questiona a conduta de líderes que buscam descredibilizar instituições democráticas para benefício próprio.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/9Yld93xkPYo

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Transcrição
00:00Professora Natália, há vários grupos que fazem leituras distintas sobre qual seria o verdadeiro interesse, o verdadeiro objetivo de Donald Trump
00:10quando ele divulgou aquela carta em que trata de vários temas, vários assuntos, mas finaliza com o anúncio da taxação.
00:18Bom, naquele texto ele mencionou a situação que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro.
00:22Mencionou a relação comercial entre os dois países, fez críticas à justiça brasileira, ao Supremo Tribunal Federal, fala em supostos atos de censura, inclusive que teriam atingido empresas norte-americanas.
00:36Bom, cada grupo tenta reivindicar para si alguma articulação que teria dado certo e a partir daí Donald Trump teria tomado essa decisão
00:46e faz isso para tentar se ajustar a uma narrativa que muitas vezes é compartilhada nas redes.
00:54Qual é o seu diagnóstico? Do que trata exatamente o tarifaço de Donald Trump?
00:59Olha, o tarifaço de Donald Trump é um tarifaço político e é um modus operandi de Donald Trump, não somente em relação ao Brasil, acho que é importante colocar isso, mas em relação ao mundo.
01:09O Donald Trump anunciou tarifas contra o Japão, contra a União Europeia, contra a Indonésia, então diversos países do mundo têm sofrido esse tipo de pressão.
01:21E muitas vezes essa pressão, ela vem de uma forma de chantagem. Em que sentido?
01:27Olha, eu só vou diminuir as tarifas se você adotar esta medida interna.
01:32E é uma chantagem com uma certa interferência na política doméstica.
01:36Quando a gente olha, por exemplo, para o caso da Colômbia e aí saindo um pouco do Brasil, Donald Trump falou
01:42a tarifa vai ficar muito alta se você não aceitar as deportações.
01:47Caso do México, as tarifas vão ficar muito altas se você não resolver um problema interno seu em relação ao narcotráfico.
01:54Caso do Brasil, as tarifas vão ficar muito altas se o seu judiciário não tomar uma decisão favorável em relação ao meu aliado internacional político.
02:04Então, esse modus operandi do Donald Trump, ele não é um modus particular em relação ao Brasil.
02:12É uma questão que vai acontecendo no mundo todo.
02:15No Brasil, eu acho que o que tem de diferente é o fato de ele estar relacionando a uma questão específica de um político brasileiro,
02:24que é Jair Bolsonaro.
02:25E, nesse caso, a gente tem Eduardo Bolsonaro residindo nos Estados Unidos e se colocando como articulador desta iniciativa de Donald Trump.
02:38Então, eu acho que essa amarração é um pouco diferente.
02:42Mas esse modus operandi de chantagear países e de buscar, por meio da chantagem, ganhos econômicos, é o seu modus operandi.
02:51Sabemos que as relações comerciais Brasil-Estados Unidos são favoráveis para os Estados Unidos,
02:56ou seja, os Estados Unidos têm um superávit comercial, não é uma relação deficitária para o governo norte-americano.
03:04Então, não era esperado que o Brasil sofresse esse tipo de tarifa, a não ser que a intenção seja outra.
03:12Eu acho que essa é um pouco a minha análise.
03:13Pois é, agora, Pedro, a Natália traz ingredientes muito interessantes, mas que, se nós colocarmos sobre a mesa,
03:22dificulta ainda mais o desafio do governo brasileiro em tentar destravar uma negociação que não trataria somente de aspectos tarifários, econômicos e comerciais.
03:34Mesmo porque o Executivo Federal não teria autonomia para atender a todos os pleitos mencionados por Donald Trump,
03:42se é que todos aqueles assuntos são demandas e pedidos não muito objetivos, mas velados.
03:51Qual é a reflexão que a gente precisa fazer sobre esse tarifácio, ou pelo menos o anúncio daquela carta?
03:55Os fundamentos dados, basicamente, há um fundamento, que é Trump, que tem a alegação de que o Brasil teria explorado,
04:08os Estados Unidos teria uma vantagem comercial, que não é factual, ela é falsa.
04:12Isso que aponta são os próprios economistas norte-americanos, inclusive prêmios nobres, etc.,
04:18que declararam claramente que a relação dos Estados Unidos com o Brasil é superavitária,
04:23não há nenhum motivo econômico para o tarifácio.
04:25É o que ele aponta, e eu não vou ficar aqui adivinhando qual é a real intenção,
04:29porque é muito fácil você atribuir a qualquer agente político intenções ocultas.
04:33A gente tem que ver as intenções explícitas.
04:36Ele deseja um privilégio para o Jair Bolsonaro, não um direito.
04:40Todos nós, cidadãos, todos, sem exceção, podemos ser processados, mesmo inocentes.
04:45É um ônus de quem é cidadão.
04:47O que ele deseja para o Jair Bolsonaro é criar um príncipe, no sentido etimológico da palavra, um primeiro cidadão.
04:55Alguém que está acima da lei e acima dos direitos.
04:59Está acima dos deveres de cidadania.
05:01Alguém que tem um privilégio e não direitos.
05:04Não tem sentido isso.
05:07O senhor Jair Bolsonaro foi ex-presidente da República, mas é um cidadão como qualquer outro.
05:12Tem que arcar com os ônus próprios da cidadania, inclusive ônus de ser processado.
05:16Vejam que o Jair Bolsonaro não foi condenado.
05:20Até surgir esse atrito, ele estava solto, andando de jet ski.
05:24Quer dizer, a realidade é que não havia condenação, nenhuma restrição ao seu direito de liberdade no território nacional.
05:31O que postula Trump é que ele não seja processado, que ele não seja investigado.
05:36Que ele esteja acima do Estado.
05:39Que ele seja um titular eterno de poder político acima do direito e dos direitos.
05:45Isso não é só um nível de intervenção na soberania nacional, que é muito grave.
05:54É um nível de intervenção nas normas de civilização, nas normas civilizadas, nas conquistas modernas.
06:00Que esse Brasil lutou e tanta gente conheceu a vida como dor, sacrifício, humilhação,
06:05para poder criar o mínimo de civilidade nesse país.
06:08E vou dizer mais, Lula não pode negociar com ele esse assunto, porque não tem nenhuma autonomia para interferir no judiciário.
06:15Se Lula pretender interferir no judiciário, vai estar cometendo crime também.
06:19Ele não pode, não deve intervir.
06:22E o judiciário não pode fazer negociações políticas em torno das decisões judicionais.
06:27Porque o papel do judiciário é aplicar a Constituição e a lei, não ficar negociando politicamente.
06:32Então ele exige algo que é insuscetível de ser atendido.
06:36Ainda que fosse possível de ser atendido.
06:38Pararia aí?
06:41Trump pararia aí?
06:43Tudo bem.
06:43Liberou o Bolsonaro, ele vai parar agora de fazer.
06:45Não.
06:46Qualquer desejo do presidente dos Estados Unidos, teríamos que estar ali para atender.
06:50Isso quebra a nossa espinha.
06:52Arrebenta com a gente como nação, como país.
06:55Como dignidade que a gente tem que ter minimamente como povo.
06:59Para poder, inclusive, conviver internacionalmente.
07:02Acaba totalmente com a noção do Brasil como país.
07:05Portanto, e contra Trump hoje, é em favor do Brasil.
07:09Não é um problema ideológico.
07:11Não é um problema de divisão de classes aqui no Brasil.
07:15É ir a favor do Brasil.
07:18Eu acho que tem vários aspectos para a gente destacar após a fala do Pedro e só destacando que ao longo da semana a gente conversou com vários especialistas, analistas, juristas, advogados que fazem ponderações que vão na contramão, inclusive do Pedro.
07:36E está tudo bem, justamente quando você fala em desejo ou objetivo velado, mas que não deveríamos fazer esse exercício e tratar daquilo que é explícito.
07:47Para muitos não ficou claro se esse é o objetivo, se aquela menção a Jair Bolsonaro seria apenas uma opinião.
07:55Ele não falou de maneira expressa que tudo estaria condicionado à revisão do processo que envolve o Jair Bolsonaro, mas a gente vai se aprofundar nisso, viu, Pedro?
08:04Deixo só das boas-vindas ao Gustavo Sampaio, também sempre colaborando com a gente aqui na programação da Jovem Pan, doutor em Direito e professor de Direito Constitucional na Universidade Federal Fluminense.
08:15Doutor, seja muito bem-vindo mais uma vez aqui à programação.
08:18Esse exercício inicial com a nossa audiência, a gente tenta fazer um raio-x e também compartilhar um diagnóstico sobre as intenções de Donald Trump com aquela carta.
08:30Bem-vindo mais uma vez, doutor.
08:34Boa noite, Daniel. Boa noite, professora Natália, professor Pedro Serrano.
08:39Temos satisfação estar aqui com vocês a conversar desse tema tão árduo, tão difícil, porque as coisas não vêm de hoje, não é, Daniel?
08:48Nós, durante muito tempo, durante décadas, talvez, aqui no Brasil, tivemos um diálogo muito tensionado, mais ideológico e, muitas vezes, um diálogo de lastro intelectual
09:00entre os defensores do nacional, o estatismo e, de outro lado, os próceres do liberal cosmopolitismo.
09:10Você veja, sob a vigência da lei Agamemnon, lá de 1945, naquela trinca partidária que perdurou até 1966,
09:19a União Democrática Nacional era a expressão do liberal cosmopolitismo e tinha grandes nomes, até de envergadura intelectual,
09:26intelectual, como Bilal Pinto, como Prado Kelly, como Adalto Lúcio Cardoso, e eram pessoas de quem eu poderia discordar,
09:36mas que eu respeitaria intelectualmente, Afonso Arindos, e do lado ali, do nacional estatismo, grandes nomes também,
09:45inclusive na política, integrando o PTB.
09:48Hoje, nós não vivemos mais isso.
09:51Tivemos, ainda, na década de 90, o diálogo ideológico entre o PSDB e o Partido dos Trabalhadores, até o início desse século.
10:01Hoje, parece, para nosso desalento absoluto, Daniel, que o diálogo ou a disputa na arena política
10:08está entre os institucionalistas, ou seja, aqueles que defendem as instituições,
10:14e os anti-institucionalistas, ou seja, aqueles que querem a ruína das instituições, das conquistas civilizatórias,
10:22das conquistas edificadas pelas revoluções liberais, e desde a Revolução Puritana, passando pela francesa, pela americana.
10:31Hoje, nós temos pessoas que se dizem liberais, defensores do liberalismo,
10:37mas que atentam contra as instituições do liberalismo.
10:40Está tudo muito confuso.
10:42Então, na verdade, Daniel, o que o presidente Donald Trump fez recentemente,
10:48e aqui, claro, eu tenho que concordar, jamais discordaria dos dois diagnósticos feitos pela professora Natália e pelo professor Pedro,
10:55o que Donald Trump faz não é adotar o tarifácio como medida de caráter econômico,
11:02porque isso não faria sentido nenhum com um país superavitário em relação ao Brasil.
11:06Pelo contrário, uma parte da base empresarial norte-americana que apoiou Donald Trump está indignada com essas medidas que estão sendo tomadas.
11:14É uma medida política tomada por um dos grandes representantes mundiais do anti-institucionalismo,
11:21um homem que, em 2020, depois de perder as eleições presidenciais,
11:28encareceu ao, então, vice-presidente do Senado, vice-presidente da República, presidente do Senado,
11:35que não reconhecesse o resultado das eleições,
11:39e no alto de um palanque, em Washington,
11:42consitou seu público apoiador a invadir o símbolo maior da democracia norte-americana,
11:49o Capitólio,
11:50o que resultou na morte de cinco pessoas,
11:53e foi uma cena jamais vista na história americana.
11:56Esse é Donald Trump, que voltou à presidência dos Estados Unidos,
12:01e se alia a essa política do anti-institucionalismo.
12:05A representação no Brasil maior do anti-institucionalismo
12:08acaba agregada à imagem do presidente Jair Bolsonaro.
12:12Como na Argentina, o anti-institucionalismo está agregado à imagem de Javier Milley.
12:19Tanto que, na campanha, Milley defendia o fim do Banco Central,
12:22o fim de uma série de instituições da Argentina,
12:25e depois foi voltando atrás, como Trump também volta atrás de muita coisa,
12:30usa o artifício anti-institucionalista para fins políticos.
12:33Então, em verdade, Trump vê em Bolsonaro
12:35a esperança da manutenção do Brasil como um quintal dos Estados Unidos da América, entende?
12:42E, na medida em que ele, Trump, foi nos Estados Unidos processado e julgado,
12:47mas como o sistema jurídico norte-americano é, de certa forma...
12:52Perdão.
12:54É, de certa forma, mais laxo do que o nosso,
12:56e permite que aquele indivíduo, mesmo sob investigações,
13:02possa ser candidato à presidência dos Estados Unidos,
13:05Trump acaba vendo, no Brasil,
13:08à medida em que Jair Bolsonaro é réu nação penal 2668,
13:12perante o Supremo Tribunal Federal,
13:14um país que tem uma legislação mais rígida,
13:16e que, na lei 14.197,
13:19estabeleceu um repertório circunstanciado de crimes contra o Estado Democrático de Direito,
13:23quando Trump vê no Brasil Jair Bolsonaro sofrendo esse tipo de submissão à função judiciária,
13:32ele logo constrói o entendimento de que se trata de uma percepção política
13:36e ele deve salvar o seu sócio,
13:39defendendo que o Brasil cesse imediatamente a sua percepção penal.
13:43É isso, Daniel.
13:44É, mais uma vez, a luta do anti-institucionalismo
13:47contra as instituições tradicionais do Estado Constitucional Democrático de Direito.
13:52É um institucionalismo guerreando com o anti-institucionalismo.
13:57E, portanto, é o cenário que nós temos hoje.
14:00A tentativa de Trump é uma tentativa de ameaçar,
14:04admoestar, ameaçar politicamente o Brasil
14:07e manter o Brasil debaixo da rédea norte-americana
14:11a caso o sistema de justiça criminal da nossa República
14:15não recue defendendo o seu colega, o seu Dito Nigo,
14:19o seu sócio, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
14:22É o que temos.
14:23Está aí.
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