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No Visão Crítica, os cientistas políticos Rodrigo Prando, Rubens Figueiredo e Marcio Coimbra analisam o impacto do tarifaço de Donald Trump na popularidade de Lula. Eles debatem se a postura do presidente brasileiro fortalece sua imagem ou se suas “frases infelizes” o prejudicam. Os especialistas ponderam se a crise comercial pode ser usada politicamente para ganhar apoio interno, ou se a falta de uma resposta eficaz acaba desgastando o governo.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/W5hasmRUh40

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00:00Há muitas frentes abertas com pouca efetividade.
00:03A gente pode se aprofundar nisso daqui a pouco, inclusive, viu, Márcio?
00:06Quero só retomar com o Rodrigo Prando, professor do Mackenzie,
00:11para nós continuarmos com aquele ponto que você trouxe aqui a respeito da carta de Donald Trump,
00:17depois o texto do decreto que repete algumas informações.
00:21Os nossos analistas, inclusive, ao longo da programação, disseram que Donald Trump fez uma salada,
00:27misturou uma série de temas, o que, inclusive, talvez dificulte a maneira como o governo brasileiro vai se apresentar
00:35para tentar negociar a reversão das tarifas.
00:38Pois bem, isto posto, queria que você refletisse sobre a possibilidade de Donald Trump ter se utilizado
00:44de uma situação que talvez ele até concorde, talvez ele ache que exista perseguição política,
00:50que o que estão fazendo com Jair Bolsonaro não deveria estar acontecendo.
00:53Enfim, aquela história que a gente já escutou por diversas vezes.
00:57nem se aproveitar disso para alcançar algum objetivo comercial e ou não.
01:03Eu creio que sim.
01:05É por isso que eu usei a metáfora, né?
01:08Tem a metáfora do Doberman com o Chual.
01:10Eu estava aqui pensando, né, que se você estivesse assistindo uma luta de boxe,
01:14imagina o Mike Tyson, e ele pega e fala assim,
01:17vem cá, entra e vem lutar comigo.
01:19Com o peso e o pena.
01:20É, como é que você vai lutar com o Mike Tyson?
01:22Você viu aqui, pouco tempo, ele entrou no ringue e ele tirou o braço várias vezes,
01:27não derrubou um oponente lá dele e tudo mais.
01:29Quer dizer...
01:30Não, mas eu me apego a essa sua reflexão.
01:33Mas o Brasil muitas vezes parece um esquizofrênico, né?
01:36Pois é, mas e o Canadá?
01:38Porque o Trump disse que queria anexar o Canadá.
01:41O Trump falou do México.
01:44O Trump tem atacado sistematicamente vários países.
01:49A grande questão, eu acho que o que está no fundo disso tudo, né?
01:53Porque aí eu vou...
01:54Então eu vou sair da camada mais superficial que eu comecei com a carta,
01:57que a gente chamaria aquilo na sociologia e na política de uma evidência empírica.
02:01Porque quando a gente trabalha documentos históricos, a carta é um documento.
02:05A resposta do Itamaraty ou do Lula, inclusive recentemente com relação à sanção Alexandre Moraes,
02:13é um documento histórico.
02:14Então eu vou sair dessa camada mais superficial e vamos entrar em algo mais nuclear e profundo.
02:18Os Estados Unidos hoje tem um medo enorme de uma mudança significativa
02:25nas relações globais, nas relações de poder.
02:28Você tem um país como a China, que tem se mostrado em tecnologia e energia renovável,
02:35investindo milhões e colocando muitas vezes em xeque espaços que eram preponderantemente dos norte-americanos.
02:45Então tem isso.
02:47Quando você fala do BRICS, e bem lembrou o colega, o Márcio Coimbra,
02:53quer dizer, que o Lula falou da questão da substituição, por exemplo, do dólar como moeda corrente.
02:59Isso foi logo depois da declaração do Lula, veio a carta.
03:03Eu estava no Rio de Janeiro e um dia, de repente, fechou tudo ali na orla,
03:06porque estava tendo a reunião dos BRICS.
03:08Mas a grande questão é que tem a China, tem a questão dos dados e da inteligência artificial.
03:15E de novo, quem rivaliza com os Estados Unidos não vai ser o Brasil, não vai ser a Rússia,
03:20mas também a China.
03:21Então a gente tem um conjunto de situações e de questões, Daniel,
03:28que fazem com que o Trump, na sua ação, conjugue dimensões políticas,
03:33porque há de se convir que nós temos um deputado, salvo o melhor juízo,
03:40um dos mais votados de São Paulo nos Estados Unidos, que é Eduardo Bolsonaro.
03:45A outra mais votada está em prisão agora na Itália, Carla Zambelli.
03:48Quer dizer, os dois mais votados estavam no exterior, por São Paulo, os mais votados.
03:53Mas o Eduardo Bolsonaro tem sido alguém que articula e, de novo, empiricamente,
03:59ele dá entrevistas, ele produz, segundo investigações que foi pedido pela Procuradoria Geral da República,
04:06provas contra ele, porque ele está dizendo para todo mundo que ele está nos Estados Unidos
04:10pedindo sanções ao Brasil e que outras tantas poderão vir.
04:15Então tem a dimensão política.
04:17Quando você falou do Trump, Daniel, que o Trump pode acreditar,
04:20o presidente Trump pode acreditar no que ele quiser, como qualquer um de nós.
04:24A grande questão é que a gente tem no Brasil um julgamento do ex-presidente Bolsonaro por cinco crimes,
04:30dos quais alguns deles foram imputados também à dona de Trump, por conta de uma legislação diferente.
04:37Trump tem, na visão de Alexandre de Moraes e de Bolsonaro, um prenúncio do que pode ser o seu futuro.
04:44Então Trump vê nas instituições democráticas brasileiras, no funcionamento,
04:49claro que muita gente não vai acreditar nisso, porque a gente tem uma sociedade polarizada,
04:53Trump vê nisso também uma questão de que como vai ser o meu futuro.
04:58A gente sabe que, em grande parte, o bolsonarismo foi administrado intelectualmente
05:05por uma figura já falecida, Olavo de Carvalho.
05:07Mas a gente sabe também que nos Estados Unidos, Steve Bannon tem feito um papel de influência com o Trump
05:13e tem relações com a extrema-direita mundial.
05:17Então, Daniel, são várias camadas.
05:18Mas eu acredito que, sendo o Brasil um chihuahua, um protozoário ou numa conduta esquizofrênica,
05:25quem foi chamado para o ringue, quem foi chamado para a batalha foi o Brasil.
05:31A gente, de fato, não tem como enfrentar uma potência econômica ou militar como os Estados Unidos.
05:36Mas nem por isso o Brasil, que é uma potência regional, vai intervir, por exemplo, no Paraguai,
05:42no Suriname, que são países pequenos, quer dizer, ninguém quer ser aviltado nos elementos e nos seus valores.
05:51E eu acho que o presidente Trump poderia ter conseguido tudo o que ele conseguiu ou conseguirá
05:55de uma outra forma, não fazendo uma junção política numa defesa num caso que não é dele.
06:01Daniel, sei que eu me estendi.
06:02Não, imagina.
06:03Para te responder.
06:04Não, mas eu acho muito oportuna a sua colocação, porque é preciso também que nós façamos a reflexão
06:11sobre o resultado final desse anúncio.
06:16Claro.
06:17Havia uma grande preocupação, mas espera lá, houve então uma lista gigantesca de exceções.
06:22Então, se trata somente de questões comerciais ou, espera lá, não é bem isso.
06:27Claro.
06:28Quais são os outros ingredientes que estão por trás?
06:30Isso traz um apontamento, uma reflexão importante a respeito dessas outras motivações.
06:36Agora, o Rubens Figueiredo fez uma analogia muito interessante a respeito dos cachorros, né?
06:42Qual seria?
06:42O Brasil seria um chihuahua do lado de um Doberman.
06:46Provocando Doberman.
06:47Os Estados Unidos.
06:49Agora, é preciso olhar para a figura do presidente da República.
06:52O Márcio trouxe duas frases de efeito muito boas quando a gente olha para o presidente da República.
07:00Lula cavou esse pênalti e Lula acabou cavando esse resultado, né?
07:07Cavou o pênalti e buscou esse resultado.
07:09Foram essas duas frases muito interessantes.
07:11E eu tenho escutado vários analistas dizendo, o presidente está falando demais.
07:16O presidente está falando de improviso e está errando.
07:18Diferentemente daquela gestão dele dos anos 2000, que ele fazia um discurso de improviso para aquele grupo de determinado sindicato,
07:27ninguém tinha um celular com câmera, aquilo ficava restrito àquela comunidade, àquela pequena cidade.
07:32Ele poderia falar alguma coisa fora do script e não tinha nenhuma repercussão.
07:38Agora não, as coisas mudaram.
07:39Essa dinâmica, talvez, não faça parte do dia a dia dele.
07:44Queria que você fizesse essa reflexão sobre o papel do presidente da República nesse processo.
07:49O Rodrigo bem lembrou as falas dele na cúpula do Briggs e a carta de Donald Trump, né?
07:56Pouco tempo depois, né?
07:57Digamos, acho que foi no dia seguinte ou dois dias depois.
08:00Olha que curioso, a divulgação da entrevista ao New York Times no mesmo dia.
08:07A divulgação do decreto e também o anúncio de sanção contra o ministro Alexandre de Moraes.
08:12Rubens.
08:13Olha, a gente analisar racionalmente os atos do Trump é meio complicado, né?
08:21O presidente brasileiro.
08:22Chego lá, chego lá.
08:24Então, a gente tem uma tarefa aqui, hercúlea, que é você tentar explicar o que o Trump pensa.
08:35Claramente, ele tem um componente político e tem um componente econômico que é minúsculo.
08:42O Brasil representa 2% do que os Estados Unidos movimentam aí.
08:47O Lula, existe um estudo, acho que o nome do pesquisador é Daniel Buarque,
08:58que ele analisa como é que a comunidade diplomática internacional vê a movimentação do presidente Lula e do Brasil.
09:07O Brasil tem uma vontade de ser uma potência, o Lula tem uma vontade de ser um líder internacional,
09:13que é completamente desproporcional ao reconhecimento que as pessoas têm da capacidade de liderança dele e do papel do Brasil no mundo.
09:23Então, nesse estudo, o Daniel entrevistou cerca de 100 players na diplomacia mundial.
09:34E eles falam assim, esses players,
09:36O Brasil é uma das maiores desigualdades do mundo.
09:41Uma crise fiscal monumental, um dos países mais violentos do mundo.
09:45Eles não resolvem os problemas dele, eles vão resolver os problemas do mundo.
09:52Então, o Brasil se mete na faixa de Gaza, Rússia, Ucrânia.
09:57Fica um negócio até meio folclórico para essa comunidade que é quem decide os destinos dos países maiores,
10:06dos países mais economicamente mais poderosos.
10:11E o Lula é um mestre em frases infelizes.
10:19A gente sabe, quando ele fala de improviso, o perigo que o Brasil corre.
10:30Agora, do ponto de vista...
10:32Acabou de sair a pesquisa do Datafone.
10:34É, a gente vai tratar dela.
10:35É interessante.
10:36Não sei se vocês viram.
10:38O dado muito preocupante, o Márcio, o Rodrigo e você vão concordar comigo,
10:44é que 45% dos brasileiros acham que o Bolsonaro está sendo perseguido.
10:50E se você tem um quadro dessa natureza, quase metade do eleitorado não confia naquilo que a justiça está fazendo,
10:59é ruim, é ruim para a democracia.
11:02Pois é.
11:02Deixa eu chamar o Márcio também para dar a sua contribuição.
11:06Márcio, você trabalhou na Apex.
11:08É preciso olhar também para a questão que envolve a relação comercial.
11:13Enfim, há uma tentativa de algumas autoridades brasileiras de tentarem destravar, reverter, diminuir o índice.
11:21Enfim, a gente viu que alguns países conseguiram alcançar acordos com os Estados Unidos,
11:26inclusive a produção monitorando o noticiário internacional.
11:30Há pouco saiu uma ordem executiva do governo norte-americano,
11:34subindo a taxação dos produtos canadenses de 25% para 35%.
11:39Outros países também estão nessa nova lista, nessa atualização do governo norte-americano.
11:45Mas olhando para a relação comercial,
11:48o vice-presidente Geraldo Alckmin tem, inclusive, concedido entrevistas,
11:51vai a programas de televisão,
11:53dizendo que a partir da implementação da tarifa
11:56é que será iniciado o processo de negociação,
12:00enfim, tentando tratar essa questão como perfeitamente contornável.
12:04Enfim, o que é preciso considerar sobre as contrapartidas, talvez,
12:10que o Brasil possa oferecer aos Estados Unidos?
12:13Ou você entende que a tônica dessa negociação deverá ser tocada pelos setores,
12:20os representantes desses setores da economia?
12:23Enfim, é possível apontar algum caminho olhando para os setores que receberão essa taxação de 50%?
12:30Olha, Daniel, pela experiência que eu tenho de negociação internacional,
12:38tanto no setor privado como diretor da Apex Brasil,
12:42o que eu posso te contar é o seguinte,
12:44os canais diplomáticos que nós temos, eles estão obstruídos.
12:49Estão obstruídos pelas falas do presidente Lula,
12:53estão obstruídos pelo posicionamento do Brasil,
12:56que ele construiu dentro do BRICS e na comunidade internacional,
13:01alinhamento à Rússia.
13:03A gente pode falar também sobre as novas sanções que devem vir ao Brasil,
13:07porque o Brasil, ele está tirando vantagem das sanções de outros países democráticos à Rússia
13:15e comprando diesel mais barato,
13:17e isso vai ser alvo de sanções.
13:19Então, o Brasil vai responder por isso em breve,
13:25ou seja, é mais uma rodada de sanções,
13:27e os senadores que tiveram Washington já foram avisados disso.
13:31Mas no momento que nós temos canais diplomáticos obstruídos,
13:35como é no momento, ou seja, uma diplomacia que não funciona,
13:39que o Brasil não consegue fazer, se fazer ouvir pelos canais oficiais,
13:44ele precisa se fazer ouvir pelos canais dos bastidores,
13:50e isso é muito importante, isso é algo que eu já fiz várias vezes.
13:55Eu já trabalhei muito tempo em Washington e conheço esses canais,
14:00e já fiz uso deles para o governo brasileiro e para o setor privado brasileiro algumas vezes,
14:07inclusive na troca de governo do governo Temer para o governo Bolsonaro,
14:12quando se precisou abrir canais dentro da Casa Branca,
14:15Secretaria de Estado, e também no Departamento de Tesouro, na época,
14:20com alguns senadores, inclusive o senador Marco Lúbio,
14:23que hoje é secretário de Estado, nós abrimos esses canais.
14:29E eles funcionaram muito bem durante um determinado tempo,
14:35mas eles não foram adiante pela nossa diplomacia.
14:39O que é que eu quero dizer?
14:40Eu quero dizer que estes canais que o setor privado acaba abrindo nos bastidores,
14:47é que são os mais importantes para você alcançar resultados.
14:53Ou seja, o que a gente tem em relação a Embraer, por exemplo,
14:58não é nenhum esforço diplomático feito pelo vice-presidente,
15:02que conversou com o secretário de Comércio e conseguiu abrandar as tarifas para o setor de aviação.
15:10Não, é a necessidade de 80% que nós temos dos jatos regionais que circulam nos Estados Unidos,
15:19que são fornecidos pela Embraer.
15:22Ou seja, os Estados Unidos precisam da Embraer.
15:26E as empresas americanas precisam que a Embraer continue fornecendo jatos,
15:30continue fornecendo peças, continue fornecendo assistência para todos esses jatos que estão nos Estados Unidos.
15:37Então, a Embraer se movimentou muito bem falando com seus clientes nos Estados Unidos e conseguiu escapar das sanções.
15:45E assim, outros setores que também têm os seus backdoor channels,
15:49também conseguem atuar nos bastidores,
15:52também tem pessoas que conseguem circular na Casa Branca,
15:56conseguem circular em outros setores,
15:58conseguiram evitar que isso tivesse um âmbito muito mais profundo do que aconteceu.
16:09Eles mostraram para a sociedade americana que a sociedade americana é dependente do Brasil nesses setores
16:16e que a própria economia americana iria sofrer se mantivesse essas sanções.
16:21Então, os méritos para o que aconteceu até aqui,
16:25eles são 100% para o setor privado brasileiro e para os canais de diplomacia corporativa
16:32que foram feitos nos bastidores até aqui.
16:36Nós não podemos, até o momento, contar com o Itamaraty para nada,
16:40porque os canais do Itamaraty estão obstruídos,
16:43porque a diplomacia brasileira optou por dar as costas à administração americana.
16:48E, portanto, não existe diálogo entre os atores do governo brasileiro
16:54e os atores do governo americano.
16:56Então, eu coloco que, a partir de agora, nós temos, sim, muito trabalho a ser feito,
17:04mas um trabalho pela diplomacia corporativa, diplomacia privada,
17:08que sabe se movimentar nos bastidores e tem a urgência da sua agenda econômica e comercial
17:15e sobrevivência dos seus próprios negócios, mais do que os burocratas brasileiros
17:20que seguem, na realidade, uma diplomacia que é baseada na ideologia.
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