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  • há 4 meses
Ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello critica, na estreia do podcast CD Talks, o subterfúgio encontrado pelo Congresso Nacional para distribuir recursos entre os parlamentares. Segundo Mello, o Supremo pode interferir nesse procedimento, a partir do princípio da publicidade.

Assista ao episódio na íntegra: https://youtu.be/2QQVB995e00

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Transcrição
00:00Um dos temas que está na pauta do Supremo, e hoje o senhor tem liberdade para se manifestar, naturalmente,
00:07é o orçamento secreto, por exemplo.
00:10A RP9, que é uma rubrica que sempre existiu no orçamento e ela era usada para ajustes orçamentários.
00:19Então, era uma rubrica que, normalmente, tinha algumas poucas centenas de milhões ali para alguns,
00:25ou dezenas de milhões para alguns ajustes orçamentários.
00:28Como ela não precisava constar na LDO, não precisava ter ali toda a descrição que é necessária para as emendas individuais,
00:40de bancada, que você tem que dizer para onde vai, para o hospital X, para a escola Y, para a pavimentação,
00:47alguns parlamentares entenderam que aquilo ali era um bom subterfúgio para colocar alguns bilhões,
00:5316, 19 bilhões, e passar a executar o orçamento através do legislativo.
01:00E aí virou o contrário, o executivo virou um executor da decisão do legislativo.
01:09Não que toda essa discussão sobre o papel que a gente tem que...
01:14A própria discussão do federalismo e a discussão da peça orçamentária, tudo isso é uma coisa que eu acho que a gente ainda precisa enfrentar,
01:23porque o Brasil prefere ficar discutindo fake news e não discutir aquilo que importa.
01:31E voltando a essa temática, é uma temática que está na pauta, o Supremo já teve de se manifestar pedindo transparência,
01:39mas a ministra Rosa Weber está lá como relatora de várias ações que pedem, que alegam a constitucionalidade desse mecanismo.
01:49Só que tem muita gente dizendo, não, o Supremo não tem que se meter nisso, é um assunto do legislativo com o executivo.
01:58O senhor acha que é um assunto do legislativo com o executivo? O senhor acha que nesse caso o Supremo pode interferir?
02:03Pode.
02:03Pode.
02:04A partir de um princípio constitucional básico, inerente à administração pública, que é a publicidade.
02:11A publicidade é que permite aos contribuintes acompanhar o dia a dia da administração pública e cobrar eficiência.
02:22Não há espaço para o secreto, não há espaço para o mistério.
02:28Eu cheguei a me pronunciar quanto a essas verbas que não seriam verbas com destinação expressa.
02:37E me pronunciei na bancada no sentido de que deveria haver a rotulação, ou seja, a definição do destino do numerário,
02:50que não é privado, é um numerário público.
02:54Vinga, então, a transparência.
02:57Não entra na minha cabeça o orçamento secreto.
03:01Secreto quanto a quê?
03:02Quem tem interesse em imprimir ao orçamento essa adjetivação de secreto, que para mim é um defeito?
03:13Não sei.
03:15É preciso que realmente se busque a transparência, se busque passo a passo prestar contas.
03:24E não se presta contas a partir da manutenção de um orçamento com um secreto, com ampla liberdade, considerados os parlamentares.
03:36O legislativo normatiza.
03:39O executivo, ele executa as normas.
03:44Ele executa a política governamental.
03:48E o judiciário julga os conflitos de interesse.
03:51E essa separação precisa ser preservada, sob pena de termos a Bebel, de termos aí o mistério, ou voltarmos à época da caverna,
04:04do totalitarismo considerado um dos poderes.
04:08Eu resgato um outro exemplo aqui.
04:11Eu queria a sua avaliação.
04:13Exemplos concretos.
04:14A gente teve o Supremo impedindo a nomeação do Lula, ministro da Casa Civil de Dilma, em função da investigação que corria em curso.
04:25E tivemos, no governo Bolsonaro, o Supremo impedindo a nomeação do Alexandre Ramagem, também para o Ministério da Justiça.
04:34São diferentes os casos, na sua opinião?
04:36A meu ver, as duas situações padeceram do mesmo vício.
04:44O vício quanto à autoria.
04:49Será que o presidente da República não tem a prerrogativa de escolher um auxiliar, no caso da presidente Dilma,
04:58quanto ao ex-presidente Lula para chefiar o gabinete civil?
05:01Será que o presidente da República não tem a prerrogativa de indicar o chefe da Polícia Federal,
05:10que é o Supremo, que deve fazer essa indicação?
05:14Supremo não é tutor do presidente da República.
05:18É, eu me confundi aqui.
05:20O Alexandre Ramagem foi impedido de assumir a Polícia Federal.
05:23Obrigado pela correção.
05:24Exato, exato.
05:24A Polícia Federal.
05:25Eu não enfrentei, não cheguei a enfrentar com a capa sobre os ombros as situações,
05:33mas se enfrentasse, enfrentaria dessa forma.
05:38E é ruim, o desgaste é enorme quando o Supremo não se limita à área que lhe é reservada constitucionalmente.
05:47Ele vai para a vitrine, na vitrine o shilling funciona.
05:50Isso é péssimo, paga um preço indevido.
05:54Que o Supremo se limite realmente a preservar os ditames constitucionais,
06:02impondo a quem quer que seja esses ditames.
06:05Essa é a função do Supremo.
06:20E aqui, o Supremo.
06:39O supremo.
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