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Guilherme Casarões, professor da Florida International University, analisou a participação do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU. Ele comentou sobre o impacto das sanções norte-americanas, a guerra tarifária e a postura estratégica do Brasil diante dos EUA, destacando efeitos econômicos e políticos globais.

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Transcrição
00:00E sobre a Assembleia Geral da ONU e a presença do presidente Lula em solo americano,
00:04eu vou conversar agora direto dos Estados Unidos com Guilherme Casarões,
00:08professor de estudos brasileiros na Florida International University.
00:13Guilherme, boa noite para você, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:16Bom, em meio à guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos e também as sanções a autoridades brasileiras,
00:23o que a gente pode esperar desse discurso do presidente Lula na ONU amanhã?
00:27Boa noite, Cristiane, boa noite a todo mundo que está nos ouvindo.
00:33Todo ano o Brasil abre a sessão solene do debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas.
00:40Essa tem sido uma tradição desde a década de 1950.
00:44O Brasil entrou ali como o primeiro orador justamente para poder tirar um pouco do peso da Guerra Fria
00:52entre Estados Unidos e União Soviética que disputavam quem falaria primeiro.
00:56e essa tradição se transformou num grande ativo diplomático do Brasil,
01:01porque o Brasil tem o papel de fato de fazer um grande diagnóstico do mundo
01:04a partir da perspectiva brasileira.
01:07E presidentes cada vez mais, e sobretudo ao longo dos últimos 30 anos,
01:12têm anualmente comparecido a Nova Iorque para poder fazer esse discurso.
01:18O que o Brasil faz nessa abertura da Assembleia Geral?
01:20fala do mundo, dá uma perspectiva sobre os grandes problemas que estão acometendo a humanidade,
01:27de mudanças climáticas, a conflitos, passando por violações de direitos humanos e desarmamento.
01:34Olha para essas questões a partir da lente do Brasil.
01:38Diz o que o Brasil pode fazer para contribuir para melhorar o mundo
01:41e fala um pouco daquilo que o país tem feito internamente também.
01:46A estrutura do discurso não tem mudado ao longo dos últimos anos
01:49e ela basicamente tem obedecido a essa estrutura.
01:52Esse ano é um pouco diferente, se a gente for pensar,
01:55porque a gente vive nesse momento um ataque sem precedentes
01:59dos Estados Unidos, do governo Trump, com relação ao Brasil.
02:02E isso certamente vai se refletir no teor do discurso do presidente Lula na Assembleia Geral.
02:06Será que a tão esperada conversa entre Lula e Trump pode de fato acontecer?
02:12A gente sabe que as tarifas de Trump, claro, tem impactado a população dos Estados Unidos.
02:16São assunto na imprensa americana, Guilherme?
02:20O Lula apareceu algumas vezes na imprensa americana ao longo dos últimos meses
02:25como um dos poucos presidentes que teve a coragem de enfrentar o governo americano,
02:32de falar grosso, digamos assim, com a administração Trump
02:35com relação a questões ligadas a tarifas,
02:38coisas que muitos países europeus, por exemplo, não foram capazes de fazer,
02:41o Brasil fez.
02:42Então, de fato, a postura do Lula com relação a essas tarifas
02:46e a resposta em defesa, vamos dizer, da soberania brasileira
02:49e também a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro
02:52como um fato do judiciário brasileiro,
02:55isso tudo foi noticiado bastante na imprensa norte-americana
02:58até como, vamos dizer, um exemplo daquilo que deve ser feito
03:03quando a gente pensa em crimes de golpe de Estado, etc.
03:06Então, o Brasil ganhou os holofotes nesses últimos tempos
03:10e o Trump acaba levando o Brasil de maneira muito pessoal na sua agenda.
03:15O Brasil foi um dos países mais atacados pelos Estados Unidos,
03:18tanto em termos de tarifas e de investigações comerciais,
03:21quanto também em termos de indivíduos.
03:22A gente tem Alexandre de Moraes e agora sua esposa Viviane
03:26como alvos da chamada lei global Magnitsky.
03:29Tudo isso é muito novo, muito intenso
03:32e claro que o Brasil, nesse contexto,
03:34é um país que tem que defender a sua posição.
03:37Então, quando a gente fala que todo o contexto
03:40deve estar se refletindo no discurso do Lula
03:42é porque amanhã a gente espera que,
03:44assim como a gente já teve aquele episódio da espionagem
03:47contra o Brasil lá em 2013,
03:49o Brasil traga esse assunto muito contemporâneo
03:51para o centro da sua retórica
03:54nessa abertura, nesse grande diagnóstico
03:57que o Brasil fará dos problemas do mundo
03:59na Assembleia Geral da ONU.
04:00Quero pegar um gancho do que você trouxe
04:03porque houve essa divulgação
04:04da ampliação das sanções, autoridades
04:07e também parentes de autoridades brasileiras.
04:10Na sua opinião, isso é um sinal inequívoco
04:13de que o governo americano não está satisfeito com o Brasil?
04:17Sem dúvida, já se vão mais de dois meses,
04:22desde o dia 9 de julho,
04:24em que sistematicamente os Estados Unidos
04:26usam uma nova ferramenta,
04:30um novo recurso diplomático,
04:31seja ele econômico, seja ele de cancelamento de visto,
04:34seja ele burocrático,
04:36para pressionar o Brasil.
04:37E desde a condenação do ex-presidente Bolsonaro
04:40a 27 anos de prisão,
04:42o governo americano demonstrou várias vezes na imprensa
04:45insatisfação com relação ao que estava acontecendo,
04:47mas a gente não tinha visto nenhuma medida desde então.
04:50O que a gente viu agora?
04:52A inclusão que a lei permite
04:54da esposa do ministro Alexandre de Moraes
04:57como parte das sanções da lei Magnitsky,
04:59mas a gente também viu a suspensão de vistos,
05:01que é um procedimento muito mais simples,
05:04direcionado a ex-aliados e ex-colaboradores
05:07de Alexandre de Moraes, no TSE e no STF,
05:10e também do ministro da AGU, o Jorge Messias,
05:14ou seja, essas novas medidas,
05:16elas atingem não só o judiciário,
05:18mas também o poder executivo,
05:20mostrando que, da perspectiva norte-americana,
05:23tudo que está acontecendo
05:25é quase como uma conspiração
05:27entre STF e governo Lula.
05:30E a gente vê que, então,
05:31não é mais um enfrentamento individual
05:33contra o Alexandre de Moraes,
05:34como já se quis acreditar,
05:36mas a gente está vendo o governo americano
05:38pressionando em várias frentes distintas
05:40o governo Lula,
05:41o STF e as instituições brasileiras.
05:44Isso é absolutamente novo
05:46diante do que a gente teve
05:48em 200 anos de relação diplomática
05:50com os Estados Unidos.
05:51Nunca tivemos uma agressão
05:52dessa magnitude
05:53por parte da Casa Branca
05:55com relação ao Brasil.
05:56Eu vou passar para a pergunta
05:58do Vinícius Torres Freire.
05:59Vinícius.
06:01Boa noite, casarões.
06:02O Lula, amanhã, então,
06:05faz um discurso
06:05com esse diagnóstico tradicional.
06:08Ele deve falar do ataque
06:09do Trump
06:11às regras que baseavam
06:14relações internacionais,
06:15o que restava delas.
06:17Deve falar especialmente
06:18dos ataques ao Brasil.
06:19Agora, acabou a Assembleia,
06:21a abertura, a Assembleia da ONU.
06:24O que sobra disso?
06:26Talvez fique mais claro
06:27para o resto do mundo
06:28que não estava prestando atenção
06:29que o Trump está atacando o Brasil
06:31especificamente
06:32e acabando com todas as regras.
06:33E, depois disso,
06:35a situação do Brasil
06:36não vai melhorar
06:36em relação ao resto do mundo
06:37porque, em relação aos Estados Unidos,
06:39porque o resto do mundo
06:40não deve tomar nenhuma atitude
06:42em relação ao Brasil.
06:43E, em relação aos Estados Unidos,
06:45talvez até piore um pouco
06:46porque azede um pouco mais
06:48se é possível o conflito.
06:50Depois da Assembleia,
06:51o que acontece?
06:52Você acha que vai ter
06:52uma escalada americana
06:54contra o Brasil?
06:54Eles vão continuar tomando medidas
06:57progressivamente piores?
06:58ou vão marcar posição
07:00tomando uma medida ou outra
07:02para dizer que não esqueceram?
07:03Ou isso vai adiante?
07:06Vinícius, eu acho que isso vai adiante.
07:08E eu só não te digo
07:10que haverá uma escalada
07:11das medidas norte-americanas
07:13porque, desde julho,
07:15praticamente todos os recursos
07:17à disposição dos Estados Unidos
07:19já foram, de alguma maneira,
07:20mobilizados contra o Brasil.
07:23Investigações comerciais,
07:24tarifas absolutamente desproporcionais,
07:27sanções direcionadas
07:28a pessoas específicas
07:30do STF, do Poder Executivo.
07:31Quer dizer, há muito pouco
07:33que os Estados Unidos,
07:34a essa altura,
07:35podem fazer contra o Brasil
07:36a não ser aquilo
07:37que a porta-voz da Casa Branca
07:39já sugeriu,
07:40assim como o próprio
07:41presidente Trump,
07:41que seria a opção militar.
07:44Que ele já tem falado
07:44com relação à Venezuela,
07:45por exemplo,
07:46e não descartou em outros casos
07:48e o Brasil estava
07:49no meio desses casos.
07:51Obviamente,
07:51eu não acho que a gente tenha
07:53nenhum retrospecto suficiente
07:55de relacionamento com os Estados Unidos,
07:57nem uma situação política
07:58que justifique qualquer tipo
08:00de operação militar
08:01contra o Brasil
08:02ou mesmo de ameaça militar
08:04contra o Brasil.
08:05Mas como o governo Trump,
08:07ele é muito sui generis
08:08da maneira como ele lida
08:09com as questões internacionais
08:10e como isso já foi
08:12ventilado oficialmente
08:14por parte dos porta-vozes,
08:16das autoridades norte-americanas,
08:19então isso poderia ser um caminho,
08:20vamos dizer,
08:21sanções militares ao Brasil,
08:23pressionar o Exército,
08:24as Forças Armadas Brasileiras
08:26com relação a, por exemplo,
08:28aquisição de novos equipamentos,
08:30coisas do tipo,
08:31tirar o Brasil daquela lista
08:33que o Bolsonaro,
08:34junto com o Trump,
08:35o Brasil foi incluído
08:36naquele contexto
08:37que era de aliado
08:38extra-OTAM,
08:39aliado especial extra-OTAM,
08:41pode haver alguma coisa
08:42nesse campo militar
08:43que não passe por ameaça direta,
08:45mas sim por algum tipo
08:46de restrição.
08:48Ainda assim,
08:49eu pessoalmente acho
08:50que não há muito mais
08:52o que os Estados Unidos
08:53possam fazer.
08:55O Brasil enfrentou os americanos
08:58de uma forma
08:58que poucos países enfrentaram,
09:00mas a gente viu
09:01em outros casos
09:02de enfrentamento,
09:04como no Canadá,
09:05no caso de alguns países europeus,
09:07que a coisa tende a arrefecer
09:10na medida em que os impactos
09:11sobre a economia americana
09:12passem a ser sentidos
09:13de maneira mais clara
09:14e o Trump simplesmente
09:15muda de assunto
09:16e muda de alvo.
09:17Então o que a gente espera também
09:18é que, depois desse posicionamento
09:20do governo brasileiro,
09:22de uma eventual crítica
09:22mais direta aos Estados Unidos
09:24na abertura da ONU,
09:25a gente tenha
09:26o problema do Brasil
09:27caindo no esquecimento
09:28progressivo.
09:30É o que pelo menos
09:31eu espero.
09:32E claro,
09:33enquanto isso acontece,
09:34também as negociações
09:36de bastidores
09:37entre autoridades brasileiras
09:38e americanas
09:39seguirá normal.
09:41Essa é a tarefa
09:43do Itamaraty,
09:44que ele deve continuar fazendo
09:45daqui para frente também.
09:46Guilherme Casaroso,
09:48muito obrigada.
09:49Bom demais ter você aqui
09:50com a gente.
09:51Boa semana para você
09:52aí nos Estados Unidos.
09:54Eu que agradeço.
09:55Boa noite a todos.
09:56Obrigada.
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