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Os Correios buscam um empréstimo de R$ 20 bilhões para tentar reverter prejuízos crescentes. O presidente Emmanuel Rondon comentou sobre demissão voluntária e projeção de lucro em 2027. Marcos Mendes, economista do Insper, analisou a crise estrutural e os desafios de gestão da estatal.

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Transcrição
00:00E os Correios anunciaram que estão em busca da captação de um empréstimo de 20 bilhões de dólares com instituições financeiras
00:07para tentar normalizar a operação da estatal.
00:11As despesas dos Correios vêm crescendo a um ritmo anual de 6% ao ano, mais a inflação.
00:16E esses empréstimos, que terão como garantia o Tesouro Nacional, teriam o objetivo de reverter esse quadro e reduzir gastos.
00:23O presidente da instituição, Emmanuel Rondon, em entrevista à imprensa, falou também sobre um programa de demissão voluntária.
00:30E a gente vai entender melhor o tamanho desse rombo, se esse empréstimo realmente resolveria isso.
00:35Teremos então uma conversa ao vivo aqui, eu e Felipe Machado. Boa tarde, Felipe, bem-vindo.
00:39Tudo bem, Natália? Obrigado. Boa tarde a todos.
00:41E aqui no telão você já vê o Marcos Mendes, que é economista e pesquisador associado do INSPER.
00:46Então, seja muito bem-vindo, Marcos. Boa tarde.
00:49Boa tarde, Natália. Boa tarde, Felipe. É um prazer estar com você.
00:53Prazer o nosso. Obrigada pela disponibilidade.
00:56Marcos, para a gente começar, como é que você avalia o atual quadro financeiro dos Correios?
01:02É um rombo crescente, né?
01:04Falam em uma alta de 6% ao ano nas despesas e a necessidade desse empréstimo aí bilionário
01:10mostram... é uma crise estrutural do seu ponto de vista?
01:14Ou são circunstâncias mais pontuais de momento?
01:17Não, não tenho a menor dúvida de que é uma mistura de crise estrutural com gestão sem direção,
01:26digamos assim, sem saber para onde quer ir.
01:29Vou dar alguns números para vocês aqui.
01:31No final de 2022, o patrimônio líquido do Correio era positivo em 200 milhões de reais.
01:37Hoje o patrimônio líquido dele está em 8,7 negativo.
01:40Quer dizer, uma deterioração de 9 bilhões em dois anos, pouco mais de dois anos.
01:45O resultado do Correio em 2022 foi menos 1 bilhão.
01:51Esse ano está batendo, nos últimos 12 meses, em 5,6 bilhões negativo.
01:57E a dívida, empréstimo, financiamento, arrendamento, expulou de 2 bilhões para 4 bilhões.
02:04Então, é uma deterioração muito forte, em parte porque o negócio de Correio hoje mudou muito em relação ao que era passado.
02:14Hoje o Correio sofre uma concorrência muito forte das empresas de entrega.
02:19Não existe hoje motivo para você ter um Correio estatal, aquela ideia de que é uma importante estratégia das comunicações.
02:28Isso foi por terra depois da revolução das comunicações, das comunicações eletrônicas.
02:33E há uma resistência muito grande a privatizar os Correios.
02:37A resistência vem de três fontes.
02:39Primeira, ideológica, propaganda de governo, não vamos entregar o Correio.
02:44A segunda, porque o Correio tem muito cargo para ser ocupado por políticos.
02:48E terceiro, a resistência da corporação, dos carteiros, que tem pelo seu futuro assim que a empresa for privatizada.
02:57Mas, realmente, ela não tem sustentação.
02:59E esse plano não me parece...
03:02Primeiro, não foi detalhado.
03:04Agora, alguns detalhes mostram o peso desse endividamento.
03:11Se a dívida do Correio hoje é 4 bilhões de reais,
03:16e o Correio está pedindo, está em busca de um empréstimo de 20 bilhões de reais,
03:20ele está multiplicando por 5 o passivo dele.
03:23Digamos que parte dessa dívida nova você já vai pagar a dívida velha.
03:25Mesmo assim, você vai passar, digamos que cobra toda a dívida velha,
03:31você vai passar de uma dívida de 4 para uma dívida de 20.
03:36Não me parece razoável.
03:39É, o Marco, e como você bem mencionou, 20 bilhões de reais.
03:43Eu falei aqui na abertura dólares, mas são 20 bilhões de reais, né?
03:46Essa estimativa do empréstimo necessário aí.
03:48Mesmo assim é muita coisa.
03:50Mesmo assim, é, o é.
03:52Felipe, seu ponto agora.
03:53Ah, legal.
03:54Marcos, boa tarde para você mais uma vez.
03:56Marcos, você falou uma coisa interessante, né?
03:59Quer dizer, o papel dos Correios hoje praticamente mudou muito completamente
04:03desde algumas décadas atrás.
04:06Você vê algum tipo de necessidade de existência de Correios ligado ao governo?
04:11Ou você acha que todos esses serviços poderiam ser privatizados?
04:14As pessoas falam, inclusive, que os Correios poderiam se fundir, talvez, com a Caixa Econômica Federal.
04:20Tem gente que fala que eles poderiam fazer uma parceria, talvez, com as empresas de e-commerce
04:24para ser uma das empresas que entrega essas mercadorias.
04:28Como é que você vê o papel dos Correios?
04:29Qual seria a necessidade dos Correios hoje em dia, né?
04:35Olha, até pela Constituição, a regra do sistema econômico brasileiro
04:40é que você só vai ter iniciativa econômica estatal se não for possível fazer isso pela forma privada.
04:48E, claramente, toda a parte de entrega de encomendas do Correio já tem hoje um dinâmico modelo privado
04:55e mercado privado para isso.
04:57Tem a questão constitucional de monopólio da entrega de correspondências.
05:01Isso pode ser resolvido de várias formas.
05:04Você pode, por exemplo, privatizar os Correios e ter uma PPP para entrega de correspondência
05:13para essa parte que é subsidiada, que não dá dinheiro.
05:17Então, existem modelos flexíveis em que você pode contemplar a obrigatoriedade
05:24de entregar ainda alguma correspondência residual que exista com uma operação privada do Correio.
05:32Marco, o presidente Emanuel Rondô, ele projeta um retorno ao lucro em 2027.
05:40Eu queria te ouvir sobre esse ponto, né?
05:42Que fatores econômicos e de gestão seriam, de fato, decisivos para essa recuperação nesse prazo?
05:48E que obstáculos o mercado prevê para essa previsão?
05:53Vamos fazer aqui um breve histórico, tá?
05:56O Correio tinha lucro ali em 2010, em 2012.
06:02Quando foi entrando a crise econômica, que começou em 2013 e foi até 2016,
06:08desabou o resultado do Correio.
06:12Lembrem também que você tem sérios problemas de gestão do Correio.
06:17O Correio foi quem inaugurou o problema do Mensalão, foi ali que estourou a corrupção.
06:20Então, você tem problemas de governança sérios, né?
06:24Então, qualquer coisa que abale a demanda por serviço do Correio,
06:29como uma recessão ou algo parecido, derruba a empresa.
06:34Então, chegou em 2015, ele já estava com um prejuízo muito grande.
06:39A partir de 2016 até 2021, foi feito um esforço muito grande de recuperação.
06:44O Correio voltou a dar lucro.
06:46Teve medidas efetivas de redução de agência,
06:50terminar um contrato de banco postal que existia com o Banco do Brasil que não funcionava,
06:56teve redução de pessoal,
06:59teve renegociação dos pagamentos que o Correio faz ao plano de saúde.
07:03Então, teve uma política de enxugamento
07:06e que colocou o Correio em condições de ser ofertado e privatizado.
07:11Ele estava no PPI, no programa de parceria de investimento,
07:17depois foi colocado no programa de desestatização.
07:20E a primeira medida que o governo atual tomou,
07:22ao tomar posse, foi tirar o Correio e outras estatais do programa de desestatização.
07:27Não só não fez isso, como imediatamente anunciou
07:29e fez um concurso para contratar mais gente para o Correio.
07:33Logo em seguida, mal que estava contratando essas pessoas,
07:37efetivando essas pessoas, já viu que não ia dar conta,
07:39entrou num programa de PDV.
07:41Então, o programa de PDV que vai ser feito agora não é o primeiro,
07:44o governo já fez recentemente.
07:46Então, tem uma falta de rumo muito grande.
07:52Eu acredito, em boa parte, por essa questão ideológica,
07:55não vamos privatizar, mas não sabemos o que fazer com isso.
07:59E o Correio fica também exposto à ocupação política.
08:04Um outro problema muito sério que a gente teve no passado
08:07foi o desvio de recursos do fundo de pensão dos funcionários do Correio,
08:13impostados.
08:14Fizeram empréstimos arriscados, fizeram empréstimos para a Venezuela,
08:18para a Argentina, colocaram dinheiro em fundos de investimento
08:22que malversaram o dinheiro.
08:25E isso abriu um rombo no fundo de pensão.
08:27em parte do mau resultado do Correio hoje
08:31é que o Correio está pagando ao postado,
08:34está cobrindo parte do prejuízo do postado.
08:38O que significa que, em última instância,
08:40é o contribuinte que vai pagar por esse dinheiro que foi desviado.
08:43Por quê?
08:44Porque o que se está fazendo é uma operação de empréstimo
08:47em que a União será a garantidora.
08:51Mas é um empréstimo, como eu falei para vocês, muito grande
08:53que o Correio não tem condições de pagar.
08:55O Correio não pagando vai ser a União que vai pagar.
08:57Ou seja, o Tesouro, ou seja, eu, você e todos os outros contribuintes do Brasil.
09:03É, mais um ponto, seu.
09:04É, Marcos, ouvindo você falar assim, a gente começa a pensar,
09:07nossa, realmente é muito difícil você salvar uma empresa como os Correios.
09:11Agora, você apontou vários problemas.
09:13Vamos imaginar que o governo, até do ponto de vista ideológico que você citou,
09:18não queira extinguir os Correios ou não queira privatizar nesse momento.
09:21O que você faria nesse plano?
09:23Quer dizer, quais são as possíveis áreas de atuação que os Correios podem investir
09:29para tentar reduzir um pouquinho esse prejuízo?
09:30Olha, não tem muito o que inventar.
09:35O Correio é um grande entregador de e-commerce.
09:38Ele faz parte desse mercado.
09:40Só que ele faz parte desse mercado de uma forma ineficiente, com alto custo.
09:45Você imagina que essas empresas de entrega contratam, por exemplo, motorista de Uber
09:50para fazer a entrega para elas.
09:51E o Correio tem que pagar, tem que contratar um entregador CRT, tem que ter o próprio carro,
09:58tem que pagar todos os encargos, trabalhos.
10:02O modelo de negócio não fecha frente à realidade do mercado.
10:10Então, se o governo quer ter uma empresa de Correios, ele tem que pagar a conta,
10:17assumir essa conta.
10:20E assumir essa conta não é garantir um empréstimo privado.
10:23É fazer aumento de capital no Correio, é dar subvenção todo ano para cobrir o prejuízo.
10:29Agora, o governo não faz isso. Por quê?
10:31Porque isso vai aparecer nas estatísticas fiscais.
10:34Então, você já tem uma realidade que o Correio é deficitário e endividado,
10:38mas o governo não quer que apareçam nas contas fiscais.
10:41Aí, por isso, ele monta essa operação de empréstimo privado com garantia do tesouro,
10:47que, na verdade, não muda a realidade dos fatos.
10:50Então, respondendo objetivamente a sua pergunta, o que eu faria ou não faria?
10:54Porque eu jamais aceitaria o cargo de reestruturar uma empresa que não tem para onde ir,
11:00não tem futuro.
11:02O que o governo pode fazer é ficar fazendo o enxugamento de cargos,
11:07tentando reduzir decisões políticas mal tomadas,
11:13aumentar a profissionalização da gestão,
11:16mas isso dificilmente vai tornar a empresa uma empresa sustentável ao longo do tempo.
11:22Vai ter desafio mesmo, né? Batata quente na mão lá.
11:24Com certeza.
11:25Quero agradecer, Marcos Mendes, economista e pesquisador associado ao INSPER,
11:30pela entrevista ao vivo aqui no Fast Money.
11:32Muito obrigada, viu?
11:33Ótima tarde, bom fim de semana.
11:35Obrigado, boa tarde a vocês.
11:36Obrigado pelo convite.
11:37Obrigado.
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