Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
No Visão Crítica, os economistas Roberto Dumas e Roberto Gianetti da Fonseca analisam se Donald Trump está realmente aberto a negociar as recentes tarifas impostas ao Brasil. Eles explicam que a imprevisibilidade de Trump exige uma estratégia focada em apostar no valor dos produtos brasileiros, mostrando o impacto negativo dessas taxações para a própria economia e consumidor americanos.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/J344tTbzH7k

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#VisãoCrítica

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Agora, professor Dumas, é importante a gente lembrar a nossa audiência que a imposição de tarifas pelos Estados Unidos a outros países
00:09vem acontecendo de maneira sistemática, por pautas e demandas distintas.
00:14Mas nos últimos dias nós noticiamos que alguns países alcançaram acordos com os Estados Unidos, claro, por razões distintas.
00:22Mas isso aponta para algum caminho? Há um padrão de reflexão de Donald Trump para aceitar determinado acordo, rever uma decisão, diminuir a tarifa?
00:33Isso pode apontar algum caminho para as autoridades brasileiras tentarem avançar com alguma negociação?
00:40Porque, assim, aquela carta de Geraldo Alckmin foi enviada, não sei exatamente quais os termos colocados ali naquele comunicado,
00:49mas nove dias se passaram, nem um pio do governo norte-americano.
00:55Muitos até apostam que só haverá algum tipo de resposta depois do dia 1º de agosto.
01:00Veja, o Trump é completamente errático e ele, além de ser errático, ele erra em algumas coisas.
01:05Por exemplo, aquela dia da libertação, etc., quando ele mostrou as tarifas que os países cobravam, aquilo não era tarifa coisa nenhuma.
01:14Ele pegava o déficit do país, dividia por quanto aquele país exportava, falou, olha quanto o Vietnã está cobrando de mim, 90%.
01:22Isso não é tarifa, isso não é tarifa, é uma conta, é verdade, pode ser até maior, pode ser até menor.
01:29Agora, quando você chega num acordo de tarifa, na minha, obviamente, é complicado você falar que o Donald Trump está equivocado.
01:37Quando ele fala, nós falamos isso aqui num programa do Visão Crítica já, é complicado falar que ele está equivocado macroeconomicamente
01:44para justificar os desequilíbrios macroeconômicos das contas externas.
01:49Ou seja, você está com desequilíbrio na conta externa porque você poupa pouco.
01:52Vamos desvalorizar o câmbio e vamos colocar tarifas.
01:57Lembra que nós falamos na última, aqui, do Acordo de Plaza, de 1985, que era o G5 mais os Estados Unidos.
02:05Depreciaram o dólar, mas com a guerra fria enaltecendo e corte dos impostos de Camp and Roth, de 1981,
02:17com a guerra nas estrelas, o déficit fiscal aumentou, consequentemente, o déficit da conta corrente também aumentou.
02:24Então, não é questão de tarifa. A tarifa não vai te ajudar nesse ponto.
02:28O que vai te ajudar é a poupança doméstica.
02:32Agora, como é que você vai fazer a poupança doméstica se você está soltando o Big Beautiful Bill
02:37de 3,3 trilhões de dólares de aumento de déficit primário para os próximos 10 anos?
02:45Ou seja, então você vai ter um déficit fiscal maior.
02:48Déficit fiscal maior, tudo mais constante, a poupança cai.
02:51A poupança cai, você vai parar, você não vai parar de brigar.
02:55Suas contas externas vão piorar.
02:57Suas contas externas vão piorar, ele vai voltar para a mesa falar que está tendo...
03:01Porque ele está vendo que tem um desequilíbrio, mas ele não entendeu a causa da doença.
03:06Ele está vendo o termômetro, mas está usando o remédio errado.
03:10Ele está usando o remédio errado. Não é tarifa que resolve um desequilíbrio na balança comercial nas contas externas.
03:18Tem que contar que ele vai causar inflação, porque os produtos estão já aumentando de preço.
03:23E uma possível recessão.
03:24E uma possível recessão, inclusive de desemprego, que ele prometeu não, vai ter emprego para todos os americanos e tal.
03:30E tem coisas assim até absolutamente impróprias.
03:36Por exemplo, os produtos brasileiros que foram afetados não têm nenhuma causa, alguma relação causal de competição com indústrias americanas.
03:49Por exemplo, suco de laranja.
03:50A Flórida parou de produzir suco de laranja há algum tempo, por um problema até de doenças.
03:5470% do suco de laranja que o americano consome...
03:58A gente só sai do Brasil.
03:59Eu hoje almocei, por acaso, coincidência, almocei hoje com quatro cidadãos americanos.
04:05Falei, olha, vocês não têm mais suco de laranja no café da manhã.
04:09Não, e quem nos acompanha não sabe o quanto o norte-americano bebe suco de laranja.
04:13Eles não compram de caixinha de um litro, não.
04:15É galão. Quase quatro litros de suco de laranja.
04:18Toma no gargalo.
04:19E aí, na sobremesa, eu falei para eles, olha, comam a manga, porque daqui a pouco vocês não vão ter manga lá também, não.
04:26Aproveitem que vocês estão no Brasil.
04:27Eles não têm noção do efeito.
04:30Pode ser do ponto de vista econômico, não seja tão grave.
04:33Mas do ponto de vista dos hábitos de consumo, eles vão sentir falta.
04:37Café, suco de laranja, carne, carne do hambúrguer.
04:42A inflação também.
04:43E a inflação, que isso tudo está caro.
04:45A inflação do aço acabado com semi-acabado.
04:49Ou seja, para cada um trabalhador que utiliza o aço semi-acabado, você acaba utilizando 60 trabalhadores que utilizam esse aço semi-acabado e transformam em aço acabado.
04:59Ou seja, para carro...
05:01Eletrodoméstico, máquinas, equipamentos.
05:05Então, se você está encarecendo o produto made in United States, você está encarecendo.
05:12Por isso que Jeremy Powell falou, olha, não é hora da gente mexer na taxa de juros.
05:17Eu também acho, quer dizer, não posso dizer que o Jeremy Powell está correto.
05:21Mas como é que você pode mexer numa taxa de juros se você ainda não terminou de jogar o tabuleiro de apoio?
05:27O risco de inflação logo para frente.
05:30Eu não sei quanto vai ser a tarifa.
05:32Você chegou e me colocou 125% na minha cabeça na China.
05:35Depois voltou para 30%.
05:36Eu não sei o que vai acontecer com a inflação.
05:38Então, eu não vou baixar a taxa de juros agora porque vem um CPI 2.1, 2.4.
05:44Pode vir um CPI 2.7.
05:46Eu tenho que subir.
05:47Ou seja, uma inconsistência dinâmica aí.
05:50Agora, Felipe, o fato dos Estados Unidos não terem dito absolutamente nada após a carta enviada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin,
06:02isso indica talvez a necessidade de uma sinalização do Brasil para alguma pauta que não está nem tão clara para o governo brasileiro?
06:13Você acha que talvez o silêncio trate de alguma questão que o Brasil não conseguiu pescar, o governo brasileiro, no caso?
06:21Olha, aquela primeira carta que foi enviada daquela forma que o Janete comentava,
06:29ela deixa uma brecha para negociação.
06:31No final, ela diz, deixa claro que, olha, há espaço para diálogo, para conversa, etc.
06:38O Brasil está tentando aproveitar esse espaço, mas por enquanto ficou no vácuo, não teve nenhuma sinalização por parte do governo americano.
06:49Eu acho que a bola está mais conosco.
06:51Nós vamos ter que nos mexer mais porque nós fomos chamados à mesa de pôquer e o outro lado tem bastante ficha para jogar.
06:58Nós temos basicamente um par de ases, talvez, e meia dúzia de ficha no bolso.
07:04Então, nós vamos ter que saber como usar bem esses poucos instrumentos que nós temos e apostar nisso que eles estavam falando,
07:12que é a dependência, a pressão dos setores americanos e a dependência que eles têm dos nossos produtos.
07:19E não é pequena.
07:21Os hábitos de consumo, o peso, por exemplo, da Embraer, você já tem...
07:2580%, a Embraer também...
07:27Aviação regional.
07:28Aviação, 85%, semi-acabado e aço.
07:32Quer dizer, precisa dois para dançar tango e um está pisando no pé do outro aí.
07:38É.
07:39Mas abrir várias frentes de negociação, ou seja, Executivo Federal, governadores, representantes do empresariado brasileiro,
07:47é bom apostar nessa diversificação ou não?
07:50Vamos jogar as fichas no Executivo Federal, no Itamaraty.
07:53Eu acho que é bom, acho que o grupo de senadores vai ajudar, o diálogo é sempre positivo.
07:58Agora, nesse momento, precisa quem entenda do riscado.
08:02Os empresários que estão com a mão na massa e sabem o quanto dói uma saudade, o quanto eles vão perder, os daqui e os de lá.
08:09E é o Itamaraty, a diplomacia que nós temos, que é qualificadíssima, que precisa ser bem utilizada.
08:14Sozinhos eles não vão fazer nada.
08:16Precisam ser bem orientados e você precisa ter uma força-tarefa.
08:20Acho que o governo de São Paulo é importante também nisso, pelo peso que as exportações que saem daqui para os Estados Unidos têm.
08:28E o governador Tarcísio vem apontando nessa direção, acho que corretamente também.
08:33Mas, na hora do vamos ver, eu acho que essa força-tarefa do empresariado,
08:39combinado com uma liderança como a do Geraldo Alckmin, do próprio chanceler Mauro Vieira,
08:43e os diplomatas, isso pode dar um bom resultado.
08:49É difícil, a gente não tem, infelizmente, a bola de cristal.
08:52Eu sempre brinco que junto com o diploma de economista não vem a bola de cristal.
08:57Mas a gente precisa tentar desvendar o que pode acontecer e as consequências.
09:02Fazer uma análise educada, uma reta da análise.
09:05Sim.

Recomendado