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Em entrevista ao Real Time, o economista e professor da UnB, Cesar Bergo, analisou a tentativa do governo de aumentar o IOF, as dificuldades da reforma administrativa e os impactos das tarifas dos EUA sobre aço e alumínio. Bergo também destacou os riscos políticos e econômicos das medidas. 

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Transcrição
00:00A gente conversa agora com o César Bergo, que é economista e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília.
00:06Bom dia, professor. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:09Bom dia, Marcelo. É um prazer sempre estar com vocês aí.
00:12Vamos começar falando, então, de IOF, porque a gente sabe que o Congresso está pressionando o governo para derrubar esse aumento
00:17e o governo tentando negociar uma alternativa aí.
00:21A gente sabe que uma das possibilidades é diminuir as isenções fiscais que foram dadas ao longo dos últimos anos.
00:28E isenção, professor, é uma coisa que é muito fácil decretar e depois, para retirar, dá um trabalhão.
00:32Porque vários grupos de deputados trabalham fazendo lobby para empresas diferentes, para setores da economia diferentes.
00:39Não é uma coisa muito fácil de reverter.
00:42O ano passado nós tivemos aquela batalha de mudar um pouco o decreto, que dava isenção fiscal para um grupo de empresas.
00:49E esse grupo foi reduzindo nos governos anteriores, mas na hora de acabar, não conseguiram acabar e aumentaram até o tempo.
00:57Mas você falou bem, existem essas questões, esses benefícios fiscais, muitas vezes injustificáveis.
01:04Então, o governo poderia se debruçar em cima disso.
01:06O ministro Meirelles lembrou aí também, com relação à questão de reforma administrativa, que é fundamental.
01:13E tem outros aspectos também com relação à redução de despesas.
01:16Então, somando tudo isso, não vale a pena o governo correr esse risco de aumentar o imposto, como está sendo feito.
01:22Isso vai ter problemas de negociação na Câmara.
01:25Aí você vê as questões pontuais com relação ao microempreendedor individual, que foi colocado aí.
01:30Você tem outros aspectos também.
01:32Portanto, esse IOF aumentado, e já foi dito aí, que é o imposto regulatório e não arrecadatório,
01:38é fundamental que o país não suba mais imposto e faça o dever de casa via redução de despesas.
01:43Eu fico me perguntando, professor, até que ponto também, isso não é uma tática de negociação,
01:49já que a gente sabe que esse aumento do IOF é algo bastante impopular,
01:52do Ministério da Fazenda colocar, digamos, esse bode na sala, né?
01:57Colocar esse entrave aí no meio da negociação,
02:00para forçar a aprovação de reformas que, em outras circunstâncias,
02:04seriam um pouco mais difíceis de serem aprovadas.
02:07Pois é, Marcelo. É a escola do Trump, né?
02:09Parece que eles estão assistindo a aula lá para poder aplicar aqui, né?
02:13É a questão do bote no mão falar daqui a pouco.
02:15A questão, de fato, é que se cria uma situação para depois buscar a solução.
02:21Mas essa situação cria tanto problemas no mercado, como insegurança, incertezas, né?
02:28Que fica realmente questionável essas decisões,
02:31porque parece que os tecnocratas lá do Ministério da Fazenda
02:34não enxergam a consequência dessas decisões.
02:37E nós estamos vendo aí alguma gritaria por parte do Congresso, né?
02:41Você viu o CEO de um grande banco dizer que ligou para o ministro para que ele mudasse a decisão.
02:47Mas é isso que você falou.
02:48São bodes na sala.
02:49Porque depois também, esse próprio CEO desse banco muito grande
02:53disse que sugeriu ao ministro aumentar os impostos relativos ao mercado de capitais,
03:00porque ia criar uma assimetria.
03:02Ora, o grande banco, ele mexe com o banco comercial.
03:05E quando ele sugere mudar as regras do banco de investimento,
03:09nós temos dois grandes players no mercado.
03:11Ele não está querendo atingir a economia, ele está querendo atingir os players lá.
03:14Então, não vamos ficar achando que existe almoço grátis.
03:19Então, esses grandes banqueiros têm acesso direto ao ministro,
03:22o ministro muda de opinião, agora vem a Câmara defendendo o grupo.
03:25Agora, o pobre coitado que não tem o WhatsApp do ministro,
03:28não tem o e-mail do ministro, acaba sofrendo, como você bem falou.
03:32Esse bode na sala, ele tem que sair rapidamente.
03:35Obviamente, vai continuar alguns problemas.
03:37É bom que se saiba disso, porque o bode não é a solução para nada.
03:40Isso aí você falou e pontuou muito bem, Marcelo.
03:43Vamos falar, então, de reforma administrativa, professor,
03:46que é uma das alternativas que estão colocadas na mesa aí.
03:49O ponto central seria diminuir super salários, mas o que mais tem por aí?
03:54Olha, você tem uma ineficiência de governo em algumas situações
03:57e falta de funcionários em outras.
03:59Então, na área da educação, a gente está vendo isso.
04:02Essa crise do INSS que a gente viu agora também é um problema de estrutura também.
04:07Aí, por outro lado, você tem o judiciário inchado,
04:10os salários bem maiores, como você colocou, o super salário.
04:13Também o legislativo, aquele efeito cascata, aumenta lá em cima
04:17e acaba aumentando para ter que acabar com tudo isso.
04:19Voltar um pouco ao controle, ao bom senso.
04:22E a reforma administrativa vai permitir você verificar as necessidades realmente.
04:26Onde tem necessidade de servidor, você coloca ali, retira onde não tem,
04:31faça um equilíbrio das contas, sobretudo colocando regras claras com relação aos salários.
04:37Não estou dizendo que o servidor público não tem que ser bem remunerado,
04:40mas também existem muitos exageros, sobretudo em função do país.
04:44Então, a reforma administrativa tem que ser debatida mesmo.
04:48Agora, existem as questões corporativas que acabam influenciando na Câmara
04:52e essa reforma está parada há anos lá.
04:55Então, não se aprova.
04:56Então, a reforma administrativa, quando se fala isso,
04:58é buscar a eficiência do Estado e não tenha dúvida de que muitas coisas,
05:02quem é mais antigo vai lembrar do Hélio Beltrão,
05:06que estava pregando a desburocratização.
05:08Então, ele deve estar tremendo lá no túmulo dele, porque isso aí voltou tudo.
05:13Então, tem que rever essas questões, esses passos de processo.
05:16E hoje, numa realidade de inteligência artificial,
05:19não se justifica muitas funções que são exercidas pelo Estado
05:22e poderiam, de alguma forma, ser equalizadas.
05:24Portanto, não tenha dúvida que a reforma administrativa
05:27não vai resolver todos os problemas.
05:29Porque sabemos nós que a Previdência também é outro fardo que tem que ser solucionada.
05:34Mas é um bom caminho, sim, a seguir,
05:35porque é uma reforma estrutural e é isso que nós estamos precisando, Marcelo.
05:39Vamos falar agora da guerra tarifária, professor,
05:42porque a gente viu que os Estados Unidos elevaram a tarifa sobre o aço e o alumínio para 50%.
05:46Depois que eles elevaram para 25%, a gente falou aqui com os produtores de aço do Brasil,
05:51eles disseram que as exportações, na verdade, haviam aumentado para os Estados Unidos.
05:56Já que as tarifas são aplicadas para o mundo inteiro,
05:58talvez não prejudique um mercado específico.
06:01Agora, aumentando para 50%,
06:03eu acho que é muito difícil a gente achar que não vai ter nenhum impacto aqui para o Brasil, né?
06:08É, as bolsas americanas relativas à siderúrgica dispararam lá os preços da siderúrgica, né?
06:14Porque 50% se inviabiliza a importação para os Estados Unidos.
06:17Obviamente, por mais que a Coreia seja uma grande aliada dos Estados Unidos
06:21e tente, de alguma forma, negociar lá,
06:23até vendendo o produto a um preço menor
06:25para que essa tarifa não prejudique as exportações para os Estados Unidos,
06:30o Brasil fica difícil de fazer isso.
06:32Então, de todo modo, o alumínio e o aço
06:37são produtos bases da indústria, né?
06:40Então, isso vai afetar os Estados Unidos, não tem a dúvida,
06:43mesmo que isso tudo que nós estamos vendo aí.
06:45Mas você dorme um dia
06:46e, obviamente, você tem um presidente da República Americana
06:50que está legislando via WhatsApp, via mídia social.
06:55Nunca se viu isso antes.
06:56É a maior economia do mundo.
06:58Então, gera uma insegurança muito grande nos produtores.
07:01Quem não sabe, a cadeia produtiva tem que ter um tempo de planejamento,
07:04de análise financeira.
07:05E não está acontecendo isso.
07:07O presidente acorda de manhã e diz que vai aumentar 50%,
07:10diz que a China não está seguindo os acordos de Genebra.
07:14Então, coloca tudo isso na sexta-feira, depois do mercado.
07:17Então, o mercado reagiu, sobretudo as bolsas europeias,
07:21as bolsas americanas, caíram, né?
07:23A gente sente a falta de protagonismo de alguns países
07:26que, em termos econômicos, são fortes.
07:29Por exemplo, o Japão, que fica sumido nessa discussão aí.
07:33Então, tudo isso acaba fortalecendo essas ações da Comunidade Americana
07:37que são altamente nocivas ao comércio.
07:39Não é só questão de aço e de alumínio, não.
07:43Você está vendo toda uma cadeia produtiva prejudicada.
07:46Agora, não resta dúvida de que isso tem que ser visto com bom senso,
07:50porque, de fato, o presidente americano já mostrou que vai agir dessa forma,
07:54como se o mundo fosse um grande cassino.
07:57Então, ele brefa ali, cria os bodes que você falou
08:00e parece que tem alguns aí seguindo essas lições.
08:03Não tenha dúvida que a preocupação maior com o mercado
08:06é que tem que ter uma previsibilidade e transparência.
08:10Então, o investidor, ou mesmo o especulador que dá liquidez para o mercado,
08:13fica preocupado.
08:14Então, o cenário fica altamente contaminado,
08:17mesmo que hoje a perspectiva do Bovespa hoje já está apresentando o seu futuro aumentando.
08:22Não tenha dúvida que isso prejudica, sobretudo, o setor de investimento,
08:26que fica na insegurança e na incerteza.
08:28Não tenha dúvida, Marcelo.
08:30Agora, professor, com essa nova tarifa de 50%,
08:33as negociações dos Estados Unidos com a União Europeia,
08:37elas também perdem um pouco de impulso.
08:39Cria-se um pouco mais de má vontade ali, não?
08:41É verdade, né?
08:43Mas ali, como se diz assim, são os primos, né?
08:47Então, os Estados Unidos têm um cuidado maior,
08:49sobretudo com a Inglaterra e a União Europeia,
08:51mas também tem sido incisivo.
08:53Então, é que ele morde a sopra, né?
08:56Vou usar outro termo aqui.
08:57Então, o Trump dá uma tracatada,
08:59depois volta atrás, né?
09:01E a Alemanha cheia, a França cheia,
09:03e fica ali, é como você falou,
09:05fica cozinhando o galho.
09:06Mas o protagonismo maior dessa briga é a China.
09:10Então, o que acaba refletindo e respingando nos demais mercados.
09:14Mas não tenha dúvida de que realmente a Europa também está sofrendo por isso.
09:18Porque nós temos aí a questão da pandemia,
09:20que gerou inflação no mundo todo.
09:22Então, a Europa está disposta a resolver esses problemas.
09:25Mas o que preocupa mais na Europa
09:26é a questão de aumentar os gastos com os gastos militares, né?
09:31Então, tem tudo isso também com relação à geopolítica,
09:33que a gente fica com o pé atrás.
09:35Agora, não tenha dúvida que você bem colocou,
09:38são jogos, né?
09:39São blefes que o próprio Estados Unidos vai fazendo
09:41através do seu presidente,
09:43que criam uma certa insegurança enorme no mercado,
09:47sobretudo daqueles parceiros tradicionais, viu, Marcelo?
09:49Sem dúvida.
09:50Professor César Bergo, da UNB,
09:52muito obrigado pela participação hoje no Real Time.
09:54Bom dia.
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