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No Visão Crítica, Roberto Dumas, Roberto Gianetti da Fonseca e Felipe Salto repercutem os bastidores das taxações de Donald Trump ao Brasil. Os economistas analisam que a situação de Jair Bolsonaro serve como "bode expiatório", mas a verdadeira preocupação de Trump são os movimentos por uma nova moeda através do BRICS. Por isso, ele tem jogado pesado com as tarifas, buscando conter a crescente influência do bloco e proteger a hegemonia do dólar no cenário global.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/J344tTbzH7k

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Transcrição
00:00Só inverter aqui a ordem no nosso giro de análise, porque o Janete, antes do Ao Vivo,
00:05ele refletia e trazia as informações sobre críticas de algumas autoridades americanas
00:11para a relação que o Brasil tem com países que fazem parte do grupo dos BRICS
00:17e acusações de que o Brasil estaria ajudando a financiar os conflitos que acontecem no leste europeu
00:23e também no Oriente Médio.
00:25Janete, eu queria também discorrer sobre essa questão que envolve a tese que muitos defendem
00:32que o que estaria por trás da manifestação de Donald Trump é o receio dele
00:37de que os países que integram os BRICS, de adotarem aquela moeda alternativa ao dólar
00:43e que ele se utilizou da pauta ligada a Jair Bolsonaro como boi de piranha.
00:50Enfim, queria que você discorresse sobre essa temática, mas também sobre essas acusações
00:54de algumas autoridades americanas de que o Brasil estaria financiando os conflitos,
00:58principalmente entre Rússia e Ucrânia.
01:00Vamos lá, isso tudo está dentro desse guarda-chuva do BRICS.
01:04Essa questão da moeda, como o Felipe colocou muito bem,
01:07os Estados Unidos têm, desde a Segunda Guerra Mundial, do acordo de Bretton Woods,
01:13o que a gente chama de privilégio exorbitante.
01:15É uma expressão cunhada por um economista americano, Barry I.T. Grimm,
01:21que mostra que exatamente os Estados Unidos usou da capacidade de emissão da moeda internacional,
01:28que no nosso economê chama-se senhoragem,
01:31para colocar um volume de trilhões de dólares de títulos e papéis e moeda americana no mundo,
01:38como moeda de reserva,
01:39e, com isso, financiar o seu déficit em conta corrente,
01:44consumindo muito mais do que produz, ou do que poupa.
01:48Portanto, criando uma dívida que hoje atinge 36 trilhões de dólares.
01:55Uma dívida impagável.
01:57E que ele vai rolando.
01:58Só que chegou num nível de 100% do PIB,
02:01em que o investidor já começa a pensar,
02:04será que eu vou continuar investindo em papéis denominados em dólar,
02:09ou eu vou diversificar a minha reserva?
02:13E aí começa ouro, ouro...
02:15Você já vê o euro apreciando.
02:17Deixa eu terminar, deixa eu terminar.
02:18Começa, então, o yuan, o ouro, o euro,
02:21as outras moedas fazendo parte da cesta de reserva dos países.
02:26E ele se incomoda de ver que está perdendo esse poder.
02:30Aí, quando ele vê o BRICS falando de moeda única,
02:33ele se inquieta e diz, olha, isso não vão fazer,
02:37que se fizer eu vou pôr tarifa.
02:38Agora eu pergunto, o euro não é uma moeda regional?
02:42Por que o euro não teve problema?
02:44É a mesma coisa.
02:45Por que o BRICS não pode copiar o euro?
02:47Então, é uma moeda regional, moeda escritural,
02:49nem papel moeda será.
02:51É uma moeda escritural de transação comercial.
02:53Isso não tem efeito nenhum na questão de perda do privilégio do dólar
03:02como moeda de transação,
03:04porque os países vão ainda denominar em dólar,
03:06só que não tem a troca da moeda e as reservas em dólar vão caindo.
03:11A questão da Rússia, rapidamente.
03:13A questão da Rússia é o seguinte.
03:15A Rússia, sem dúvida, é um país que está hoje na Berlinda.
03:19A guerra da Ucrânia é algo detestável, abominável.
03:22Porém, não pode, de repente, dizer
03:26não, vamos eliminar, bloquear todo o comércio da Rússia.
03:31O primeiro que sentiria falta, sabe qual é?
03:33Não é o Brasil, não. É a Europa.
03:35Sem o gás da Rússia, eles vão passar frio no inverno.
03:40Então, a Europa pode continuar a comprar gás.
03:42A Europa pode continuar a comprar...
03:46Fertilizante.
03:49Fertilizante.
03:50E tem outros produtos que já já eu lembro.
03:52Bom, aí o Brasil quer comprar fertilizante,
03:55porque o nosso agronegócio também depende de fertilizante,
03:58e diesel, que nós também temos que importar.
04:00E aí vem o cara da OTAN, da própria União Europeia,
04:04dizer que o Brasil está financiando a guerra da Ucrânia,
04:07da Rússia contra a Ucrânia.
04:08Pelo amor de Deus.
04:09Isso é uma acusação absolutamente leviana.
04:11O que mais paga pelas exportações russas é a União Europeia.
04:17Não é o Brasil.
04:18O Brasil é um pedacinho de 5%, 8% do que a Rússia exporta para o mundo.
04:24Aliás, a Rússia exporta ouro para os Estados Unidos.
04:27É bom lembrar também.
04:29Muito ouro dos Estados Unidos vai parar no Forte Knox,
04:33lá da Rússia, vai parar nos Estados Unidos.
04:36Então, é uma acusação leviana.
04:37Eu acho que estão dois pesos, duas medidas.
04:41Tanto na moeda, quanto na questão da Rússia.
04:43A União Europeia pode, o BRICS não.
04:46Não dá para aceitar isso.
04:47Professor Dumas, como a gente deve conectar a questão que envolve os BRICS,
04:52a insatisfação de Donald Trump com o anúncio de tarifa ao Brasil?
04:57Veja, eu acho que ele usou o argumento de Bolsonaro,
05:02mas por trás disso está o problema dos BRICS.
05:04Como o professor Jeanette colocou, aliás, com as minhas reticências,
05:09eu acho que montar uma moeda eventualmente como euro, isso demora muito.
05:14Isso demora anos.
05:16Vamos lembrar do discurso de Winston Churchill em 1946,
05:21quando ele falou, olha, o que a gente precisa são os Estados Unidos da Europa.
05:24E aí começou o acordo, o Tratado de Romo, o acordo de Cohen-Stewart,
05:32Maastricht, em 1992, o Pacto de Estabilidade e Crescimento.
05:37Quer dizer, você foi de 1946 a 1999.
05:40E mesmo assim, de novo com as minhas reticências, tiveram problemas.
05:45Tiveram problemas em 2009, porque foi uma política monetária inadequada a todos.
05:49Porque a Europa, a zona do ouro, não é uma área monetária ótima.
05:53Como precondiz a necessidade de você ter uma moeda única.
05:57Porque você não tem uma livre movimentação.
06:00Você tem o Tratado de Gengen.
06:02Você pode ir para lá e para cá.
06:04Mas você tem barreiras linguísticas, você tem barreiras culturais.
06:07Convergência macroeconômica.
06:08Convergência macroeconômica.
06:10E mesmo assim, fizeram o acrônimo dos PIGs.
06:15Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha com a Alemanha.
06:19Então você pega o CUT, custo unitário do trabalho da Alemanha,
06:23porque a taxa de juros real ficou positiva.
06:26E o CUT dos PIGs ficou absolutamente elevado,
06:30porque a taxa real de juros para esses países ficou muito abaixo.
06:36Então eles gastaram demais.
06:38Então você fala, mas eles gastam demais.
06:39Não, eles gastam demais porque a política monetária foi inadequada.
06:43Então para eu ter uma política monetária,
06:45igual que serva para o Irã, para a Etiópia,
06:48isso aí é uma outra coisa.
06:50Podemos começar a pensar numa moeda para transação
06:53entre os membros dos BRICs.
06:57Mesmo assim, tem que fechar um com o outro.
07:01E agora, não podemos fazer, na minha opinião,
07:05por exemplo, acumular essas moedas.
07:07Porque um Banco Central não vai querer ficar com o Birretilp na mão.
07:12Você, Salto, quais as reflexões, os aspectos que a gente deve considerar
07:18quando colocamos sobre a mesa essa possibilidade de que Donald Trump,
07:24na verdade, tenha tomado algumas medidas contra países que fazem parte do BRICs,
07:28porque, na verdade, tem um receio da adoção dessa moeda alternativa,
07:33para além de outras questões que envolvem o bloco?
07:37Eu acho que o real motivo dessa reação, dessa proposta de tarifa de 50%,
07:43é o movimento dos BRICs.
07:46É o protagonismo que o Brasil tenta apresentar nesse pseudo-bloco,
07:53apesar de todas as dificuldades.
07:55Você veja, o BRICs ter uma moeda é um sonho de uma noite de verão,
07:59em que, pese do ponto de vista transacional, escritural, etc.,
08:03você poder alimentar essa esperança.
08:06Isso está muito distante ainda, mas coloca o dedo na ferida,
08:10justamente numa coisa que desperta essa reação da maior potência do mundo
08:15em relação a uma possível ameaça ao dólar,
08:19que já está sofrendo bastante, curiosamente,
08:22pelos erros de política econômica desse governo.
08:24O Jerome Powell, que vem também sofrendo com os ataques do próprio presidente americano,
08:31ele tem mostrado muito claramente, o dólar está perdendo força,
08:35eu fico parado em termos de taxa de juros,
08:38porque o risco de ter aumento do desemprego e o risco de ter inflação,
08:43hoje estão equiparados.
08:45Eu posso ter um quadro de estagflação, como os economistas gostam de chamar,
08:49que é uma combinação dessas duas coisas nefastas.
08:52Então, é um quadro em que, certamente, os Estados Unidos,
08:57sob a liderança do presidente atual, têm movimentos mais bruscos,
09:03nós vamos ter que aprender a lidar com esse admirável mundo novo às avessas, na verdade.
09:08Exato.
09:09Exato.

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