No quadro Capital Sustentável, Carlo Pereira analisou o contraste entre 95% do Amapá preservado e suas reservas de petróleo ainda inexploradas. O debate destacou como equilibrar capital sustentável, desenvolvimento econômico e os preparativos para a COP30 em Belém.
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00:00Quarta-feira é dia de capital sustentável com o nosso notável e especialista em sustentabilidade,
00:11Carlo Pereira, que hoje está em Macapá, na 54ª Expofeira de Empreendedorismo do Estado.
00:18Boa noite para você, Carlo. Seja muito bem-vindo.
00:22Marcelo, boa noite a você e a todos que nos ouvem.
00:25O Amapá é considerado a área mais preservada do mundo, tem mais de 95% do território intacto,
00:32mas também abriga uma das maiores reservas de petróleo ainda não exploradas.
00:36É um contraste, né, Carlo, que levanta questões fundamentais aí.
00:40Como equilibrar preservação, desenvolvimento e capital sustentável?
00:49Marcelo, essa é uma questão muito importante.
00:52A Marina Silva, por exemplo, a ministra, ela fala que quando a gente fala em licenciamento,
00:59não é falar não, é falar como.
01:02E acho que esse é o cerne da questão aqui.
01:05O governo do Estado tem feito ao longo de todos esses anos um trabalho maravilhoso
01:11com relação a estabelecer um código ambiental muito sólido, muito claro,
01:16com participação de povos indígenas, com participação de comunidades tradicionais
01:22e pensando, claro, em preservar toda essa natureza, como você comentou.
01:29É o Estado subnacional com maior preservação do mundo.
01:33A gente está falando de mais de 95% do Estado, então, preservado.
01:38A gente fala aqui, então, em zoneamento ecológico-econômico, um dos poucos estados a ter isso.
01:46Então, eles se estruturaram muito fortemente ao longo dos anos.
01:50Então, o petróleo, na verdade, e é isso que tem sido dito aqui,
01:54e eu concordo com isso como analista aqui em sustentabilidade,
01:59que o petróleo, na verdade, ele vem a ajudar toda essa ervação.
02:06Parece uma dicotomia, mas não é.
02:10Vamos lembrar, o governador Clécio fala muito bem que a gente olha a floresta de cima,
02:15olha pelas copas das árvores, mas embaixo a gente tem uma população,
02:20que é uma população bastante empobrecida, bastante pobre, na verdade,
02:25apesar de ter melhorado muito significativamente ao longo dos anos.
02:28Então, o petróleo, ele pode ser visto de uma outra maneira,
02:31ele pode ser visto como um viabilizador para a própria preservação da natureza,
02:37um viabilizador para trazer cada vez mais saúde, educação e oportunidade para o povo aqui do Amapá.
02:46Ô, Carlo, por que muita gente está dizendo que Macapá se transformou numa espécie de subsédio da COP30?
02:52Olha, eu acho que o que Macapá acaba representando, né, muito do que a gente está querendo para a COP30, né.
03:04A COP30, sem dúvida nenhuma, ela fala muito no mutirão, ou seja,
03:09de todo mundo tomar para si essa questão da crise climática e agir,
03:14E aqui a gente está vendo muita ação por parte do governo do estado, mas do empresariado também. Tem essa questão, claro, do petróleo, que a gente sabe que a COP, então, ela pede ali o fim dos combustíveis fósseis, então a gente fazer o phase out, a gente sair dos combustíveis fósseis, mas é uma coisa que a gente tem que ter também responsabilidade, né Marcelo?
03:40A gente fala também muito nas COP com relação à justiça climática e transição justa, né? O que vem a ser isso? Na crise climática, a gente sabe que quem mais sofre são as populações mais vulneráveis, né?
03:55Então, por isso que a gente tem que pensar no desenvolvimento dessa população, né? A Amazônia, por exemplo, quando a gente fala em COP da floresta, é casa de 39 milhões de pessoas, né?
04:09E pessoas essas que são populações dos menores IDHs do Brasil, tá? Então, por isso, quando a gente fala em phase out de combustível fóssil, por exemplo, a gente tem que ter de novo responsabilidade.
04:24O Brasil, ele tem reserva ali assegurada de 10 a 13 anos, isso é muito pouco, mas não dá para a gente falar que a gente vai conseguir se desvencilar do petróleo, então pouco tempo assim não vai, né?
04:38Outro tema só, muito brevemente aqui, ainda nesse sentido, né? A gente fala muito dos países nórdicos quando tem sustentabilidade, né? Mas eu gostaria de lembrar que o maior fundo soberano do mundo é da Noruega, fundo esse vindo do petróleo, né?
04:55E apesar de ser um país muito rico e apesar de ter o maior fundo soberano do mundo, é o país que mais perforou poços ainda em 2025.
05:06Também é o país que mais contribui para o fundo Amazônia, né?
05:10Então, por isso que eu digo, não existe essa dicotomia, né?
05:14O que existe é que a gente tem aqui, o povo amapaense tem aqui um recurso mineral e quer fazer uso desse recurso para se desenvolver.
05:24Então, o que eu digo é, sem dúvida nenhuma, a gente tem que pensar por conta da crise climática, não fez alto combustíveis fósseis, mas a minha provocação é, então, que os países ricos façam isso antecipadamente
05:39para que a gente possa, claro, desenvolver a nossa população com os recursos naturais.
05:45Mesma lógica da mineração aqui que é tão necessária para a transição energética.
05:50Quando a gente fala em 95% do estado preservado, a gente fica pensando assim, né, Carlo?
05:56Que tipo de lição que o Amapá pode dar para outras regiões do mundo para que elas também consigam obter esse resultado?
06:04Só que a gente olhando historicamente para o estado, uma das razões para isso é que o estado permaneceu por muito tempo isolado, né?
06:10Não é fácil ainda hoje chegar ao Amapá, não é isso?
06:12Esse é um ponto, apesar que aí também tem uma outra coisa bastante interessante e que parece um contrassenso, né?
06:22O Amapá, como eles dizem aqui, está no meio do mundo, né?
06:25Então, eles inauguraram há pouco tempo um porto aqui, um porto e foi inaugurado aqui uma rota para a China diretamente.
06:32O Amapá, ele também está muito ao lado aqui, como a gente sabe, está um acesso muito fácil a Estados Unidos, a Europa.
06:40Então, espera-se que o Amapá, ele seja também usado muito para a questão logística.
06:46Eu concordo com você, o próprio governador Clécio, ele é muito transparente ao dizer que teve uma questão muito de isolamento, né?
06:53Para essa preservação, tá?
06:56Mas o que a gente vê aqui, para além da preservação em si, a gente vê que o Amapá é o primeiro estado brasileiro a ter todas as áreas de indígenas demarcadas, tá?
07:09Aqui, a relação com os povos indígenas é bastante harmoniosa, então, aqui foi feita uma lição de casa, sem dúvida nenhuma, né?
07:20E outra coisa bastante importante também, diferente do que a gente tem visto em outras áreas da Amazônia, outros estados, outros países,
07:28a gente vê também uma menor presença do crime organizado, que é um ponto bastante importante.
07:33Então, essa mineração que a gente vê ilegal, aqui não é tão presente.
07:39Até por isso, o dinheiro do petróleo vai ser tão importante, para que o Estado consiga preservar isso também, consiga estabelecer.
07:51Uma redoma aqui, né, nesse sentido, hoje a gente teve aqui o Davi Silberstein, né, que foi presidente da ANP, por exemplo,
07:59e ele falando isso, né, que ele entende que o dinheiro do petróleo, ele pode ser usado para desenvolvimento,
08:05ele pode ser usado para deixar o crime organizado fora da Amazônia.
08:12Ô, Carlos, a COP30 está aí já, né? Faltam dois meses.
08:15Queria a sua avaliação sobre como estão os preparativos. Belém está pronta?
08:21Olha, Belém está ficando pronta, né?
08:23Uma questão que tem ainda muito forte, sem dúvida nenhuma, é com relação à hospedagem.
08:30O que o governo federal fala, o governo estadual também, é que a hospedagem, a acomodação, o número de leitos necessário está ali, né?
08:40A gente vê, sem dúvida nenhuma, alguns países ainda reclamando muito fortemente,
08:46mas, ao mesmo tempo, a partir do momento que a plataforma que o governo federal estabeleceu passou a ser usada,
08:52a gente vê um número cada vez mais crescente dessas hospedagens para os países em desenvolvimento,
08:59ou o que chamam de países menos desenvolvidos, least development countries, né?
09:05Eles estão cada vez mais resolvendo o problema da hospedagem.
09:11Isso é uma coisa, né?
09:12Um outro ponto que aí, Marcelo, eu entendo que é uma coisa mais preocupante,
09:18e a gente acaba tirando o foco dessa discussão,
09:21quando a gente fala que estamos, então, há 10 anos de Paris,
09:25o que está contratado para acontecer nessa COP,
09:29é, então, a renovação das NDCs, né?
09:32Que são as contribuições nacionalmente determinadas.
09:36O que significa isso, né?
09:37Em outras palavras, são as metas que os países vão contratar para si, né?
09:43Então, eu vou reduzir 50% das emissões até 2030, vou reduzir 100% até 2050, por exemplo, tá?
09:53E isso, os países, na verdade, deveriam ter depositado suas novas NDCs no início do ano,
09:59não fizeram, o prazo passou agora para setembro,
10:03mas não se tem tanta esperança que os países vão colocar essas metas, né?
10:08Pelo menos antes da COP.
10:10E aí, a gente está numa questão geopolítica bastante sensível.
10:16Então, esse é o ponto da COP.
10:19Hospedagem, isso aí a gente vai resolver.
10:21Agora, o que a COP pretende, de fato, resolver,
10:26eu não sei, muito honestamente, se a gente sai com essa lição de casa feita.
10:30Carlo Pereira, um dos notáveis do nosso canal,
10:33muito obrigado por mais uma participação e boa noite.
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