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O professor Mauricio Moura, sócio do Fundo Zaf-Tra e professor da Universidade George Washington, analisa as negociações entre democratas e republicanos para evitar o shutdown nos EUA. Ele explica os riscos políticos, o impacto econômico e como a incerteza americana afeta o dólar, o mercado e países da América Latina.

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Transcrição
00:00Esse possível acordo entre parte dos democratas e os republicanos para suspender o shutdown nos Estados Unidos
00:07é o principal assunto do noticiário americano com desdobramentos dos mercados financeiros globais, inclusive aqui no Brasil.
00:15E para nos aprofundarmos nas discussões sobre esse assunto, eu converso agora com o Maurício Moura,
00:21sócio do Fundo Zafra e professor da Universidade George Washington.
00:25Então, professor, muito obrigado pela sua participação aqui no nosso jornal.
00:29Já vou emendar com uma pergunta, porque existe então essa negociação em curso entre parte do Partido Democrata e os republicanos
00:36pelo fim do shutdown e que isso duraria até o fim de janeiro, ou seja, é um acordo temporário se sair do papel.
00:43Qual que é o risco de negociar um acordo temporário, em vez de algo que resolva o problema de uma vez por todas
00:50e libere o orçamento do próximo ano fiscal? Boa noite novamente.
00:53Boa noite a todos. Bom, o clima aqui em Washington está bastante diverso.
01:01Dependendo de que lado você conversa, existe uma percepção sobre esse acordo.
01:05Dos lados dos democratas, como foi mencionado na reportagem, tem gente que ficou muito frustrada
01:11dos democratas terem cedido para o governo Trump, principalmente depois de uma sequência de vitórias eleitorais
01:17que eles tiveram na semana passada. Também tem uma ala democrata que foi liderada pelo senador Tim Kennedy da Virgínia
01:24que acha que foi o melhor momento para encaixar isso e eles acreditam que essa discussão do sistema de saúde
01:30do ObamaCare, da continuidade dos caídos fiscais, ela vai ficar muito presente e isso, obviamente, gera muito desconforto
01:36no Partido Republicano. Do lado republicano, da Casa Branca que eu conversei, eles estão muito animados em reabrir o governo,
01:43não acreditam que conseguiram barganhar o suficiente. Tem gente que diz aqui que a redução do número de voos,
01:50o número de profissionais do espaço aéreo aqui foi uma pressão para isso.
01:55E tem os republicanos que acham que é um problemão esse negócio do tema de saúde continuar na mesa
02:00e, eventualmente, esse ser o tema de um próximo shutdown no ano que vem.
02:05Aliás, o shutdown tem virado frequente em Washington, dado a divisão política polarizada que a gente tem aqui em Washington.
02:11Então, assim, as soluções, na verdade, são soluções de curto prazo e com muitas incertezas.
02:17Os democráticos não sabem se essa questão dos créditos fiscais de saúde vão para a votação na Câmara.
02:23Eles têm a garantia de que isso vá para a votação no Senado.
02:27Obviamente, o governo não sabe se daqui a...
02:29No final de janeiro do ano que vem eles vão estar tendo as mesmas discussões.
02:32Então, é um sistema bastante instável, mas é o que temos nesse momento.
02:37Essa foi a conversa que eu tive com várias frentes aqui em Washington.
02:42Maurício, já que você fala conosco direto de Washington, tem seu olhar privilegiado para quem nos assiste.
02:48Na sua avaliação, quem está pagando a conta do shutdown em termos políticos?
02:53Os republicanos e o governo Trump ou o Partido Democrata?
02:56Ou seja, quem precisa estar mais preocupado em aprovar esse acordo agora na Câmara
03:00para não pagar o preço nas próximas eleições?
03:03Bom, pelas pesquisas, os republicanos, obviamente, e a Casa Branca eram os principais responsáveis do shutdown,
03:12até pelo fato óbvio que eles têm a maioria na Câmara, no Senado tem a Casa Branca.
03:17Por outro lado, é verdade, é real que os democratas também estavam sofrendo muita pressão dos funcionários públicos federais,
03:25que obviamente, essa Casa Branca especificamente, ela não tem muito apreço ao funcionalismo público,
03:31obviamente, ela teve várias demissões. Então, tinha uma pressão dos funcionários públicos em cima dos democratas
03:36e acabou eles tendo que acomodar isso.
03:39E quem votou a favor desse acordo no Senado diz aqui para a gente que o principal fator foi justamente evitar
03:45que tivesse uma demissão em massa.
03:47Mas não tenho dúvida que foi muito ruim para os republicanos,
03:50inclusive se refletiu na Azul na semana passada.
03:53Então, o governo, isso aconteceu com os democratas quando o Obama era presidente,
03:58ele também acabou levando a responsabilidade do shutdown em 2012, em 2012, 2013.
04:07Mas o fato é que o argumento dos democratas que ficaram insatisfeitos com esse acordo foi justamente esse,
04:13que as pesquisas de opinião estavam mostrando que a responsabilidade e o custo político estavam no Partido Republicano.
04:19Agora, vamos jogar um pouco a conversa para o mercado financeiro,
04:23porque o impasse do shutdown tem criado uma percepção, me corrigir se eu estiver errado,
04:28até de uma disfuncionalidade política em Washington.
04:31Como você disse, já são vários momentos de shutdown nos últimos tempos.
04:36Até que ponto essa instabilidade está corroendo a confiança dos agentes econômicos nas instituições americanas?
04:43Ou seja, há um custo de longo prazo para o chamado prêmio de risco político dos Estados Unidos,
04:48ou ainda prevalece a percepção de que os americanos são o porto seguro global dos investimentos?
04:56Bom, essa pergunta dá uma tese de doutorado, mas vou tentar responder rapidamente aqui.
05:00Bom, a primeira coisa é que existe uma percepção, sim, de que esse governo gera bastante incerteza,
05:06ele é meio pautado na instabilidade, em qualquer área, seja área comercial, seja área econômica,
05:11seja área política, seja área diplomática, e a gente vê isso nas curvas de juros dos Estados Unidos,
05:17a gente vê isso, como você mencionou, nos prêmios de risco.
05:20Obviamente, isso já se reflete desde o início do governo,
05:25obviamente se refletiu bastante depois do Liberation Day em abril.
05:29Então, essas incertezas são novas à dinâmica americana,
05:33que, obviamente, estão trazendo um custo para o mercado financeiro.
05:37Existe também o fato de que tem parte do mercado financeiro que está desassociado
05:40desses problemas, dessa instabilidade, principalmente a Bolsa de Valores,
05:44e como todo mundo sabe, puxado pelas empresas de tecnologia,
05:47puxado pela expectativa de produtividade gerada pela inteligência artificial.
05:51Então, a gente tem uma Bolsa de Valores desconectada um pouco dessas incertezas.
05:55Por outro lado, tem uma discussão muito grande no nível do mercado financeiro,
05:58que ainda não está resolvida, que é a questão do dólar.
06:00A gente viu uma demanda maior por outras moedas,
06:04tipo o franco-suíço, o yen e o euro,
06:07depois da questão das tarifas do Trump,
06:09mas, obviamente, o dólar continua,
06:11e a discussão é quanto o dólar vai continuar sendo a principal moeda de ancoragem mundial.
06:16E aí, nessa questão, existe uma questão bastante simples do mercado financeiro,
06:20que os Estados Unidos, obviamente, estão introduzindo incerteza na gestão política,
06:26incerteza na gestão da Casa Branca,
06:27até incerteza na gestão do Federal Reserve, que é uma novidade.
06:30Por outro lado, o dólar continua sendo o principal meio, obviamente, de troca,
06:36mas, quando o investidor precisa buscar ainda um ativo de baixo risco,
06:41o dólar continua no protagonismo.
06:43Mas essa é uma grande discussão daqui para frente.
06:45Então, se, por um lado, as curvas de juros estão refletindo essa incerteza,
06:49por outro lado, a Bolsa de Valores está jogando um outro jogo,
06:52a gente ainda está aberto a essa discussão do dólar
06:55e como é que isso vai afetar o poder americano em atrair capital.
07:00E, claro, que essa questão do dólar impacta também o real.
07:04Então, trazendo a conversa um pouco mais para a América Latina e para o Brasil,
07:08porque, historicamente, os episódios de shutdown tiveram efeitos limitados fora dos Estados Unidos,
07:14para além da contaminação dos mercados acionários,
07:17que, claro, tudo isso é muito conectado.
07:18Na sua avaliação, existe algum risco de desdobramentos político-econômicos
07:23do shutdown americano para outros países, especialmente na América Latina,
07:29ou continua sendo uma questão essencialmente interna dos Estados Unidos?
07:34Não, eu acho que a questão que produz risco dessa Casa Branca específica,
07:38que, obviamente, o shutdown faz parte do enredo dessa Casa Branca do Donald Trump,
07:44é o fato de que os Estados Unidos se propôs, nesse governo,
07:47a negociar inúmeros acordos internacionais comerciais de uma vez só.
07:52O Trump, ele basicamente criou um aparato de negociação comercial
07:59que acho que nunca os Estados Unidos esteve tão envolvidos de tantas frentes.
08:03E, obviamente, que o shutdown afeta tudo, afeta todas as instâncias do governo
08:07e todos esses acordos comerciais que estão sendo negociados com a China,
08:10com o Brasil, com a Índia, com o país da Europa, com o país da Ásia,
08:14enfim, obviamente que isso anda numa velocidade menor,
08:18porque o governo está inviabilizado nesse momento.
08:20Então, eu acho que o maior efeito de curto prazo é esse adiamento
08:24de negociações comerciais.
08:26E lembrando que as negociações comerciais estão acontecendo em Washington
08:29de uma maneira bastante única até.
08:31Não só os países estão engajados nessas negociações,
08:33como diversos setores a nível privado estão engajados nessas negociações.
08:36claramente que esse shutdown, ele diminuiu a dinâmica das negociações.
08:41A gente tem efeitos, né?
08:42A gente, cada mês, cada dia que uma negociação comercial não é realizada,
08:48setores, por exemplo, setores como café, setores como o setor de carne no Brasil,
08:54todos esses setores que, obviamente, estão, o setor de aço,
08:56que estão envolvidos aí nessas questões comerciais, eles perdem.
09:00Maurício Moura, sócio do Fundo Zaftra e professor da Universidade George Washington,
09:05falou conosco diretamente de Washington, agradeço muito a sua presença aqui no Conexão,
09:10obrigado pela entrevista, até uma próxima.
09:12Obrigado, boa noite a todos.
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