Dólar dispara e bolsa oscila: o que esperar da semana? Artur Horta explica expectativas e mercados

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O dólar subiu para R$ 5,68 e o Ibovespa B3 fechou com leve alta de 0,23%. Artur Horta, sócio da GTF Capital, analisou o impacto das tarifas, do cenário externo e da expectativa pelo IPCA-15 e PIB. Mercado cauteloso com juros e inflação no radar.

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00:00O dólar fechou em alta valendo R$ 5,68 e o Ibovespa B3, o índice referência da nossa bolsa,

00:09passou quase que o dia todo, fora um pico ali de manhã, passou o restante do dia

00:13numa faixa ali cuidadosa, oscilando positivamente mais pouco e foi exatamente assim que ele fechou.

00:19Fechou com uma alta de apenas 0,23% aos 138.136 pontos.

00:26Para nos ajudar a entender esses resultados do mercado financeiro aqui no Brasil,

00:32eu vou conversar agora com o Arthur Horta, sócio da GTF Capital.

00:36Horta, boa tarde para você, seja bem-vindo mais uma vez aqui ao Radar.

00:41Estamos vendo aí um mercado brasileiro cauteloso nessa segunda-feira, Horta?

00:46Boa tarde, Fábio. Exatamente, é um mercado que está ainda à espera de mais novidades sobre as tarifas

00:53e a gente está vendo também uma dinâmica um pouco diferente de outros períodos de volatilidade

00:58que a gente já teve no mercado.

00:59O que a gente tem visto é um mercado que às vezes está positivo para comprar os Estados Unidos,

01:06ou seja, levar fluxo para os Estados Unidos, tanto em bolsa, quanto em dívida, quanto na moeda,

01:12o dólar americano.

01:13E por outras vezes o mercado está muito pessimista com os Estados Unidos,

01:18então sai dinheiro de lá em direção a outros mercados.

01:20Hoje, como foi feriado, nós não tivemos as bolsas abertas lá nos Estados Unidos,

01:25mas nós tivemos mercados futuros que replicam o desempenho americano ao redor do mundo.

01:32Esses mercados que replicam o desempenho lá das bolsas americanas foram muito bem,

01:37sinalizando que o mercado aprovou essa medida do Donald Trump de adiar as tarifas sobre a União Europeia.

01:44E o Trump a gente não tem nem o que comentar.

01:46Quantas vezes a gente viu isso?

01:47Primeiro ele chega com a medida, chega com os dois pés na porta, como diz o outro,

01:52depois ele recua trazendo alívio para o mercado.

01:55Então o mercado lá fora se beneficiou, na Europa, outros mercados no exterior,

02:00ele se beneficiou desse alívio do Donald Trump,

02:04e o Brasil ficou esquecido nessa onda,

02:06porque não diz respeito ao mercado brasileiro.

02:09O mercado brasileiro vai ter suas tarifas de 10%,

02:11e a gente passou despercebido, amanhã tem um dado de inflação, a liquidez está baixa.

02:16Então por isso o nosso mercado ficou aí perto desse zero a zero,

02:20positivamente impactado, diria na Bolsa positivamente impactada com esse otimismo geral,

02:25depois dessa notícia de adiamento das tarifas,

02:28mas hoje realmente foi um dia muito morno aí para o nosso mercado.

02:30O que você destacaria aí dos papéis para mais ou para menos hoje na Bolsa Brasileira, Horta?

02:37Olha, a gente teve hoje uma dinâmica positiva para empresas do mercado interno,

02:42que são empresas que têm alta correlação com a curva de juros,

02:45porque está ficando cada vez mais evidente o fim do nosso ciclo de alta de juros.

02:51Então papéis, até a própria Azul, que está em via de entrar em recuperação judicial,

02:56empresa muito endividada, performou bem hoje,

02:58várias empresas do setor de consumo, ações de varejistas performaram bem, por quê?

03:04Essa medida do IOF que o governo propôs, que o governo colocou já, aliás,

03:10é uma medida contracionista, essas medidas contracionistas tendem a ser positivas

03:14para a queda da curva de juros.

03:16Então ainda que ela seja contracionista, ações relacionadas à curva de juros

03:20estão performando bem.

03:22Já as empresas de commodities estão performando mal,

03:25principalmente pela queda do dólar no ambiente global.

03:27Então o dólar está se enfraquecendo de maneira geral no mundo,

03:31e aí a gente viu a queda de algumas ações importantes dolarizadas,

03:34como por exemplo, JBS, Vale e outras empresas de commodities.

03:39Então o mercado está seguindo essa dinâmica aí.

03:41Tem a Braskem também, que está vivendo uma novela com o investidor Nelson Tanuri,

03:46e o mercado segue nessa expectativa,

03:48se ele vai conseguir comprar uma fatia sem ter que fazer uma oferta aos minoritários,

03:52como é que ele vai negociar com os bancos credores da Novo Honor.

03:55Então estamos vivendo essa novela aí.

03:58Porta, e temos essa semana também vários indicadores importantes aqui da economia brasileira, né?

04:04Temos sim, amanhã mesmo.

04:06Tem o dado de IPCA 15, que deve mostrar, segundo o consenso do mercado,

04:10uma levíssima aceleração na base mensal.

04:14O ideal é que seria muito bom se a gente visse esse dado vir abaixo do consenso

04:18para reforçar ainda mais a expectativa de queda de juros aqui no Brasil no final do ano, né?

04:24Então tem esse dado lá fora, tem dado de confiança do consumidor,

04:27os dados de atividade lá fora estão sendo muito monitorados.

04:30Então para compensar a agenda fraca da semana passada,

04:33esse ano, essa semana, a gente já vai ter uma agenda bem mais movimentada.

04:38E sexta-feira tem o PIB, né?

04:39Aliás, quinta-feira tem o PNAD, o mercado de trabalho,

04:42e sexta-feira o PIB, né?

04:43Exatamente.

04:45No trimestre passado, o mercado discutiu muito se a política monetária

04:49já estava fazendo algum efeito sobre a atividade.

04:52E isso é um ponto crucial para a tese de corte de juros no fim do ano.

04:58Então o PIB foi muito importante na divulgação passada,

05:02e geralmente o PIB é um dado atrasado,

05:04mas ele foi muito importante na divulgação passada,

05:07e pode ser muito importante agora nessa divulgação também,

05:10porque vai dizer muito do que vai acontecer com a nossa taxa de juros,

05:15que está alta praticamente desde 2022,

05:18sufocando o nosso mercado de capitais.

05:20É muito importante que ela entre agora no ciclo definitivo de baixa.

05:24Qual a expectativa de vocês para o PIB, Ordo?

05:27Olha, o PIB deve vir muito forte.

05:30A gente acha que talvez alguns setores que ajudaram lá no primeiro trimestre

05:36não ajudem tanto agora, como foi o caso da indústria,

05:40por conta de questões cambiais, enfim.

05:43Mas o consumo das famílias é algo que está muito forte,

05:46o crédito está muito forte,

05:48e principalmente ali no final do segundo trimestre,

05:51quando a gente já tinha uma expectativa de que a taxa de juros estava no topo,

05:55foi possível acelerar o crédito,

05:56o governo não implementou nenhuma nova medida muito restritiva

05:59do ponto do consumo das famílias,

06:01então o PIB ainda deve vir forte.

06:04Isso ficou evidente até hoje na divulgação do boletim Focus,

06:07que elevou a previsão de PIB.

06:10Então, a gente ainda acha que,

06:12apesar de a gente estar com a política monetária muito contracionista,

06:15com esses juros muito altos,

06:17nós viemos de um carrego muito positivo da atividade econômica,

06:21e isso ainda vai ser sentido no segundo trimestre.

06:25O que nós esperamos ver ali, no final das contas,

06:29é essa taxa de juros pegando marginalmente alguns setores da economia

06:36e mostrando ali a atividade se expandindo em um ritmo um pouquinho mais lento

06:42para mostrar que ela está fazendo o efeito de contração necessário

06:46para levar nossa inflação para a meta.

06:47Então, a gente deve ver alguma coisa entre um PIB forte,

06:51mas marginalmente um pouquinho mais fraco.

06:54Quer dizer, vai ter que olhar com lupa ali o PIB

06:56para achar nas beiradas alguma desaceleração, é isso?

07:01Vai ter que olhar com lupa

07:02e acho que o mercado vai estar olhando justamente

07:05para possíveis desacelerações

07:06para confirmar essa expectativa da taxa de juros,

07:11de cair lá no final do ano.

07:13Quer dizer, nesse caso aí,

07:14esses sinais de desaceleração vão ser bem recebidos pelo mercado,

07:18porque é o que está se esperando.

07:19Vão ser bem recebidos.

07:20O mercado, isso pode soar até um pouco estranho,

07:24mas eu não quero, ninguém quer, nem o mercado,

07:28ninguém quer que o país entre em uma recessão.

07:30Mas para que a gente possa ter juros baixos de novo

07:34e a economia sendo movida por investimentos,

07:37as empresas contratando ainda mais,

07:40a economia funcionando com mais saúde,

07:43é necessário um certo nível de contração econômica.

07:46A gente está no movimento já há três anos,

07:49já há três anos de política monetária contra acionista,

07:51e a nossa economia está muito resiliente.

07:53Isso tem deixado a inflação acima da meta

07:55e preocupado o nosso Banco Central,

07:57e pesando no bolso também do brasileiro,

07:59pesando no bolso da população,

08:01a inflação todo mês pesando no nosso bolso.

08:04Então, é saudável ver algum nível de contração econômica,

08:08da atividade, uma atividade um pouquinho mais fraca,

08:11para que a gente possa ajustar essas velas,

08:13a inflação cair e o brasileiro voltar a investir,

08:17as empresas voltarem a investir,

08:19a parar de pegar crédito só de curto prazo

08:21e fazerem projetos de longo prazo,

08:23trazendo mais empregos, mais inovação.

08:27Então, um certo nível de contração é, sim,

08:29muito bem-vindo a essa altura do campeonato.

08:31Arthur Horta, sócio da GTF Capital.

08:35Valeu, Horta.

08:35A gente vai acompanhar os dados durante a semana,

08:37então, e sempre contando com vocês aí da GTF,

08:40para analisar e trazer para a gente aqui

08:41o olhar do mercado.

08:43Obrigado, boa semana.

08:44Beleza, Fábio. Grande abraço.

08:46Abraço, valeu.

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