Pular para o playerIr para o conteúdo principal
No Visão Crítica, os professores de Relações Internacionais Natalia Fingermann, Valdir Bezerra e Vitelio Brustolin discutem as expectativas para o encontro entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/uaa7JtfkQw4

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal Jovem Pan News no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#JornalJP

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Para falar sobre esse tema importante, a expectativa para essa sexta-feira,
00:04e nós temos três professores de Relações Internacionais para nos ajudar a entender
00:09e falar, claro, sobre o que esperar desse encontro desta sexta-feira.
00:14Aqui nos estúdios da Jovem Pan da Avenida Paulista,
00:17a professora Natália Fingerman, de Relações Internacionais.
00:20Tudo bem, professora? Bem-vinda. Muito obrigado por estar aqui.
00:22Boa noite. Obrigada pelo convite, mais uma vez.
00:25Aqui com a gente também é o professor Waldir Bezerra,
00:27professor de Relações Internacionais e que é especialista em Rússia.
00:30Tudo bem, professor? Bem-vindo.
00:31Tudo bem. Obrigado pelo convite.
00:33Nós que agradecemos.
00:34E aqui no telão, o professor Vitelli Bustolin,
00:36sempre com o fundo do Globo Terrestre atrás,
00:40participando sempre da programação da Jovem Pan.
00:42Muito obrigado, professor. Bem-vindo.
00:44Obrigado, Thiago, pelo convite.
00:46Boa noite a você, a Natália, o Waldir e a todos.
00:48Bom, começo com a professora Natália.
00:50São muitos os aspectos para a gente discutir desse encontro.
00:54Primeiro, a ausência de um dos envolvidos,
00:56a questão é saber se pode haver algum tipo de avanço com a ausência dele,
01:02mas a questão é igual ao jogo de futebol.
01:04Qual a expectativa para o embate que nós teremos amanhã?
01:08Talvez desde o início da guerra na Ucrânia.
01:10É a primeira vez que se tem uma chance, talvez real,
01:14é um avanço que poderemos ter, professora?
01:17É muito difícil a gente dizer se vai ter um avanço real, Thiago,
01:21nesse contexto que Zelensky não está presente, né?
01:23Então, a principal parte envolvida nessa questão não vai estar lá para discutir.
01:29Uma coisa que Zelensky deixou claro é que ele quer ter algum tipo de garantia
01:35que vai ter uma segurança da Ucrânia,
01:37uma vez que os russos se propõem aí a ficar com a parte de Dostesky
01:44e aquela outra parte que está aí já ocupada pelos russos.
01:48Mas o ponto que eu acho é que esse encontro está sendo pano de fundo para uma outra discussão.
01:55É uma discussão entre Estados Unidos e Rússia em relação ao Ártico.
02:00Estados Unidos e Rússia, Trump e Putin estão muito preocupados com a questão do Ártico.
02:05O Trump está muito preocupado com a ocupação da Rússia numa ilha ali na região da Noruega,
02:13que é uma ilha que se chama Svaldarba.
02:16E essa ilha Svaldarba tem representado uma ameaça para a OTAN, para a Noruega e também para os Estados Unidos.
02:26Então, esse encontro acontece no Alasca por um motivo de que o pano de fundo pode ser a Ucrânia.
02:34Mas tem outros interesses que vão ser discutidos à mesa.
02:38Professor Valdir, eu queria perguntar também sobre isso.
02:41Claro que existe uma grande expectativa, talvez de uma possibilidade de cessar fogo,
02:46mas talvez também não há uma chance ainda real por causa da ausência de um dos atores.
02:52Mas existem esses outros panos de fundo nesse encontro, que é num lugar, que é o Alasca,
02:58um lugar que muita gente nem imaginava que nós pudéssemos ter uma reunião numa envergadura como essa.
03:04E o curioso, Tiago, é que os Estados Unidos da América se tornou um país ártico
03:10justamente por uma venda que a Rússia fez dessa região do Alasca para os Estados Unidos no século XIX.
03:17É um lugar bastante simbólico onde vai acontecer esse encontro do Trump com o Putin.
03:24E eu vejo que, dentre as diversas pautas que vão poder ser abordadas nesse encontro,
03:30a mais premente do ponto de vista dos olhares internacionais é justamente a questão da guerra na Ucrânia.
03:36E eu vejo que Estados Unidos e Rússia estão tentando, nesse momento, encontrar alguns denominadores mínimos comuns
03:45que vão depois ser colocados à frente, colocados à mesa quando for acontecer a negociação entre Rússia e Ucrânia
03:54de um ponto de vista mais direto e incluindo também a União Europeia.
03:58Esses denominadores mínimos comuns na administração Trump me parecem ser bastante importantes para a Rússia.
04:06porque algumas posições americanas foram reveladas no primeiro semestre desse ano por mídias ocidentais
04:12e a administração Trump está, pelo menos nesse momento, disposta a reconhecer as novas regiões russas
04:21que foram anexadas da Ucrânia em setembro de 2022.
04:25É o caso de Donetsk, é o caso de Lugansk, Zaparoja e Herson.
04:29A administração americana também dá sinais de que vai concordar com o pedido da Rússia de não entrada da Ucrânia na OTAN
04:40e também é a favor da suspensão imediata das sanções econômicas que foram impostas à Rússia desde 2014 em diante.
04:48Então, me parece que esse encontro vai solidificar essas posições
04:51para que depois essas iniciativas sejam colocadas adiante numa eventual negociação entre russas e ucranianos.
05:00Professor Vitellio, também com a gente aqui no Visão Crítica.
05:04Professor, os nossos colegas aqui no estúdio falam que pode ser o primeiro passo para algo que venha depois,
05:11talvez também com a participação do presidente da Ucrânia, que na avaliação de muitos especialistas
05:17é algo fundamental para que algo se avance também.
05:20O senhor concorda com isso quando o senhor olha esse mapa mundo atrás e vê o Alasca?
05:24É um local ideal para um encontro como esse ou não necessariamente, professor?
05:29Pois é, Tiago Alasca, que foi comprado pelos Estados Unidos da Rússia em 1867
05:35justamente porque a Rússia queria financiar uma invasão à Crimeia, já naquela época.
05:43Foi comprado por 7 milhões de dólares na época, hoje dá 150 milhões.
05:47É realmente um local simbólico, ele poderia simbolizar que as fronteiras do mundo podem ser negociadas.
05:54O que ocorre é que desde a carta da ONU, em 1945, o mundo concordou que não se pode tomar territórios à força.
06:02Então, alguns aspectos importantes para a gente levar em conta aqui.
06:06Todo mundo quer a paz, isso o Clausius ensina.
06:10O atacante é um amante da paz, se ele puder ele vai tomar o território do oponente sem dar um único tiro.
06:15A questão é qual paz, porque declaradamente a intenção da Rússia é a soberania da Ucrânia.
06:22A Rússia não vai parar nesses territórios que ela ocupa, aliás, ela não ocupa nenhum deles integralmente.
06:28Donetsk, Luhansk e Zaporizh e Kershom.
06:31Nenhum deles a Rússia ocupa integralmente, nem mesmo na área do Dombássio.
06:35A Crimeia, que é ocupada desde 2014, é a única ocupação integral e já é um indício de que a Rússia não iria parar na Crimeia,
06:42assim como não pretende parar onde ela está hoje, depois de três anos e meio de guerra.
06:47A questão é que entre 2014 e 2022, a Ucrânia e a Rússia realizaram 200 rodadas de negociação.
06:54Chegaram a dezenas de acordos de cessar-fogo e todos eles foram violados pela Rússia, Thiago.
07:03A discussão que se tem hoje aqui é amanhã é um primeiro momento, é um primeiro encontro.
07:08O Trump não pode negociar os territórios da Ucrânia e nem os Zelensky pode,
07:13porque o artigo 73 da Constituição proíbe isso, teria que ser feito um referendo dentro da Ucrânia
07:18para ceder território.
07:20Então, a questão é, a Rússia declaradamente quer a soberania da Ucrânia.
07:26Essa guerra nunca foi sobre a expansão da OTAN.
07:28A Ucrânia não poderia ingressar na OTAN em 2022 porque tinha uma guerra no Dombás
07:33e o Estatuto da OTAN proíbe países em guerra de ingressarem na OTAN.
07:37Essa guerra no Dombás, inclusive, financiada pela Rússia, promovida pela Rússia.
07:42A Rússia nunca quis apenas o Dombás, Donetsk e Luhansky.
07:45A intenção da Rússia, desde o início, é ou de que a Ucrânia se transforme num estado fantoche,
07:51como é Belarus, ou de que a Ucrânia se transforme num estado anexado.
07:55Isso é declarado abertamente pelo Putin, escreveu isso no site do Kremlin em 2021,
08:00seis meses antes de anexar a Ucrânia, de invadir a Ucrânia novamente,
08:05e é declarado na TV russa abertamente.
08:08Eu vou só finalizar dizendo que nós já vimos isso na história antes.
08:11Em 1938, o Chamberlain, que era primeiro-ministro do Reino Unido,
08:17e o Deladier, que era presidente da França, foram conversar com o Hitler
08:21e deram para o Hitler sudetos da Tchecoslováquia em troca de um acordo de paz.
08:26Eles queriam a paz na época deles.
08:27Todo mundo quer a paz, veja, até o Hitler dizia que queria.
08:30O Hitler levou esses sudetos da Tchecoslováquia,
08:33onde havia a população falante do alemão,
08:36mais ou menos como o Putin alega que é em Donetsk e Luhansky.
08:39E seis meses depois, ele invadiu a porção ocidental da Tchecoslováquia.
08:44A França e o Reino Unido apenas protestaram.
08:47Seis meses depois, o Hitler marchou sobre a Polônia.
08:50Num acordo com o Stalin, então a União Soviética,
08:53iniciou a Segunda Guerra Mundial.
08:55Isso se chama política do apaziguamento.
08:59O que é esperado é que amanhã não seja mais um capítulo
09:01nessa política do apaziguamento,
09:03que as pessoas tenham aprendido com a história, Thiago.
09:05Bem lembrado, professor.
09:06Bom, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
09:09falou hoje sobre a expectativa de um encontro de amanhã
09:12e citou o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
09:16Acompanhe.
09:18Amanhã teremos uma reunião com o presidente Putin.
09:22Eu acho que vai ser um bom encontro,
09:23mas a reunião mais importante será a segunda que teremos.
09:27Vou me reunir com o Putin, Zelensky,
09:29e talvez a gente chame alguns líderes da Europa.
09:31Ou talvez não.
09:32Não sei se isso será tão importante.
09:34Vamos ver o que vai acontecer.
09:36E eu acho que o presidente Putin vai querer a paz.
09:40Professora Natália e professor Waldir aqui nos estúdios.
09:44Quer começar, professor?
09:45Pediu até a palavra aqui.
09:47A questão é a seguinte,
09:47se ele já cogita fazer uma segunda reunião com Zelensky,
09:51por que não já nessa sexta-feira?
09:54Eu quero só aproveitar o gancho trazido pelo professor Vitélio Brustolini,
09:58porque a questão territorial é muito importante
10:01para a resolução desse conflito.
10:03E no momento presente há uma diferença de interpretação
10:08sobre como que os dois lados poderiam chegar à paz.
10:13Os americanos divulgaram posições no primeiro semestre desse ano
10:18de que nós estamos prontos a reconhecer essas novas regiões da Rússia
10:23que foram anexadas da Ucrânia depois do começo da guerra,
10:27enquanto que a Ucrânia não quer abrir mão dos territórios.
10:31Ou, no máximo, ela deseja um cessar-fogo mais amplo
10:36e depois discutir a questão territorial com a Rússia.
10:39Então, a gente percebe uma divergência de interpretações.
10:42Os Zelensky e os líderes ucranianos
10:45não querem reconhecer o status territorial desse momento,
10:49enquanto que o Trump estaria disposto a fazer essa concessão para a Rússia.
10:52Outra questão muito importante que a Rússia exige da Ucrânia
10:57é que a Ucrânia fixe na sua Constituição
11:00uma cláusula de neutralidade permanente.
11:03Ou seja, de que a Ucrânia não entre nem se aproxime de nenhum bloco militar.
11:09E é claro que quando a gente fala de bloco militar,
11:11a Rússia quer dizer justamente a OTAN.
11:13Enquanto que a Ucrânia diz o seguinte.
11:15Eu até, pelo menos ela dizia quando estava negociando com a Rússia
11:19em março e abril de 2022.
11:22Até posso reconhecer o meu status como um país permanentemente neutro,
11:29desde que seja dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia,
11:34que incluem as zonas que estão sendo ocupadas pela Rússia,
11:38Donetsk, Lugansk e também a Crimeia.
11:41E esse ponto de divergência foi uma das questões que colocaram
11:44até o presente momento os russos e os ucranianos em divergência.
11:47Professora Natália, e dentro de tudo isso,
11:50eu só queria trazer algumas informações que surgiram hoje.
11:54Muitas de bastidor, é claro, de alguns analistas internacionais.
11:57Donald Trump poderia ceder recursos do Alasca a Putin para o fim da guerra.
12:02Ele até poderia oferecer terras raras à Ucrânia.
12:06E, de qualquer forma, é uma discussão.
12:08A gente só vai saber amanhã.
12:10Mas, e essa relação dos Estados Unidos com a própria Rússia,
12:14ele chegou a ameaçar, a sancionar a Rússia novamente lá atrás.
12:17Ou seja, é uma relação que acabou se atritando nos últimos tempos também.
12:22Donald Trump tem uma característica.
12:25Ele fala mais do que faz.
12:28É importante a gente lembrar disso.
12:30Ele ameaçou muito a Rússia,
12:33ameaçou muito a China, por exemplo, com tarifas enormes.
12:37Mas, no final, ele recua.
12:39Ele acaba recuando.
12:41Então, ele tem perdido credibilidade entre os líderes internacionais.
12:46Essa credibilidade que é dada ao Donald Trump,
12:49muitas vezes no Brasil, me surpreende.
12:51Porque, quando a gente olha as suas ações com outros países,
12:55tem cada vez mais se questionado a sua credibilidade.
12:58Porque ele fala coisas, mas não cumpre, Tiago.
13:01Ele não cumpre com muito do que ele fala.
13:03Então, não sabemos, de fato, se, vamos dizer,
13:06essa doação de recursos para a Rússia das terras raras
13:11não é mais uma forma de seduzir, de tentar chegar a um consenso.
13:17O fato é que esse encontro vai ser no Alasca,
13:20vai ser numa base militar norte-americana.
13:23Então, os Estados Unidos quer mostrar à Rússia
13:27a sua base militar no Ártico.
13:29É bom deixar claro isso.
13:30Também tem uma questão dos Estados Unidos
13:34querer mostrar a sua estrutura de poder
13:36na região do Ártico,
13:38que é uma região a qual os russos estão avançando muito.
13:43E que o Donald Trump já colocou o seu interesse
13:45até mesmo em tomar a Groenlândia.
13:48Lembra?
13:48Lá no começo do governo dele,
13:50ele vai falar sobre a Groenlândia.
13:52Do meu ponto de vista,
13:53o que é mais importante nesse encontro
13:56não é a questão da Ucrânia.
13:59Se fosse a questão da Ucrânia,
14:00estaria lá o Zelensky.
14:02Esse encontro se trata de outros assuntos.
14:06E o principal assunto é o Ártico.
14:09Hoje tem uma matéria especial da The Economist
14:11falando sobre isso.
14:13Eu concordo.
14:14Eu acho que tem outros assuntos
14:15a serem discutidos no Alasca.
14:17E não é, sabe, essa questão da Ucrânia.
14:20A da Ucrânia é o que está aqui
14:22para a gente ver,
14:23para mostrar a todos o que vai ser dito.
14:25Mas ninguém vai estar lá acompanhando a reunião
14:28e espionando para dizer de fato
14:30o que vai ser colocado.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado