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No Visão Crítica, Zeina Latif, Vinícius Rodrigues Vieira e Roberto Luis Troster analisam as consequências da guerra tarifária de Donald Trump. Zeina Latif pondera que, embora as medidas de Trump possam funcionar no curto prazo, ele não está considerando o impacto no sistema produtivo americano. Roberto Troster compara as políticas a um imperialismo que, para Vinícius Rodrigues Vieira, pode gerar ressentimento global e prejudicar os Estados Unidos no longo prazo, redefinindo o comércio internacional.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/W5hasmRUh40

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Transcrição
00:00Agora, Zena, tem alguns analistas internacionais que tratam de uma questão que o professor Vinícius chegou a destacar aqui
00:08sobre a motivação de Donald Trump para a adoção das tarifas, enfim.
00:14Vocês já falaram, em certa medida, trata-se de uma tendência, é a maneira dele negociar.
00:20Talvez para cada país ele tenha um objetivo específico, não necessariamente ele deixa isso muito claro,
00:26ele não é muito objetivo na maneira como ele trata do tarifácio, qual, de fato, o que ele quer mirar,
00:35mas em relação ao Brasil, não é incomum escutar quem diga que o que estaria por trás é a insatisfação dele
00:43com o fortalecimento do BRICS, para além da questão que envolve a possibilidade de adotar essa unidade monetária
00:51para transações entre os países dos BRICS.
00:53O que a gente precisa considerar quando essa tese acaba ganhando o corpo
00:58e as tratativas e discussões também levantam essa possibilidade?
01:03Olha, você sabe que eu confesso que eu não acho que a questão do BRICS foi o mais importante.
01:11Ele mesmo falou assim, olha, esse BRICS não é relevante, nem foram lá todos os representantes na reunião, né?
01:19É muito difícil, sabe, colocar tanto peso.
01:23Uma coisa assim, ah, ele pode ter tido alguma relevância, mas acho pouco, acho pouco, uma peça pouco relevante.
01:36Até porque quando a gente olha o BRICS, né, ampliou bastante.
01:39Tem países com realidades dinâmicas, políticas, econômicas absolutamente diferentes.
01:48Não é um todo coeso, né?
01:51É aquele chamado, o sul global, de alguma medida, tentando ali ganhar alguma voz.
01:58Essa pode até ser uma tendência de longo prazo, em função, nesse mundo que tem esse antagonismo,
02:08China e Estados Unidos, a tendência disso é recrudecer.
02:13Então, esse tipo de arranjo pode até ser que tenha um, seja um caminho aí que a gente vai ver daqui para frente.
02:20Mas hoje, hoje é um grupo absolutamente heterogêneo, com poucos interesses em comum.
02:30Então, por isso que eu dei esse peso muito mais às provocações ali, sabe?
02:34Por isso que eu dei esse peso.
02:37Eu não vejo, enfim, essa importância toda do BRICS.
02:42Mas agora, tem aquele ponto, assim, econômico, quer dizer, pegando essa discussão que já foi iniciada,
02:52no longo prazo, essas medidas são ruins para os Estados Unidos.
02:58O comércio mundial, ele tem uma razão de ser.
03:01Se um país compra uma mercadoria de um determinado país, é porque tem uma lógica econômica por trás.
03:07É uma relação custo-benefício que vale a pena.
03:10Você se especializa em alguns produtos e você vai comprar produtos de outros países
03:15que, no relativo, têm vantagem comparativa para aquela produção.
03:20Com isso, os países exploram os seus ganhos de escala, têm acesso a produtos de maior qualidade.
03:29E a gente viu o ganho que foi a globalização de uma forma geral.
03:33E os Estados Unidos foram ganhadores com a globalização.
03:37Principalmente quando a gente olha os setores mais sofisticados associados a serviços.
03:44Aquela manufatura tradicional, ela perdeu espaço, mas abriu espaço para outros setores muito mais sofisticados,
03:52empregando muito mais gente e trazendo ganhos para o PIB muito maiores.
03:57Os Estados Unidos foram ganhadores.
03:59Claro que, de forma localizada, alguns estados, alguns setores sofreram, claro, a concorrência com produtos chineses, produtos asiáticos.
04:12Mas tudo isso para dizer que os Estados Unidos perdem com essas iniciativas,
04:16assim como se nós fizermos retaliação, nós vamos perder.
04:20Fechar o comércio, isso significa menos crescimento.
04:25Agora, a questão é o timing disso.
04:28Talvez demore.
04:30Talvez seja uma coisa que a sociedade norte-americana não perceba rapidamente.
04:37Então, começa a sentir alguma coisa de inflação,
04:40que talvez nem seja algo muito forte,
04:43porque a gente tem um quadro de uma inflação mundial bem comportada,
04:46inclusive porque a China exerce uma força de redução da inflação no mundo.
04:53E isso, infelizmente, acaba dando fôlego para essas políticas.
04:57Porque, assim, Trump toma essas decisões de isolacionismo, de protecionismo,
05:04e talvez não seja ele quem vai colher os frutos negativos,
05:08exceto alguma elevação da inflação.
05:11Então, lamentavelmente, isso acaba colocando mais fôlego.
05:17O dólar perde força, mas em que dimensão, em que magnitude?
05:24Talvez não seja um movimento muito longo, pelo menos enquanto Trump for presidente.
05:31Então, esse contexto de, muitas vezes, decisões de um governante,
05:36o efeito perverso ficar para um próximo,
05:40acaba fazendo com que esse governante estique a corda demais.
05:44E esse contexto a gente não pode desconsiderar.
05:46Porque, no final, se a gente for olhar o que está acontecendo,
05:49ele está ganhando em várias frentes.
05:51Ele está conseguindo alguns acordos,
05:53e em todos, alíquotas superiores ao que era a situação anterior.
06:00Importante esse exercício que foi colocado e proposto aqui pela Zena Latif.
06:06Agora, pois não, Trump, por favor.
06:07Então, eu complementaria com duas coisas.
06:09Claro, pois não.
06:10Um tem uma curva de um U invertido,
06:14dizendo onde que você agrega valor.
06:17Quer dizer, você agrega muito valor na pesquisa,
06:21quando você vai fazer um produto,
06:23e depois na parte de comercialização.
06:26Na produção, o valor agregado é muito baixo.
06:29Um exemplo típico, emblemático, é o notebook,
06:32que era da IBM.
06:34Quer dizer, a IBM vendeu isso.
06:36A IBM vendeu toda a produção de notebooks.
06:38Por quê?
06:39Porque o valor agregado que tem é muito baixo.
06:43Então, o Trump está procurando algo
06:47que tem pouco valor para a economia.
06:49E está jogando fora o que tem muito valor.
06:52Quer dizer, é uma estratégia ruim
06:54se você pensa no futuro do país.
06:57É uma perda de eficiência muito grande.
07:00Queda de produtividade,
07:01ainda que agora não vá se materializar.
07:04Muito interessante.
07:05E a segunda coisa, Zé,
07:06só para complementar,
07:07a gente sempre analisa em termos econômicos,
07:10livre mercado, ganhos de escala.
07:12Tem uma outra maneira de ver isso,
07:14que vem com o imperialismo.
07:16assim, muitos países cresceram com políticas imperialistas.
07:23Um exemplo foi, por exemplo,
07:25na virada do século XVIII para XIX,
07:28o McKinley,
07:29que também subiu tarifas,
07:32conquistou alguns territórios,
07:36deu a base para o crescimento,
07:39para os Estados Unidos emergirem como uma potência.
07:43Foram medidas imperialistas.
07:48E tem mais.
07:50Uma das primeiras medidas que o Trump tomou
07:53foi nomear o Golfo do México,
07:55o Golfo do América.
07:57Parece uma piada.
07:58Mas tem outra medida,
08:00que foi o Monte Denali.
08:02Denali é a montanha mais alta dos Estados Unidos,
08:05que fica no Alasca.
08:06E Denali era conhecida pelos índios
08:09como Denali, pelos nativos.
08:11Aí, um presidente, assim,
08:14há cem anos atrás,
08:15chamou o Monte de Monte McKinley, né?
08:18Pouco tempo depois, né?
08:20Voltou a ser Denali.
08:22E uma das primeiras medidas de Trump foi,
08:24não, agora vai ser McKinley de novo.
08:27E parece que ele está muito inspirado
08:29no que McKinley fez, né?
08:31Em muitas das medidas que ele está tomando,
08:33tarifas,
08:35falar que quer ganhar a Groenlândia, o Canadá,
08:38tudo isso.
08:39São, assim,
08:40é uma lógica imperialista,
08:42e não uma lógica de mercado,
08:44como você diz.
08:44É, mas...
08:45Mercantilismo, né?
08:46É, mas para além dessa questão
08:47do imperialismo,
08:49mercantilismo,
08:50tem elementos não econômicos,
08:53que explicam até
08:54por que que talvez o Trump,
08:56ele se sinta tão confortável
08:58em empreender essa política tarifária.
09:02Por quê?
09:02Vamos pegar como exemplo
09:03os agricultores americanos.
09:05Que, aliás, até podem se beneficiar
09:07com alguns dos acordos, né?
09:09Mencionei mais cedo,
09:10Indonésia, Filipinas,
09:12abriram ali totalmente,
09:14o Japão, né?
09:15O que é até uma questão cultural,
09:16o arroz,
09:17eles vão ter que comprar arroz
09:18do Meio Oeste ali americano, né?
09:21Ali dos produtores americanos,
09:22vão ter que comprar produtos agrícolas.
09:24E podem, aliás, fazendo a ponte,
09:25nos prejudicar.
09:26Na Indonésia,
09:27a gente estava tentando exportar frango aí,
09:30todo um avanço aí muito forte do agro,
09:32podemos ser prejudicados.
09:33Mas por que que esse indivíduo ali
09:35do centro dos Estados Unidos,
09:38de estados como a Iowa,
09:40da Cota do Sul,
09:42da Cota do Norte,
09:42ainda assim vota no Trump?
09:45Pela questão identitária,
09:47a questão de guerra cultural.
09:49Eles nunca vão votar num democrata
09:51por conta,
09:52por mais que o Trump esteja equivocado
09:54nas decisões econômicas.
09:57Tome decisões econômicas
09:58que, do ponto de vista
09:59dos manuais de economia,
10:02sejam irracionais.
10:03Então, esse elemento aí,
10:05que envolve até elementos
10:06de nacionalismo cristão,
10:08nacionalismo branco,
10:09basta lembrar aí
10:10que talvez o grande influenciador
10:12da decisão contra nós
10:14tenha sido Steve Bannon,
10:15que é um nacionalista branco,
10:17é um supremacista branco,
10:18que tem a sua ponte aí
10:19com o Eduardo Bolsonaro.
10:21Então, nós temos aqui
10:22elementos não econômicos
10:24que devem entrar na análise,
10:27no sentido de entender
10:28por que que o Trump
10:29aparentemente tem decisões
10:31irracionais.
10:32Então, não é só
10:33apoiar a Big Techs,
10:35não é só apoiar
10:36Make America Great Again
10:38no sentido das manufaturas,
10:40por exemplo,
10:41que não faz o menor sentido
10:42reincorporá-las ali
10:43na dinâmica americana,
10:45porque é muito mais eficiente
10:46fazê-las fora,
10:47mas boa parte do que explica
10:48a continuidade e o sucesso
10:50do Trump,
10:51e esse ímpeto aí sim
10:52entra, ao meu ver,
10:53o imperialismo,
10:55é essa associação
10:56com os setores ali
10:58de ultradireita,
11:00de extrema direita,
11:01que é o nacionalismo branco,
11:02o nacionalismo cristão,
11:04que acaba ali fazendo com que,
11:06mesmo indo contra
11:06os interesses econômicos
11:08dessas constituencies,
11:10como falamos em ciência política,
11:11desses eleitores,
11:12ainda assim,
11:13esses eleitores
11:14continuam a apoiá-lo
11:16pela falta de uma,
11:17talvez,
11:18alternativa melhor.
11:19Pois é,
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