Bolsa flerta com recorde e mercado aposta em corte da Selic; Felipe Corleta analisa consequências

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O Ibovespa B3 subiu 1,02% e se aproximou dos 140 mil pontos. O dólar recuou a R$ 5,64 e a prévia da inflação surpreendeu o mercado. Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, explica como os dados reforçam a expectativa de corte na Selic ainda este ano.

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00:00No Brasil, o dólar teve uma queda, fechou negociado a R$ 5,64.

00:06Vamos ver agora o desempenho do Ibovespa, B3, o índice de referência da nossa bolsa,

00:12não voltou para os 140 mil pontos, mas chegou mais perto.

00:16Vejam que ele passou o dia todo ali no positivo, acabou encerrando uma alta de 1,02% com 139.544 pontos.

00:26Para a gente entender os números de hoje, eu vou conversar agora com o Felipe Corleta, sócio da GTF Capital.

00:35Corleta, boa tarde para você. Alguns índices positivos hoje aí, se a gente pensar em confiança do consumidor americano,

00:41a prévia da inflação aqui no Brasil, mas também a conversa com a Europa mudando de tom,

00:47trazendo novamente um horizonte positivo.

00:50Boa tarde, Turcio, boa tarde para todo mundo conectado aqui na Times Brasil.

00:56É verdade, a gente teve um exterior bem favorável hoje, já começou pela manhã com anúncios lá no Japão,

01:03que fecharam as curvas de juros por lá, isso ajudou muito a renda fixa lá fora,

01:09com as taxas de juros futuras, os treasuries e os caindo bastante já na abertura.

01:14A gente teve já desde domingo esse acordo da União Europeia-Estados Unidos para postergação da implementação de tarifas de 50%.

01:25Isso não teve um impacto tão expressivo ontem por conta do feriado que a gente teve lá nos Estados Unidos,

01:32hoje abriu o mercado repercutindo esse acordo da União Europeia e também essa questão envolvendo as taxas de juros no Japão,

01:41que fecharam bastante. Então, com isso, a gente já tinha um dia positivo e isso ainda melhorou bastante

01:46quando os dados de confiança do consumidor americano deram bem acima do que se esperava.

01:51Esperava perto de 85, vieram perto de 96 pontos os índices de confiança do consumidor.

01:58Então, isso trouxe aí um sentimento muito mais positivo.

02:02Há pouco eu vi o comentário dessa melhora de confiança do consumidor,

02:06muito relacionada também à melhora recente dos mercados.

02:09A bolsa americana aí é próxima dos seus recordes históricos.

02:13Então, isso certamente foi positivo.

02:16A gente tem um exterior que sopra melhor, mas aqui no Brasil o mercado está cada dia mais indo,

02:22convergindo para aquela ideia de que o próximo movimento da nossa taxa de juros é um movimento de queda.

02:27Quer dizer, a Selic para de subir e ela passa a entrar num momento de queda ainda este ano.

02:33Isso foi hoje reforçado pelos números de inflação que surpreenderam a todos no mercado.

02:38De 25 analistas que eu tive acesso aqui, 25 projeções de inflação.

02:46Nenhuma delas dava tão baixa quanto os 5,40% que acabaram acontecendo.

02:49Ainda é muito alto, ainda é uma inflação bastante acima da meta do Banco Central,

02:54essa de 5,40% para os últimos 12 meses.

02:57Mas realmente foi aí gatilho positivo, o mercado operou muito bem aí na esteira desses fatos.

03:04E aí, só para pegar o gancho dos juros que você trazia aí, quer dizer, isso está reforçando essa ideia

03:09de que a Selic, bom, primeiro, não deve subir mais e, segundo, pode começar a cair esse ano ainda.

03:15Porque aí eu lembro até o boletim Focus de ontem, né?

03:17O boletim Focus ainda traz a previsão para a Selic esse ano em 14,75%, que é onde ela está hoje.

03:23Ela deve, isso deve ser revisto então, coronel?

03:27Olha, ontem a gente tinha o mercado precificando, entre agora e o final do ano, uma queda de 16 pontos na Selic.

03:36Se a gente pensar que o passo mínimo do Banco Central é o de 25 pontos,

03:39ele nunca vai dar um passo menor do que o de 25 pontos,

03:43a gente pensa que, bom, 16 pontos é uma chance aí de 55% de juros efetivamente cair esse ano.

03:50Hoje a curva implica uma queda de 21 pontos na taxa Selic.

03:55Então praticamente aí uma queda completa de 25 pontos.

03:59Então hoje o que o mercado tem na sua curva de renda fixa é uma probabilidade perto de 80%, 85%

04:06de que a Selic tenha um movimento de queda ainda esse ano.

04:09E isso pode, a gente pode ver esse movimento continuar, com o mercado precificando mais pontos de queda na taxa Selic

04:19até o final do ano, na medida que a gente continuar vendo dados de inflação mais benignos,

04:25um dólar comportado.

04:27A gente teve um estresse bem importante no dólar aí na semana passada, com todas as medidas do IOF,

04:32mas isso acabou sendo revertido, uma parte importante dessas medidas e com isso a gente continua tendo um câmbio comportado,

04:40especialmente num dia como hoje, que é um dia negativo para o câmbio,

04:43a gente tinha as commodities todas embaixo no mercado internacional,

04:47mesmo assim o nosso dólar conseguiu se manter comportado.

04:51Então se o dólar não subir muito, se a gente tiver dados de inflação mais benignos,

04:55o mercado deve continuar nessa toada de ampliar a expectativa do tamanho dos cortes de Selic

05:02que podem acontecer ainda esse ano.

05:03Hoje se fala apenas em corte lá em dezembro, mas à medida que a gente tiver dados de inflação mais benignos

05:11e uma continuidade dessa taxa de câmbio sem novos estresses, especialmente partindo por parte do governo,

05:18isso pode trazer o Banco Central a moderar o seu discurso ao longo das próximas reuniões do Copom

05:23e com isso o mercado precificar para quem sabe em novembro, outubro, setembro, já esses cortes na taxa de juros.

05:30Isso seria muito positivo para a Bolsa, Bolsa que hoje renovou o seu recorde histórico,

05:34ela tocou um novo recorde histórico e acabou cedendo, especialmente por conta das exportadoras.

05:39Empresas exportadoras como Suzano, JBS, Marfrig, acabaram caindo bastante essas ações,

05:44puxaram a Bolsa para baixo, não permitiram o fechamento lá no recorde histórico.

05:48Mas certamente esse tema da taxa de juros vai continuar sendo central para a interpretação dos destinos do mercado.

05:55E os papéis hoje na Bolsa já refletem essa expectativa de crédito um tiquinho mais barato ali à frente?

06:04É o que a gente viu, a gente viu as empresas, por exemplo, do setor doméstico performando muito bem,

06:09empresas mais sensíveis à curva de juros performarem muito bem,

06:13e empresas, por outro lado, mais sensíveis a um dólar forte, como o Suzano,

06:18as empresas de proteínas, como eu mencionava, operando para baixo.

06:22E o que a gente acaba vendo muito no mercado financeiro aqui no Brasil,

06:26por ser um mercado relativamente pequeno,

06:29a gente vê muito em dias que as commodities estão para baixo, como foi hoje,

06:35minério de ferro, petróleo para baixo,

06:36a gente vê aí o mercado acaba comprando um pouco mais as ações dos bancos.

06:40Então teve mais um dia positivo aí para Itaú, Bradesco, para outros bancos.

06:44Então essa visão setorial, ela depende muito do mercado externo,

06:48mas certamente a gente pode afirmar que empresas sensíveis ao ciclo da Selic

06:53operaram muito bem hoje após esse número de inflação aí vir mais positivo que o esperado.

06:58Corleta, para amanhã, o que está na agenda dos investidores?

07:02A gente vai continuar de olho nessa questão da guerra comercial.

07:07O Kevin Hassett disse que essa semana ainda a gente pode ter,

07:10o conselheiro econômico da Casa Branca,

07:13pode ter novos acordos comerciais saindo lá fora.

07:16Então se esse mercado externo continuar melhorando,

07:19com as taxas de juros fechando e as bolsas lá performando,

07:21isso pode abrir espaço para a nossa bolsa aí sim,

07:23fazer novos recordes históricos efetivamente.

07:27E tem uma agenda econômica relativamente esvaziada, se não me engano,

07:31o Turcio, acho que na quinta-feira que a gente tem mais leilão do Tesouro

07:36e dados do mercado de trabalho lá nos Estados Unidos.

07:40Isso, quinta tem PNAD aqui também e sexta tem PIB, mas amanhã não.

07:45Exato, então a gente tem aí dados do mercado de trabalho por aqui

07:47e nos Estados Unidos a partir de quinta-feira,

07:51amanhã deve estar um mercado mais centrado aí nessas questões da guerra comercial.

07:54Filipe Coroleta, sócio da GTF Capital, valeu Coroleta, brigadão, até amanhã.

08:01Até amanhã, Turcio, abraço.

08:02Abraço, valeu.

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