“Como ex-juiz, não poderia jamais votar em alguém que foi presidente durante oito anos, deu as cartas durante seis anos no governo Dilma e que foi condenado em quatro processos por delito contra a administração pública“, disse o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, em entrevista a Claudio Dantas, na estreia do podcast CD Talks, ao explicar por que votará em Jair Bolsonaro no segundo turno.
Durante a conversa, o ex-ministro destaca que Lula não foi absolvido pelo Supremo: “Os processos foram anulados, a partir, a meu ver, de uma visão equivocada: incompetência territorial”. Para Mello, “o Supremo resolveu ressuscitar politicamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. -- Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL
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00:00Eu posso dizer que o senhor começou com isso, tá? Vou lhe responsabilizar. O senhor deu uma entrevista e declarou seu voto no Bolsonaro.
00:09O que disse? Disse que sou o contrário às polarizações.
00:15Mas peraí, deixa eu concluir. O que o senhor disse isso? Aí, não sei porquê, sei lá, uma semana depois, sem serem entrevistados, diversos ex-ministros começaram a se manifestar pelo Lula.
00:28O Joaquim Barbosa gravou o vídeo, o Celso de Mello, que me surpreendeu de ter se manifestado sobre política, né?
00:37Não é se manifestou sobre A ou B ou C, mas ninguém perguntou, ele foi lá e se manifestou.
00:44O Carlos Veloso também. Se arrepende de ter se manifestado...
00:48Quem sabe, se pela vez primeira, seguir o meu exemplo. O que eu disse?
00:54Eu disse que, como sou o contrário a polarizações, eu votaria em quem estivesse em terceiro lugar.
01:05E procurei votar em quem estava em terceiro lugar, no primeiro turno.
01:10E que, no segundo turno, eu votaria no atual governante, no presidente Jair Bolsonaro.
01:20Por quê?
01:21Por quê?
01:22Porque, como ex-juiz, não poderia jamais votar em alguém que, primeiro, foi presidente durante oito anos,
01:32deu as cartas durante seis anos no governo Dilma, e que foi condenado em quatro, se não me falha a memória,
01:40quatro processos-crime, por crime, por delito contra a administração pública.
01:46Diz-se, ah, mas os processos foram anulados. Ele não foi absolvido pelo Supremo. Os processos foram anulados pelo Supremo.
01:58A partir de uma visão, a meu ver, equivocada, incompetência territorial.
02:04Não seria competente o juízo da décima terceira, mas um juízo de Brasília, um juízo federal de São Paulo.
02:11Quando nós sabemos que a incompetência territorial é relativa, e ela preclui com o termo do processo-crime.
02:21Mas o Supremo resolveu ressuscitar politicamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
02:30E, no passado, eu votei nele. Tanto que a revista Isto É, mediante caricatura do Paulo Caruso,
02:38fez uma última folha com a minha figura.
02:42Eu estou na porta de um restaurante com a faixa de presidente da República,
02:46que estava substituindo o presidente Fernando Henrique Cardoso,
02:50e veio o presidente Fernando Henrique Cardoso com mais malas, com etiquetas, Espanha, Itália, França.
02:58E a tabuleta do restaurante indicava Prato do Dia Lula.
03:05Nessa caricatura que eu mandei colocar numa moldura,
03:08eu tenho uma dedicatória do ex-presidente Lula ao amigo Marco Aurélio,
03:15com o abraço do amigo Lula.
03:18Eu já votei no ex-presidente Lula,
03:21mas hoje, como ex-juiz, não posso votar no ex-presidente Lula.
03:28Voto e declarei o meu voto, nesse sentido, no presidente Jair Bolsonaro.
03:36E aí abriu o voto de divergência do Celso de Mena, do Joaquim Maló.
03:41Até nisso nós divergimos, porque querem que o ex-presidente Lula volte ao poder.
03:51Eu não sou saudosista.
03:53Muito bem.
03:55Ministro, muito obrigado pela sua participação aqui no nosso programa de estreia.
04:00Se tem mais alguma coisa que o senhor queira falar,
04:03fica à vontade de conversar com os nossos espectadores também.
04:06Que tenhamos um segundo turno pacífico e que o eleitor perceba a importância do voto
04:14a ser digitado na urna eletrônica.
04:18Ele é uno, mas se somará a tantos outros e implicará a escolha do dirigente maior do país,
04:26que praticará atos que repercutirão na respectiva vida do eleitor.
04:32É esse o apelo que eu faço aos eleitores em geral.
04:38E que as eleições sejam tranquilas e que prevaleça a vontade do eleitor,
04:45também preservada pelo sistema brasileiro, que é o sistema da urna eletrônica.
04:51Participei de eleição como estagiário, era juiz eleitoral à época, um primo,
04:59na zona oeste, no Rio de Janeiro.
05:03E, na época, nós tínhamos a cédula, que ensejava inúmeras distorções,
05:09rasura, ensejava a interpretação por quem estivesse apurando os votos,
05:17ensejava a cantada do voto de forma equivocada para anotação no mapa.
05:24Hoje em dia, não. Hoje em dia, a vontade do eleitor é digitada numa urna,
05:32num mecanismo superseguro, e essa vontade é preservada.
05:37Aguardemos o resultado do segundo turno no dia 29, penso que é 29?
05:4530.
05:45No dia 30 de outubro e que prevaleça, como eu disse, a vontade em si do eleitor.
05:54E que se dê ou não ao presidente que está tocando as mazelas do Brasil,
06:02que nós temos grandes mazelas, que se dê um segundo mandato,
06:07ou não se dê segundo mandato, se ressuscitando, portanto, politicamente, o ex-presidente Lula.
06:15O senhor mandaria uma mensagem para o presidente Bolsonaro nessa linha também?
06:21De respeito ao resultado e tal?
06:24Tem uma máxima.
06:25Os homens aceitam mais gestos do que palavras.
06:31Tá certo.
06:31Ele, presidente Bolsonaro, talvez tenha pecado um pouco, ele hoje admite isso, ele já mudou o Thor, né?
06:39Nas palavras, mas nos gestos, ele tem uma governança, sob o meu olhar, elogiável.
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