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Centenas de venezuelanos atenderam ao chamado de Nicolás Maduro para reforçar a segurança diante da tensão com os Estados Unidos. João Alfredo Lopes Nyegray, mestre e doutor em internacionalização e estratégia, analisou os riscos e impactos geopolíticos desse impasse no Caribe.

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Transcrição
00:00Centenas de venezuelanos compareceram a praças e quartéis do país em resposta ao chamado do presidente Nicolás Maduro
00:07para se alistar e contribuir com tarefas de segurança.
00:11O objetivo do chavista é fortalecer a resposta a ameaças externas em meio ao aumento da tensão com os Estados Unidos.
00:19Na semana passada, o governo norte-americano anunciou a movimentação de navios de guerra em direção ao Caribe
00:26com a justificativa de combater o narcotráfico na região.
00:31E nós vamos conversar sobre mais esse contencioso entre os dois países com o João Alfredo Lopes Niegrai,
00:38ele que é mestre e doutor em internacionalização e estratégia.
00:43Oi, João, muito bom dia para você. Seja bem-vindo ao Real Time. Tudo bem?
00:47Bom dia, Eric. É uma alegria estar novamente contigo. Um bom dia super especial àqueles que estão nos assistindo agora.
00:53É um prazer tê-lo aqui. Ô, João, não é de hoje que os Estados Unidos aí pressionam a Venezuela, né?
01:00A gente teve em 2002 o Hugo Chávez por dois dias, né? De 11 a 13 de abril de 2002, ele chegou a ficar preso, né?
01:09Ele foi tirado do poder e a oposição liderada por Leopoldo Lopes, inclusive na época, né?
01:16Acaba assumindo ali um poder instantâneo, vamos dizer assim, de 48 horas na Venezuela.
01:21E se dizia que tinha o apoio dos Estados Unidos.
01:24Em 2019, mais recente, o Guaidó, né? Juan Guaidó, que é um deputado oposicionista,
01:32também teria liderado aí uma tentativa de golpe de Estado,
01:36mas até então não conseguiu tirar o Nicolás Maduro ali do poder, né?
01:41Também se falava que os Estados Unidos estavam apoiando.
01:45É mais uma intervenção, uma tentativa de tirar aí esse legado chavista do poder na Venezuela?
01:50Com certeza, Eric. A gente está vendo uma intensificação de tensões entre Estados Unidos e Venezuela.
01:58O que tem de diferente agora é que isso ocorre num momento de intensa fragmentação do sistema internacional,
02:05marcado tanto pela erosão das instituições multilaterais,
02:08quanto pela ascensão aí da volta da lógica de blocos, né?
02:12E esse contexto amplifica os reflexos desse impasse no Caribe sobre a América do Sul como um todo,
02:18que se vê, mais uma vez, inserido numa disputa geopolítica que vai além da região.
02:24A mobilização de navios norte-americanos, três estroides, mas três anfíbios,
02:29com a retórica de força total contra o chamado cartel de Los Soles e contra o regime Nicolás Maduro,
02:35cria certamente um ambiente de insegurança em toda a Bacia Caribenha.
02:40Países vizinhos, seja Colômbia, seja Guiana, se sentem impressionados a se alinhar com Washington,
02:45tanto por necessidade de cooperação e segurança, quanto por uma dependência econômica e militar.
02:51E, ao mesmo tempo, outros estados com inclinações ideológicas ou interesses comerciais mais próximos de Caracas,
02:57como Bolívia e Venezuela, reforçam aí seu discurso de solidariedade,
03:01num resultado que reedita esses conflitos de polarização intra-regional
03:06que você comentou logo no início da nossa conversa.
03:09É, a gente sabe que há uma diferença grande, né, de forças bélicas dos dois países,
03:14e aí o Nicolás Maduro está tentando convocar aí, então, a população, né,
03:20ou reservistas também para se unirem ao país.
03:23A gente sabe que tem uma parte dos venezuelanos que não compactua,
03:28aí com o governo de Nicolás Maduro, que está há 12 anos no poder,
03:32foi reeleito no ano passado e deve ficar aí no comando da Venezuela
03:37até pelo menos 2030, fechando aí 17 anos de poder, fora o que já ficou Hugo Chávez.
03:44Se os Estados Unidos resolverem mesmo entrar na Venezuela,
03:48existe alguma disputa ou Maduro ficaria muito vulnerável aí aos ataques norte-americanos?
03:56Sabe, do lado venezuelano houve uma resposta performativa
04:02com a mobilização de 4 milhões e meio de bilicianos,
04:06cifra que excede enormemente o efetivo militar regular.
04:09Isso é muito mais um sinal político do que um sinal de capacidade, né?
04:13Essa quantidade toda de gente não equivale de forma alguma a uma preparação defensiva.
04:17E Caracas vem apostando na mobilização retórica soberanista, né,
04:21reforçando os custos políticos de qualquer golpe para os Estados Unidos
04:25na visão venezuelana.
04:27E é importante notar que massa não equivale à capacidade, né?
04:30Indicadores comparativos situam a Venezuela com capacidade militar média baixa
04:35no recorte global, com uma defesa aérea e patrulhas e submarino único
04:40que tem absolutamente defasados, com uma disponibilidade operacional heterogênea.
04:47E a porta nacional de Caracas seria, nesse momento, confrontar,
04:51ou melhor, não confrontar simetricamente uma força naval de alta tecnologia,
04:56que é o caso dos Estados Unidos, e sim tentar elevar o custo político
04:59e o risco de qualquer ação adversária para tentar densificar o seu litoral com toda essa gente
05:05numa tentativa aí de multiplicar pontos de controle.
05:09Não haveria qualquer chance para o exército venezuelano que seria o quinquagésimo do mundo
05:14contra o primeiro lugar, que é os Estados Unidos.
05:17Numa comparação, os Estados Unidos teriam mais de um milhão de homens à disposição,
05:21enquanto que a Venezuela, em forças ativas e forças, que eu diria, na reserva,
05:27são cerca de 330 mil, exceto esses 4 mil e meio convocados aí,
05:33sem qualquer tipo de treinamento militar, que inclui aposentados,
05:37o que inclui pessoas muito jovens e afins.
05:40João, essa manobra norte-americana, a gente sabe um pouquinho que ela tem de ser mais uma pressão
05:50do que verdadeiramente uma ameaça prática neste momento.
05:54Acho que não é até para o governo brasileiro, governo argentino,
05:59não seria interessante você ter uma guerra aqui dentro da América do Sul.
06:03E outros governos, como os russos e os chineses, eles, bem fracamente, poderemos dizer assim,
06:10mas existe um certo contato, uma certa ligação com o governo venezuelano.
06:15A gente sabe que tem ali uma reserva de petróleo também interessante,
06:19na América do Sul fica ali na Venezuela.
06:21Você acredita nisso também, que seria uma pressão, uma manobra a mais para pressionar ali Maduro,
06:27dizendo, ó, a gente está de olho em você, fica ligadinho, do que propriamente uma ameaça prática?
06:33Com certeza, a gente enxerga nisso muito um jogo de coerção.
06:37Os Estados Unidos compõem ali uma força naval anfíbia capaz de interditar e punir seletivamente,
06:42mantendo a narrativa de combate a cartéis.
06:45E usar toda essa força para combater cartéis equivale a tentar matar uma mosca
06:50com um tiro de tanque de guerra, né?
06:53E aí a Venezuela responde do outro lado com essa mobilização em escala,
06:56tentando dissuadir os Estados Unidos por custos políticos em virtude de uma densidade territorial.
07:01Eu vejo que o risco de conflito aberto permanece baixo,
07:06enquanto a lógica de emprego for calibrada, emprego de força for calibrada,
07:10e esse engajamento dos dois lados acaba sendo conservador, como está sendo nesse momento.
07:16Em um mundo de fragmentação crescente, no qual a legitimação multilateral vem perdendo espaço
07:20para a política de fato consumada, como envio de força a qualquer momento,
07:24esse impasse caribenho é menos sobre guerra amanhã ou depois de amanhã,
07:29e muito mais sobre quem dita as regras do jogo, do uso limitado e ilimitado da força,
07:35e a que custos econômicos e reputacionais isso vai acontecer.
07:39João, e a gente sabe também, por exemplo, que na última eleição,
07:43houve muitas dúvidas sobre o processo eleitoral, falava-se muito em fraude,
07:50inclusive o governo brasileiro, que mantinha boas relações com o governo venezuelano,
07:54chegou a pedir para Nicolás Maduro apresentar as atas de votação das urnas lá na Venezuela.
08:01Criou-se até um ruído, mas ainda há laços ali do Brasil com a Venezuela.
08:07Isso poderia levar o presidente Donald Trump a adotar novas medidas aqui contra o Brasil, por exemplo?
08:12Nesse momento em que as relações entre o Brasil e os Estados Unidos estão impactadas
08:17e seguem aí rusgas que são absolutamente inéditas nos mais de dois séculos de cooperação,
08:23tudo é possível.
08:25Talvez isso não ocorra, porque recentemente o Brasil negou a entrada da Venezuela no grupo dos BRICS.
08:32Isso aí seria certamente uma mácula ao discurso de Donald Trump
08:37de que o governo brasileiro estaria apoiando antagonistas dos Estados Unidos.
08:42E esse afastamento ocorrido em virtude da não apresentação das atas eleitorais
08:47distancia brevemente o Brasil da Venezuela nesse momento,
08:51lembrando que nós já estivemos politicamente muito mais próximos há algum tempo atrás.
08:56A gente não pode esquecer que o presidente Lula Silva chegou a receber o Nicolás Maduro em Brasília
09:01com todas as honras de chefe de Estado
09:03e chegou a dizer, inclusive, que na Venezuela há excesso de democracia
09:07numa fala completamente absurda e descolada da realidade.
09:12É, inclusive que ele voltou atrás e hoje, como você disse,
09:15até se afastou um pouco do governo chavista lá na Venezuela.
09:20João Fredo Lopes Negrai, obrigado pela sua participação.
09:23Sempre bom essa conversa trazer aqui o seu olhar sobre essa situação um pouquinho delicada
09:29agora aqui na América do Sul, os Estados Unidos aí fazendo essa pressão contra a Venezuela.
09:34Obrigado, uma ótima semana para você.
09:36Um grande abraço.
09:36Eu que agradeço, Eric, e aos amigos da Times Brasil.
09:40É sempre uma alegria estar aqui.
09:41Uma boa semana a todos.
09:42Obrigado.
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